12º Æthyr: LOE

Este artigo é um capítulo de A Visão e a Voz

O clamor do décimo-segundo Ar ou Æthyr, chamado LOE

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O Clamor do 12º Æthyr, chamado LOE

Aparecem na pedra dois pilares de chamas, e no meio deles, uma carruagem de fogo branco.

Esta parece ser a carruagem da Sétima Chave do Tarô. Mas é puxada por quatro esfinges, diversas, como as quatro esfinges da porta da cripta dos adeptos, invertidas em suas partes componentes.

A carruagem em si é a crescente lunar, minguando. O dossel é sustentado por oito pilares de âmbar. Esses pilares são verticais, mas o dossel que eles sustentam é toda a abóbada da noite.

O cocheiro é um homem de armadura dourada, cravejada de safiras, mas sobre os ombros há uma túnica branca, e sobre ela, uma túnica vermelha. Sobre seu elmo dourado, ele tem um caranguejo como crista. Suas mãos estão postas sobre uma taça, da qual irradia um brilho avermelhado aumentando constantemente, de modo que tudo é apagado por sua glória, e todo o Ar se enche dela.

E há um perfume maravilhoso no Ar, como o perfume de Ra Hoor Khuit, mas sublimado, como se apenas a quintessência daquele perfume fosse queimada. Pois tem a riqueza e volúpia e humanidade de sangue, e a força e frescor da farinha, e a doçura do mel, e a pureza do azeite de oliva, e a santidade daquele óleo que é feito de mirra e canela, e galanga.

O cocheiro fala em voz baixa e solene, inspirando temor, como um grande e muito distante sino: Que ele olhe para a taça cujo sangue está misturado nela, pois o vinho da taça é o sangue dos santos. Glória à Mulher Escarlate, Babilônia, a Mãe das Abominações, que cavalga sobre a Besta, pois ela derramou o sangue deles em todos os cantos da terra e vede! ela o misturou na taça de sua devassidão.

Com o sopro de seus beijos ela o fermentou, e ele se tornou o vinho do Sacramento, o vinho do Sabá; e na Santa Assembleia ela o derramou para os adoradores dela, e eles ficaram embriagados com ele, de modo que eles viram meu Pai face a face. Assim, eles são dignos de se tornarem comungantes do Mistério deste recipiente sagrado, pois o sangue é a vida. Assim ela se senta de geração a geração, e os justos nunca se cansam dos beijos dela, e por assassinatos e fornicações ela seduz o mundo. Ali se manifesta a glória de meu Pai, que é a verdade.

(Este vinho é tal que sua virtude irradia através da taça, e eu cambaleio sob a intoxicação dele. E todo pensamento é destruído por ele. Ele permanece só, e seu nome é Compaixão. Eu entendo por “Compaixão” o sacramento do sofrimento, partilhado pelos verdadeiros adoradores do Altíssimo. E é um êxtase em que não há traço de dor. Sua passividade (= paixão) é como a entrega de si mesmo ao amado.)

A voz continua: Este é o Mistério de Babilônia, a Mãe das abominações, e este é o mistério de seus adultérios, pois ela se entregou a tudo o que vive e se tornou comungante de seu mistério. E porque ela se fez serva de cada um, então ela se tornou a senhora de todos. Ainda não conseguis compreender a glória dela.

Bela és tu, Ó Babilônia, e desejável, pois te entregaste a tudo o que vive, e tua fraqueza subjugou a força deles. Pois naquela união tu entendeste. Portanto, és chamada de Entendimento, Ó Babilônia, Senhora da Noite!

Isso é o que está escrito: “Ó meu Deus, em um último arrebatamento, deixa-me atingir a união com os muitos”. Pois ela é Amor, e o amor dela é um, e ela dividiu o único amor em amores infinitos, e cada amor é um, e igual ao Um e, portanto, ela é passada “da assembleia e da lei e da iluminação para a anarquia da solidão e das trevas. Para sempre, assim, ela deve velar o brilho de Seu Ser”.

Ó Babilônia, Babilônia, tu Mãe poderosa, que cavalgaste sobre a coroada besta, deixa-me embriagar-me com o vinho de tuas fornicações; deixa que teus beijos me libertem até a morte, para que até mesmo eu, o copeiro, possa entender.

Agora, através do brilho avermelhado da taça, posso perceber muito acima, e infinitamente grande, a visão de Babilônia. E a Besta sobre a qual ela cavalga é o Senhor da Cidade das Pirâmides, que eu vi no décimo quarto Æthyr.

Agora isso se foi no brilho da taça, e o Anjo diz: Ainda não podeis compreender o mistério da Besta, pois não pertence ao mistério deste Ar, e poucos que são recém-nascidos para o Entendimento são capazes disso.

A taça reluz cada vez mais brilhante e feroz. Todo meu sentido está instável, sendo tomado pelo êxtase.

E o Anjo diz: Bem-aventurados são os santos, porque seu sangue está misturado na taça e nunca mais pode ser separado. Pois Babilônia, a Bela, a Mãe das abominações, jurou por sua sagrada cteis, da qual cada ponto é uma tormenta, que ela não descansará de seus adultérios até que o sangue de tudo o que vive seja recolhido nela, e o seu vinho acumulado e maturado e consagrado, e digno de alegrar o coração de meu pai. Pois meu Pai está cansado com o estresse da idade, e não vem para a cama dela. No entanto, este vinho perfeito será a quintessência e o elixir, e por meio dele ele renovará sua juventude; e assim será eternamente, à medida que, era após era, os mundos se dissolvem e mudam, e o universo se desdobra como uma Rosa, e se fecha como a Cruz que se dobra no cubo.

E essa é a comédia de Pã, que se passa à noite na mata fechada. E este é o mistério de Dionísio Zagreus, que é celebrado na montanha sagrada de Kithairon. E este é o segredo dos irmãos da Rosa Cruz; e este é o cerne do ritual que é realizado na Cripta dos Adeptos que está oculta na Montanha das Cavernas, até mesmo a Montanha Sagrada de Abiegnus.

E este é o significado da Ceia da Páscoa, o derramamento do sangue do Cordeiro sendo um ritual dos Irmãos das Trevas, pois eles selaram o Pilone com sangue para que o Anjo da Morte não entrasse nele. Assim, eles se fecham para a companhia dos santos. Assim, eles se protegem da compaixão e do entendimento. Eles são amaldiçoados, pois enclausuram o sangue em seus corações.

Eles se protegem dos beijos de minha Mãe Babilônia, e em suas fortalezas solitárias rezam para a lua falsa. E eles se comprometem com um juramento e uma grande maldição. E de sua malícia eles conspiram juntos, e têm poder e domínio, e em seus caldeirões preparam o vinho forte da ilusão, misturado com o veneno de seu egoísmo.

Assim, eles fazem guerra ao Santo, enviando sua ilusão aos homens e a tudo que vive. De modo que sua falsa compaixão é chamada de compaixão, e seu falso entendimento é chamado de entendimento, pois este é o seu feitiço mais poderoso.

No entanto, de seu próprio veneno eles perecem, e em suas fortalezas solitárias serão devorados pelo Tempo que os enganou para servi-lo, e pelo poderoso demônio Choronzon, seu mestre, cujo nome é a Segunda Morte, pois o sangue que eles aspergiram em seu Pilone, que é uma barreira contra o Anjo Morte, é a chave pela qual ele entra[1].

O Anjo diz: E esta é a palavra de duplo poder na voz do Mestre, em que os Cinco interpenetram os Seis. Esta é a sua interpretação secreta que não pode ser entendida, a não por aqueles que entendem. E porque esta é a Chave do Pilone do Poder, porque não há poder que possa durar, exceto o poder que desce nesta minha carruagem da Babilônia, a cidade dos Cinquenta Portões, o Portão do Deus On [באבאלען]. Além disso, On está na Chave da Cripta que é 120. Também da mesma forma, a Majestade e a Beleza derivam da Sabedoria Superna.

Mas este é um mistério totalmente além de teu entendimento. Pois a Sabedoria é o Homem, e o Entendimento a Mulher, e só depois de ter entendido perfeitamente tu poderás começar a ser sábio. Mas eu revelo a ti um mistério dos Æthyrs, que não apenas eles estão ligados às Sephiroth, mas também aos Caminhos. Agora, o plano dos Æthyrs se interpenetra e circunda o universo onde as Sephiroth estão estabelecidas, portanto, a ordem dos Æthyrs não é a ordem da Árvore da Vida. E apenas em alguns lugares eles coincidem. Mas o conhecimento dos Æthyrs é mais profundo do que o conhecimento das Sephiroth, pois nos Æthyrs está o conhecimento dos Æons e de Θέλημα. E a cada um será dado de acordo com sua capacidade. (Ele tem dito certas coisas secretas para a mente inconsciente do vidente, de natureza pessoal.)

Agora, uma voz vem de fora: E vede! Eu te vi até o fim.

E um grande sino começa a tocar. E surgiram seis criancinhas do chão da carruagem, e em suas mãos está um véu tão fino e transparente que é quase invisível. No entanto, quando o colocam sobre a Taça, e o Anjo inclina a cabeça com reverência, a luz da Taça se apaga inteiramente. E à medida que a luz da Taça se desvanece, é como um rápido pôr-do-sol em todo o Ar, pois era iluminado somente com a luz daquela Taça.

E agora toda a luz partiu da pedra, e estou com muito frio.

Bou Saâda.
4 a 5 de dezembro de 1909. 23h30 às 1h20.


  1. (Eu acho que o problema com essas pessoas foi que eles quiseram substituir o sangue de alguém pelo sangue deles, porque eles queriam manter suas personalidades.) ↩︎


Traduzido por Alan Willms em 2021. Revisado por Lucas Fortunato em 2021.

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