15º Æthyr: OXO
Este artigo é um capítulo de A Visão e a Voz
O clamor do décimo-quinto Ar ou Æthyr, chamado OXO
O Clamor do 15º Æthyr, chamado OXO ¶
Aparece imediatamente no Æthyr uma tremenda coluna de fogo escarlate, girando, ricocheteando, bradando alto. E ao redor dela há quatro colunas de verde e azul e ouro e prata, cada uma com inscrições nos caracteres das adagas. E a coluna de fogo está dançando entre os pilares. Agora parece que o fogo é apenas a saia da dançarina, e a dançarina é um deus poderoso. A visão é avassaladora.
Enquanto a dançarina gira, ela canta com uma voz estranha e lenta, acelerando enquanto fala: Vede! eu reúno todo espírito que é puro, e o envolvo em minha vestimenta de chamas. Eu lambo a vida dos homens, e suas almas brilham em meus olhos. Eu sou a poderosa feiticeira, a lascívia do espírito. E pela minha dança eu reúno para minha mãe Nuit as cabeças de todos aqueles que são batizados nas águas da vida. Eu sou a lascívia do espírito que devora a alma do homem. Eu preparei um banquete para os adeptos, e aqueles que dele comungarem verão a Deus.
Agora está claro o que ela teceu em sua dança; é a Rosa Carmesim de 49 Pétalas, e os Pilares são a Cruz com a qual está conjunta. E entre os pilares disparam raios de puro fogo verde; e agora todos os pilares são dourados. Ela para de dançar e diminui, recolhendo-se para o centro da Rosa.
Agora é visto que a Rosa é um vasto anfiteatro com sete andares, cada andar dividido em sete partições. E os que se sentam no Anfiteatro são os sete graus da Ordem da Rosa Cruz. Este anfiteatro é construído em mármore rosa, e de seu tamanho posso dizer apenas que o sol pode ser usado como uma bola a ser lançada pelos jogadores na arena. Mas na arena há um pequeno altar de esmeralda, e em seu topo estão as cabeças das Quatro Bestas, em turquesa e cristal de rocha. E o chão da arena é sulcado como uma grade de lápis-lazúli. E está cheio de puro mercúrio.
Acima do altar há uma Figura velada, cujo nome é Pã. Aqueles no nível externo o adoram como um Homem; e no próximo nível eles o adoram como um Bode; e no próximo nível eles o adoram como um Carneiro; e no próximo nível eles o adoram como um Caranguejo; e no próximo nível eles o adoram como um Íbis; e no próximo nível eles o adoram como um Falcão Dourado; e no próximo nível eles não o adoram.
E agora a luz jorra do altar, espalhada pelos pés daquele que está acima. É a Tabela Sagrada Duodécupla de OIT.
A voz daquele que está sobre o altar é silêncio, mas seu eco vem das paredes do circo e é fala. E este é o discurso: Três e quatro são os dias de um quarto da lua, e no sétimo dia é o sabá, mas três vezes quatro é o Sabá dos Adeptos, do qual a forma é revelada no Æthyr ZID; que é o oitavo dos Ares. E os mistérios da Tabela não serão totalmente revelados, nem serão revelados aqui. Mas tu recolherás do suor de tua testa uma poça de água límpida onde isto será revelado. E do óleo que queimaste à meia-noite reunir-se-ão treze rios de bênçãos; e do azeite e da água prepararei um vinho para intoxicar os rapazes e as donzelas.
E agora a Tabela se tornou o universo; cada estrela é uma letra do Livro de Enoque. E o Livro de Enoque é tirado dali por um Mistério inescrutável, que é conhecido apenas pelos Anjos e pela Sagrada Tabela Sétupla. Enquanto eu estava contemplando esta tabela, um Adepto apareceu, um de cada nível, exceto o Nível mais interno.
E o primeiro enfiou uma adaga em meu coração, e provou o sabor do sangue, e disse: χαθαϱός, χαθαϱός, χαθαϱός, χαθαϱός, χαθαϱός, χαθαϱός.
E o segundo Adepto testa os músculos do meu braço direito e ombro, e ele diz: fortis, fortis, fortis, fortis, fortis.
E o terceiro Adepto examina a pele e prova o suor de meu braço esquerdo, e diz:
TAN, TAN, TAN, TAN.
E o quarto Adepto examina meu pescoço e parece aprovar, embora não diga nada; e ele abriu a metade direita do meu cérebro, faz alguns exames e diz: “Samajh, samajh, samajh”.
E o quinto Adepto examina a metade esquerda do meu cérebro, e então levanta a mão em protesto e diz “PLA…” (Eu não consigo entender a frase, mas o significado é: Na escuridão densa a semente aguarda brotar.)
E agora estou novamente extasiado com a contemplação desse universo de letras que são estrelas.
As palavras ORLO, ILRO, TULE são os três nomes mais secretos de Deus. Eles são nomes Mágicos, cada um tendo uma interpretação do mesmo tipo que a interpretação de I.N.R.I., e o nome OIT, RLU, LRL, OOE são outros nomes de Deus que contêm fórmulas mágicas, o primeiro para invocar o fogo; o segundo água; o terceiro ar; e o quarto terra.
E se a Tabela for lida na diagonal, cada letra e cada combinação de letras é o nome de um demônio. E a partir delas são tiradas as fórmulas da magia maligna. Mas a sagrada letra I acima da tríade LLL domina a Tabela e preserva a paz do universo.
E nos sete talismãs ao redor da Tabela central estão contidos os Mistérios da obtenção das letras. E as letras da circunferência declaram a glória de Nuit, que começa em Áries[1].
Tudo isso enquanto os Adeptos estavam cantando como se fosse um oratório para sete instrumentos. E este oratório tem um tema dominante de êxtase. No entanto, ele se aplica a cada detalhe do universo, bem como ao todo. E aqui Choronzon é totalmente arruinado, já que toda a sua obra é contra a sua vontade, não apenas no todo, mas em todas as suas partes, como uma mosca que anda sobre uma pedra de berilo.
E a placa resplandece cada vez mais brilhante até preencher todo o Ar. E vejam! há um Deus nela, e as letras das estrelas em sua coroa, Órion, e as Plêiades, e Aldebaran, e Alpha Centauri, e Cor Leonis, e Cor Scorpionis, e Spica, e a estrela polar e Hércules, e Regulus, e Aquila, e o Olho do Carneiro.
E sobre um mapa das estrelas tu desenharás o sigilo daquele nome; e porque também algumas das letras são semelhantes, tu saberás que as estrelas também têm tribos e nações. A letra de uma estrela é apenas o seu totem. E a letra não representa toda a natureza da estrela, mas cada estrela deve ser conhecida por si mesma na sabedoria daquele que tem o Cynocephalus na coleira.
E isso pertence ao grau de um Magus – e este está além do teu. (Tudo isso não é comunicado por voz ou por escrito; e não há forma na pedra, mas apenas o brilho da Tabela. E agora sou retirado de tudo isso, mas a Rosa Cruz de 49 pétalas está posta de pé sobre o topo de uma pirâmide, e tudo está escuro, por causa da luz excessiva por trás.)
E veio uma voz: A mosca clamou ao boi: “Cuidado! Fortalece-te. Põe os pés firmemente na terra, pois é meu propósito pousar entre os teus ombros e eu não te machucaria”. Assim também são aqueles que desejam o bem aos Mestres da Pirâmide.
E a abelha disse à flor: “Dá-me do teu mel”, e a flor o deu abundantemente; mas a abelha, embora não o soubesse, carregou a semente da flor em muitos campos de sol. Assim também são aqueles que tomam para si os Mestres da Pirâmide como servos.
Agora a luz excessiva que estava atrás da Pirâmide, e a Rosa Cruz que está colocada nela, preencheram todo o Ar. A pirâmide negra é como a parte de trás de um diamante negro. A Rosa-Cruz também se solta, e as pétalas da Rosa são os tons mesclados do pôr-do-sol e do amanhecer; e a Cruz é a luz dourada do meio-dia, e no coração da Rosa está a luz secreta que os homens chamam de meia-noite.
E uma voz: “Glória a Deus e graças a Deus, e não há Deus senão Deus. E Ele é exaltado; Ele é grande; e na Tabela Sétupla Seu Nome está escrito abertamente, e na Tabela Duodécupla o Seu Nome está oculto”.
E a Pirâmide projeta uma sombra de si mesma no céu, e a sombra se espalha por toda a pedra. E um anjo vestido de azul e escarlate, com asas douradas e plumas de fogo púrpura, surge e espalha discos verdes e dourados, preenchendo todo o Ar. E eles se tornam rodas girando rapidamente, cantando juntas.
E a voz do anjo clama: Recolhe tuas vestes sobre ti[2], Ó tu que entraste no círculo do Sabá; pois em tuas mortalhas tu deves contemplar a ressurreição.
A carne pende sobre ti como os trapos de um pedinte que é peregrino para o santuário do Exaltado. Não obstante, suporte-os com bravura e regozije-se com a beleza deles, pois a companhia dos peregrinos é uma companhia alegre, e eles não se importam, e com música e dança e vinho e belas mulheres eles se alegram. E cada albergue é seu palácio, e cada camareira sua rainha.
Reúna tuas vestes sobre ti, eu digo, pois a voz do Æthyr, que é a voz do Æon, acabou, e tu és absorvido pela noite menor, e capturado na rede da luz de tua mãe na palavra ARBADAHARBA.
E agora os cinco e os seis estão divorciados, e eu voltei para dentro do meu corpo.
Bou Saâda.
3 de dezembro de 1909. 9h15 às 11h10.
Traduzido por Alan Willms em 2021. Revisado por Lucas Fortunato em 2021.