17º Æthyr: TAN
Este artigo é um capítulo de A Visão e a Voz
O clamor do décimo-sétimo Ar ou Æthyr, chamado TAN
O Clamor do 17º Æthyr, chamado TAN ¶
Na pedra, primeiro surge a cabeça de um dragão, e então o Anjo Madimi. Ela não é o mero elemental que se suporia do relato de Casaubon. Eu pergunto por que a forma dela é diferente.
Ela diz: Visto que todas as coisas são Deus, em todas as coisas tu vês Deus tanto quanto tua capacidade te permite. Mas vede! Tu deves penetrar profundamente neste Æthyr antes que imagens verdadeiras apareçam. Pois TAN é aquilo que transforma o julgamento em justiça. BAL é a espada e TAN é a balança.
Um par de balanças aparece na pedra e na barra da balança está escrito: Movimento em torno de um ponto é iniquidade.
E atrás das balanças há uma pluma, luminosa, azul-celeste. E de alguma forma conectadas com a pluma, mas não consigo adivinhar como, estão estas palavras: Sopro é iniquidade. (Ou seja, qualquer vento deve agitar a pena da verdade.)
E atrás da pluma está um filamento brilhante de quartzo, suspenso verticalmente de um abismo ao outro. E no meio está um disco alado de alguma substância extremamente delicada e translúcida, no qual está escrito no alfabeto de ‘adagas’: Torção é iniquidade. (Isso significa que o Rashith Ha-Gilgalim é a primeira aparição do mal.)
E agora um Anjo aparece, como se ele fosse esculpido de diamantes negros. E ele clama: Ai do Segundo, a quem todas as nações dos homens chamam de Primeiro. Ai do Primeiro, a quem todos os graus de Adeptos chamam de O Primeiro. Ai de mim, pois eu, assim como eles, o tenho adorado. Mas ela cujos mamilos são as galáxias, e ele que nunca será conhecido, neles não há movimento. Pois o Exterior infinito preenche tudo e não se move, e o Interior infinito realmente vai; mas não há dúvida, caso contrário, as marcas de espaço seriam confundidas.
E agora o Anjo é apenas uma partícula brilhante de escuridão no meio de uma tremenda esfera luz líquida e vibrante, a princípio dourada, depois tornando-se verde e, por último, azul puro. E vejo que o verde de Libra é feito do amarelo do ar e do azul da água, espadas e cálices, julgamento e misericórdia. E esta palavra TAN significa misericórdia. E a pena de Maat é azul porque a verdade da justiça é misericórdia. E surge uma voz, como se fosse a música das ondulações da superfície da esfera: A verdade é deleite. (Isso significa que a Verdade do universo é deleite.)
Outra voz surge; é a voz de um Anjo poderoso, todo em prata; as escamas de sua armadura e as plumas de suas asas são como madrepérola em uma moldura de prata. E ele diz: Justiça é a equidade que fizestes para vós mesmos entre a verdade e a falsidade. Mas na Verdade não há nada disso, pois há apenas a Verdade. Vossa falsidade é apenas um pouco mais falsa do que vossa verdade. No entanto, por vossa verdade, vós chegareis à Verdade. Vossa verdade é sua confiança em Adonai, o Amado. E o Casamento Químico dos Alquimistas começa com uma Pesagem, e aquele que não se acha em falta tem dentro de si uma centelha de fogo, tão densa e tão intensa que não pode ser movida, mesmo que todos os ventos do céu clamassem contra ela, e todas as águas do abismo agitassem-se contra ela, e toda a multidão das terras se amontoasse sobre ela para sufocá-la. Não, ela não será movida.
E este é o fogo do qual está escrito: “Ouve a voz do fogo!” E a voz de fogo é o segundo capítulo do Livro da Lei, que é revelado a ele que é uma vintena e meia vintena, e três que são vintenas[1], e seis, por Aiwass, que é seu guardião, o poderoso Anjo que se estende do primeiro ao último, e torna conhecidos os mistérios que estão além. E o método e a forma de invocação pela qual um homem deve obter o conhecimento e a conversação de seu Sagrado Anjo Guardião serão dados a ti no lugar apropriado, e visto que a palavra é mais mortal do que o relâmpago, medite diretamente sobre ela, solitário, em um lugar onde não há nada vivo visível, mas apenas a luz do sol. E tua cabeça ficará descoberta[2]. Assim, poderás tornar-te apto a receber isto, o mais sagrado dos Mistérios. E é o mais sagrado dos Mistérios porque é o Próximo Passo. E aqueles mistérios que estão além, embora sejam mais sagrados, não são sagrados para ti, mas apenas remotos. (O sentido desta passagem parece ser que a santidade de uma coisa implica da relação pessoal dela consigo, assim como não se pode blasfemar contra um deus desconhecido, porque não se sabe o que dizer para aborrecê-lo. E isso explica a perfeita ineficiência daqueles que tentam insultar os santos; os ataques mais violentos muitas vezes são apenas elogios desajeitados.)
Agora o Anjo está completamente espalhado por todo o globo, uma película orvalhada de prata sobre aquele azul luminoso.
E uma grande voz clama: Eis a Rainha do Céu, como ela teceu suas vestes no tear da justiça. Pois assim como aquele caminho reto da Flecha que corta o Arco-Íris tornou-se retidão nela que se senta no salão da dupla verdade, assim também finalmente ela é exaltada ao trono da Sumo Sacerdotisa, a Sacerdotisa da Estrela de Prata, onde também está o teu Anjo manifestado. E este é o mistério do camelo que está dez dias no deserto, e não tem sede, porque ele tem dentro de si aquela água que é o orvalho destilado da noite de Nuit. Triplo é o cordão de prata, para que não se solte; e três vintenas e meia vintenas e três é o número do nome do meu nome, pois a inefável sabedoria, que também é da esfera das estrelas, me informa isso. Assim, sou coroado com o triângulo que está ao redor do olho e, portanto, o meu número é três. E em mim não há imperfeição, porque através de mim desce a influência de TARÔ. E esse também é o número de Aiwass, o poderoso Anjo, o Ministro do Silêncio.
E assim como a pedra queima tua testa com sua chama intolerável, também aquele que me conhecer, embora apenas de longe, é marcado e escolhido entre os homens, e ele nunca deve voltar ou se desviar, pois ele formou o elo que não deverá ser quebrado, ou melhor, não pela malícia dos Quatro Grandes Príncipes do mal do mundo, nem por Choronzon, aquele demônio poderoso, nem pela ira de Deus, nem pela aflição e fraqueza da alma.
No entanto, não te contentes com esta garantia; pois embora tenhas as asas da Águia, elas são vãs, a menos que sejam unidas aos ombros do Touro. Agora, portanto, eu envio um raio de minha luz, como uma escada descida do céu sobre a terra, e por esta cruz negra de Themis que eu seguro diante de teus olhos, eu juro a ti que o caminho será aberto doravante para sempre.
Há um choque de uma miríade de címbalos de prata, e silêncio. E então, três vezes, uma nota é tocada em um sino, que soa como o meu sagrado sino tibetano, que é feito de electrum magicum.
Sou devolvido de modo feliz à terra.
Bou Saâda.
2 de dezembro de 1909. 0h15 às 2h.
«No original a score and half a score and three that are scores. A palavra score pode ser um grupo de vinte coisas, uma pontuação ou um número indefinidamente grande. De todo modo, o número implicado provavelmente é 666, pois o subtítulo do Livro da Lei explica que ele foi entregue “por 78 a 666” (sendo que posteriormente seria descoberto que 78 – Aiwass – é 93).» ↩︎
Isso eu fiz em um tipo de caverna sobre o cume de uma grande montanha no Deserto perto de Bou Saâda das 12h às 15h do dia 2 de dezembro. ↩︎
Traduzido e anotado por Alan Willms em 2021. Revisado por Lucas Fortunato em 2021.