23º Æthyr: TOR
Este artigo é um capítulo de A Visão e a Voz
O clamor do vigésimo terceiro Ar ou Æthyr, chamado TOR
O Clamor do 23º Æthyr, chamado TOR ¶
No brilho da pedra há três luzes, mais brilhantes do que tudo, que revolvem incessantemente. E agora há uma teia de aranha prateada cobrindo toda a pedra. Atrás da teia de aranha, há uma estrela de doze raios; e novamente atrás dela, um touro preto, furiosamente batendo a pata no chão. As chamas que saem de sua boca aumentam e rodopiam, e ele brada: Contemplai o mistério da labuta, Ó tu que estais envolvido nas labutas do mistério. Pois eu que piso sobre a terra desta forma faço redemoinhos no ar; te confortes, portanto, pois embora eu seja preto, no céu de minha boca está o sinal do Besouro. Curvadas são as costas de meus irmãos, no entanto eles ferirão o leão com seus chifres. Não tenho eu as asas da águia, e o rosto do homem?
E agora ele se tornou em um daqueles homens-touros alados assírios.
E ele disse: A pá do lavrador é o cetro do rei. Todos os céus abaixo de mim, eles me servem. Eles são meus campos e meus jardins e meus pomares e meus pastos.
Glória seja a ti, que puseste teus pés no Norte; cuja testa é perfurada com as pontas afiadas dos diamantes em tua coroa; cujo coração é perfurado com a lança de tua própria fecundidade.
Tu és um ovo de pretidão, e um verme de veneno. Mas tu formulaste teu pai, e tornaste fértil tua mãe.
Tu és o basilisco cujo olhar transforma os homens em pedra, e o cocatrix no peito de uma meretriz que dá a morte como leite. Tu és a víbora que rastejaste no berço do bebê. Glória a ti, que estás enrolado ao redor do mundo como a vinha que se agarra ao corpo nu de uma bacanal.
Também, embora eu esteja plantado tão firmemente sobre a terra, ainda assim o meu sangue é vinho e meu sopro é fogo de loucura. Com estas asas, embora elas sejam pequenas, eu me levanto acima da coroa do yod, e não tendo barbatanas, ainda assim eu nado na fonte inviolada.
Eu me divirto nas ruínas do Éden, assim como Leviatã no falso mar, sendo completo como a rosa na coroa da cruz. Vinde a mim, minhas crianças, e alegrai-vos. No final do labor há o poder do labor. E em minha estabilidade está concentrada a mudança eterna.
Pois os rodopios do universo são apenas o curso do sangue em meu coração. E sua indizível variedade são apenas meus diversos cabelos, e plumas, e gemas em minha alta coroa. A mudança da qual vós vos lamentais é a vida de meu regozijo, e o sofrimento que escurece vossos corações é a miríade de mortes pelas quais eu sou renovado. E a instabilidade que vos faz temer são as pequenas hesitações de equilíbrio pelo qual eu sou assegurado.
E agora o véu de material de tecido prateado se fecha sobre ele, e acima dele, um véu púrpuro, e acima dele, um véu dourado, de modo que agora a pedra inteira é como um grosso tapete de fios dourados trançados; e dali surgem, uma de cada lado da pedra, duas mulheres, que apertam as duas mãos uma da outra, e se beijam, e se fundem uma na outra; e derretem[1]. E agora os véus abrem novamente, as partes douradas, e as partes púrpuras, e as partes prateadas, e há uma águia coroada, também como as águias assírias.
E ele brada: Toda a minha força e estabilidade são voltadas para o uso do voo. Pois embora minhas asas sejam de belo ouro, no entanto meu coração é o coração de um escorpião.
Glória a ti, que tendo nascido em um estábulo imundo te fizeste alegre, que sugou em iniquidade do peito de tua mãe a meretriz; que inundou com iniquidade os corpos de tuas concubinas.
Tu te deitaste na imundície das ruas com os cães; tu tombaste e foste desavergonhado e devasso em um lugar onde quatro estradas se encontram. Ali tu foste maculado, e ali foste assassinado, e ali foste deixado para apodrecer. A estaca carbonizada foi enfiada em tuas entranhas, e tuas partes foram cortadas e enfiadas em tua boca por escárnio.
Toda a minha unidade se dissolveu; eu vivo nas pontas de minhas penas. Aquilo que eu penso ser eu mesmo é apenas número infinito. Glória à Rosa e à Cruz; pois a Cruz se estende até o mais distante fim além do espaço e do tempo e do ser e do conhecimento e do deleite! Glória à Rosa que é o minuto ponto de seu centro! Mesmo como dizemos; glória à Rosa que é Nuit a circunferência de tudo, e glória à Cruz que é o coração da Rosa!
Portanto eu clamo alto, e meu grito é o agudo como o mugido do touro é o grave. Paz no mais alto e paz no mais baixo e paz no meio destes! Paz nos oito quadrantes, paz nas dez pontas do Pentagrama! Paz nos doze raios do selo de Salomão, e paz nos quatro e trinta redemoinhos do martelo de Thor! Vede! Eu ardo em chamas sobre ti. (A águia partiu; só há uma Rosa Cruz chamejante de brilho branco.) Eu te apanho em arrebatamento. FALUTLI, FALUTLI!
… Ó ela morre, ela morre.
Bou Saâda.
28 de novembro de 1909, 9h30 às 10h15 da manhã.
O objetivo destas é demonstrar simbolicamente que o Touro é o mesmo que a Águia. ↩︎
Traduzido por Alan Willms em agosto de 2021. Revisado por Lucas Fortunato em 2021.