26º Æthyr: DES

Este artigo é um capítulo de A Visão e a Voz

O clamor do vigésimo sexto Ar ou Æthyr, chamado DES

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O Clamor do 26º Æthyr, chamado DES

Há um pentagrama muito brilhante: e agora a pedra se foi, e todo o céu está preto, e a pretidão é a pretidão de um poderoso anjo. E embora ele seja preto (seu rosto e suas asas e seu robe e sua armadura são todos pretos), ainda assim ele é tão brilhante que eu não consigo olhar para ele. E ele brada: Ó vós lanças e frascos de veneno e espadas afiadas e raios rodopiantes que estão ao redor das regiões mais remotas da terra, cinturados com fúria e justiça, vós sabeis que o nome Dele é Retidão em Beleza? Queimados estão vossos olhos, pois me contemplastes em minha majestade. E rompidos estão os tímpanos de vossos ouvidos, porque meu nome é como duas montanhas de fornicação, os seios de uma mulher estranha; e meu Pai não está neles.

Vede! os lagos de fogo e tormenta misturados com enxofre! Muitas são suas cores, e a cor deles é como de ouro derretido, quando tudo foi dito. Não é Ele um, um e só, em quem o brilho de vosso semblante é como 1.728 pétalas de fogo?

Ele também falou a maldição, dobrando e cruzando suas asas e bradando: Não é o filho inimigo de seu pai? E a filha não roubou o calor da cama de sua Mãe? portanto a grande maldição é irrevogável. Portanto não há nem sabedoria nem compreensão nem conhecimento nesta casa, que está pendurada sobre a beira do inferno. Tu não és 4, mas 2, Ó tu blasfêmia dita contra 1!

Portanto, todo aquele que te adora está amaldiçoado. Ele será triturado em um pilão e seu pó será lançado aos ventos, para que os pássaros do ar possam comer dele e morrer; e ele será dissolvido em ácido forte e o elixir derramado no mar, para que os peixes do mar possam respirá-lo e morrer. E ele será misturado com esterco e espalhado sobre a terra, para que as ervas da terra possam se alimentar dele e morrer; e ele será queimado completamente com fogo, e suas cinzas calcinarão as crianças da chama, para que até mesmo no inferno possa ser encontrada uma abundante lamentação.

E agora sobre o peito do Anjo há um ovo dourado entre a pretidão das asas, e esse ovo cresce e cresce por todo o æthyr. E ele rompe, e dentro dele há uma águia dourada.

E ele brada: Ai! ai! ai! Sim, ai do mundo! Pois não há pecado, e não há salvação. Minhas plumas são como ondas de ouro sobre o mar. Meus olhos são mais brilhantes do que o sol. Minha língua é mais veloz do que o relâmpago.

No entanto, eu estou cercado pelos exércitos da noite, cantando, cantando louvores a Ele que é esmagado pelo relâmpago do abismo. O céu não está claro atrás do sol? Estas nuvens que te queimam, estes raios que chamuscam os cérebros dos homens com cegueira; diante de meu rosto estes são arautos da dissolução e da noite.

Todos vós sois cegados pela minha glória; e embora vós tenhais por tesouro em vossos corações a palavra sagrada que é a última alavanca da chave para a pequena porta além do abismo, ainda assim vós discutis e comentai sobre isso; pois a própria luz é apenas ilusão. Sim, estas são grandes ilusões além da vida e do espaço e do tempo.

Que os teus lábios formem feridas com minhas palavras! Elas não são meteoros em teu cérebro? De volta, de volta da face do amaldiçoado, que sou eu; de volta para a noite de meu pai, no silêncio; pois tudo o que considerais direito é esquerdo, avante é para trás, para cima é para baixo.

Eu sou o grande deus adorado dos santos. Ainda assim sou o amaldiçoado, filho dos elementos e não seu pai.

Ó minha mãe! não terás piedade de mim? Não me protegerás? Pois eu estou nu, eu estou manifestado, eu sou profano. Ó meu pai! tu não me afastarás? Eu estou estendido, eu sou duplo, eu sou profano.

Ai, ai de mim! Estes são aqueles que não ouvem orações. Sou eu que sempre ouvi todas as orações, e não há ninguém para me responder. Ai de mim! Ai de mim! Amaldiçoado sou pelos æons!

Todo este tempo este deus de cabeça de águia brilhante foi atacado, aparentemente, por pessoas invisíveis, porque de vez em quando ele era ferido, aqui e ali; pequenos fios de sangue fresco saíram sobre as penas de seu peito. E a fumaça do sangue está gradualmente preenchendo o Æthyr com um véu carmesim. Há um pergaminho sobre o topo, dizendo: Ecclesia abhorret a sanguine; e há um outro pergaminho abaixo em um idioma do qual eu não conheço os sons. O significado é, Não como eles compreenderam.

O sangue está mais espesso e escuro agora, e está se tornando coagulado e preto, de modo que tudo está apagado; porque ele coagula, coagula. E então no topo surge sorrateiramente uma aurora de puro azul-noturno, — Ó, as estrelas, profundamente postas nele! — e lança o sangue para baixo; de modo que ao redor de todo o topo do oval gradualmente surge a figura de nossa Senhora Nuit, e abaixo dela está o disco alado flamejante, e abaixo o altar de Ra-Hoor-Khuit, assim como está na Estela da Revelação. Mas acima há a figura inerte de Seb, no qual está concentrado todo aquele sangue coagulado.

E surge uma voz: É a aurora do æon. Os æons de maldição se passaram. Força e fogo, força e visão, estes são para os servos da Estrela e da Cobra.

E agora eu pareço estar deitado no deserto, exausto.

O Deserto próximo de Sidi Aïssa.
25 de novembro de 1909, 1:10 às 2 da tarde.


Traduzido por Alan Willms em agosto de 2021. Revisado por Lucas Fortunato em 2021.

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