3º Æthyr: ZON
Este artigo é um capítulo de A Visão e a Voz
O clamor do terceiro Ar ou Æthyr, chamado ZON
O Clamor do 3º Æthyr, chamado ZON ¶
Há uma luz tempestuosa na pedra; agora se tornou clara.
No centro está aquele minúsculo ponto de luz que é o verdadeiro Sol, e na circunferência está a Cobra Esmeralda. E juntando-se a eles estão os raios que são as plumas de Maat, e como a distância é infinita, eles são paralelos da circunferência, embora divirjam do centro.
Em tudo isso, não há voz e nem movimento.
E mesmo assim parece que a grande Cobra se alimenta das plumas da Verdade como de si mesma, de modo que se contrai. Mas, mesmo que se contraia, fora dela brilha a borda dourada, que é aquele ponto minúsculo no centro.
E tudo isso é o sigilo do Æthyr, ouro e azul e verde. No entanto, essas também são as Severidades.
É apenas nos três primeiros Æthyrs que encontramos a essência pura, pois todos os outros Æthyrs são apenas como Malkuth para completar essas três tríades, como foi dito antes. Portanto, sendo esta a segunda reflexão, ela é o palácio de duzentos e oitenta julgamentos.
Pois todos esses caminhos[1] estão no curso da Espada Flamejante do lado da Severidade. E os outros dois caminhos são Zayin, que é uma espada; e Shin, que é um dente. Estas são as cinco severidades que são 280.
Tudo isso é comunicado ao Vidente interiormente.
“E o olho de Sua benignidade está fechado. Que não seja aberto sobre o Æthyr, para que as severidades não sejam mitigadas e a casa caia”. A casa não deveria cair e o Dragão afundar? Verdadeiramente, todas as coisas foram tragadas pela destruição; e Caos abriu suas mandíbulas e esmagou o Universo como uma Bacanal esmaga uma uva entre os dentes. A destruição não engolirá a destruição, e a aniquilação não confundirá a aniquilação? Vinte e duas são as moradas da Casa de meu Pai, mas virá um boi que colocará sua testa contra a Casa, e ela cairá. Pois todas essas coisas são os brinquedos do Magista e do Criador de Ilusões que separam o Entendimento da Coroa.
Ó tu que viste a Cidade das Pirâmides, como deves contemplar a Casa do Prestidigitador? Pois ele é sabedoria, e pela sabedoria ele fez os Mundos, e dessa sabedoria emite julgamentos 70 por 4, que são os 4 olhos do bicéfalo; que são os 4 demônios, Satanás, Lúcifer, Leviatã, Belial, que são os grandes príncipes do mal do mundo.
E Satanás é adorado pelos homens sob o nome de Jesus; e Lúcifer é adorado pelos homens sob o nome de Brahma; e Leviatã é adorado pelos homens sob o nome de Alá; e Belial é adorado pelos homens sob o nome de Buda.
(Este é o significado da passagem em Liber Legis, Cap. III.)
Além disso, há Maria, uma blasfêmia contra BABALON, pois ela se fechou; e, portanto, ela é a Rainha de todos aqueles demônios perversos que andam sobre a terra, aqueles que tu viste até mesmo como pequenas manchas pretas que mancharam o Céu de Urânia. E todos estes são excrementos de Choronzon.
E por isso BABALON está sob o poder do Magista, porque ela se submeteu à obra; e ela guarda o Abismo. E nela há uma pureza perfeita daquilo que está acima; no entanto, ela é enviada como a Redentora para aqueles que estão abaixo. Pois não há outro caminho para o Mistério Superno a não ser por meio dela e da Besta sobre a qual ela cavalga; e o Magista é colocado além dela para enganar os irmãos das trevas, para que não façam para si uma coroa; pois se houvesse duas coroas, então Yggdrasil, aquela árvore anciã, seria lançada no Abismo, arrancada e lançada no Abismo Mais Externo, e o Arcano que está no Ádito seria profanado; e a Arca seria tocada, e a Loja espionada por aqueles que não são mestres, e o pão do Sacramento seria o esterco de Choronzon; e o vinho do Sacramento seria a água de Choronzon; e o incenso seria dispersão; e o fogo sobre o Altar seria ódio. Mas ergue-te; fica de pé, sê corajoso, pois observa! será revelado a ti o Grande Terror, a coisa de temor que não tem nome.
E este é o mistério que eu te declaro: que da própria Coroa brotam os três grandes delírios; Aleph é loucura, Beth é falsidade e Gimel é glamour. E esses três são maiores do que todos, pois estão além das palavras que eu te digo; quanto mais, portanto, eles estão além das palavras que tu transmites aos homens.
Vê! o Véu do Æthyr se separa e é rasgado como uma vela de barco pelo sopro da tempestade, e tu o verás como de longe. Isto é o que está escrito: “Confunda o entendimento dela com trevas”, pois não podes falar esta coisa.
É a figura do Magus do Tarô; e em seu braço direito a tocha das chamas ardendo para cima; em sua esquerda a taça de veneno, uma catarata no Inferno. E sobre sua cabeça o talismã maligno, blasfêmia e blasfêmia e blasfêmia, na forma de um círculo. Essa é a maior blasfêmia de todas[2]. Em seus pés ele tem segadeiras e espadas e foices; adagas; facas; toda coisa afiada, – um milhão de vezes, e todas em uma. E diante dele está a Tabela que é uma Tabela de perversidade, a Tabela de 42 partes. Esta Tabela está conectada aos 42 Assessores dos Mortos, pois eles são os Acusadores, a quem a alma deve confundir; e com o nome de 42 partes de Deus, pois este é o Mistério da Iniquidade, que sempre houve um princípio. E este Magus lança, pelo poder de suas quatro armas, véu após véu; mil cores brilhantes, rasgando e dilacerando o Æthyr, de modo que é como serras dentadas, ou como dentes quebrados no rosto de uma jovem, ou como ruptura, ou loucura. Ouve-se um som horrível de trituração, enlouquecedor. Este é o moinho no qual a Substância Universal, que é o éter, foi moída em matéria.
O Vidente roga para que uma nuvem se interponha entre ele e o sol, para que ele possa bloquear o terror da visão. E ele está em chamas; ele está terrivelmente sedento; e nenhuma ajuda pode chegar a ele, pois a pedra arde sempre com a fúria e o tormento e a escuridão, e o fedor de carne humana. As entranhas de criancinhas são arrancadas e colocadas em sua boca, e um veneno é derramado em seus olhos. E Lilith, um macaco preto rastejando com sujeira, correndo com feridas abertas, um olho arrancado, comido por vermes, seus dentes podres, seu nariz comido, sua boca uma massa pútrida de limo verde, seus seios caindo e cancerosos, se agarra a ele, e beija-o.
(Mate-me! mate-me!)
Há uma voz zombeteira: Tu te tornaste imortal. Se tu olhaste para o rosto do Magista tu não o verias por causa de seus véus Mágicos.
(Não me torture!)
Assim, todos eles caíram sob o poder de Lilith, que ousou olhar para o rosto dele.
A pedra de vidência está toda negra e corrompida. Ó imundície! sujeira! sujeira!
E esta é a grande blasfêmia dela: que ela tomou o nome do Primeiro Æthyr, e amarrou em sua testa, e acrescentou a isso o yod desavergonhado e o tau para o sinal da Cruz.
É ela que se agacha sobre o Crucifixo, para a maldade de seu prazer. De modo que aqueles que adoram a Cristo suguem sua imundície sobre suas línguas e, portanto, seu hálito cheire mal.
Fui salvo daquele Horror por um Triângulo negro e brilhante, com a ponta para cima, que veio sobre a face do sol.
E agora a pedra de vidência está toda clara e bela novamente.
O ouro puro e pálido do cabelo de uma bela donzela, o verde de seu cinto e o azul profundo e suave de seus olhos.
Observação. – Nisto o ouro é Kether, o azul é Chokmah, o verde é Binah.
Assim ela aparece no Æthyr, adornada com flores e joias. Parece que ela encarnou a si mesma na terra, e que aparecerá manifestada em um certo ofício no Templo.
Eu vi uma imagem como o rosto dela; não consigo imaginar que imagem. É um rosto picante, com olhos e lábios sorridentes; as orelhas são pequenas e rosadas, a tez é clara, mas não transparente; não tão bonito quanto seria de esperar do cabelo e dos olhos. É um rosto bastante atrevido, bastante pequeno, muito bonito; o nariz é quase totalmente reto, narinas retas, bem proporcionadas e um tanto grandes. Cheia de vitalidade, a coisa toda. Não muito alta, um tanto magra e graciosa; uma boa dançarina.
Há outra garota atrás dela, com olhos brilhantes, travessos, um sorriso mostrando belos dentes brancos; uma garota espanhola ideal, mas bela. Muito vivaz. Apenas sua cabeça está visível, e agora está velada por um sol negro, lançando raios opacos de preto e ouro.
Então o disco do sol é um par de escalas de balança mantido estável; e enroscada na haste central da balança está a pequena cobra venenosa verde, com uma longa língua bifurcada que se lança rapidamente.
E o Anjo que antes falava comigo disse-me: O olho da benignidade Dele está aberto; portanto, Ele esconde os teus olhos da visão. Virilmente tu aguentaste; no entanto, se foste homem, não suportarias; e se tivesses sido totalmente o que és, terias sido arrebatado pela visão completa que é de Horror indescritível. E tu devias ter visto o rosto do Magista que tu não foste capaz de ver, – daquele de quem emanam as severidades que estão sobre Malkuth, e seu nome é Misericordia Deī.
E porque ele é a díade, tu ainda podes entender de duas maneiras. Em primeiro lugar, a Misericórdia de Deus é aquela Misericórdia que Jeová mostrou aos Amalequitas; e o segundo modo está totalmente além do teu entendimento, pois é o reto, e tu nada sabes senão o avesso, – até que a Sabedoria informe o teu Entendimento, e sobre a base do triângulo Derradeiro surja a ponta lisa.
Vela, portanto, teus olhos, pois não podes dominar o Æthyr, a menos que teu Mistério corresponda ao Mistério Dele. Sela tua boca também, pois não podes dominar a voz do Æthyr, exceto apenas pelo Silêncio.
E tu darás o sinal da Mãe, pois BABALON é a tua fortaleza contra a iniquidade do Abismo, da iniquidade daquilo que a liga à Coroa e a separa da Coroa; pois até que não sejas um com CHAOS podes começar aquela última, mais terrível, projeção do triplo Regime que sozinho constitui a Grande Obra.
Pois Choronzon é como se fosse a casca ou excremento desses três caminhos e, por isso, sua cabeça está levantada para Däath e, portanto, a Irmandade Negra o declarou como filho da Sabedoria e do Entendimento, que é apenas o bastardo da Suástica. E isso é o que está escrito na Santa Cabala, a respeito do Redemoinho e Leviatã, e da Grande Pedra.
Este tanto conversei contigo ordenando que partisses, para que a memória do Æthyr pudesse ser embotada; pois se tivesses voltado repentinamente à tua estrutura mortal, terias caído na loucura ou na morte. Pois a visão não é tal que qualquer pessoa possa suportá-la.
Mas agora teus sentidos estão embotados, e a pedra de vidência é apenas uma pedra. Portanto, desperta e dá secretamente e à parte o sinal da Mãe, e invoca quatro vezes o nome de CHAOS, que é a palavra quádrupla que é igual à palavra sétupla dela. E então tu deverás purificar a ti mesmo e retornar ao Mundo.
Então fiz o que me foi ordenado e voltei.
Biskra.
17 de dezembro de 1909. 9h30 às 11h30
Traduzido por Alan Willms em 2021. Revisado por Lucas Fortunato em 2021.