O Clamor do 6º Æthyr, chamado MAZ ¶
Surge na pedra o grande Anjo cujo nome é Avé, e nele há símbolos que lutam pela maestria, – Enxofre e o Pentagrama, e eles são harmonizados pela Suástica. Esses símbolos são encontrados tanto no nome de Avé quanto no nome do Æthyr. Assim, ele não é Hórus nem Osíris. Ele é chamado de esplendor de Thoth; e este Æthyr é muito difícil de entender, pois as imagens se formam e se dissolvem mais rapidamente do que um raio. Essas imagens são as ilusões feitas pelo Macaco de Thoth. E isso eu entendo que não sou digno de receber os mistérios deste Æthyr. E tudo o que vi (sendo todos os pensamentos que já pensei) é, por assim dizer, um guardião do Æthyr.
Pareço bastante desamparado. Estou tentando todos os tipos de métodos mágicos para penetrar o véu: e quanto mais me esforço, mais me afasto do sucesso. Mas uma voz surge agora: O entendimento não deve estar aberto para a sabedoria assim como as pirâmides estão abertas para as estrelas?
Consequentemente, espero em uma certa postura mágica que não convém revelar, e acima de mim aparece o céu estrelado da noite, e uma estrela maior do que todas as outras estrelas. É uma estrela de oito raios. Eu a reconheço como a estrela da décima sétima chave do Tarô, como a Estrela de Mercúrio. E a luz dela vem do caminho de Aleph. E a letra Cheth também está envolvida na interpretação desta estrela, e os caminhos de hé e vau são as separações que esta Estrela une. E no coração da estrela há um esplendor extraordinário – um deus de pé sobre a lua, brilhante além da imaginação. É como a visão do Mercúrio Universal. Mas este é o Mercúrio Fixo, e hé e vau são o enxofre e o sal aperfeiçoados. Mas agora eu chego ao centro do labirinto, uma poeira giratória de estrelas e grandes deuses esquecidos. É a Suástica giratória que joga fora todas essas coisas, pois a Suástica está em aleph pela forma e número, e em beth pela posição dos braços do Magista, e em gimel por causa do sinal do Luto de Isis, e assim a Coroa é defendida por esses três raios. Não é três vezes dezessete cinquenta e um, isto é, fracasso e dor?
Agora sou excluído novamente por esta Suástica negra com uma coroa de fogo em torno dela.
E uma voz clama: Maldito aquele que descobrir a nudez do Altíssimo, pois está embriagado com o vinho que é o sangue dos adeptos. E BABALON o ninou para dormir em seu peito, e ela fugiu, e o deixou nu, e chamou as crianças dela, dizendo: Subam comigo, e zombemos da nudez do Altíssimo.
E o primeiro dos adeptos cobriu a vergonha Dele com um pano, andando de costas; e era branco. E o segundo dos adeptos cobriu a vergonha Dele com um pano, caminhando de lado; e era amarelo. E o terceiro dos adeptos zombou da nudez Dele, caminhando para a frente; e era preto. E essas são as três grandes escolas dos Magī, que também são os três Magī que viajaram para Belém; e porque não tens sabedoria, não saberás qual escola prevalece, ou se as três escolas não são uma. Pois os Irmãos Negros não ergueram suas cabeças até o Santo Chokmah, pois todos se afogaram na grande enchente, que é Binah, antes que a verdadeira videira pudesse ser plantada na colina sagrada de Sion.
Agora, novamente, estou no centro, e todas as coisas rodopiam com fúria incessante. E o pensamento do deus entra em minha mente, e eu clamo em voz alta: Eis que o volátil se fixou; e no coração do movimento eterno está o repouso eterno. Assim é a Paz abaixo do mar que se agita com suas tempestades; assim é a lua mutável, o planeta morto que não gira mais. Assim o falcão que enxerga ao longe e que se lança longe está parado desapaixonadamente no azul; assim também o íbis que tem membros longos medita solitário no signo do Enxofre. Eis que estou sempre diante do Eterno no sinal do Entrante. E em virtude da minha fala ele é envolto em silêncio, e é envolto em mistério por mim, que sou o Desvelador dos Mistérios. E embora eu seja a verdade, eles me chamam corretamente de Deus das Mentiras, pois a palavra é dupla, e a verdade é uma só. Ainda assim, estou no centro da teia de aranha, da qual os filamentos dourados alcançam o infinito.
Mas tu que estás comigo na visão do espírito não estás comigo por direito de Consecução, e tu não podes ficar neste lugar para ver como eu corro e volto, e quem são as moscas que estão presas em minha teia. Pois eu sou o guardião mais íntimo que está imediatamente antes do santuário.
Ninguém passará por mim a não ser que me mate, e esta é sua maldição, que, tendo me matado, ele deve tomar meu cargo e se tornar o criador de Ilusões, o grande enganador, o armador de armadilhas; aquele que confunde até mesmo os que têm entendimento. Pois eu permaneço em todos os caminhos, e os afasto da verdade por minhas palavras e por minhas artes mágicas.
E este é o horror que foi mostrado pelo lago que estava próximo à Cidade das Sete Colinas, e este é o Mistério dos grandes profetas que vieram à humanidade, Moisés e Buda, e Lao Tan, e Kṛṣṇa, e Jesus, e Osíris, e Maomé; pois todos esses atingiram o grau de Magus e, portanto, se sujeitaram à maldição de Thoth. Mas, sendo guardiões da verdade, eles não ensinaram nada além de falsidades, exceto para aqueles que entendem; pois a verdade não consegue passar pelo Portão do Abismo.
Mas o reflexo da verdade foi mostrado nas Sephiroth inferiores. E seu equilíbrio está na Beleza e, portanto, aqueles que buscavam apenas a beleza chegaram mais perto da verdade. Pois a beleza recebe diretamente três raios das supernas, e os demais não mais do que um. Então, portanto, aqueles que buscaram majestade e poder e vitória e aprendizado e felicidade e ouro, estão confusos. E essas palavras são as luzes da sabedoria para que você possa conhecer teu Mestre, pois ele é um Magus. E porque comeste da Romã no inferno, metade do ano estás escondido e metade do ano revelado.
Agora eu percebo o Templo que é o coração deste Æthyr; é uma Urna suspensa no ar, sem suporte, acima do centro de um poço. E o poço tem oito pilares e um dossel acima dele, e ao redor há um círculo de pedras de pavimentação de mármore, e além deles um grande círculo externo de pilares. E mais além fica a floresta das estrelas. Mas a Urna é a coisa maravilhosa em tudo isso; é feita de Mercúrio fixo; e dentro dela estão as cinzas do Livro Tarô, que foi completamente consumido.
E este é o mistério de que se fala nos Atos dos Apóstolos; que Júpiter e Mercúrio (Kether e Chokmah) visitaram (isto é, inspiraram) Éfeso, a Cidade de Diana, Binah – Diana não era uma pedra negra? – e eles queimaram seus livros de magia.
Agora, parece que o centro do espaço infinito é aquela Urna, e Hadit é o fogo que queimou o livro Tarô. Pois no livro Tarô foi preservada toda a sabedoria (pois o Tarô foi chamado de Livro de Thoth) do Æon que passou. E no Livro de Enoque foi dada pela primeira vez a sabedoria do Novo Æon. E ele ficou escondido por trezentos anos, porque foi arrancado prematuramente da Árvore da Vida pelas mãos de um magista desesperado. Pois foi o Mestre daquele Magista que derrubou o poder da igreja Cristã; mas o pupilo rebelou-se contra o mestre, pois ele previu que a Nova (isto é, a Protestante) seria pior do que a Antiga. Mas ele não entendeu o propósito de seu Mestre, que era preparar o caminho para a destruição do Æon.
Há uma escrita sobre a Urna da qual só consigo ler as (duas) palavras: Stābat Crux jū̆xtā Lūcem. Stābat Lūx jū̆xtā Crucem.
E há uma escrita em grego acima disso. A palavra “nox” escrita em grego, e um círculo com uma cruz no centro dele, uma cruz de Santo André.
Então, acima disso há um sigilo (?), escondido por uma mão.
E uma voz procede da Urna: Quem fará a varinha de fênix a partir das cinzas do Tarô? Nem mesmo aquele que por sua compreensão fez a varinha de lótus crescer no Grande Mar. Volta, pois tu não és um Ateu, e embora tenha violado tua mãe, tu não mataste teu pai. Volta da Urna; tuas cinzas não estão escondidas aqui.
Então novamente se levantou o Deus Thoth, no sinal do Entrante, e expulsou o vidente de diante de seu rosto. E ele caiu através da noite estrelada até a pequena aldeia no deserto.
Ben Srour, Argélia.
10 de dezembro de 1909. 19h40 às 21h40.
Traduzido por Alan Willms em 2021. Revisado por Lucas Fortunato em 2021.