7 Æthyr: DEO

Este artigo é um capítulo de A Visão e a Voz

O clamor do sétimo Ar ou Æthyr, chamado DEO

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O Clamor do 7º Æthyr, chamado DEO

A pedra está dividida, a metade esquerda escura, a metade direita clara, e na parte inferior há uma certa escuridão, de três colunas divergentes. E parece que as metades preta e branca são as metades de uma porta, e na porta há uma pequena fechadura, na forma do símbolo Astrológico de Vênus. E do buraco da fechadura saem chamas azuis, verdes e violetas, mas sem nenhum toque de amarelo ou vermelho nelas. Parece que há um vento além da porta, que sopra a chama para fora.

E surge uma voz: “Quem é aquele que tem a chave do portão da estrela do entardecer?”

E agora um Anjo vem e tenta abrir a porta com muitas chaves. E elas não funcionam. E a mesma voz diz: “O cinco e o seis estão equilibrados na palavra Abrahadabra, e aí está revelado o mistério. Mas a chave para este portão é o equilíbrio do sete e do quatro; e disso tu nem mesmo tens a primeira letra. Agora há uma palavra de quatro letras que contém em si todo o mistério do Tetragrammaton, e há uma palavra de sete letras que ele oculta, e que novamente oculta a palavra sagrada que é a chave do abismo[1]. E esta tu encontrarás revolvendo-a em tua mente.

Esconde, portanto, teus olhos. E eu colocarei minha chave na fechadura, e a abrirei. Ainda assim, deixa teus olhos ocultos, pois tu não podes suportar a glória que está lá dentro.

Assim, portanto, cobri meus olhos com as mãos. No entanto, através de minhas mãos, eu pude perceber um pouco daqueles caramanchões de chamas azuis.

E uma voz disse: Está aceso em chamas aquilo que era o leito azul do oceano; porque esta é a barreira do céu, e os pés do Altíssimo estão postos nela.

Agora vejo mais plenamente: cada língua de fogo, cada folha de fogo, cada flor de fogo, é uma das grandes histórias de amor do mundo, com todo o seu séquito de mise-en-scéne. E agora há uma rosa maravilhosa formada a partir da chama, e uma chuva perpétua de lírios e passifloras e violetas. E de tudo isso se reúne, embora idêntico a isso, a forma de uma mulher como a mulher do Apocalipse, mas sua beleza e seu esplendor são tais que não se pode olhar para eles, a não ser com olhares de esguelha. Eu entro imediatamente em transe. Parece que é dela que está escrito: “O tolo disse em seu coração ‘não há Deus’.” Mas as palavras não são Ain Elohim, mas La (= não!) e Elohim contraído de 86 a 14, porque La é 31, que ×14 é 434, Daleth, Lamed, Tau. Este tolo é o tolo do Caminho de Aleph, e diz, que é Chokmah, em seu coração, que é Tiphereth, que ela existe, a fim de que primeiro a Sabedoria possa ser unida ao Entendimento; e ele a afirmou em Tiphereth para que ela fosse fértil.

É impossível descrever como essa visão muda de glória a glória, pois a cada relance a visão está alterada. E isso porque ela transmite a Palavra ao Entendimento e, portanto, tem muitas formas, e cada deusa do amor é apenas uma letra do alfabeto do amor.

Agora, há um mistério na palavra Logos, que contém as três letras cuja analogia foi mostrada nos céus inferiores, Samekh, e Lamed, e Gimel, que são 93, que é três vezes 31, e nelas são postos os dois olhos de Hórus. (Ayin significa um olho.) Pois, se não fosse assim, a flecha não poderia perfurar o arco-íris e não poderia haver equilíbrio na balança, e o Grande Livro nunca deveria ser aberto. Mas esta é aquela que derrama a Água da Vida sobre a cabeça dela, de onde flui para frutificar a terra. Mas agora todo o Æthyr é do mais brilhante azul pavão. É o Pavão Universal que vejo.

E há uma voz: Não é este pássaro o pássaro de Juno, que é cem, e trinta, e seis? Portanto, ela é a companheira de Júpiter[2].

E agora a cabeça do pavão é novamente transformada em uma cabeça de mulher cintilante e reluzente com sua própria luz de gemas.

Mas eu olho para cima, vendo que ela é chamada de escabelo do Santo, assim como Binah é chamada de trono Dele. E todo o Æthyr está repleto das mais maravilhosas faixas de luz, – milhares de curvas e espirais diferentes, exatamente como era antes, quando eu falei sobre os mistérios da Sagrada Cabala, e por isso não pude descrevê-los.

Ó, vejo vastas planícies sob os pés dela, enormes desertos salpicados de grandes rochas; e vejo pequenas almas solitárias, correndo desamparadamente, criaturas negras diminutas como os homens. E eles mantêm um uivo muito curioso, que não posso comparar a nada que já ouvi; no entanto, é estranhamente humano.

E a voz diz: Estes são os que alcançaram o amor e se apegaram a ele, orando sempre aos joelhos da grande deusa. Estes são os que se fecharam nas fortalezas do Amor.

Cada pluma do pavão está cheia de olhos, que são ao mesmo tempo 4 × 7. E por isso o número 28 se reflete para baixo em Netzach; e esse 28 é Kaph Cheth (Kach), poder. Pois ela é Śakti, a energia eterna do Oculto. E é sua energia eterna que causou essa mudança eterna. E isso explica a chamada dos Æthyrs, a maldição que foi pronunciada no início sendo apenas a criação de Śakti. E este mistério se reflete na lenda da Criação, onde Adão representa o Oculto, pois Adão é Temurah de MAD, a palavra Enoquiana para Deus, e Eva, a quem ele criou por amor, é tentada pela cobra, Nechesh, que é o Messias, filho dela. E a cobra é o poder mágico, que destruiu o equilíbrio primordial.

E o jardim é o Éden superno, onde está Ayin, 70, o Olho do Oculto e o Liṅga criativo; e Daleth, amor; e Nun, a serpente. E, portanto, esta constituição estava implicitamente na natureza do Éden (consulte também Liber L., I., 29, 30), de modo que a chamada dos Æthyrs não poderia ter sido qualquer outra chamada além daquela que é.

Mas aqueles que não possuem entendimento interpretaram tudo isso torto, por causa do Mistério do Abismo, pois não há Caminho de Binah a Chesed; e, portanto, o curso da Espada Flamejante não era mais uma corrente, mas uma fagulha. E quando o Dragão Curvado ergueu sua cabeça para Däath no decorrer daquela fagulha, houve, por assim dizer, uma explosão, e sua cabeça explodiu. E as suas cinzas foram dispersas por todo o 10º Æthyr. E, por isso, todo conhecimento é fragmentado, e não tem valor a menos que seja coordenado pelo Entendimento.

E agora a forma do Æthyr é a forma de uma poderosa Águia de bronze avermelhado. E as plumas se acendem e são giradas e giradas até que todo o céu se torne uma escuridão com essas fagulhas voadoras nele.

Agora tudo são ramificações de fogo dourado com pontas escarlate nas bordas.

E agora Ela surge novamente, montada em um golfinho. Agora, novamente, vejo aquelas almas errantes que buscaram o amor restrito, e não compreenderam que “a palavra do pecado é restrição”.

É muito curioso; elas parecem estar procurando umas pelas outras ou por alguma coisa, o tempo todo, constantemente apressando-se. Mas elas batem uma contra a outra e ainda assim não se enxergam, ou não conseguem se enxergar, porque estão tão fechadas em seus mantos.

E uma voz soa: É terrível para aquele que se fechou e se tornou rápido contra o universo. Pois os que estão acampados à beira do mar, na cidade das Pirâmides, estão realmente fechados. Mas eles deram seu sangue, até a última gota, para encher a taça de BABALON.

Estes que vês são de fato os Irmãos Negros, pois está escrito: “Ele rirá de sua calamidade e zombará deles quando seu medo vier”. E, portanto, ele os exaltou ao plano do amor.

E mais uma vez está escrito: Ele não deseja a morte de um pecador, mas antes que ele se desvie de sua maldade. Agora, se um desses fosse se desfazer de seu manto, ele veria o brilho da senhora do Æthyr; mas eles não farão isso.

E, mais uma vez, há outra causa pela qual Ele permitiu que eles entrassem tão longe dentro das fronteiras do Éden, de modo que Seu pensamento nunca se desviasse da compaixão. Mas contemplas tu o brilho do Amor, que projeta sete estrelas sobre a tua cabeça da mão direita dela, e te coroa com uma coroa de sete rosas. Vede! Ela está sentada no trono de turquesa e lápis-lazúli, e é como uma esmeralda perfeita, e sobre os pilares que sustentam o dossel do trono dela estão esculpidos o Carneiro, o Pardal, o Gato e um peixe estranho. Vede! Como ela brilha! Vede! Como os olhares dela acenderam todos esses fogos que se espalharam pelos céus! No entanto, lembre-se de que em cada um sai como testemunha a justiça do Altíssimo. Não é Libra a Casa de Vênus? E lá sai uma foice que ceifará todas as flores. Não é Saturno exaltado em Libra? Daleth, Lamed, Tau.

E, portanto, foi um tolo quem pronunciou o nome dela em seu coração, pois a raiz do mal é a raiz da respiração, e a palavra no silêncio era uma mentira.

Assim, é visto de baixo por aqueles que não entendem. Mas do alto ele se regozija, pois a alegria da dissolução é dez mil, e a dor do nascimento, apenas um pouco.

E agora tu deverás sair do Æthyr, pois a voz do Æthyr está escondida e oculta de ti porque tu não possuis a chave da porta dela, e teus olhos não foram capazes de suportar o esplendor da visão. Mas tu deves meditar sobre os mistérios disso, e sobre a senhora do Æthyr; e pode ser pela sabedoria do Altíssimo que a verdadeira voz do Æthyr, que é a canção contínua, possa ser ouvida por ti.

Volte, portanto, imediatamente para a terra, e não durma por algum tempo; mas retira-te deste assunto. E isso será o suficiente.

Assim, fui obediente à voz e voltei para o meu corpo.

W’ain-T-Aissha, Argélia.
9 de dezembro de 1909. 20h10 às 22h.


  1. Estas palavras provavelmente são BABALON, ChAOS, TARO. ↩︎

  2. O quarto número místico de Júpiter é 136. ↩︎


Traduzido por Alan Willms em 2021. Revisado por Lucas Fortunato em 2021.

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