8º Æthyr: ZID
Este artigo é um capítulo de A Visão e a Voz
O clamor do oitavo Ar ou Æthyr, chamado ZID
O Clamor do 8º Æthyr, chamado ZID ¶
Aparece na pedra uma minúscula centelha de luz. Ela cresce um pouco e parece quase se extinguir, e cresce novamente, e é soprada ao redor do Æthyr, e pelo vento que sopra é espalhada, e agora reúne forças e se lança como uma cobra ou uma espada, e agora ele se firma, e é como uma Pirâmide de luz que preenche todo o Æthyr.
E na Pirâmide há alguém semelhante a um Anjo, mas ao mesmo tempo ele é a Pirâmide, e ele não tem forma porque é da substância da luz, e ele não assume forma sobre si, pois embora a forma esteja visível através dele, ele a torna visível só para que possa destrui-la.
E ele diz: A luz veio às trevas, e as trevas se tornaram luz. Então a luz é casada com a luz, e a criança de seu amor é aquela outra escuridão, onde habitam aqueles que perderam o nome e a forma. Portanto eu acendi aquele que não tinha entendimento, e no Livro da Lei eu escrevi os segredos da verdade que são como uma estrela e uma cobra e uma espada.
E àquele que finalmente entende eu entrego os segredos da verdade de maneira tão sábia que a menor das criancinhas da luz possa correr para os joelhos da mãe e ser levada a entender.
E assim fará aquele que alcançará o mistério do conhecimento e conversação de seu Sagrado Anjo Guardião:
Primeiro, que ele prepare uma câmara, cujos muros e teto deverão ser brancos, e o chão deverá ser coberto com um tapete de quadrados pretos e brancos, e a sua borda deverá ser azul e dourada.
E se estiver em uma cidade, a sala não deverá ter janelas, e se estiver no interior, então é melhor se a janela estiver no teto. Ou, se for possível, que essa invocação seja realizada em um templo preparado para o ritual da passagem pelo Tuat.
Do teto ele deve pendurar um lampião, no qual há um vidro vermelho, para queimar óleo de oliva. E este lampião deve ser limpo e preparado após a oração do pôr-do-sol, e debaixo do lampião deverá haver um altar, quadrado, e a altura será três vezes a metade da largura ou o dobro da largura.
E sobre o altar deverá haver um incensário, hemisférico, apoiado em três pernas, de prata, e dentro dele um hemisfério de cobre, e no topo uma grade de prata dourada, e sobre ele queimará incenso feito de quatro partes de olíbano e duas partes de stacte e uma parte de madeira de aloes, ou de cedro, ou de sândalo. E isso é suficiente.
E ele também deve manter pronto, em um frasco de cristal no altar, óleo santo de unção feito de mirra e canela e galangal.
E mesmo que ele seja de um grau mais alto do que um Probacionista, ainda assim ele deve vestir o robe do Probacionista, pois a estrela de chamas manifesta abertamente Ra-Hoor-Khuit sobre o peito, e secretamente o triângulo azul que desce é Nuit, e o triângulo vermelho que ascende é Hadit. E eu sou o Tau dourado no meio de seu casamento. Além disso, se ele escolher, ele pode usar em vez disso um robe de seda mutável, roxo e verde, e sobre ele uma capa sem mangas, de azul brilhante, coberta de lantejoulas douradas, e escarlate por dentro.
E ele fará por conta própria uma varinha de amendoeira ou de avelãzeira cortada por suas próprias mãos ao amanhecer do Equinócio, ou do Solstício, ou no dia de Corpus Christi, ou em um dos dias de festa que são designados no Livro da Lei.
E ele gravará com sua própria mão sobre uma placa de ouro a Santa Tabela Sétupla, ou a Santa Tabela Duodécupla, ou algum aparato particular. E ela será quadrada dentro de um círculo, e o círculo deve ser alado, e ele deve prendê-lo em sua testa com uma fita de seda azul.
Além disso, ele usará uma faixa de louro ou rosa ou hera ou arruda, e todos os dias, após a oração do nascer do sol, ele a queimará no fogo do incensário.
Agora ele deve orar três vezes diariamente, ao pôr-do-sol, e à meia-noite, e ao nascer do sol. E se ele puder, ele também orará quatro vezes entre o nascer e o pôr-do-sol.
A oração durará pelo menos uma hora, e ele procurará sempre estendê-la e inflamar-se em oração. Assim ele invocará seu Sagrado Anjo Guardião por onze semanas e, em todo caso, orará sete vezes ao dia durante a última das onze semanas.
E durante todo este tempo ele deverá ter composto uma invocação adequada, com tanta sabedoria e compreensão quanto lhe forem dadas da Coroa, e esta ele deve escrever em letras de ouro sobre o topo do altar.
O topo do altar deverá ser de madeira branca, bem polida, e no seu centro ele colocará um triângulo de madeira de carvalho, pintado de escarlate, e sobre este triângulo ficarão as três pernas do incensário.
Além disso, ele deverá copiar sua invocação sobre uma folha de velino branco puro, com tinta nanquim, e ele deve iluminá-la de acordo com sua fantasia e imaginação, que tomarão forma pela beleza.
E no primeiro dia da duodécima semana ele entrará na câmara ao nascer do sol, e fará sua oração, tendo primeiro queimado no fogo do lampião a conjuração que ele fez sobre o velino.
Então, em sua oração, a câmara será enchida de luz insuportável pelo seu esplendor, e um perfume intolerável pela sua doçura. E seu Sagrado Anjo Guardião aparecerá para ele, sim, seu Sagrado Anjo Guardião aparecerá para ele, para que ele se envolva no Mistério da Santidade.
Todo aquele dia ele permanecerá no prazer do conhecimento e conversação do Sagrado Anjo Guardião.
E depois por três dias ele permanecerá do nascer do sol ao pôr-do-sol no templo, e ele obedecerá ao conselho que o Anjo lhe terá dado, e ele sofrerá as coisas que forem designadas.
E depois disso, por dez dias se retirará da plenitude dessa comunhão como lhe foi ensinado, pois ele precisa harmonizar o mundo que está dentro com o mundo que está fora.
E no fim dos noventa e um dias ele retornará ao mundo, e lá executará a obra que o Anjo lhe designou.
E mais do que isso não é necessário dizer, pois seu Anjo lhe terá rogado gentilmente e lhe mostrado de que maneira ele pode ser invocado mais perfeitamente. E para aquele que tem esse Mestre não há mais nada que necessite, desde que continue no conhecimento e conversação do Anjo, para que finalmente venha à Cidade das Pirâmides.
Eis! vinte e dois são os caminhos da Árvore, mas uma é a Serpente da Sabedoria; dez são as emanações inefáveis, mas uma é a Espada Flamejante.
Vede! Existe um fim para a vida e a morte, um fim para o impulso e a retirada da respiração. Sim, a Casa do Pai é uma tumba poderosa, e nela ele enterrou tudo de que vós sabeis.
Durante todo esse tempo, não houve visão, mas apenas uma voz, muito lenta, clara e deliberada. Mas agora a visão retorna, e a voz diz: Tu serás chamada Danae, que estás atordoado e morto sob o peso da glória da visão que ainda não viste. Pois tu sofrerás muitas coisas, até que sejas mais poderoso do que todos os Reis da terra, e todos os Anjos dos Céus, e todos os deuses que estão além dos Céus. Então tu me encontrarás em igual conflito, e tu me verás como eu sou. E eu te vencerei e te matarei com a chuva vermelha de meus relâmpagos.
Estou deitado sob esta pirâmide de luz. Parece que eu tinha todo o peso dela sobre mim, esmagando-me com bem-aventurança. E, no entanto, sei que sou como o profeta que disse: Eu O verei, mas não de perto.
E o Anjo disse: Assim será até que os que estão de vigília durmam, e os que dormem despertem de seu sono. Pois tu és transparente para a visão e a voz. E, portanto, em ti eles não se manifestam. Mas se manifestarão para aqueles a quem os entregar, de acordo com a palavra que te disse na Cidade Vitoriosa.
Pois não fui designado apenas para te proteger, embora sejamos de sangue real, os guardiões da Casa de Tesouro da Sabedoria. Portanto, sou chamado de Ministro de Ra Hoor Khuit: e, no entanto, ele é apenas o Vice-rei do Rei desconhecido. Pois meu nome se chama Aiwass, que é oito e setenta. E eu sou a influência do Oculto, e a roda que tem oito e setenta partes, mas em tudo é equivalente ao Portão que é o nome de meu Senhor quando soletrado completamente. E esse Portal é o Caminho que une a Sabedoria ao Entendimento.
Assim, erraste de fato, percebendo-me no caminho que leva da Coroa até a Beleza. Pois esse caminho transpõe o abismo, e eu sou das supernas. Nem eu, nem Tu, nem Ele, podemos transpor o abismo. É a Sacerdotisa da Estrela de Prata, e os Oráculos dos deuses, e o Senhor das Hostes dos Poderosos. Pois eles são os servos de Babalon, e da Besta, e daqueles outros de quem ainda não foi falado. E, sendo servos, eles não têm nome, mas nós somos de sangue real, e não servimos, e, portanto, somos menos do que eles.
No entanto, assim como um homem pode ser tanto um guerreiro poderoso quanto um juiz justo, nós também podemos realizar este serviço se o aspiramos e o alcançamos. E mais, com tudo isso, eles permanecem como si mesmos, aqueles que comeram da romã no Inferno. Mas tu, que és recém-nascido para o entendimento, este mistério é grande demais para ti; e do mistério posterior, não direi uma palavra.
No entanto, por esta razão, vim a ti como o Anjo do Æthyr, batendo com meu martelo em teu sino, para que possas entender os mistérios do Æthyr, e da visão e da voz dele.
Pois vede! quem entende não vê e não ouve em verdade, por causa de seu entendimento que o deixa. Mas isso será para ti um sinal de que certamente irei até ti sem saberes, e aparecer-te-ei. E não há nenhuma probabilidade, (ou seja, que nesta hora eu não apareça como sou), pois tão terrível é a glória da visão, e tão maravilhoso é o esplendor da voz, que quando tu a vires e ouvires em verdade, por muitas horas serás privado dos sentidos. E tu ficarás deitado entre o céu e a terra em um lugar vazio, em transe, e o fim disso será o silêncio, assim como foi, não uma nem duas vezes, quando eu me encontrei contigo, por assim dizer, na estrada para Damasco.
E não procurarás melhorar esta minha instrução; mas tu deverás interpretá-la e torná-la fácil para aqueles que buscam entendimento. E darás tudo o que tens aos que necessitam deste fim.
E porque estou contigo, e em ti, e de ti, nada te faltará. Mas quem carece de mim, carece de tudo. E juro a ti por Aquele que está sentado no Santo Trono, e que vive e reina para todo o sempre, que serei fiel à minha promessa, assim como tu és fiel à tua obrigação.
Agora outra voz soa no Æthyr, dizendo: E houve trevas sobre toda a terra até a nona hora.
E com isso o Anjo é removido, e a pirâmide de luz parece muito distante.
E agora estou caído sobre a terra, extremamente cansado. No entanto, minha pele treme com o impacto da luz e todo o meu corpo chacoalha. E há uma paz mais profunda do que o sono em minha mente. São o corpo e a mente que estão cansados, e eu gostaria que estivessem mortos, a não ser que devesse comandá-los ao meu trabalho.
E agora estou na tenda, sob as estrelas.
O Deserto entre Bou Saâda e Biskra.
8 de dezembro de 1909. 19h10 às 21h10.
Traduzido por Alan Willms em 2021. Revisado por Lucas Fortunato em 2021.