Cena I. Os Jardins Suspensos da Babilônia
Este artigo é um capítulo de Adônis, uma Alegoria
Uma peça curta. Realizada nos jardins suspensos da Babilônia em tempos clássicos e com personagens clássicos. Um relato em linguagem poética da batalha dos elementos humanos e divinos na consciência do homem, dando sua harmonia seguindo a vitória do último.
Cena I.
Os Jardins Suspensos da Babilônia.
R., a Casa da Senhora Astarte; L., uma entrada; C., um amplo gramado enfeitado com ramalhetes de flores e esculturas. O sol está quase se pondo. Em uma poltrona sob o muro da cidade repousa o Senhor Esarhaddon, sendo abanado por dois escravos, um garoto negro e uma bela garota cabila, vestidos de amarelo e azul, as vestes do garoto estando cobertas com um véu prateado, e as da garota com um véu dourado.
Eles estão cantando para ele suavemente:
O GAROTO
Todo raiado-de-vermelho é o dilúvio do Tigre;
O sol manchou sua boca de sangue.
A GAROTA
Laranja e verde, suas bandeiras balançam.
O GAROTO
Seus escravos lamentam.
A GAROTA
Suas donzelas choram.
O GAROTO
Exceto tu, Senhor, tu! A hora está próxima
Quando da proa da luxúria
Saltará a morte de todos os corações dos homens,
Ela cuja respiração vive, a seta de uma lança,
A depravação de uma serpente, o aperto de uma víbora,
Um basilisco entre lábio e lábio,
Aquela cujos olhos negros são sóis para derramar
As súplicas do amor de hora a hora,
Cujos membros são foices como as da Morte, de quem
O corpo se contorce, uma flor de lótus
Balançada pelo vento da vida, um crime
Cometido tão docemente, a rainha do tempo,
A senhora do céu, a quem as estrelas,
Sete a sete, de seus cursos
Se curvam e adoram – mesmo ela
Que deu todo o seu doce si para ti,
A Senhora Astarte!
A GAROTA
Paz, ó paz!
Um cisne, ela veleja através de êxtases
De ar e de mármore e flores, ela oscila
Como a lua cheia através da bruma da meia-noite
De névoa – seu corpo é como uma pomba
E uma serpente, e vida, e morte, e amor!
O GAROTO
Assim como o crepúsculo ela é,
Metade vista, metade sutilmente apreendida,
Etérea e corporeamente.
A alma encarnada, o corpo transcendido!
A GAROTA
Doendo, doendo apaixonadamente,
Insuportavelmente, absolutamente magnífica!
O GAROTO
Seus lábios tornam o pôr-do-sol pálido!
A GAROTA
Seu corpo enegrece a Babilônia!
O GAROTO
Seus olhos tornam as trevas da meia-noite em cinza!
A GAROTA
Seus seios fazem da meia-noite o dia!
O GAROTO
Ao seu redor, suave e sutil, nada
O almíscar e a loucura de seus membros!
A GAROTA
Sua boca é mágica como a lua.
O GAROTO
Sua respiração é felicidade!
A GAROTA
Seus passos são desmaios!
[Entra ASTARTE, com suas cinco servas donzelas.
O GAROTO
Fora, fora!
A GAROTA
Com o consentimento do coração,
Para deixar a sua senhora ao nosso senhor.
[Eles saem.
O GAROTO
Que ele se esqueça de nosso serviço feito
De folhas de palmeiras balançadas, que nunca se cansam,
Em sua Babilônia encantada
De desejos infinitos!
[ASTARTE se ajoelha aos pés da poltrona, e tendo os pés de Esarhaddon em suas mãos, cobre-os de beijos.
ASTARTE
Não, nunca desperte! a menos para pegar meu pescoço
E romper comigo com beijos – nunca durma,
A menos para sonhar novas dores impossíveis
Ao desperto!
Garotas! com mais do que o discurso do sonho,
Acordem-no com perfume até que ele sorria, com carícias
Mais suaves do que o luar até que ele volte, e suspire,
Com cinco gotas lentas de vinho entre seus lábios
Até que seu coração levante, com jovens vibrações musicais
Até as pálpebras abrirem, e a primeira
E a mais bela de vós saudá-lo como uma flor,
A fim de que desperto ele possa partir de vocês
E voltar-se para mim, que sou todas estas em uma.
1ª DONZELA
Aqui está a riqueza
De todo o âmbar e almíscar,
Exaladas em segredo
Nas cúpulas do crepúsculo!
2ª DONZELA
Aqui o acariciar
De um rosto – que ele agite
O primeiro liens de liesse
Não para mim – mas para ela!
3ª DONZELA
Aqui a quintessência
Do sonho e do prazer,
Evocando a presença
Do sabor à vista!
4ª DONZELA
Ouça o gorjeio
E o ondular e enrolar
De uma melodia que pode te penetrar
Através dos sentidos até a alma!
5ª DONZELA
Olhe para a mais bela,
A criada livre!
Antes que tu abras teu olho,
Eu tremulo, eu desapareço.
TODAS
Desperte! assim como sua guirlanda é atirada ao ar
Quando a ninfa encontra Apolo, nossa testa está nua.
Nós dividimos, nós dispersamos, nós ofuscamos, nós separamos,
Porque nós só somos agora, e nossa senhora para sempre!
[Elas saem.
ESARHADDON
Eu sonhava contigo!
Sonhos além da forma e do nome!
Era uma cadeia de eras, e um relampear
De raios – que tu desejas – desde então – Ó, eu não vejo
Nada, não sinto nada, e não sou nada – cinzas
Queimadas pelo universo!
ASTARTE
E eu a chama!
ESARHADDON
Espiralando e rugindo por um êon atemporal,
Moldando o mundo, desprezando o céu,
Afogando com iminência despótica e negra
Toda a vida e a luz, aniquilando os sentidos –
Eu fui selado e quieto dentro do útero
Do nada, para estourar como o destemido florir de um bebê,
No aethyr superior de teus olhos.
Ó! um olhar sério inflama o Paraíso,
Uma faísca me põe no trono acima,
Minha orbe, o mundo.
ASTARTE
Não, não te movas ainda. Que o amor
Sopre como o zéfiro sobre as profundezas imóveis,
Que suspire ao despertar de seu sono rosado;
Que as estrelas desapareçam, e todo o oriente se torne cinzento
E tenro, antes que o primeiro cor de rosa do dia
O ruborize. Por pouco! Por pouco! Há varas de luz carmesim
O suficiente para apagar a mais nobre das estrelas,
E se curva para adoração diante da orla,
Comece como a lança de Deus para proteger o Seu mundo!
Suavemente!
ESARHADDON
Mas beije-me!
ASTARTE
Primeiro com uma pestana!
ESARHADDON
Tesouro e tortura!
ASTARTE
Sede tentadora
Que torna a cerveja mais deliciosa. O céu pouco vale
Sem o purgatório, a terra!
ESARHADDON
Você faz da terra o céu.
ASTARTE
E do céu o inferno. Escolher-te
É interpretar a miséria do “perder-te”.
ESARHADDON
Ai de mim! a morte termina com tudo se ela deve terminar com o teu beijo!
ASTARTE
E a morte é tudo se ela confirmar a bem-aventurança da vida!
ESARHADDON
E a morte logo chega se a morte preencher os esforços da vida!
ASTARTE
e se derrama a vindima da vida, a morte nunca vem!
ESARHADDON
O sol se põe. Banha-me na chuva de ouro!
ASTARTE
Estas pérolas que o adornam cintilando como estrelas frias
Caem, e meu cabelo cai, envolve uma auréola.
Da mesma forma que o teu amor envolve a minha alma!
ESARHADDON
Estou cego, estou ferido, estou picado.
Toda linha
Sibila.
ASTARTE
Lá há vida para mil mortos!
ESARHADDON
E morte ali para um milhão!
ASTARTE
Mesmo assim.
A vida, a morte, a nova vida, uma teia fiada leve e lenta
Pelo amor, a aranha, nesses palácios
Que apossa.
ESARHADDON
Apossa.
ASTARTE
Deleite penetrante
Mistura-se com as numerosas murmurações,
E todos os beijos afiam-se em ferrões.
Não! minha boca se apossará? Cuidado! Uma vez deleitado,
Como poderá deixar a tua boca novamente?
ESARHADDON
Por que deveria?
ASTARTE
O sono já não é nosso mestre?
ESARHADDON
Por que devemos pensar quando a sabedoria esqueceria?
ASTARTE
Para que não esqueçamos no devido tempo de cumprir a hora.
ESARHADDON
A abelha pensativa deixa o mel na flor.
ASTARTE
Agora a coroa do sol está imersa. E assim eu mergulho
Meu ouro no horizonte de teus lábios.
ESARHADDON
Ah! ...
ASTARTE
Não há nenhum licor, nenhum, dentro do copo.
ESARHADDON
Não, não vá embora; não, então, apenas me levante.
Eu quereria que o copo fosse derretido também; eu drenaria
Sua agonia maldita.
ASTARTE
Em vão.
ESARHADDON
Em vão?
Não, que o bêbado e a brisa em um
Incendeiem, finalmente, e queimem destruindo a Babilônia!
ASTARTE
Tudo exceto o jardim, e a nossa cama, e – veja!
A falsa lua cheia que vem para rivalizar comigo.
ESARHADDON
Ela vem para iluminar o nosso amor.
[Um toque de sinos do lado de fora.
ASTARTE
Adornarei meu cabelo.
O banquete espera. Garotas, sigam-me.
[Elas saem, deixando ESARHADDON.
ESARHADDON
O quão bela
E completamente ela varre a barca flutuante sobre
As curvas douradas do Tigre. Ela é o cisne
Que atraiu a atenção dos deuses, o alce que chamou
Sua paixão para suas clareiras de esmeralda,
A serva que enlouqueceu Mitras, o tremor rápido
Dos juncos que conduziram Oannes ao rio! ...
Ela se foi. O jardim é um deserto.
Ó, para o banquete da leoa,
os vinhos ricos e surpreendente, as carnes ardentes,
A música e os dançarinos! Assentos impetuosos
Do império dos arcanjos, que suas asas
Esbravejem pelo firmamento! Senhores e Reis
Dos Deuses, desçam e nos sirvam, conforme desprezamos
E pisamos sobre vida, preencham a urna da morte sardônica
Com imortais amores –- como poderei suportar
A paciência deste momento? Ah, ela vem, estejas certo!
Seus pés voam sobre o mármore. ... Abra, portão!
[O portão, não da casa, mas do jardim, se abre. A Senhora Psique aparece. Ela está vestida com púrpura escuro, como se estivesse em luto, e seu cabelo está preso com uma tiara de cipreste e acácia. Ela é servida por três donzelas e três mulheres de idade.
Que hóspede tedioso chega?
PSIQUE
Hora branca do destino!
Eu o encontrei!
ESARHADDON
Quem é este?... Bela Senhora, perdão.
Você procura a senhora do jardim?
PSIQUE
Eu pensei que havia encontrado o senhor que eu procuro.
Seu perdão, senhor. Estes olhos estão cansados e fracos
Com as lágrimas e minha busca vã.
ESARHADDON
Então a quem buscais?
PSIQUE
Meu marido – meu milagre único dos homens,
O Conde Adônis.
[ESARHADDON fica tonto e cai na poltrona.
PSIQUE
Você sabe dele?
ESARHADDON
Não.
Eu não consigo dizer o que me impressionou assim.
Eu nunca ouvi o nome.
PSIQUE
De fato, seus olhos
São mais dele do que libélulas unidas!
Suas sobrancelhas são as dele, sua boca é a dele –
No entanto, tudo está desconforme!
ESARHADDON
Pode ser que esteja!
PSIQUE
Ó, perdão. Meu é apenas o relance de uma menina tola
Adônis é a herança desta alma.
Tudo o mais é loucura.
ESARHADDON
Louco! Louco! Louco! Louco! Louco!
Por que digo-lhe isso? Quem é você? Triste? Feliz?
Mau?
Mau! Mau! Fale, fale! Cume gelado do mistério?
Atrevimento frágil da modéstia?
PSIQUE
Ah, perdoe-me!
Eu não tive a intenção de comovê-lo assim.
ESARHADDON
Eu me emociono
Com muita facilidade. Você usou uma palavra imprópria!
PSIQUE
Aceite a minha tristeza. Estou totalmente só
Nesta noite negra. Meu coração é pedra,
Meus membros são chumbo, meus olhos malditos,
Minha garganta um inferno de sede. ...
Meu marido – acreditam que esteja morto. ...
Fizeram-me vestir essas ervas. Pudesse eu
Em meu coração creditar metade do que dizem,
Estes mantos funerários não me envolveriam,
Mas as cinzas branca de um cadáver cremado, e alto
Sobre uma pira de sândalo e ébano,
Ousariam através das chamas o iníquo audaz!
Mas só estes de toda a minha criadagem vieram
Em fé, esperança e amor, tão longe de casa,
E estes outros três se juntaram a mim – porquê, quem saberá?
Mas tu, senhor, em cujo rosto a semelhança dele se revela –
À primeira vista - por enquanto, a fé, se foi! –
Tu morastes longes daqui da Babilônia?
ESARHADDON
Agora devo rir – perdoe-me em sua tristeza!
Minha vida não é ontem e não é amanhã.
Eu vivo; não sei mais.
PSIQUE
Como assim?
ESARHADDON
Eu tenho medo
Eu só sei disso, que sou um estranho aqui.
Chamam-me de Senhor Esarhaddon – nome
Emprestado ou adivinhado, não consigo dizer! Donde
Vim eu não sei – alguma doença
Destruiu a minha memória.
PSIQUE
Ó, se você fosse ele! Mas ainda assim eu vejo que você não é.
Você não tem nenhum sinal de sua vida esquecida?
ESARHADDON
Não, eu vim nu para a Babilônia.
Eu vivo a luz das estrelas e durmo pelo sol.
Sou feliz no amor, sou rico, como e bebo,
Reúno bens, dou risada, eu nunca penso.
Conheça-me como o príncipe do prazer perfeito!
PSIQUE
No entanto
Não há algo que você esqueceria?
algum medo que te arrepia? Enquanto você fala comigo
Eu vejo você espiar para trás com medo.
ESARHADDON
(com medo furtivo resultando em horror)
Você vê a Sombra?
PSIQUE
Não: sombras esguias se estendem
Da lua acolá, e conquistam o mundo, e cauterizam
Com sua fantástica melancolia tornam grotesca
A terra –- o destino do homem em arabescos.
ESARHADDON
Você está cega! Você está louca! Veja onde ele está!
É o Rei da Babilônia,
Fétidas adagas em suas mãos –
E escorre sangue negro, se esvai, pulsa e mergulha
De seus olhos e narinas até os lábios
Que ele suga, rangendo os dentes. Sobre
Sua cabeça uma coroa de crânios, e macacos se ajoelham
E tagarelam e se esfregam sobre ele. Inclinam-se! Vomitam! Ugh!
Hu! Agora! Agora! Cortam! eles vão – você não consegue ouvi-los?
O quê? você tem coragem de chegar perto deles?
PSIQUE
Não há nada lá.
ESARHADDON
Ah, mas ele tem a cabeça
De um javali, o porco preto, a Noite! Todos mortos, mortos, mortos,
Os olhos de meninas que uma vez eram belas
Pendurados ao redor de seu pescoço. Batem! Quebram! ele bate num crânio
Como um tambor - Estapeima! Atacam! Golpeiam! Voltem, eu não atacarei.
Impostor! Charlatão! há patos e demônios em suas costas.
Mantenha-o longe. Você quer um homem, você diz?
Bem, há um rei para você hoje.
Vai, beije-o! Babe sobre ele! Suas costelas
Devem prontamente se estalar. Ah! Ah! Ah! ela recua.
Ugh! ali ele chegou muito perto. Eu comerei o pó;
Eu lamberei o lodo da Babilônia. Grande luxúria,
Grande deus, grande diabo, gar-gra-gra-gra! Se afaste de mim!
Pegue esta moça, mesmo que ela fosse o ventre que me pariu!
Veja! Eu já te disse, ele é o Rei, o Rei,
O Rei dos Terrores. Veja-me rastejar!
Yah! Ha!
PSIQUE
Não há nada lá. Você é um homem
Ou se enlouquece com nada?
ESARHADDON
Maldição não mitigável!
Não mitigável, lamentável, profunda –-
Maldição, pode, sopra, corre, e pã está oculto,
Cercado, amarrado, sonoro - Ah, tenha piedade! ...
Quem és tu
Cuja vinda assim me castra? Até agora nunca
Vi, ou senti, ou ouvi, o Rei
Resmungando tão próximo; sangue negro em tudo.
Buu! A barca! Caia fora! Fora! Desapareça! Voe! Se mande!
Fora! Vá! Fora! Vá! Eu sou o rei da Babilônia.
Ah, não! Teu perdão. Tenha misericórdia de mim! É como um deslize,
Ó boca. Agora voe! Corra! prostituta vulgar, fuja!
[Ele a ameaça. Ela treme, mas mantém os pés no chão.
Dispa-se, sim, eu te despirei nua, esfolarei a sua carne
Em tiras com meus lábios, roerei seus ossos como um cão.
Fora, porca! Fora, horrorosa! Prostituta! Poço de imundície! Debulha para trilhar
Seu corpo! Cacetes para esmagar sua cara! Facas
Para cortar as suas nove vidas de gato!
ASTARTE
(Entrando às pressas.) O que é isso? Quem é
você? Que direito você tem de vir
E fazer essa confusão na casa?
Você não consegue perceber a destruição que seu tumulto causa?
Vá embora! Eu tenho um voo ardente de cobras
Para então te chicotear!
PSIQUE
Pode ser que o direito seja meu.
Pode ser que você não seja nada diante dos meus olhos.
Pode ser que eu finalmente encontrei o meu senhor;
E você – sua concubina? Pode ser rejeitada.
Esta é a única certeza, que eu te perseguirei. Escravos!
Cá seus chicotes! que estão mais negros com sangue
De coisas como essa do que a sua pele com beijos
Do frenesi de seu sol.
[Os escravos se apressam.
PSIQUE
Tu mulher vaidosa! Agora
Eu o reconheço, perdido, arruinado, louco, mas meu, mas meu,
Indissoluvelmente dotado comigo, meu marido,
O Conde Adônis!
ESARHADDON
Ah!
[Ele cai, mas nos braços de ASTARTE.
ASTARTE
Ó! guarda-nos agora
E chicoteiem essa coisa para fora do jardim!
[Os escravos formam uma barreira entre PSIQUE e os demais.
PSIQUE
Adônis!
ESARHADDON
Ah!
Astarte, há alguma magia por fora.
ASTARTE
O encanto foi rompido, meu caro senhor.
Há uma parede de ébano e aço
Ao nosso redor.
ESARHADDON
Então o que eu sinto
Quando esse nome soa?
ASTARTE
Um truque mental.
Coisas partidas e deixadas para trás
Mantém as raízes para nos atormentar quando menos esperamos.
O sábio – e tu és sábio – não deixa nada afetá-lo.
Festejemos!
ESARHADDON
Ah não! Ainda tremo,
Apesar da minha razão e apesar de minha vontade.
Deixe-me deitar contigo aqui por algum tempo, e sonhar
Sobre os teus olhos sob a lua,
Cujos feixes de luz inclinados
Iluminam o teu rosto, que envia seu desmaio
De langor e de fome através do
Espaço infinito que separa dois
Enquanto eles não puderem elevar-se acima
Na unidade do amor.
Não importa quão amarrados próximos as mãos e os pés,
Num único momento eles podem se encontrar;
Quando na angústia única que corre equilibrada
Com a morte e o nascimento, a alegria da realeza,
O amante e o amado adoram
Aquela coisa que é, quando eles não são.
ASTARTE
Não mais!
Enterre o teu rosto entre estas colinas que ameaçam
O céu, as suas lanças rosadas (os deuses que se preocupam)
com as pontas à altura de teus ouvidos, e com o meu cabelo eu te esconderei;
E essas minhas servas devem ficar ao teu lado,
E misturar seus rouxinóis com o leão
Da guarda, aquele coro e o choque do ferro,
Enquanto como um rio varre as suas margens,
As minhas mãos acariciam teus flancos!
(Coro.)
HOMENS
Sob o sol não há nada, não há nada
Que tenha ouvido uma palavra como aquela que nosso senhor começou.
MULHERES
Sob a lua uma tal melodia, uma tal melodia
Como seu pensamento semipreso neste céu de Junho.
HOMENS
A noite nunca teve uma tal luz, um tal rito!
MULHERES
O dia nunca teve um tal raio, um tal poder!
HOMENS
O homem nunca teve, desde que começou os planos para a terra,
Tal bem-aventurança, tal beijo, tal mulher como essa!
MULHERES
Nunca teve a donzela, desde que Deus ofereceu que se vestisse
As pérgulas da terra com suas flores, um tal homem para os poderes dela!
HOMENS
Misture na medida,
Uvas pretas e cerejas brancas!
Uma paixão, um prazer,
Um tormento, um tesouro,
Você para ser triste e nós para sermos felizes!
MULHERES
Seremos solenes
E sérios e sedutores,
Você é a coluna
Forte, duradoura.
Nós somos a hera e a vinha
A se entrelaçar –-
Minha boca na sua, e a sua na minha!
HOMENS
Lustrem nossas lâminas
Com seus véus,
Alegres servas!
MULHERES
Partam seus acordes
Com as escalas
De suas espadas!
HOMENS
Como um vendaval que lambe uma folha
Deixe-nos conduzir-vos,
Vocês, um feixe áureo
À deriva no ar!
MULHERES
Como uma borboleta paira e voa,
Que nós guiemos
Para confundir seus juízos
Enfeitiçado por uma noiva!
HOMENS
Agora, assim como as estrelas
Circundarão a lua,
Que executemos nossos cargos
Em tempo e em sintonia!
MULHERES
Conduzindo nossa senhora e senhor
Para o banquete,
Antes que a noite esteja próxima,
A rosa negra do leste!
HOMENS E MULHERES
Levante! levante! a festa se espalhou,
O vinho está servido; os cantores aguardam
Ansiosos para seduzir e apaziguar; os dançarinos andam
Impacientes para invocar os senhores do Destino.
Levante, levante! o banquete tardio atrasa
Os êxtases radiantes que devem coroar seus caminhos.
ASTARTE
vinde agora. Ah! ainda permanece a palidez?
O vinho restaurará o rubor. Estique as cordas
De teu coração folgado! Ainda tremes? Se apoie em mim!
Estes ombros poderiam sustentar a eternidade.
[Eles partem para o banquete.
Traduzido por Alan Willms