Cena II. O Átrio do Palácio de Astarte
Este artigo é um capítulo de Adônis, uma Alegoria
Uma peça curta. Realizada nos jardins suspensos da Babilônia em tempos clássicos e com personagens clássicos. Um relato em linguagem poética da batalha dos elementos humanos e divinos na consciência do homem, dando sua harmonia seguindo a vitória do último.
Cena II.
O Átrio do Palácio de Astarte.
Os pilares são de ônix, alabastro, pórfiro e malaquita; e o piso de mosaico. No trono está ASTARTE, e à sua direita HERMES, um médico grego. Ele é um homem pequeno e velho, com olhos penetrantes e toda marca de agilidade e vigor. Sua roupa é a de um médico babilônico.
HERMES
E agora, as formalidades preliminares tendo passado,
Diga-me, minha senhora, qual é o pequeno problema!
ASTARTE
Foi muito repentino.
HERMES
Bem; não como o passado.
Ela explode, tal enfermidade é uma bolha frágil!
Como está a pulsação? Permita-me!
ASTARTE
A sua habilidade
Não é para mim. Meu marido perdeu a memória.
HERMES
No entanto, ele se lembra de você?
ASTARTE
Ó totalmente, claro!
HERMES
Deixe-o em paz! Não açoite o cavalo obediente!
Se eu fosse curá-lo por meus feitiços mágicos,
As probabilidades são de que ele se lembre de alguém mais!
ASTARTE
Ah, mas – há um mês atrás – veio uma mulher –
HERMES
Frio – morno – quente – agora estamos chegando perto da chama!
ASTARTE
E o que ela disse ou fez, quem sabe?
HERMES
Esses homens!
ASTARTE
Sim! Mas ele nunca foi o mesmo desde então!
Tenho tido problemas intermináveis para não me afligir com ele,
Fiz tudo o que podia para agradá-lo e afagá-lo,
E agora esta mulher miserável o perturbou!
HERMES
Ele estava muito afligido no momento?
ASTARTE
Afligido?
Louco como um elefante na primavera!
HERMES. Eu imaginei
Isso. Acha que ele teve uma fantasia com a garota?
ASTARTE
Bem, honestamente, não. Minha mente está um turbilhão
Com a preocupação. Ela é uma criatura frágil, os sentimentos
Em frangalhos, e lágrimas, e as marcas desgastadas
Da sabedoria.
HERMES
Sim, você não tem muito o que temer
Enquanto você parecer como... você parece.
ASTARTE
Bem, lá estavam eles, chorando como porcos abatidos,
Ela e suas criadas. Parece que ela perdeu seu homem,
Não consegue outro, quis reivindicar o meu.
Eu pus um fim no plano da bela.
Mas desde então – bem, eu não consigo dizer o que está errado,
Mas algo está errado.
HERMES
Sim; sim. Faz muito tempo?
ASTARTE
Cerca de um mês.
HERMES
Que medicamentos já tentou?
ASTARTE
As coisas habituais; víboras jovens desescamadas e drenadas
E picadas com pétalas de rosa; cascos de vaca cozidos em esterco,
Uma pílula quatro vezes ao dia, sobre a língua;
Cérebros de calhandra na urina após cada refeição,
Com apenas um toque de sal e casca de laranja.
HERMES
E mesmo assim ele não está melhor?
ASTARTE
Nem um pouco.
Ah, sim, porém, não cheguei a pensar nisso,
Caracóis esmagados e tomados depois das refeições
Pareceram fazer algum bem temporário.
É claro que o mantivemos em uma dieta dobrada.
HERMES
Você já tentou mudar de ares, e repouso, e sossego?
ASTARTE
Não; que ideia estranha!
HERMES
Tão estranha quanto nova.
No entanto, parece de algum modo haver alguma coisa nisso também!
Ainda assim, aqui é onde o silêncio vale sete discursos –
Eu poderia ter sido estrangulado pelos sanguessugas de meu irmão.
Agora, tem certeza de que você o quer curado?
ASTARTE
Porque, sim,
Por que eu o chamaria?
HERMES
Mas, no entanto,
Pode ser difícil caso ele se lembre de mais.
ASTARTE
Eu simplesmente o quero como ele era antes.
HERMES
E se as coisas forem como eu suspeito,
Ele era o marido desta mulher.
ASTARTE
Então escolha
Ah – você sabe – algo apropriado – para colocá-la
Onde ela não me perturbe, ou queira um pretendente.
HERMES
Eu entendo você; mas eu estou velho; a sua beleza
Poderia falhar em fazer com que eu me descuide de meu dever.
ASTARTE
Eu assumirei o risco.
HERMES
Então deixe-me ver a vítima;
Se amarrado, vamos soltá-lo; se solto, prendê-lo.
Ali, madame, em uma frase de coração a coração,
Reside todo o mistério da arte do curador!
Onde está o pático?
ASTARTE
Quieto! na Babilônia
Dizemos “o paciente”.
HERMES
Sim?
ASTARTE
Frequentemente é um.
pois babilônico é um idioma tão incomum
Que frequentemente se acerta errando!
Eu vou chamá-lo no jardim.
[Sai.
HERMES
(só). Há necessidade
De ver o homem? Ele simplesmente está fora de sua alimentação.
Uma criança pode ver o caminho para torná-lo saudável:
Mais exercício, menos comida – e menos Astarte!
[Entra ESARHADDON.
Saúdo vossa senhoria.
ESARHADDON
Saudações, senhor!
HERMES
E então
Não estamos tão saudáveis quanto há um mês?
O pulso? Permita-me! Ah! Tut! Tut! Nada mau.
A língua? Obrigado! Por favor, diga-me o que você
Jantou.
ESARHADDON
Nada: praticamente nada.
Pareço olhar para os alimentos com ódio absoluto.
HERMES
Apenas assim; mas você conseguiu beliscar um pouco?
ESARHADDON
Apenas uma dúzia de codornas no espeto,
Um pequeno esturjão cozido com ostras, vinho,
Cogumelos e lagostas. ...
HERMES
Isso não é para jantar.
ESARHADDON
Bem, após eu me entreter com o faisão pastoso,
Fatiado – você sabe – com abacaxi.
HERMES
Come apressado?
ESARHADDON
Não, absolutamente não. Bem, então um leitão
Recheado com uva, azeitona, pepino, pêssego, figo,
E limão. Então eu brinquei com um manjar apimentado ––
HERMES
Você tem certeza de que não comeu com pressa?
ESARHADDON
Certeza absoluta. O manjar era a própria
Simplicidade – somente camarões. Depois havia – deixe-me ver! –
Um prato de frutas, então um cabrito assado inteiro,
Um pouco de veado frito com fígado de ganso, um enrolado
De carne de boi bem cozinhada temperada bem suavamente
Feito com mel, azeite de oliva, farinha,
Alguns doces, mas apenas três ou quatro, e esses
Eu mal toquei.
HERMES
Mas por que agora?
ESARHADDON
Suponho que
Eu não estava com fome.
HERMES
Diagnóstico certo;
Um simples caso de perda de apetite!
Certamente lhe tentaram com outra coisa.
ESARHADDON
Um pouco de lagostas grelhadas na concha.
Comi apenas duas.
HERMES
Isso explica a língua.
Agora deixe-me ouvir!
O som do coração e dos pulmões.
(E eu deveria pensar assim!) Era um sábio que cantava:
“Quem os Deuses amam, amam lagostas; morrem jovens.”
E um sábio ainda mais sublime disse:
“Não olheis para a lagosta quando está vermelha!”
ESARHADDON
Um bardo babilônico disse o mesmo
Do vinho.
HERMES
Ah, agora vinho? Chega disso! O jogo da morte!
ESARHADDON
Pelas barbatanas e caudas do grande Oannes, eu
Sou o mero modelo da sobriedade.
HERMES
O que você bebeu no jantar?
ESARHADDON
Escassas gotas
A qualquer momento – quatro garrafões, parei ali.
Com apenas um frasco de barley wine por cima.
HERMES
Só assim se torna um nobre tato
Cuja moderação ruma à abstinência.
ESARHADDON
Abstinência! Essa é a palavra que eu não conseguia lembrar!
Eu sou um abstêmio. Tudo o que eu bebo
É consagrado por um sacerdote
Melancólico.
HERMES
Que impede isso de ser alcoólico!
ESARHADDON
Senhor, você parece entender meu caso,
Como ninguém mais fez. Tem uma cara terrível
Estes médicos impostores que povoam a Babilônia. Qual é o seu preço?
Embora nada possa pagar o serviço feito a mim.
HERMES
Um momento. E quanto à sua memória?
Bem, não importa, apenas siga meu conselho;
Isso voltará antes que você diga “faca” duas vezes.
Primeiro, demita os seus escravos, os bandidos que roubam e vadiam:
Um escravo é pior do que dois mestres hoje em dia.
Em seguida, sobreviva apenas de feijões cozidos e vagens,
Com um melão uma vez por semana – quando estão maduros.
Em seguida, envie a Senhora Astarte para o rio;
Ela me parece ter um dano no fígado.
E você deve ensinar seus músculos a se enrijecer,
Então fique em casa, e trabalhe no jardim!
ESARHADDON
Seu maldito patife insultante! Charlatão!
Impostor! Trapaceiro! Canalha! Curandeiro fraudulento!
Seu patife comedor de estrume e cheirador de banheiros,
Você acha que porque seu embuste é popular
Você pode me desafiar?
HERMES
Só te direi uma coisa.
Me desobedeça, e – problemas com o Rei!
ESARHADDON
Soa um peixe ling do rio ting! Silva! Salta!.
HERMES
Isso cozinhou seu ganso.
Eu contarei a Astarte, embora não seja muito útil.
[Ele sai.
É apenas mais uma das pequenas maldições da vida –
A melhor das mulheres se torna a pior das enfermeiras!
Traduzido por Alan Willms