Cena IV. A Antecâmera do Palácio do Rei
Este artigo é um capítulo de Adônis, uma Alegoria
Uma peça curta. Realizada nos jardins suspensos da Babilônia em tempos clássicos e com personagens clássicos. Um relato em linguagem poética da batalha dos elementos humanos e divinos na consciência do homem, dando sua harmonia seguindo a vitória do último.
Cena IV.
A Antecâmera do Palácio do Rei.
É um grande salão de mármore preto. Nos cantos quatro chafarizes jorram em bacias de mármore colorido. Na parte de trás há uma porta estreita e alta pilarizada por grandes homem-touro em mármore branco.
No meio do palco a SENHORA PSIQUE, sentada no chão, seus longos cabelos soltos, seu manto de prata brilhante, ela lamenta.
Com ela estão as três servas arcadas e de luto e na frente do palco R., C. e L. as mulheres de idade estão juntas na frente do palco C., nos degraus que levam para o hall.
Não há nenhuma luz exceto através das sedas da SENHORA PSIQUÊ, das joias que a adornam. Seu brilho, no entanto, é o suficiente para preencher a sala com a radiância lunar, neblina escura, e perdida na imensidão da construção.
PSIQUE
O silêncio cresce odioso; vazio está o meu coração
Aqui no hall fatídico; espero distante.
Escura, ainda escuras, as trevas cobrem minha visão;
Não há brilho que anuncie a luz.
Eu, a filha do Rei, sou apenas serva e escrava
Onde o Tempo lançou sua teia de aranha no hall.
Este sangue não ajuda, onde está o anel do selo
Cujo poder não falha em excitar o Rei?
Herdeira de seu coração, estou descoroada; então, alguém
Que não tem arte ou ofício, na Babilônia.
Deixei meu lar e encontrei a casa de um vassalo –
Esta cúpula sem lâmpadas da morte, vertiginosa!
Ó, pela a espuma das ondas que engole
Ao redor das colunas do rochedo! pela brisa
Que sopra suas frágeis Cariátides!
Pelo vestíbulo de gemas, pelo pórtico de pérola,
Pelas pérgulas de descanso, os silêncios que batem
Suas asas sobre a minha câmara ametista
Cujos leões brilhavam com esmeralda e âmbar!
Ó, pelo trono sobre o qual meu pai intimida,
Sublime e único, permite que a liberdade ame a lei!
Toda a justiça feita, a sua espada a faca do curador!
Toda a misericórdia, não menos lógica do que a vida!
Ai de mim! Espero como uma viúva suplicante
Traída pelo destino, o elefante cego e esmagador.
Eu espero e faço luto. Há poeira não revelará
O Unicórnio, o Unicórnio que segue
Sobre os jardins destes halls da Primavera,
O primeiro dos guardas que defendem o Rei?
Primeira flor da Primavera, primeira donzela do luto,
Não me trarás ao Unicórnio?
[O Unicórnio passa por ela. Ele tem a rapidez do cavalo, a magreza do cervo, a brancura do cisne, o chifre do narval. Ele recosta-se ao lado direito da SENHORA PSIQUE.]
Salve! tu que manténs tua estação designada,
O mais nobre e mais ousado de sua habitação,
O silêncio que se dobrastes sobre a sua criação!
[O Leão passa por ela. Ele é mais vermelho do que o sol poente. Ele se recosta ao lado esquerdo da SENHORA PSIQUE.]
Salve! tu que és seu guarda e guerreiro,
O coração insolente, o pulso de ferro da guerra!
Levanta-te, levanta-te! e põe-te a rugir!
[O Pavão passa por ela. Este pavão é tão grande que sua cauda, enquanto ele a abre ao se reclinar diante do rosto da SENHORA PSIQUÊ, preenche toda a sala.]
Salve! a glória e a luz que escondem sua majestade,
O orgulho e o deleite sobre os quais cavalga sua imagem,
Enquanto que na noite escura e densa ele habita!
[Agora o palco escurece. Até mesmo a luz emitida pelas jóias da SENHORA PSIQUÊ se extingue. Então, do portão do Palácio entre os homens-touro sai um falcão dourado. Em seu bico há uma joia que ele deixa cair na lâmpada que pende da altura acima da cabeça da SENHORA PSIQUÊ. Esta lâmpada continua escura. Durante a sua escuridão, o Unicórnio, o Leão e o Pavão desaparecem.]
Ama-me e leva-me através dos abismos cegos!
Enche-me e alimenta-me de beijos supremos,
Como flores que cintilam no jardim da glória,
Lagos de puro licor como as chamas pálidas e brancas
Daquela lâmpada, o empíreo sem luz! Ah! me ame!
Sede cego todo o espaço, e os teus olhos sobre mim!
Triplamente queimada e marcada sobre essa fronte que sangra,
Carimbe tu o franco estigma – mesmo agora!
[A lâmpada pisca em esplendor deslumbrante, mas momentâneo. Conforme sai, um cone de luz branca é vista sobre a cabeça da SENHORA PSIQUÊ, e diante dela há uma figura de estatura enorme com um manto e um capuz de perfeita escuridão.]
O REI
Venha! pois o trono está vazio. A águia exclamou:
Desapareça! As estrelas são numeradas, e a maré
Vira. Siga-me! Siga-me! Teu Adônis adormeceu. Bela como noiva
Adornada, vem, segue! O destino só está caído e deformado!
Siga-me, siga! O desconhecido é satisfeito.
[A SENHORA PSIQUE é levantada em pé. Em silêncio ela se curva, e segue em silêncio enquanto ele se vira e avança até o portão, enquanto as cortinas caem.]
Traduzido por Alan Willms