Os Habitantes Inumanos do Astral
Este artigo é um capítulo de Ataque e Defesa Astral
Sobre a influência de forças sutis na vida humana e os habitantes do Astral.
Os Habitantes Inumanos do Astral
Existem nos planos de energia sutil diversos tipos de seres em evolução, exatamente como neste plano. O folclore de todos os povos e de todos os tempos menciona esses seres sob diversos nomes: gnomos, silos, salamandras, ondinas, fadas, gigantes, ogres, anjos, demônios, etc...
A quantidade de nomes e descrições parece infindável, mas deve ser atribuída ao fato de que o Astral é tão plástico, e tão disposto a assumir as formas do nosso desejo ou do nosso medo. Os apetites e atitudes culturais das diversas nações humanas produzem modificações na maneira ou no aspecto com que as espécies vivas dos planos sutis se manifestam à imaginação das crianças, dos visionários, ou dos artistas dessas nações. Aquilo que os escandinavos chamam de “troll”, por exemplo, é o mesmo tipo de entidade que os alemães chamam de ogres, os franceses de gigantes, os árabes de “afrit”, os indígenas brasileiros de “curupira”, e os antigos escravos nas senzalas chamavam de “sacis”; fazem parte daquele tipo de entidade que o moderno candomblé denomina de exus.
Essas entidades eram chamadas de elementais pelos antigos “rosa-cruzes”, porque habitavam determinados sub-planos do astral correspondentes a um dos elementos místicos Fogo, Água, Ar e Terra.
Antes de entrarmos mais a fundo num estudo dessas criaturas e seu relacionamento com a humanidade, é preciso tocarmos rapidamente no assunto de “Mal” e “Bem”. Todo mundo interessado em ocultismo já deve ter ouvido dizer que o “Mal” não existe; todos os escritores sérios sobre o assunto são unânimes neste ponto, e esta é a maior causa de divergência entre religionários cristãos e os ocultistas, porque os religionários cristãos acreditam no “Diabo”, ou “Satanás”, como criatura hostil à humanidade, e dedicada à sua destruição. Recentemente, o “Papa” Paulo VI chegou ao ponto de afirmar publicamente a existência do “Diabo”, sem o que, naturalmente, não pode haver o “cristo”; pois, se não houve um pecado original provocado pela malícia do “Demônio”, que necessidade haveria do sacrifício de “Jesus” ?
O raciocínio do papa é sem dúvida razoável; mas os cristãos não ponderam que, se o “Filho Único de Deus Padre” foi sacrificado há dois mil anos para “salvar” a humanidade do “Demônio”, o sacrifício parece não ter tido o mínimo resultado: a maioria dos seres humanos continua tão burra, tão egoísta, e tão mesquinha quanto era; principalmente os cristãos! Há quem diga, até, que o procedimento dos cristãos tem sido bem pior que o dos romanos e gregos “pagãos” e nós hesitaríamos em contestar essa opinião.
Está muito bem negar a existência do “Mal”, e a maioria dos diletantes em ocultismo deve se sentir muito feliz em saber que não existe um poder maligno no Cosmo deliberadamente buscando oprimir a espécie humana; mas essas mesma maioria não reflete que, se o “Mal” não existe, tampouco existe o “Bem”, e não há um poder cósmico deliberadamente buscando salvar a espécie humana das conseqüências da estupidez. A situação foi muito bem expressa em um curto mas profundo poema de um escritor norte-americano, Stephen Crane:
“Um homem disse ao Universo: Cavalheiro, eu existo!
- Sem dúvida – replicou o Universo. – Mas o fato Não desperta em mim qualquer senso de responsabilidade para consigo”.
Esta é a dura realidade iniciática: tanto o “Bem” quanto o “Mal” não existem no Universo a não ser em termos da conveniência pessoal de cada ser vivo. Para o tubarão, “Mal” é o arpão do pescador; para a aranha caranguejeira, “Mal” é o ferrão da vespa caçadora que faz dela, ainda viva mas paralisada, alimento para as larvas da vespa. Para os homens estúpidos, “Mal” são os homens de gênio que tentam faze-los pensar.
Sem dúvida, na Judéia intolerante e irritada pelo domínio estrangeiro, o Jesus evangélico , se tivesse existido, poderia ter sido executado; aliás, na Judéia atual, ele provavelmente teria tido o mesmo fim. Mas na Rússia moderna ele seria colocado num manicômio ou, no pior dos casos, seria degredado para a Sibéria. Nos Estados Unidos da América ele provavelmente emigraria para a Califórnia, onde qualquer místico idiota arranja meios de fundar um culto (com tanto mais facilidade quanto mais idiota for o místico); no Brasil, com tantos milagres, milagreiros e mensagens, ele era bem capaz de passar desapercebido.(1)
O “Diabo” representa aqueles aspectos do Universo que nos provocam apreensão, medo, repugnância, ou – sejamos francos – ódio. Existe, por exemplo, um axioma em antropologia: o deus de uma tribo conquistada sempre se torna o diabo da tribo conquistadora. Isto faz parte do processo de absorção da cultura vencida pela vencedora: desde que a religião de um povo exprime suas ambições de auto-expressão e autonomia, é necessário destruir-lhe a religião e substituí-la por aquela dos dias conquistadores.
Às vezes o tiro sai pela culatra, como aconteceu na Índia durante séculos seguidos, porque a religião dos conquistados é tão mais sofisticada que a dos conquistadores que estes acabam adotando-a e sendo, aos poucos, assimilados na cultura que haviam pensado derrotar. Tal foi também o caso da conquista da China pelos nômades mongóis.
Tomemos, por exemplo, Belzebu, um tradicional demônio na mitologia judaica. O nome vem da frase hebraica Ba’al Zebuh, que significa Deus das moscas, e fazia parte originalmente de uma invocação de Al, “deus” em hebraico, contra as moscas, que numa região quente e seca como o Oriente Médio podiam se tornar bastante incômodas.
Acontece que Ba’al era o nome de Deus entre uma das muitas outras tribos semitas do Oriente Médio. Nessa nação, os mortos não eram enterrados; eram cortados em pedaços e a carne era espalhada nos campos de plantio, (2) onde apodreciam e pululavam de moscas. Os Judeus, que ambicionavam – e eventualmente adquiriram, através do método usualmente recomendado pelos profetas de “Jeová”, o genocídio (3) – as terras dessa tribo, adotaram o nome desse deus, como um lembrete do ato que repudiavam, entre a sua hierarquia demoníaca, Ba’al Zebuh eram as palavras iniciais de uma oração: Ó Deus das moscas! Entre os judeus, isto passou a significar O deus das moscas. Era uma forma sarcástica de se referirem à divindade da tribo derrotada e exterminada.
Examinemos, no entanto, a psicologia por trás dessa medida: significa que o “deus”, ou força, ou potência, que seja capaz de proteger um animal tão nojento e insignificante quanto é a mosca ao pode ser um “deus”, ou força, ou potência “respeitável”; tem que ser um “demônio”! ...
Há nisto uma decisão, por parte dos meros homens (e estes, fanáticos de mãos sujas de sangue), quanto às criaturas que são de Deus e as criaturas que “não são”. Mas se as moscas não são de “Jeová”, então existe algo na Criação que não pertence a “Jeová”; e se existe algo na Criação que não pertence a Deus, então existe mais de um Deus.
E assim, antes que percebamos o fato, caímos na religião simplista dos antigos persas, com Ormuz, o “deus da luz”, personificando o criador de todas as coisas, “agradáveis”, e Arimã, o “deus da escuridão”, personificando o criador de todas as coisas que ofendam os nossos preconceitos.
Muito prático, muito confortável: aquilo que nos agrada e afaga os nossos egos vem de “Deus”; aquilo que nos contraria, que nos incomoda, que nos irrita, que nos humilha, que nos torna ridículos ou fracassados, vem do “Diabo”.
Então vemos na Idade Média (e essa idade sombria perdura até hoje em certas partes do mundo) nações que vão à guerra invocando o mesmo Deus para que derrote seus adversários; que em nome de um Deus de amor e misericórdia queimam vivos os seus semelhantes, ou trucidam mulheres, velhos e crianças; que em nome de um Deus que consideram onipotente, onisciente e onipresente matam, condenam e perseguem aqueles pioneiros em seu próprio meio que descobrem algo novo, que tentam ampliar a concepção do Universo (e portanto do Criador do Universo) além dos limites do medo e da intolerância dos teólogos e dos padres.
Galileu é torturado e condenado por dizer que a terra não é o centro do Universo; será que o sábio não percebeu que ao dizer isto estava dizendo que o homem não é a criatura favorita nem a mais nobre das criações de Deus?
Satã é uma palavra que vem do hebraico Satan, que significa o opositor, aquele que discorda de nós; e esta palavra hebraica, Satanás no latim, não é mais que uma corrupção da palavra sânscrita Sanatanas, que significa eterno, e que até hoje, na tradição hindu, ainda é aplicada às três pessoas da Trimurti (Brama, Shiva e Vishnu) e às três divindades femininas que lhes correspondem.
Os antigos judeus tinham, é claro, contato cultural e comercial com os países do oriente; e procurando desesperadamente conservar a sua existência como tribo, a sua consciência cultural, através de suas peregrinações e vicissitudes, temiam acima de tudo as religiões das nações mais avançadas com que entravam em contato, pois sentiam instintivamente que eram mais nobres e mais amplas que a sua. (4) Daí a associação da palavra Sanatanas com a idéia de um adversário, ou inimigo.
A rejeição pelos judeus do conceito hindu da divindade foi um ato político; e a imposição do seu conceito muito mais grosseiro e solitário, sobre a cultura ocidental foi uma operação mágica através da qual o povo judeu até hoje domina moralmente a filosofia e a ética da Europa e das Américas.
O cristianismo, afinal de contas, não é mais que um ramo, ou extensão , do judaísmo.
Queremos dizer com isto que o Satã teológico não existe? Sim. Queremos dizer com isto que não existem demônios? Não.
Existem, é claro, entidades de outras linhas de evolução às quais podemos chamar de demônios; (5) mas é pueril e, em certos casos, até insultuoso, pensar que as criaturas que ocultistas chamam de demônios se manifestam conforme as teorias da teologia cristã, e principalmente as dos católicos romanos.
Os “demônios” que obcecam os “possessos” do catolicismo romano, por exemplo, são elementais artificiais, ou cascões, e até mesmo projeções telepáticas (isto é, personificações) dos recalques dos “possessos” ou dos “exorcistas”; raramente são demônios no senso que ocultistas atribuem a esta palavra. E quando são, trata-se sempre das entidades menos evoluídas, em outras palavras, das crianças daquela determinada forma evolutiva que chamamos de demônios. Estão brincando. À nossa custa, claro. Mas não temos nós também crianças qu brincam à custa de outras formas de vida? Ou há quem pense (fora das escolas e seminários do catolicismo romano) que pendurar uma lata velha no rabo de um gato ou de um cachorro é menos incômodo, para o infeliz animal, do que ter um demônio a tiracolo nos atazanando é para um assim chamado ser humano? ...
Talvez seja conveniente darmos aqui uma definição das principais formas de vida que podem ser encontradas o “Plano Astral”. Embora muitas destas definições tenham sido dadas antes, talvez possamos contribuir algum esclarecimento aos leitores além do que eles já possuem de outras fontes. Temos, porém, que fazer duas ressalvas: primeiro, nossa classificação absolutamente não é definitiva; à medida que nosso conhecimento se amplia, novos tipos de entidades são adicionados à lista; e à medida que nós mesmos, como seres humanos, evoluímos, nossa percepção dessas entidades, mesmo aquelas com as quais mantemos contato há milhares de anos, se amplia.
Segundo, a classificação será feita do ponto de vista iniciático, em ordem crescente de importância. Os iniciados definem a “importância” de uma forma de vida em termos da capacidade que essa forma de vida tem de compreender e controlar o seu meio-ambiente. Esta, aliás, é a definição de Darwin, que (na sua linha) foi um dos maiores Adeptos de nossa raça.
1. Elementais artificiais. Este tipo de entidade não foi, que nós saibamos, descrito anteriormente no Brasil. O elemental artificial é uma forma criada por um magista no plano astral. É criada pela vontade e imaginação do magista, e insuflada com uma parcela de energia vital de seu criador. Serve – dependendo da força, da intenção, e do grau de evolução espiritual (isto é, da maturidade moral) do magista – como arma de ataque, como espião, ou como vigilante ou protetor de alguma pessoa ou coisa em que o magista está pessoalmente interessado.
A formação de tais criaturas é perigosa para o magista, pois se forem absorvidas por outro magista, não só o criador perde energia como um laço mágico é formado com ele, através do qual ele pode ser identificado, e até atacado. Apesar das inconveniências do processo, muitos magistas criam tais formas no astral. O aspecto desses falsos elementais pode variar muito, e não devemos nos deixar enganar pelas aparências quando os encontramos. Freqüentemente uma forma criada com propósitos hostis é moldada de acordo com os nosso preconceitos e parece “linda” ou “amigável”. Também, freqüentemente uma forma tem um aspecto desagradável apenas para nos assustar e nos conservar afastados, mas não é realmente hostil. É um espantalho.
Entidades formadas desta maneira não tem existência individual: elas são parte do magista que as criou, da mesma forma como nossos olhos, braços, ou pernas, são parte de nós. É justamente este laço mágico com seu criador que as torna pontos vulneráveis na armadura deste; mas não há como negar que elas podem ser bastante úteis. Suponhamos que um magista tenha executado uma operação mágica e queira observar seus resultados, mas ao mesmo tempo tenha outros afazeres: ele cria um elemental artificial e o deixa vigiando os resultados da operação, com ordem de chamar a atenção do seu criador em caso de necessidade. Isto poupa muita energia que poderia, de outra forma, ser desperdiçada se o magista mesmo fosse forçado a manter sua atenção fixada em sua obra.
Uma sub-variante do elemental artificial é o egrégora. Este é um elemental artificial que, projetado no astral, é adotado por outros magistas (ou outros seres humanos em geral) como foco da imaginação e da vontade, e cresce em poder de geração a geração. As imagens astrais dos “deuses” dos homens são sempre egrégoras. São ao egrégoras que se manifestam naquela experiência mística que os hindus chamam de Dhyana. Egrégoras estão sempre relacionados com a religião em que crescemos, ou com a cultura por cujos valores fomos direcionados. Místicos que se deixam obcecar por estas imagens passam a dinamiza-las com sua energia. Muitos egrégoras, atingindo um certo nível de concentração de força, se tornam vampiros.
Tais casos devem ser cuidadosamente diferenciados do verdadeiro vampirismo: o egrégora não “tenciona” vampirizar, porque o egrégora não tem vontade própria. Quando somos vampirizados por um egrégora, tornamo-nos vítimas de nossa própria imaturidade psíquica, de nosso próprio desejo por um “porto seguro” para a nossa existência. O caso é semelhante àquele do gato da fábula, que lambia uma lima apenas pelo prazer de sentir o gosto do próprio sangue. Nenhum gato seria tão estúpido na vida real! Mas muitos seres humanos o são. A masturbação (tanto masculina quanto feminina) não é provocada por egrégoras, que se alimentam normalmente de nossa energia devocional; mas se o ato masturbatório toma o egrégora como centro de concentração da mente, esta energia também pode ser absorvida pelo autômato, que assim expande sua existência em outros planos, e se torna ainda mais perigoso. Sacrifícios rituais de animais ou seres humanos têm exatamente o mesmo efeito. Neste senso, enfaticamente, todo ser humano tem a religião que merece, e seu “deus” é feito à sua própria imagem. (6)
2. Cascões. Em via de regra, os cascões são restos em decomposição dos corpos astrais de seres humanos desencarnados. Mas os cascões também podem ser vestígios, no astral, de entidades de outras linhas de evolução que atingiram o mesmo grau de coesão psíquica que o ser humano. A principal diferença entre um cascão e um elemental artificial é que o cascão geralmente funciona em tantos planos quantos o ser humano a que ele pertenceu conhecia enquanto vivo. Um cascão pode, portanto, existir simultaneamente em diversos sub-planos do astral. O cascão é uma espécie de cadáver: ele conserva a forma do seu ex ocupante durante tanto tempo quanto a energia que o formou perdurar. Este espaço de tempo pode variar consideravelmente. Quanto mais apegada aos planos grosseiros tiver sido uma alma humana, tanto mais tempo o seu cascão persistirá em existência nos planos mais baixos após a morte. São os cascões que se manifestam em sessões espíritas como almas dos mortos. O cascão de uma pessoa de baixa moralidade é freqüentemente mais perigoso que qualquer demônio.
No caso de iniciados avançados, a força que vitalizava os veículos sutis é quase imediatamente absorvida e transmutada nos planos mais altos (relacionados com aquele sub-plano do Astral que os hindus chamam de Buddhi e os cabalistas hebreus chamavam de Neschamah). O iniciado avançado, portanto, não deixa vestígios no Astral inferior. As pessoas que alegam estarem em contato com as almas dos grandes gênios responsáveis pelo progresso da humanidade estão enganadas ou enganando. NO melhor dos casos (se enganadas!) estão em contato com algum elemental artificial criado pelo Adepto, ou com algum egrégora criado por adoradores da imagem lendária do Adepto. No pior dos casos, estão em contato com algum elemental brincalhão, que se divertem à custa de credulidade e da preguiça moral do ser humano.
A única forma de obter contato legítimo com a essência espiritual dos grandes iniciados é através de Samadhi. O perigo que um cascão representa depende, geralmente, da importância que atribuímos ao cascão, e da nossa afinidade com o tipo de apetites que o cascão expressava enquanto seu possuidor estava vivo. Pessoas de mentalidade baixa e de apetites grosseiros se tornam focos de atração para cascões, e se laços de empatia se formarem, tais cascões se tornam aquilo que ocultistas chamam de “larvas”, isto é, vampiros alimentando-se da energia vital dos seres humanos que os acolhem em suas auras.
Não existem no Universo uma entidade estrânea à humanidade que esteja dedicada especificamente ao progresso humano; mas a Hierarquia espiritual da nossa espécie é formada por membros de nossa própria espécie que progrediram ao ponto de perceberem que seu avanço individual posterior depende do avanço da espécie como um todo. O propósito dos Mestres ao nos “auxiliarem” (e Eles efetivamente nos auxiliam!) é puramente egoísta: eles querem aperfeiçoar sua percepção e sabem que dependem, para esse fim, do aperfeiçoamento coletivo. Eles sabem que enquanto o ser humano médio não evoluir acima de uma certa gama vibratória, eles, os Mestres, não poderão passar ao Grau evolutivo seguinte. Em seu esforço por acelerar a evolução racial, eles estão apenas procurando acelerar a sua própria evolução. Aliás, eles seriam mais imbecis que um teólogo se tivesse qualquer outro motivo: por acaso é a espécie humana mais importante para o Movimento Universal do que, por exemplo, as saúvas?
Quem quiser, pois, entrar em contato legítimo com os Mestres, deverá fazelo naquelas mais elevadas esferas dos planos sutis, chamadas de Buddhi, Atmã e Nirvana pelos hindus, e de Binah, Chokhmah e Kether pelos antigos cabalistas hebreus. Qualquer coisa abaixo desse plano será fatalmente falsa e prejudicial a não ser que a concepção que ela desperta na mente humana seja imediatamente cancelada pelo seu oposto.
3. Elementais propriamente ditos. Estas entidades, que os “rosa-cruzes” medievais descreveram sob o nome de Salamandras (Fogo), Ondinas (Água), Silfos (Ar) e Gnomos (Terra), variam, como já dissemos, de aparência astral de país a país, e de núcleo cultural a núcleo cultural da raça humana.
Torna-se aqui conveniente fazermos um parêntese para explicar, ou tentar explicar, a concepção que os místicos medievais tinham dos Quatro Elementos. Eles associavam certas formas de manifestação de substâncias materiais com certas gamas vibratórias, ou sub-planos, do Astral. Por exemplo, um rio pertencia ao Elemento Água; mas o mesmo ocorria com qualquer outra forma de líquido. Substâncias sólidas eram associadas com o Elemento Terra; gases de qualquer tipo, inclusive vapor d’água e a fumaça , com o Elemento Ar; e qualquer forma de combustão, inclusive explosões, era atribuída ao Elemento Fogo.
Não havia nisto qualquer intuito de uma classificação científica dos elementos, no senso que a moderna química dá à palavra elemento: esses místicos estavam interessados na aparência material das coisas apenas como uma assinatura de certas forças sutis que eles percebiam em si mesmos e no seu meio-ambiente.
O paralelo entre os Quatro Elementos dos místicos medievais e os Tatwas dos hindus é perfeito: Agni ou Tejas corresponde ao Fogo, Apas à Água, Vayu ao Ar, e Prithvi à Terra. A classificação dos hindus, entretanto, ia mais longe, e eles admitiam mais três elementos místicos, Akasha, Adhi e Anupadaka. Destes, os místicos medievais revelaram apenas o Akasha, ao qual eles chamavam de Quintessência, ou Elemento do Espírito.
Na realidade, o Akasha não é o Elemento do Espírito. Sua principal função é servir de coordenador e (num certo senso) de fonte dos Quatro Elementos inferiores. Sua principal qualidade consiste em harmonizar as quatro forças “cegas” (isto é, puramente reflexas, ou automáticas) em uma rede energética. Nisto, sa propriedade é muito semelhante à do elemento químico que reflete a ação do Akasha no plano físico, o carbono.
Os verdadeiros elementos Espirituais são Adhi e Anupadaka. (7) Eles correspondem aos “chakras” (ou plexos nervosos) Ajna e Sahashara, enquanto Akasha corresponde a Visudhi, o plexo cervical.
Os elementais, existindo e movendo-se em gamas vibratórias específicas, têm a capacidade de estimular o ser humano na direção em que eles vibram. Isto é devido ao fato de que sua presença ou proximidade acelera a circulação das nossas energias através dos plexos que lhes correspondem. (8) O contato com os elementais, portanto, é fascinante: as salamandras estimulam nossa coragem e nossa sexualidade positiva; as ondinas estimulam os nossos sentimentos e a nossa sexualidade negativa (ou receptividade sensual); os silfos aguçam o nosso intelecto, e os gnomos desenvolvem o nosso senso da proporção relativa das coisas.
Há perigo no contato com os elementais para seres humanos cuja Vontade não está correspondente ao elemento do Espírito, ou Akasha: ela é a nossa capacidade de reunir as Forças “cegas” do nosso meio-ambiente e organiza-las em formas que nos sejam úteis como seres humanos.
Esse estímulo que o contato com os elementais provê é análogo ao estímulo provido por drogas psicotrópicas. As pessoas que não têm suficiente equilíbrio anímico para dominarem as reações puramente reflexas provocadas em seu sistema nervoso por tais substâncias correm grande risco de se tornarem viciadas em seu uso. O mesmo ocorre com o relacionamento com elementais. Como disse Elifas Levi, “o amor do mago por tais entidades é insensato, e pode destruí-lo”. Magistas que estabelecem “pactos” (isto é, formam laços magnéticos de natureza pessoa e íntima) com um elemental, só tem duas alternativas a partir desse momento: ou assimilar o elemental à sua estrutura anímica, ou perder a coesão das forças elementais em seu próprio ser, sendo pouco a pouco absorvidos na tônica vibratória do intruso. Em tais casos o elemental age de forma análoga à de um vampiro, mas não deve ser responsabilizado pelo processo, que é puramente automático. O elemental pode não ter qualquer intenção de destruir o ser humano, ao qual provavelmente até ama, na medida de sua capacidade de experimentar tal emoção; mas, pela natureza mesma do seu ser, ele terá um efeito desequilibrante sobre a constituição de um ser humano que a ele se abandone.
Existe uma enorme quantidade de elementais encarnados em forma humana; isto é devido ao fato de que raramente um casal mantém relações sexuais com o desejo consciente de engendrar um ser humano. As uniões puramente sensuais freqüentemente atraem apenas elementais à encarnação, pois seres humanos desenvolvidos necessitam de certas gamas vibratórias de ordem mais elevada para adquirirem forma. (9)
Tais pseudo-humanos formam a legião dos “bípedes implumes” de Diógenes. Não deve ser pensado que basta ter forma humana para sermos humanos. Os iniciados definem como seres humanos apenas aquelas criaturas suficientemente desenvolvidas para funcionarem como microcosmos, isto é, como estrelas (ou Pentagramas) encarnadas. Nos termos desta definição, qualquer “ser humano” abaixo do Grau de Adeptus Minor da A.’.A.’. (ou o seu equivalente em outro sistema) é humano, quando muito, apenas em potencial.
A principal diferença entre um elemental e um humano de baixo grau evolutivo é apenas que o humano contém em si uma capacidade de funcionar em outras gamas vibratórias além daquele sub-plano do Astral de que o elemental deriva sua forma e sua substância.
Por mais controle que um ser humano possa adquirir de um determinado elemento, qualquer elemental daquele elemento sempre terá mais capacidade para agir naquele elemento, e mais conhecimento daquele elemento, do que o ser humano. Poderíamos dizer, por analogia, que o ser humano está para o elemental assim como um mergulhador profissional está para um peixe. Isto não obsta a que o mergulhador, em que pese à sua incapacidade inerente de se mover no oceano como a mesma comodidade que o peixe, seja uma forma viva superior ao peixe, de acordo com a definição de Charles Darwin (e a nossa) da superioridade de uma forma viva sobre outra.
Certos autores classificam os elementais como mais adiantados ou mais atrasados na escala evolutiva em termos do elemento ao qual eles pertencem: dizem que os gnomos são os mais atrasados, porque pertencem ao Elemento Terra, que é tão denso; e as salamandras são os mais adiantados, porque pertencem ao Elemento Fogo, que é tão “sutil”. Isto é perfeita tolice: os elementais são mais ou menos adiantados em si, da mesma forma que seres humanos. Há gnomos sovinas, grosseiros, brutais, que são atraídos à vizinhança de seres humanos que exibem os vícios correspondentes em sua própria aura. Por outro lado, há gnomos pacientes, prudentes, profundos e sábios, que gravitam para a vizinhança de geólogos , paleontólogos, pensadores e pessoas que exibam as qualidades morais correspondentes às desses gnomos. Há salamandras irrequietas, sequiosas por uma sucessão de emoções e paixões intensas e efêmeras, que procuram afinidade com homens e mulheres superficiais, coléricos, impacientes, agitados; e há salamandras que anseiam por sentimentos e volições refinados, as quais naturalmente tendem a simpatizar com homens e mulheres de caráter nobre, sentimentos elevados, e aspirações puras.
Neste assunto, mais que em qualquer outro, dize-me com quem andas, e te direi quem és. Os elementais sentem instintivamente que são criaturas incompletas; e mesmo os mais grosseiros sempre aspiram a fazer parte de um microcosmo. Para eles, é natural gravitar para a atmosfera energética de seres que tenham a capacidade de funcionar como microcosmos. As pessoas que irradiam energia nos planos sutis tenderão a atrair a atenção e a colaboração espontânea de elementais; e o tipo de elementais que atrairão dependerá sempre do grau de desenvolvimento anímico da pessoa, e não do elemento a que o elemental pertença. Quanto mais adiantado o ser humano, maior será a delicadeza, a sensibilidade, a beleza plástica e anímica, e a profundidade do desejo por harmonia e saber dos elementais que buscarão entrar em contato com esse ser humano.
Seria errôneo da parte de Aspirantes, dar preferência sempre a elementais mais adiantados sobre os mais atrasados, entre aqueles que se oferecem para servi-los: para os trabalhos mais pesados, os elementais mais grosseiros estarão mais capacitados. Você não pede a um pianista de concerto que trabalhe na enxada, nem coloca um brutamontes pouco inteligente como embaixador. (10)
Existem certos rituais mágicos, chamados Rituais dos Elementos, que são utilizados por ocultistas para estabelecer contato com as forças elementais. Estes Rituais não são “melhores” ou “piores” que, por exemplo, os rituais do candomblé. O tipo de entidade que atende ao chamado dependerá sempre do grau de evolução da pessoa que está chamando. A vantagem de um ritual mágico sobre outros é que os Nomes e Sinais usados selecionam automaticamente o grau de desenvolvimento das entidades invocadas: elementais maliciosos ou perversos não ousarão se apresentar. Por outro lado, gente pouco desenvolvida espiritualmente que utilizar esses rituais provavelmente não obterá resultado algum, pois as forças invocadas, reconhecendo a aura de um profano, desdenharão de se aproximar. Para nos impormos a seres desenvolvidos é necessário provar que somos pelo menos tão desenvolvido quanto eles. Só os brutos se deixam impressionar moralmente pela força bruta.
Certos autores fazem questão de desaconselhar um contato sexual íntimo com elementais encarnados em forma humana: eles afirmam que o elemental é incapaz de proceder com “moralidade”. Dizem que o elemental não tem “consciência”, é incapaz de amor e dedicação, e exibe malícia à mínima oportunidade.
Tais afirmativas são muito relativas. O elemental é uma criatura altamente ética, se definirmos ética como consistência entre nossas palavras, nossos pensamentos, e nossos atos; mas a ética de um elemental não é a ética humana. Quando um elemental se encarna em forma humana, ele precisa tentar controlar quatro formas de energia simultaneamente. Ele fica na situação de um cavaleiro montado simultaneamente em quatro cavalos, cada um dos quais tenta galopar uma direção diversa. O ser humano não tem preferência por nenhuma das quatro, e portanto, instintivamente busca equilibra-las em volta do Centro, (11) enquanto o elemental, devido à sua própria natureza, prefere uma direção particular. Conseqüentemente, nunca conseguirá equilibrar seus quatro cavalos em torno de um centro estável.
Não é justo, portanto, condenar um elemental encarnado por conduta “indecorosa”, “inética”, ou “imoral”. Um elemental tentando funcionar em forma humana está numa posição de tão grande desvantagem que merece nossa paciência, e até nossa simpatia.
Suponhamos, por exemplo, um caso muito comum: o casamento de um ser humano com um elemental encarnado em forma humana. Não é verdade dizer que o elemental não nos amará; mas é inútil esperar que ele nos seja “fiel” no senso romanoalexandrino da falsa pudicícia. O elemental é naturalmente atraído por todas as experiências intensas: a força mais importante para ele é sempre a que lhe está mais próxima. Um marido elemental virá dos braços da amante para os da esposa, e demonstrará tanto mais afeição por esta quanto mais tiver sido estimulado pelo seu contrato com a amante. Ele ficará extremamente perplexo, se a esposa o acusar de falsidade e desamor. Ele ama a esposa; a prova é que ele está com ela! Ele esteve com outra? Mas o que importa é que ele está com a esposa agora. Cada momento foi feito para ser vivido com toda a intensidade possível. A vida é tão curta!
Este ponto de vista é bastante semelhante ao de uma criança, e é assim que devemos encarar o elemental encarnado: como uma criança. Aliás, não existe uma certa poesia, uma certa beleza, e até mesmo uma lição de sabedoria, nesta atitude de agarrar a vida com mãos ambas enquanto ela dura? Seres humanos que assumem esta atitude têm a imensa vantagem sobre o elemental de poderem assumi-la nas quatro direções de força, em vez de só em uma; e podem adquirir muita experiência, e absorver muita vivência, no curto espaço de uma encarnação apenas.
4. Anjos e demônios. Pode parecer estranho aos profanos que classifiquemos juntos estes dois tipos de entidade; mas acontece que tanto anjos quanto demônios pertencem à mesma espécie astral, e as diferenças entre eles são ao mesmo tempo muito mais simples e complexas do que imagina a teologia cristã. É errÔneo, e até perigoso, encarar os anjos automaticamente como “bons” e os demônios automaticamente como “maus”. A melhor descrição das características gerais de anjos e demônios e das diferenças entre eles está num poema em prosa de um grande místico, poeta e pintor inglês do Século XIX, William Blake, chamado “O Casamento do Céu e o Inferno”.(12)
Em geral, pode-se dizer que os anjos são convencionais, formalistas. Para um anjo, a letra da lei – qualquer que seja a lei – é sagrada. Já os demônios são criativos, críticos e pragmáticos. Os demônios estão sempre dispostos a interpretar a lei – qualquer que seja a lei – de acordo com a conveniência de cada particular ocasião.
Anjos não têm inteligência original: eles são dogmáticos, e escrupulosamente fiéis aos princípios adotados. Um anjo que aceitasse o dogma romano-alexandrino (por exemplo) levaria a sua aceitação até a última conseqüência: aprovaria a Inquisição Romana, e encararia a tortura e imolação de seres humanos em praça pública como um ato necessário para satisfazer o enunciado do dogma.
Demônios são rebeldes e individualistas. Um demônio poderia aceitar a Inquisição Romana, e até colaborar com ela; mas faria isto apenas para se divertir. Muitos dos demônios têm prazer em destruir a estrutura física da existência humana, que eles consideram um distúrbio da ecologia terrestre; ou simplesmente gostam de ver um ser humano sofrer. Os anjos não gostam de causar sofrimento; mas não se perturbam em causa-lo, se assim fazendo puderem comprovar seus dogmas e crenças.
À medida que tanto anjos quanto demônios se desenvolverem e sobem na escala evolutiva, eles tendem (como qualquer entidade dotada da semente da inteligência) a absorver os pontos de vista de outras entidades, e a compreende-los melhor; eventualmente, até a harmoniza-los com os seus. Conseqüentemente, tanto os anjos quanto os demônios mais evoluídos estão dedicados ao progresso espiritual da espécie humana, e se formam em certas Falanges (ou “Bandas”, na nomenclatura do candomblé) nos planos sutis a fim de cooperar com a Hierarquia humana na evolução de todas as espécies do sistema solar em termos das necessidades de nossa galáxia, a Via Láctea. Isto, é claro, sem detrimento das necessidades do Cosmos como um todo.
O Livro da Lei, Líber AL vel Legis, publicado em O Equinócio dos Deuses, chamado pelos demônios de “a bíblia do Inferno” (porque é a primeira Lei humana que os demônios consideram que podem aceitar juntamente com os anjos), é o primeiro passo para uma formulação, no plano físico, das leis que regem o Sistema Solar dentro do Cosmos. Nada do mesmo tipo foi anteriormente dado à humanidade: todas as leis prévias foram apenas uma preparação para o Livro da Lei, o qual será, naturalmente, seguido eventualmente por outras formulações ainda mais amplas e mais cogentes.
Num certo senso, e muito limitadamente (mas que talvez esclareça a alguns leitores a diferença principal entre anjos e demônios no presente momento evolutivo), os anjos podem ser relacionados com o processo anabólico de agregação de força, e os demônios com o processo catabólico de dispersão de força. Mas devemos nos lembrar de que tanto anabolismo quanto catabolismo são aspectos do metabolismo, e que todo organismo sadio necessita manter um equilíbrio entre ambos para se conservar saudável.
À medida que eles aumentam em compreensão e perspectiva, tanto os anjos quanto os demônios percebem a necessidade dos pares de opostos, e a essencial harmonia atrás do Princípio de Polaridade.
Vamos detalhar, a seguir, as Hierarquias chamadas “angélicas” pela cabala hebraica. Elas foram adotadas pelo cristianismo. Devemos lembrar aos leitores que, ao contrário do que pensam os cristãos, estas hierarquias incluem tanto entidades dedicadas à “construção” quanto à “destruição”; ou, na parlança vulgar dos teólogos, tanto “anjos” quanto “demônios”, e que a atividade dessas criaturas não deve ser automaticamente associada em nossas mentes quer ao conceito do “Bem”, quer ao conceito de “Mal”.
1. As Flamas. As Flamas, que correspondem à primeira esfera de consciência iniciática, ou Malkuth, são Elementais que atingiram suficiente percepção para compreenderem que sua aspiração a se tornarem Microcosmos pode ser melhor (isto é, mais facilmente) realizada através de uma aliança com a espécie humana. São chamados de Flamas porque freqüentemente assumem este aspecto na percepção de videntes. É a forma mais rarefeita de cada elemento. (13)
2. Anjos (propriamente ditos). Estas entidades correspondem à Esfera de Jesod, ou o Fundamento. Em sua maioria, são estágios mais avançados de Elementais, porque se uniram à estrutura anímica de algum Ser Espiritual do nível dos Microcosmos; mas raramente se tornam microcosmos, eles mesmos, nesse estágio. A aparência que assumem varia muito, dependendo dos preconceitos dos seres humanos que entram em contato com eles. (14)
3. Arcanjos, que correspondem à Esfera de Hod. Mesmo os Arcanjos raramente são Microcosmos em si mesmos; a maioria está aliada à estrutura anímica de algum hierofante do passado. Aqueles entre os Arcanjos que conquistam autonomia anímica freqüentemente têm um nome tradicional, e um conjunto de tradições e lendas, relacionados com sua manifestação. Tal foi o caso do Gabriel que se manifestou a Maomé, o que não deve ser confundido com o Gabriel que normalmente aparece quando o magista realiza certos rituais. A diferença entre os dois, entretanto, só se torna aparente a iniciados de um certo desenvolvimento. (15)
Na Qabalah hebraica os Arcanjos são chamados de Filhos de Deus (Beni Elohim), ou “príncipes”. Isto porque Kether, a Coroa, é chamada de “Rei” e representa “Deus” – e os Filhos do Rei, naturalmente, são os príncipes...
4. Os Elohim, ou Deuses. Estas entidades são chamadas de “Príncipes” pelos teólogos cristãos (o que pode causar confusão com a classe anterior, que tem o mesmo nome em hebraico); também são chamadas de “Principalidades” ou “Princípios”. Estão relacionadas com a Esfera de Netzach. Mesmo os Elohim raramente atingem a dignidade de Microcosmos, mas em sua esmagadora maioria são absolutamente leias e serviçais à evolução da espécie humana.
5. Os Reis, ou “Melachim”, estão relacionados com a Esfera de Tiphereth. São conhecidos na teologia cristã por dois nomes diversos: “Virtudes” e “Poderes”. As “Virtudes” são de natureza “Angélica”, isto é, conservadoras; os “Poderes” são de natureza “demoníaca”, isto é, criadores ou ativos. Em sua maioria os Melachins atingiram a dignidade de microcosmos. Eles se manifestam, em via de regra, diretamente na estrutura anímica das pessoas com quem entram em contato; e muito raramente entram em contato com qualquer ser humano que não tenham atingido o grau iniciático (ou plano de consciência) que em nomenclatura telêmica é chamado de Adeptado. A palavra “rei”, usada no Livro da Lei, refere-se ao tipo de entidade que atingiu o grau de evolução dessa Falange, e não aos ridículos “reis” criados por diversas religiões (principalmente a cristã!) a fim de manterem, por aliança ao poder político e econômico, controle sobre um determinado povo. (16)
6. A Falange relacionada com a Esfera de Geburah (que corresponde ao Grau de Adepto Maior no sistema telêmico) são os Domínios, chamados na cabala hebraica de Serpentes de Fogo. (A analogia com Kundalini não é coincidência). Estas entidades também, em sua grande maioria, atingiram a dignidade de microcosmos, e são de natureza “demoníaca”, isto é, ativa ou inovadora.
7. A Falange seguinte são os Tronos, que correspondem ao Grau de Adepto Isento e à Esfera de Chesed, cujo símbolo é um rei sentado em seu trono. (17) Estas entidades são de natureza “Angélica”, isto é, conservadoras e receptivas.
8. A classe seguinte de entidades é na cabala hebraica chamada de Esplendores, e atribuída a Binah; mas os Esplendores são entidades da mesma espécie que os Tronos, porém agindo de forma “demoníaca”, isto é, dinâmica; ou da mesma espécie que os Domínios, porém agindo de forma “Angélica”, isto é, conservadora, nessas Sephiroth respectivas. A confusão é, novamente, devida à pouca experiência prática da maioria, tanto de cabalistas, quanto de teólogos. É pura tolice atribuir “esplendores” a Binah, que sempre se manifesta sob a forma de Shivadarshana, isto é, Escuridão ou Aniquilação, e é sentida por místicos menos desenvolvidos como uma influência “opressora” e “maligna”.
9. Os Querubins, chamados de “Rodas Vivas” na cabala hebraica, (18) são a verdadeira Falange de Binah. Eles são descritos como criaturas de quatro cabeças, porque representam o equilíbrio completo no Akasha das Quatro Direções da Cruz; e são chamados de Rodas porque o seu equilíbrio é dinâmico: eles exercem as Quatro Forças em todas as direções. A tradição de que um Querubim guarda a entrada do Paraíso refere-se a um segredo iniciático. Veja-se o Selo da Ordem de Télema, que é o Selo da Besta 666.
As imagens hieráticas das divindades hindus e tibetanas têm freqüentemente uma multiplicidade de braços como raios de uma roda, e quatro cabeças, uma em cada direção do compasso. Novamente, não se trata de mera coincidência.
Os Querubins são normalmente atribuídos a Chokhmah, e não a Binah; mas isto é confusão devida a que (naturalmente) a força deles emana daquela Sephirah.
10. Os Serafins, ou Santas Criaturas Vivas, normalmente atribuídos a Kether na cabala hebraica, são na realidade a Falange de Chokhmah. Kether, indiferenciado, além de todos os pares de opostos, não é ainda suficientemente conhecido pela espécie humana para especularmos sobre a sua manifestação. A Entidade que lhe corresponde é sempre o Senhor (ou Senhora) do Aeon, a Divindade que ocupa, por uma estação, ou fase, do Movimento Universal, o “trono de Ra”. Neste Aeon, é Heru-ra-ha. Veja-se Líber AL, Capítulo I, v. 49; Capítulo III, v. 61, em O EQUINÓCIO DOS DEUSES. Quanto menos falarmos sobre Ele, melhor, pois assim diremos menos tolices! Um dos muitos aspectos de Sua manifestação é abordado no Oitavo Poema de O GUARDADOR DE REBANHOS, de Fernando Pessoa.
Antes de encerrarmos este capítulo, seria prudente fazer uma observação sobre o conceito de Microcosmo. Dissemos que certas entidades inumanas atingiram o mesmo grau de evolução da nossa espécie, e são microcosmos, da mesma forma que nós; mas muitos anjos e demônios atingiram a estruturalização do Akasha sem que possam ser considerados iguais dos seres humanos, pois (como já dissemos) a influência do Akasha é automática: ele coordena os Quatro Elementos porque este é o seu poder. Uma criatura dos mundos sutis pode, portanto, aparentar todos os sintomas de individualidade sem ser um indivíduo, no senso em que um ser humano é um indivíduo. Sem uma infusão dos dois elementos acima do Akasha, isto é, Adhi e Anupadaka, nenhuma entidade pode ser considerada como do nível de um ser humano. A percepção da genuína existência espiritual das entidades com as quais entramos em contato faz parte das ordálias iniciáticas.
Outra ressalva deve ser feita: a classificação que acabamos de fazer dessas entidades “angélicas” e “demoníacas” se refere apenas ao mais baixo plano de manifestação, chamado de Assiah pelos cabalistas hebraicos. À medida que ampliamos a nossa percepção, compreendemos que certas entidades (que considerávamos adiantadíssimas) estão num estágio rudimentar de desenvolvimento; enquanto outras entidades (que considerávamos atrasadas) estavam expressando uma sabedoria e uma elevação além da nossa capacidade de percepção na época em que entramos em contato com elas pela primeira vez.
Assim, por exemplo, a tradição de que cada país da terra está sob a tutela de um “Arcanjo” não deve ser interpretada literalmente. Os místicos cristãos, naturalmente confusos por virtude da ineficiência do seu sistema de pesquisa, tendiam a chamar de “arcanjos” quaisquer entidades que eles percebessem ter autoridade sobre “anjos”. No caso do Brasil, Ishmael (‘ShMOAL em hebraico) tem a numeração 441, que soma 9, o número de Jesod, o Fundamento; mas é evidente que uma Entidade capacitada para representar espiritualmente as energias que criam e mantêm um país deverá estar num plano de consciência bastante acima de um “anjo” normal. Pode ser que Ishmael seja um Arcanjo; mas se assim for, não se trata de um arcanjo de Assiah, no senso em que o Gabriel que se manifesta em certos rituais é um arcanjo.
Mas estas subdivisões e minúcias são de valor puramente relativo. Como já dissemos, quanto mais adiantada é uma entidade – qualquer entidade – mais ela tende a ver “Deus” (ou, se preferirdes, o Espírito) manifestando-se em todas as coisas e em todos os seres. Faz parte do Juramento do Mestre do Templo interpretar todo fenômeno como “um trato particular entre Deus e a sua alma”. Existe um velho ditado em inglês que podemos traduzir por: “A beleza está no olho de quem a vê”. Por isto, tudo quanto existe é santo e divino para os verdadeiros santos. (19)
(1) Talvez não: faz alguns anos, apareceu numa cidadezinha do norte um homem anunciando que era Jesus Cristo, voltado à terra; quando a polícia interveio, a população estava prestes a crucifica-lo pelos pecados do mundo, calorosamente encorajada por ele. Escrevemos uma peça para televisão baseada neste caso autêntico, a qual, é claro, não foi produzida até hoje!...
(2) Um hábito muito comum entre tribos que praticavam o sacrifício humano. Veja-se Carta a um Maçom. Os tibetanos, embora não praticassem sacrifícios humanos, também abandonavam os cadáveres aos processos ecológicos.
(3) Parece ironia, mas na realidade é um efeito de carma racial, que os judeus tenham sofrido às mãos dos nazistas exatamente o mesmo tipo de infâmias que impunham aos “gentios” na época em que estavam conquistando a Palestina a ferro e fogo.
(4) Toda aspiração religiosa é inicialmente uma projeção das frustrações do religionário numa forma em que seus desejos frustrados se realizam, ou em que uma consoladora explicação de seus fracassos é provida.
(5) A palavra “demônio”, aliás, vem do grego daimonium, e significava simplesmente aquilo que os cristãos mais tarde chamaram de Anjo da Guarda. Era uma entidade que inspirava os seres humanos, e tanto podiam ser “boa” quanto “má”.
(6) Veja-se Carta a um Maçom, onde a origem e desenvolvimento do egrégora de “Jesus Cristo” é claramente traçada.
(7) Isto é, no nível atual de nosso conhecimento. É bem provável que haja gamas vibratórias ainda mais sutis e profundas.
(8) É impossível, entretanto, atribuir cada um dos cakkram a um Elemento em particular com exclusividade, pois todos os Elementos estão presentes simultaneamente nos cakkram físicos, associados e harmonizados (o grau de harmonização depende do grua iniciático do ser humano individual) pela energia do Akasha. De uma forma muito geral, entretanto, podemos atribuir Manipura (o Plexo Solar) ao Fogo, Anahatta (o Plexo Cardíaco) ao Ar, Svadisthana (o Plano Umbilical) à Água e Muladhara (o Plexo Sacro) à Terra. O processo iniciático estimula a manifestação dos sub-elementos complementares em cada um desses vórtices de força: a Serpente Kundalini é o símbolo desta transmutação e interação dos elementos. O assunto foge aos limites deste tratado.
(9) isto absolutamente não quer dizer, como pretendem certos teólogos imbecis, que o ato sexual só deva ser praticado para a procriação da espécie, como é o caso entre os animais; a refinação do gozo físico só ocorre em sociedades onde o sexo é considerado como um apetite sadio, e digno de ser praticado até como uma forma de oração.
(10) Isto é, a não ser que você seja um marxista ou um “coronel” nordestino.
(11) Se as Quatro Forças “Cegas” se manifestam em igual intensidade e em direções diametralmente opostas, o Centro está em “Queda Livre”. É o “olho do ciclone”, ou a “voz do silêncio”.
(12) A ser publicado nesta série, com anotações de um Adepto. William Blake foi uma das encarnações de Aleister Crowley.
(13) Cada Elemento místico está subdividido em cinco sub-elementos. Por exemplo, o Elemento Terra está subdividido em Terra de Terra, Ar de Terra, Água de Terra, Fogo de Terra e Espírito de Terra. O Elemento do Espírito é “negro”, isto é, absorve toda manifestação em si mesmo; a forma mais rarefeita em que a substância elemental pode se manifestar é como uma Flama, a qual varia de cor de acordo com a energia elemental básica. A confusão entre o Elemento Fogo e o Elemento Espírito decorre disso, e a letra Shin, a tríplice língua de fogo, em hebraico, acumula as correspondências mágicas de Fogo e Espírito. A fonte espiritual de todo elemento mais baixo que o Akasha é de natureza akásica – e invisível. Veja-se AL i 60 e AL ii 49-51 em O EQUINÓCIO DOS DEUSES. A verdadeira Luz dos iniciados é a escuridão dos profanos.
(14) O desejo de se comunicar pressupõe a adoção de um veículo, ou símbolo inteligível, que facilite a comunicação. Um anjo, portanto, se manifestará como uma criatura refulgente e de asas brancas, ou como uma criatura de asas de morcego, chifres, e rabo de ponta, a uma pessoa que tenha os preconceitos próprios dos cristãos; mas assumirá formas inteiramente diversas ao se comunicar com seres humanos de outras religiões. Também, em certos casos eles se manifestam diretamente `´a consciência da pessoa com quem entram em contato, sem assumir qualquer forma (Rupa), porque essa pessoa não tem idéias preconcebidas quanto à forma em que eles “devam” se manifestar.
(15) Quanto maior a nossa compreensão espiritual, mais profunda a nossa percepção, e mais ampla a nossa perspectiva. As entidades mais evoluídas vêem “Deus” em todas as coisas, mesmo as que são coisas “feias” ou “malignas”.
(16) Tiphereth, a Consciência Humana, é o Centro do Ruach, e as Entidades Angélicas que correspondem a essa esfera de consciência são chamadas de Reis porque Tiphereth recebe um raio direto da Coroa, Kether, através da influência chamada a Grã-Sacerdotisa, a qual representa o Sagrado Anjo Guardião, ou Adonai (veja-se os diagramas em O EQUINÓCIO DOS DEUSES). Mas do ponto de vista das Supernas, estes “Reis” não deveriam ser chamados de reis e sim de príncipes, está claro; e assim são denominados em certos sistemas de simbolismo. A confusão decorre de que poucos seres humanos até agora atingiram suficiente adiantamento para lidarem com essas entidades; mas a experiência prática evita enganos. O assunto, novamente, está além dos limites deste tratado.
(17) Chesed é o “Deus-Pai” cristão: é a imagem simbólica desta Sephira que os místicos cristãos obtinham em seus Dhyanas. Já Geburah representa em rei combatendo: seu título em trechos do Velho Testamento é “Senhor dos Exércitos”. (Os diversos “nomes” ou “títulos” de “Deus” utilizados no Velhos Testamento estão sempre relacionados com as Esferas de Consciência da cabala hebraica). Chesed, também chamado de Gedulah, é a “Misericórdia Divina”. Tradicionalmente, pedia-se clemência ou favores a um rei quando este estava sentado na sala do trono, concedendo audiências. Geburah é a “Severidade” ou “Cólera” de “Deus”; e não se considerava prudente pedir favores ou clemência a um rei no fragor de uma batalha!... A Visão do “Amen”, no Apocalipse, é uma tentativa de unir os dois Dhyanas, Geburah e Gedulah, em um só símbolo.
(18) Veja-se Líber AL, o Livro da Lei, Capítulo III, verso 55, em O EQUINÓCIO DOS DEUSES: “Que Maria inviolada seja despedaçada sobre rodas: por causa dela que todas as mulheres castas sejam completamente desprezadas entre vós”! “Maria inviolada” é uma egrégora criado pelo medo psíquico do Amor (o qual significa entregar-se a uma influência externa, não-egóica). Longe de simbolizar, como pretendem os cristãos, o “puro amor espiritual”), “Maria inviolada”simboliza ódio e rejeição. A “castidade” cristã, tal como é interpretada por teólogos católicos romanos, é uma trincheira contra o Universo: uma tentativa de manter o ego intacto, “imaculado”, “intocado”. Esse egrégora tem que ser destruído, na mente do verdadeiro místico, pela influência das Rodas, ou Querubins, antes que a verdadeira Visão de Binah possa ser obtida. Esta visão une aqueles dois arquétipos aparentemente “opostos” e “hostis”: a Virgem Imaculada e a Diana dos Efésios, a Grande Puta Universal. Juntas elas se manifestam como a “Mulher vestida de Sol” do Apocalipse.
Este é um assunto de muito difícil compreensão, naturalmente, para místicos treinados no catolicismo romano ou em certas seitas protestantes, budistas, hindus, e até maometanas. O amor, no senso místico, mágico e espiritual da palavra, é uma virtude positiva: consiste na união, e não em rejeição de união, como a consciência de outros seres vivos. Para existirmos como Egos (coisa por enquanto absolutamente necessária enquanto estamos encarnados) é necessário estarmos sempre cônscios de nós mesmos como entidades separadas. Mas para ampliarmos os nossos Egos, isto é, para evoluirmos, é necessário que incorporemos sempre novas experiências ao nosso armazém psíquico; e isto só é possível através do Amor. A Grande Puta representa aquela parte da alma iniciada que está aberta à influência de Todo; mas para que a consciência individual possa ser mantida, o Ahamkhara tem que continuar ativo: isto é a “Virgem”. Como em todo processo vivo, a Puta e a Virgem devem se alternar na consciência humana comum, e devem ser unidas em um só símbolo na consciência iniciada.
A Puta de Babilônia, embriagada com o sangue dos santos, cavalgando a Besta 666 (seiscentos e sessenta e seis é o número cabalístico da Inteligência do Sol, ou Binah de Tiphereth), é a mesma Virgem Inviolada: é a Diana dos Efésios e a Ártemis que se entregou apenas a Pã, isto é, ao Todo, e por isto continuou virgem; a Taça que ela leva nas mãos é o Santo Graal.
(19) Sem confundirmos os planos, claro. O valor espiritual da dor de dentes ou a santidade intrínseca do arsênico não significa que não devamos consultar um dentista no caso de uma, ou evitar uma ingestão altamente concentrada no caso do outro!...