Uso do Corpo Astral em Ataques Ocultos
Este artigo é um capítulo de Ataque e Defesa Astral
Sobre a influência de forças sutis na vida humana e os habitantes do Astral.
Uso do Corpo Astral em Ataques Ocultos
A expressão “corpo astral” vem da Idade Média, e foi originalmente empregada pelos astrólogos da época, numa tentativa de explicar de que maneira a influência dos astros agia sobre a substância física. Segundo eles, o corpo físico continha dentro de si uma duplicata de matéria astral, isto é, de matéria sutil do mesmo tipo das influências irradiadas pela esfera celeste (da qual a Terra, naturalmente, era considerada o centro); e era através do impacto destas influências transmitido pelo corpo astral ao corpo mais grosseiro que os astros influenciavam a vida humana.
A astrologia caiu em descrédito durante o Século Dezenove, que foi o século de grande avanço do pensamento materialista; mas o desenvolvimento da física e da química tem levado os cientistas modernos a aceitarem a possibilidade de radiações muito sutis serem transmitidas continuamente através do espaço sideral. As experiências com fotografia áurica, iniciadas pelos russos, indicam que todo corpo vivo está rodeado de uma aura de energia de uma gama vibratória invisível ao olho físico; e modernos biólogos começam a admitir a influência do movimento aparente do sol, e do movimento real da lua, sobre a vida na superfície do nosso planeta, inclusive a vida humana.
Os iniciados, entretanto, nunca tiveram dúvidas quanto à existência do “corpo astral”; apenas, eles vão mais além: o assim chamado corpo astral compõe-se de diversas estruturas, cada qual de uma determinada gama vibratória, e cada qual com uma determinada função. Os hindus, e principalmente os budistas, têm feito uma análise muito aprofundada dos veículos de que se compõe o “corpo astral” dos místicos medievais do ocidente.
Certas pessoas têm um “corpo astral” mais desenvolvido que o normal, seja devido ao treino deliberado, seja devido a herança genética, seja devido às influências magnéticas do local onde vivem ou das pessoas com as quais entram em contato. Por exemplo, iniciados treinados, principalmente se são de um alto grau, mas não de um grau suficientemente elevado para terem aniquilado o Ego (1), possuem personalidades intensamente magnéticas, perturbadoras para pessoas sensíveis que não estão acostumadas à presença de força psíquica em alto estado de tensão. Em circunstâncias nas quais aspirantes já de certo desenvolvimento ampliam a consciência dos veículos internos mais facilmente, aqueles que não estão preparados podem ser extremamente perturbados pela vizinhança constante de um iniciado. Portanto, ocultistas avançados que, sem terem ainda alcançado total equilíbrio e aniquilação de seus poderes, permitem a profanos a entrada em seu círculo, estão sendo imprudentes e até indiscretos; mas não podem, com justiça, ser acusados de abusarem de suas faculdades. Eles emanam força involuntariamente, devido à sua alta carga interna. Os iniciados de maior adiantamento (2) sempre vivem afastados da multidão, pois eles não apenas necessitam de isolamento para seu trabalho, como sua influência produz uma reação psíquica violenta em profanos.
Faz algum tempo, aquela colega nossa a quem já nos referimos, tendo alcançado o Grau de Philosophus da A.’.A.’., estabeleceu uma abadia de Télema num local que não especificaremos, onde seus discípulos imediatos podiam ir para retiros e treino mágico. Um seu Neófito, muito bem intencionado, tendo conhecido um homem que se dizia interessado em psiquismo, solicitou permissão para traze-lo em sua companhia para uma visita. Como já dissemos antes, nossa colega é extremamente autoconfiante, e consentiu na visita de um profano. As condições eram especiais, pois segundo o Neófito, seu conhecido estava à beira de um colapso nervoso, e talvez a atmosfera da Abadia o auxiliasse a se recuperar.
O profano era uma pessoa extremamente sensível, escrupulosamente limpa, e com uma acentuada repugnância por sujidade de qualquer tipo. Suas simpatias especiais em psiquismo eram a teosofia e as obras de Max heindel. Ele seguia uma dieta estritamente vegetariana e era extremamente meticuloso em seus hábitos. Sua obsessão pela limpeza pessoal e a de seu meio ambiente, seu vegetarianismo, que ele declarava decorrer de uma profunda repugnância pela violência e pelo sangue, e seu incessante interesse por misticismo haviam impressionado o neófito como sintomas de espiritualidade. Infelizmente, quando nossa colega consentiu na visita, ela ainda não sabia destas características do visitante, que teria reconhecido imediatamente como sintomas de um temperamento sadomasoquista extremamente reprimido.
Quando o visitante, a quem chamaremos de Sr. N., chegou à Abadia, ocorreu um curioso incidente. A Abadia possuía um jardineiro, o qual por sua vez possuía um cachorro, vira-lata extremamente amigável e pachorrento, cuja ocupação favorita além de coçar as pulgas era dormitar em frente ao portão. N., tendo saltado do táxi que o trouxera da estação, e pago o preço da viagem, agachou.se ao lado do animal para acaricia-lo. O cachorro levantou-se de um pulo e saiu ganindo com o rabo entre as pernas para os fundos do quintal, de onde não saiu até a hora do almoço, para grande espanto do seu dono, que nunca vira o animal proceder assim. O jardineiro declarou mais tarde que desde o primeiro dia desconfiara de N., por causa da reação do seu cão ao contato do visitante.
Fora este incidente inicial, N. causou excelente impressão ao pessoal da Abadia, inclusive a nossa colega, a qual não estivera presente à chegada de N. e só soube do caso com o cachorro alguns dias mais tarde. Era um homem quieto, bem comportado, de palavras comedidas, inteligente e culto. Suas opiniões sobre ocultismo, em muitos pontos, diferiam radicalmente daquelas do pessoal da Abadia, mas não houve qualquer atrito durante o dia. O visitante declarou-se encantado com a Abadia e seus habitantes, e expressou desapontamento apenas pelo fato de que lhe haviam reservado um quarto separado: ele supusera que iria dormir no mesmo quarto que o neófito responsável pela sua vinda. Nossa colega explicou-lhe delicadamente que o neófito tinha que dormir sozinho, pois estava executando certas práticas que faziam parte do seu programa de treino, e N. pareceu ficar conformado com a explicação.
Naquela noite, o neófito acordou de um profundo pesadelo, sentindo, como escreveu em seu diário, “um peso que lhe oprimia o peito”. Mesmo depois de acordar e levantar-se, parecia-lhe como se a atmosfera do quarto estivesse impregnada de uma influência doentia. Ele executou os rituais de banição próprios do seu grau e voltou a adormecer sem mais incidentes.
Na manhã seguinte, entretanto, durante o café da manhã, ele mencionou seu pesadelo, e para seu espanto os outros membros da comunidade declararam em peso que eles, também, haviam experimentado pesadelos durante a noite, com exceção de nossa colega. É claro que, nas circunstâncias, começaram a comparar o que havia acontecido com cada um. Os pesadelos tinham todos sido do mesmo tipo, inclusive a sensação de opressão no peito. No auge da discussão, N., que se havia retorcido irrequieto em sua cadeira deste o primeiro instante em que se mencionara pesadelos, protestou muito nervoso:
- Por favor, não falem dessas coisas tão mórbidas que eu fico com mal estar!
Em deferência ao visitante, o assunto foi encerrado; mas nossa colega, para quem a paz da comunidade era muito importante, uma vez que estava sob a sua responsabilidade, sentiu que a Abadia estava sob alguma forma de ataque; não era normal que todos os seus estudantes tivessem tido o mesmo pesadelo, e isto na mesma noite. A única influência nova na casa era a de N., portanto ela resolveu ficar de olho nele. Conforme ela comentou mais tarde, não lhes ocorrera ainda que os acontecimentos pudessem ser causados por ele; era simplesmente que a entrada de um profano representava uma quebra no círculo.(3)
Naquela noite, uma das probacionistas da Abadia, sentindo uma premonição, percorreu a casa inteira na hora de dormir, experimentando portas e janelas para ver se estavam bem trancadas. Ela encontrou-se com N. (que vinha do banheiro) num corredor, e este perguntou-lhe o que estava fazendo.
- Estou com a impressão de que há uma influência hostil nos rondando – explicou a moça. – Um ladrão, ou alguma coisa assim.
N. deu uma risada.
- Sua bobinha! Não adianta trancar as vias de entrada, o perigo está dentro da casa. Vá para seu quarto e feche a sua porta à chave.
A probacionista, entretanto, continuou seu trabalho de verificar se estava tudo bem fechado, e ao retirar-se para seu quarto não trancou a porta: isto era coisa que nunca fora necessária na Abadia, onde a privacidade de cada um era respeitada com o máximo rigor. Apesar disto, ela passou uma noite normal, não experimentando qualquer pesadelo.
O mesmo, entretanto, não ocorreu com o neófito responsável pela vinda de N.. Por volta das duas da madrugada ele experimentou o mais terrível pesadelo que já tivera em sua vida, e acordou suando frio, como se alguém o estivesse forçando a se manter deitado, ou jazesse sobre ele. Ao sentar-se no leito ele viu distintamente a cabeça de N. flutuando no ar aos pés da cama, diminuindo rapidamente de tamanho, e arreganhando os dentes ferozmente como numa ânsia de morde-lo. “Foi a coisa mais maligna que já vi até hoje”, ele escreveu mais tarde em seu diário. Em vez de tentar pegar de novo no sono, ou de executar os rituais de banição, o neófito sentiu-se tão abalado que saiu do seu quarto e foi bater à porta de sua superiora, nossa colega, que também estava experimentando uma noite inquieta, embora não tão desagradável, e acordou facilmente de seu sono. Ela ouviu com atenção o relato do neófito e depois fez lhe diversas perguntas pertinentes. Como resultado, o neófito revelou que N. tinha recentemente lhe feito uma proposta homossexual, que fora polidamente recusada.
Entre telemitas, naturalmente, homossexualidade não é vergonha nem crime, apenas um ato de escolha pessoal. Nossa colega não ficou chocada pela revelação de que N. tinha tais apetites, mas a situação estava agora esclarecida.
- Vá dormir – ela disse ao seu discípulo – e deixe isso comigo.
O neófito voltou ao seu quarto, sentindo-se bastante aliviado. Nossa irmã esperou que ele fechasse a porta e traçou astralmente um pentagrama no centro do umbral, apontando para fora. Então retirou-se aos seus aposentos, onde executou uma prolongada adivinhação pelo Tarô.
O neófito passou um resto de noite tranqüilo, com um profundo sono reparador.
Na manhã seguinte, o aspecto de N. à mesa de café era chocante: estava profundamente pálido, suas mãos e lábios tremiam continuamente. Nossa colega, observando-o, perguntou aos circunstantes como haviam passado a noite. Desta vez, constataram que as mulheres, embora com sono inquieto, não haviam tido nenhum pesadelo; mas dois rapazes declararam que haviam novamente experimentando uma sensação de peso e desconforto sobre o peito.
- Apenas sobre o peito – disse nossa colega, não sem malícia – ou também sobre alguma outra parte do corpo?
Neste momento N. levantou-se tão bruscamente que sua cadeira foi arremessada ao chão.
- Parem com isso! – ele gritou, puxando os cabelos. – Parem de me torturar!
Enquanto os circunstantes, com exceção de nossa colega, o contemplavam boquiabertos, ele ejaculou uma série de acusações frenéticas e disparatadas contra a companhia. Eles o estavam perseguindo e insinuando coisas sobre ele. Voltou-se para o neófito responsável pela sua presença na Abadia e acusou-o de crueldade, frieza e zombaria. Finalmente, debulhando-se em lágrimas, saiu correndo da sala e foi trancar-se em seu quarto.
A situação seria cômica se não fosse patética. Os circunstantes se entreolharam consternados. Uma das moças começou a rir, e parou tão subitamente quanto começara. Os olhos se voltaram para a cabeça da comunidade.
- N. está passando por uma ordália iniciática – disse nossa colega. – Não se preocupem, deixem isso comigo.
Enquanto a congregação terminava o café da manhã com menos conversa e mais gravidade que de costume, nossa irmã foi à cozinha, encheu um vasilhame de água onde dissolveu um pouco de sabão, fez certos sinais e pronunciou certas palavras e foi até o quarto ocupado por N., onde traçou no centro do limiar da porta um pentagrama apontando para dentro.
Normalmente, com a passagem do sol acima ou abaixo do horizonte, a força magnética desses sinais se dissolve e é necessário refaze-los. Mas a sensibilidade de N. era tal que ele não saiu do quarto até a manhã do dia seguinte, quando nossa irmã foi pessoalmente busca-lo.
É desnecessário dizer que a comunidade dormiu tranqüilamente aquela noite, sem quaisquer incidentes.
Durante o dia seguinte nossa irmã teve uma longa conversa com N.. Este fora educado numa cidadezinha de Minas Gerais como rigoroso católico, sua família sendo fanaticamente religiosa. Na adolescência, havia sido mandado para um seminário, onde, como é infelizmente comum, fora condicionado à homossexualidade por um dos seus preceptores. Embora a família tivesse desejado que N. seguisse o sacerdócio católico romano, tal não aconteceu porque quando o rapaz tinha dezoito anos foi descoberto em flagrante com o seu preceptor em atividade sexual. O preceptor, como acontece, acusou N. de tê-lo tentado e insistido na relação, e o infeliz seminarista foi forçado a sair do estabelecimento em desgraça.
Nossa colega, baseada em suas conversações com N., e na longa adivinhação pelo Tarô, chegou às seguintes conclusões: N. era um temperamento sensível e impressionável, que talvez não tivesse tido tendências ao homossexualismo de berço, mas fora condicionado a este tipo de atividade por um padre devasso. O choque ao ser expulso do seminário o antagonizara com a Igreja Romana, pelo que ele se ligara ao tipo de misticismo emocional e elementar que mais se assemelha ao Romanismo, isto é, a teosofia e Max Heindel, sem ser exatamente cristão. A atividade homossexual exacerba tendências ao sado-masoquismo e provoca um desenvolvimento anormal do corpo etérico. Na atmosfera altamente carregada da Abadia, o corpo astral de N. se exteriorizara inconscientemente durante o sono, e procurara satisfazer seus apetites frustrados pela recusa do neófito em ter relações com ele. Na primeira noite, todos haviam sido atacados, com exceção de nossa colega, cuja aura era demasiadamente forte para ser afetada; mas na segunda noite, tendo feito sua escolha magnética, o astral de N. atacara apenas homens, e os mais jovens entre estes, começando pelo neófito que tanto o atraíra.
Quando a situação foi explicada a N. por nossa colega ele se sentiu extremamente consternado por sua conduta. Nossa colega tranqüilizou-o, apontando que ninguém é responsável por seus atos a não ser depois que se torna cônscio deles.
N. ficou na Abadia durante mais uma semana, benquisto por todos; mas toda noite nossa colega tomou a precaução de selar o umbral da porta do visitante como pentagrama traçado com água e sabão, apontando para dentro, a fim de impedir que o astral de N. se exteriorizasse durante o sono e saísse para “assombrar” o resto dos habitantes. (4)
O exemplo que acabamos de dar é um exemplo de ataque astral inconsciente. É preciso que as pessoas compreendam que cada um dos nossos “veículos” – ou planos de consciência, se assim preferirmos – tem o seu próprio “quartel general” de controle, análogo ao cérebro físico. Ponderemos, por exemplo, a maneira como as nossas funções fisiológicas são normalmente executadas sem qualquer necessidade de intervenção da mente consciente. O sistema nervoso reflexo se encarrega da manutenção da saúde física, deixando as faculdades volitivas conscientes livres para executarem outro tipo de trabalho. Pensemos, por exemplo, o que seria a nossa vida se tivéssemos de respirar conscientemente para viver! Este, aliás, é um fenômeno que às vezes ocorre na prática de Pranayama.
Há pessoas que tem um corpo astral extremamente desenvolvido, como resultado de herança genética, ou treino involuntário, ou treino deliberado. Se tais pessoas não mantém o corpo astral sob controle, ele tenderá a divagar além do corpo físico, o que é bastante perigoso. Assim como no caso de N. seu corpo astral, estimulado pelas práticas homossexuais, depois dinamizado pela atmosfera magnética carregada da Abadia, exteriorizou-se para procurar satisfazer os apetites reprimidos de seu dono, pode acontecer que o corpo astral, divagando a esmo no astral, seja atacado, e até mesmo capturado, por uma influência hostil. Isto acontece freqüentemente com os praticantes do espiritismo, principalmente os kardecistas, que não tomam a mínima precaução mágica para testas ou selecionar as influências às quais permitem acesso a seus veículos e a seus locais de trabalho e moradia. A aura de certos médiuns espíritas, em conseqüência, é um poço de imundície astral. O que é pior, sua influência malsã é infecciosa. Sentimentalismo piegas, negativismo emocional, receptividade mórbida são apenas alguns dos seus efeitos. Doenças nervosas, da pele, lesões do sistema muscular e da espinha dorsal, falta de concentração mental, tendência ao exagero, ou à mentira, e até ao roubo são outros efeitos da mediunidade imprudente. As exceções são pouquíssimas. Homens e mulheres de um alto grau de verdadeira pureza pessoal e firmeza de caráter têm auras qu inibem as entidades mais baixas, principalmente se eles selecionam seus associados, como ocorre no candomblé legítimo. Mas infelizmente, tais casos são a exceção, e não a regra.
Se a aura de um sensitivo faz parte de um corpo astral desenvolvido por herança genética, (5) e a pessoas não exercita nem domina seu veículo sutil, este tenderá a divagar no astral e a freqüentar as correntes magnéticas com que adquiriu afinidade em existências anteriores. Em certos casos, o corpo astral pode estar mais desenvolvido que as faculdades volitivas do corpo físico na existência presente, e fenômenos semelhantes ao de dupla personalidade podem ocorrer. Do ponto de vista iniciático isto é altamente indesejável, mas alguns médiuns e “psíquicos” se orgulham de uma tal situação.
Em certa ocasião, um indivíduo que desejava adquirir dominação psicológica sobre nós declarou-nos que conversava constantemente com o nosso Ente Mágico, o qual “lhe dava conselhos”.
- Talvez isso possa ocorrer – nós lhe replicamos – mas se meu “Ente Mágico” lhe disser para fazer coisas que contradigam o que eu lhe digo quando estou em meu corpo físico, você não estará falando com meu “Ente Mágico” coisa nenhuma, e sim com algum elemental ou demônio tentando me personificar.
O cavalheiro em questão, vendo o tiro lhe sair pela culatra, afastou-se de nós. Descobrimos mais tarde que se tratava de um hábil vigarista, especializado em explorar a megalomania de pseudomísticos; usava um nome falso e já extorquira enormes quantias em dinheiro de diversas “sociedades ocultas” brasileiras.
A técnica desta particular vigarice baseia-se em que a maioria dos ocultistas não tem a mínima concepção do que é, realmente, o Caminho Iniciático. Tais infelizes mais que depressa aceitam a idéia de que seus “Entes Mágicos” são capazes de aparecer a “seus discípulos” à sua revelia e sem seu conhecimento consciente. Ai, o “discípulo” começa a dizer ao “mestre” o que este supostamente lhe disse enquanto estava se manifestando magicamente. Antes que o “mestre” perceba, estará acatando as coisas que o “discípulo” lhe diz que ele lhe disse nas “visões”. Desse momento em diante, o verdadeiro “mestre” é o “discípulo”.
O que deve ser claramente compreendido é que as faculdades humanas que representam a Individualidade, a Volição, e a Compreensão espirituais estão completamente acima de qualquer manifestação astral. Elas estão além do Abismo, e o corpo astral não existe além do Abismo. Como diz o Livro da Lei, Cap. I, vv. 8-9:
“O Khabs está no Khu, não o Khu no Khabs. Identificai-vos pois como Khabs, e vede minha luz derramada sobre vós!”
O Khabs é a “Estrela”, isto é, a centelha do Fogo Divino em cada ser humano, seja homem ou mulher. O “Khu” é o termo que os antigos egípcios usavam para descrever o Ente Mágico do iniciado. Este Ente Mágico, que corresponde ao “Corpo de Glória” do místico cristão, consiste na purificação e harmonização de todos os veículos inferiores. É este Ente Mágico que é dissolvido voluntariamente pelo Adepto Exempto ao cruzar o Abismo.
Identificando-se com o Khabs, o Iniciado ativa o Ajna Chakra, que corresponde a Hadit no sistema hindu. Como resultado, a Energia Cósmica se concentra no Sahasrara, que corresponde a Nuit, e a Luz das Estrelas se derrama sobre o Iniciado.
Até a etimologia dos termos hindus para os “éteres” mais sutis, Adhi e Anupadaka, se assemelha aos termos egípcios correspondentes, Had e Nu. Isto sugere que ambas as correntes iniciáticas tiveram a mesma origem num passado mais longínquo, talvez na legendária Atlântida ou na legendária Mu.
Isto é um assunto que só pode ser de interesse aos historiadores. O que nos concerne, na prática, é a absoluta necessidade de controlar o corpo astral, e mantê-lo sempre sob o domínio daquelas faculdades em nós que representam a nossa Verdadeira Vontade.
Iniciados de corpo astral muito desenvolvido, mas de baixa ética, podem ser muito perigosos, não só para os profanos como para outros iniciados. Os leitores não devem julgar que um corpo astral bem desenvolvido é sinal automático de alta espiritualidade; isto seria o equivalente de supor que um halterofilista de enormes músculos é necessariamente uma pessoa de elevados sentimentos e nobres intenções. Citaremos um caso bastante ilustrativo, da experiência de uma iniciada da antiga Aurora Dourada, atualmente reformulada como a Ordem Externa da A.’.A.’.
No primeiro ano deste século, Aleister Crowley, que subira rapidamente nos graus da Aurora Dourada, instituiu um exame mágico da Ordem e seus “chefes” e, tendo chegado à conclusão de que a organização perdera seus laços com os planos espirituais, destruiu-a ocultamente. (6) Uma das poucas pessoas de valor que ainda estavam ligadas à Aurora Dourada na ocasião era Violet M. Firth, mais conhecida de ocultistas pelo seu pseudônimo de Dion Fortune. A Sra. Firth escreveu uma série de artigos para uma conceituada revista de ocultismo inglesa, descrevendo as manobras espúrias de falsos iniciados, mas sem se referir diretamente à Aurora Dourada, a qual era seu único contato com magia e misticismo naquela época.
Infelizmente para a Sra. Firth, seu grau era muito abaixo do de Crowley, e ela começou a experimentar estranhas sensações de ameaça e de pressão oculta. A seguir, começou a ter experiências de clarividência involuntária. Isto era alarmante, pois iniciados treinados não tem experiências psíquicas involuntárias a não ser em circunstâncias muito fora do normal. Um médium kardecista pode se alegrar de ver, subitamente, a fisionomia de um “falecido” lhe aparecer à frente; um ocultista treinado interpretará o fenômeno como uma quebra naquela separação que sempre deve ser mantida entre os diversos planos de consciência. Como disse a própria Sra. Firth, ao relatar sua experiência: “No método pelo qual fui treinada somos ensinados a manter os diversos planos de consciência estritamente separados, e usamos uma técnica específica para abrir e fechar os portais. Em conseqüência, a gente raramente experimenta um psiquismo espontâneo: nossas visões se assemelham às de um cientista usando um microscópio para examinar materiais previamente escolhidos”.
As experiências animais da Sra. Firth se avolumaram ao ponto em que, no seu estado normal de vigília, ela começou a ver faces demoníacas aparecerem e desaparecerem de relance, a qualquer momento, e quando ocupada com qualquer assunto. Neste ponto, ela já começara a suspeitar que estava sob ataque, e corretamente atribuiu o ataque à série de artigos que havia publicado denunciando abusos em fraternidades pseudo-ocultistas; mas ela não identificara ainda o atacante, e mais tarde escreveu: “Qual a minha surpresa, então, ao receber uma carta de uma pessoa que eu considerava minha amiga, e pela qual eu sentia o máximo respeito, uma carta que não me deixou em qualquer dúvida quanto à fonte do ataque que eu estava sofrendo, e quanto àquilo que eu poderia esperar se continuasse a escrever meus artigos!”
A pessoa em questão, cujo nome a Sra. Firth não revelou em seu relato, era a esposa do pretenso “chefe” da Aurora dourada, denunciado por Crowley, o qual usava, indevidamente, o nome de “McGregor Mathers”. (7) Moina Mathers, irmã do filósofo francês Henri Bérgson, tomara as dores do marido no conflito deste com Crowley. Tanto ela quanto Mathers pouco podiam fazer contra Crowley, um iniciado de grau muitíssimo mais elevado que o deles; (8) mas o caso de Dion Fortune era outro. Como ela mesma escreveu: “Posso dizer com toda honestidade que até receber essa carta eu não tinha a mínima suspeita de que esta pessoa estava envolvida nos escândalos que eu estava denunciando. Evidentemente eu tinha me metido em assuntos bem mais graves do que pensara”.
Muitas críticas podem ser feitas a Dion Fortune, mas coragem de brigar (exceto com Crowley, a quem ela nunca compreendeu, mas cujas obras copiou descaradamente, e a quem ela instintivamente respeitava) nunca lhe faltou. Meditando sobre a situação, ela chegou à conclusão de que a publicação dos seus artigos era necessária, e lhe fora inspirada pelos Vigilantes Invisíveis. A série de artigos já estava completa, mas havia sido apenas parcialmente publicada; ela poderia ter impedido que a publicação continuasse. Ela decidiu permitir que a série se completasse. (9) Continuando a citar o seu relato:
“O Equinócio de Primavera tinha chegado. Devo explicar que esta é a mais importante época do ano para ocultistas. (10) Grandes marés de força estão fluindo nos Planos Internos, e são muito difíceis de manipular. Se vai haver perigo astral, usualmente a situação eclode nesta época. Há também certas reuniões que ocorrem no Plano Astral, e muitos ocultistas a elas comparecem fora do corpo físico. A fim de fazer isto, temos de nos colocar numa espécie de transe, e então a mente fica livre para viajar. É costumeiro pedir a alguém que entende destes assuntos para ficar de guarda ao lado de nosso corpo físico enquanto este está vazio, a fim de impedir que ele sofra algum dano. (11)
“Em via de regra, quando estamos sofrendo um ataque oculto a gente se conserva a qualquer custo no estado normal de consciência, e dorme durante o dia e permanece desperta e meditando quando o sol está abaixo do horizonte. Mas, como o azar ocasionalmente impõe, eu estava obrigada a sair numa viagem astral nessa ocasião. (12) Minha atacante sabia disto tão bem quanto eu. Portanto, executei meus preparativos com todas as precauções de que pude lançar mão: reuni um grupo de discípulos cuidadosamente selecionado para formar o círculo de guarda, e selei o local da operação com o cerimonial costumeiro. Eu não tinha muita fé nesta última precaução nas circunstâncias, pois minha atacante era de um grau muito mais alto que o meu, (13) e poderia passar por quaisquer selos que eu sabia impor. Mas ao menos, os selos me protegeriam contra forças mais baixas.
“O método de executar estas viagens astrais é altamente técnico, (14) e não posso aqui me estender sobre o assunto. Na linguagem da psicologia, trata-se de autohipnose através de um símbolo. (15) De acordo com o símbolo escolhido, nós obtemos acesso a diferentes seções do Invisível. O iniciado treinado, portanto, não vagueia pelo astral como um fantasma perturbado, mas vem e vai através de corredores definidos.
“A tarefa da minha inimiga, portanto, não era difícil, pis ela sabia a que horas eu teria de fazer esta viagem, e o símbolo que eu teria de usar para deixar o corpo.(16) Por isto eu sabia que teria que enfrentar oposição, embora não soubesse de que forma esta oposição apareceria.
“Essas viagens astrais são na realidade sonhos lúcidos em que nós retemos todas as nossas faculdades de escolha, poder de vontade, e discernimento. As minhas sempre começam com uma cortina de cor simbólica(17), através de cujas dobras eu passo. Assim que eu passei pela cortina nessa ocasião, vi a minha inimiga esperando por mim, ou se outra terminologia for preferida, comecei a sonhar com ela. Ela me apareceu nas vestimentas completas do seu Grau, que são magníficas(18), e barrou minha entrada, dizendo que pro virtude de sua autoridade ela me proibia de utilizar esses corredores mágicos(19). Repliquei que não admitia o direito dela de me barrar apenas porque estava pessoalmente zangada comigo, e que eu apelava para os Chefes Internos, aos quais tanto ela quanto eu estávamos obrigadas. Então começou uma batalhe de vontades na qual experimentei a sensação de ser arremessada pelo ar e de cair de uma grande altura, e me percebi de volta ao meu corpo. Mas meu corpo não estava onde eu o havia deixado, e sim num amontoado no canto mais afastado da sala, onde tudo estava derrubado e espalhado como se lá tivesse explodido uma bomba. Através do fenômeno de repercussão, a luta astral aparentemente se comunicara ao meu corpo físico, o qual dera cambalhotas em volta do aposento enquanto o agitado grupo de guardiões retirava a mobília de sua passagem!
“A experiência me deixara um pouco intimidada, pois não havia sido agradável. Admiti para mim mesma que fora derrotada, e que havia sido expulsa com sucesso dos caminhos astrais; mas compreendi também que se eu aceitasse esta derrota minha carreira oculta estaria terminada. Assim como uma criança que acaba de cair de um cavalo deve ser recolocada imediatamente na sela, ou jamais terá coragem de cavalgar de novo, senti que eu tinha que encetar novamente minha viagem astral a qualquer custo. Assim, disse aos meus discípulos que se acalmassem e reformulassem o círculo, porque nós tínhamos que tentar de novo; invoquei os Chefes Secretos, e exteriorizei-me novamente. Desta feita houve um combate rápido e duro, e atravessei a barreira. Tive a Visão dos Chefes Internos, e regressei. A luta estava terminada. Nunca mais experimentei qualquer problema. Mas quando tirei minhas roupas a fim de ir dormir naquela noite, minhas costas estavam muito doloridas, e com uma lente examinei a pele num espelho. Do pescoço à cintura eu estava coberta de arranhões, como se tivesse estado nas garras de um gato gigantesco.
“Contei esta história a alguns amigos, ocultistas experientes, que no passado haviam estado associados à pessoa com a qual eu tive este problema, e eles me disseram que ela era bem conhecida por este tipo de ataque astral: um amigo deles, após uma altercação com ela, tivera uma experiência similar: ele também ficara coberto de marcas de unhas afiadas. Mas neste caso, porém, a pessoa ficara doente durante seis meses, e tinha se afastado completamente do ocultismo”.
Dion Fortune, ou Violet M. Firth, prosseguiu seu relatório destas experiência mencionando a morte misteriosa de uma moça, encontrada nua nos rochedos de uma praia irlandesa em circunstâncias que indicavam que estivera fazendo uma invocação mágica. Seu corpo estava coberto de marcas semelhantes, e ela também estivera associada a Moina Mathers.
Mas ai já saímos do terreno do ocultismo para entra no das fofocas. Tanto a Sra. Mathers quanto a Sra. Firth já morreram faz tempo, e tais marcas continuam a ocorrer. O autor destas linhas já as descobriu sobre seu corpo após ataques mágicos. Elas decorrem da dilatação excessiva, com conseqüente hemorragia, dos vasos capilares periféricos. A hemorragia deixa marcas semelhantes e arranhões. Não precisamos, portanto, atribuir ataques astrais à alma de Moina Mathers, ou à infeliz família dos felinos. As marcas são, realmente, o resultado de repercussão de pressão etérica sobre o corpo físico; mas decorrem normalmente de qualquer tipo de luta psíquica, a qual produz o fenômeno de “stress” no organismo carnal.
(1) Um paradoxo aparente do trabalho iniciático é que nós começamos por nos fortificarmos e desenvolvermos ao máximo possível, e terminamos por destruir o castelo fortificado que erigimos.
(2) De Dominus Liminis a Adeptus Minor principalmente.
(3) Explique-se: uma comunidade mágica está normalmente defendida, não só pelos rituais de banição que são feitos diariamente, como também pelos rituais de invocação. A atmosfera psíquica atinge portanto um estado de alta tensão: a defasagem entre a vida anímica da comunidade e a gama vibratória normal fora da comunidade é muito grande. Nestas circunstâncias, uma influência discordante só pode se manifestar vinda de fora se tiver algum foco de afinidade dentro do círculo. Esta é a origem da lenda de que um vampiro só pode penetrar numa casa com o consentimento de alguma pessoa que se encontra lá dentro.
(4) A finalidade do sabão era prover um fixador para o magnetismo: a água pura é excelente condutor, e pro isto não acumula. Ela poderia ter usado sal, ou alguma outra substância; mas o sabão serve tanto quanto qualquer outra, e é mais barato. Como já dissemos, se se tenciona que a proteção seja constante, é necessário renova-la após o pôr e após o nascer do sol, ocasiões em que a atmosfera magnética de qualquer local sofre radical alteração.
(5) Usamos a expressão “herança genética” onde outros poderiam dizer “trabalho em encarnações passadas”. Não vem ao caso aqui qual das duas expressões descreve melhor os fatos, pois na prática o resultado é o mesmo. Não estamos interessados no problema – se é que é problema – da sobrevivência da alma. Estamos bastante interessados, porém, no que a “alma” faz em sua presente existência.
(6) O iniciado que assim procede tem que assumir o karma da organização destruída e criar, no plano físico, uma nova organização que preencha a lacuna deixada pela outra e não sofra dos vícios e defeitos dela.
(7) Mencionado em Líber LXI, “A lição de História”, sob o Moto S.R.M.D.
(8) Embora Mathers se gabasse de ser Adeptus Major, e reclamasse igual dignidade para a esposa, ambos não haviam ultrapassado o Grau de Practicus, enquanto Crowley já era Dominus Liminis, mesmo antes de receber Líber AL.
(9) Esta decisão, em face de uma ameaça pessoal cuja gravidade ela não subestimava, foi que possibilitou sua passagem ao Grau de Zeladora.
(10) Este tipo de asserção categórica demonstra o pouco desenvolvimento oculto de Dion Fortune, que naquela existência nunca passou à Ordem Interna. Tanto os equinócios quanto os solstícios são importantes. Mas ocorre que as estações do ano são opostas nos dois hemisférios. Por exemplo, o dia de “Corpus Christi” do catolicismo romano é um antiqüíssimo festival pagão do hemisfério norte, e corresponde à primeira lunação que segue o Equinócio de Primavera naquele hemisfério. Mas no hemisfério sul, o Equinócio de Outono cai na época que corresponde ao Equinócio de Primavera no hemisfério norte, e vice-versa. O “Natal”, que corresponde ao Solstício de Inverno, deveria ser celebrado em junho no hemisfério sul, e não em dezembro, e “Corpus Christi” no sul deveria seguir setembro, para que esses festivais pudessem realmente corresponder às forças mágicas que eles deveriam comemorar.
(11) Esta precaução é desnecessária para iniciados que alcançaram o Adeptado, mas é útil nos graus mais baixos, e principalmente aos principiantes.
(12) Novamente, esta cautela só parece útil nos graus mais baixos. Nos graus mais elevados, a pressão hostil é bem-vinda, pois depura o astral de seus elementos mais grosseiros; e acima do Abismo, a concepção de “mal” ou “bem” perde todo significado. A pessoa que tenta “atacar” um Mestre do Templo, por exemplo, vê sua corrente repercutir sobre si mesma, por motivos que lhe seriam claros se ela apenas ponderasse o simbolismo cabalístico do Grau.
(13) Esta asserção totalmente errônea comprova o baixo grau de desenvolvimento de Dion Fortune. É simplesmente inconcebível que uma membra do Grau de Adepto, que a Sra. Mathers afirmava (com seu marido) possuir, agisse da forma como a Sra. Mathers agiu nesta ocasião. Moina Mathers era, como a Sra. Firth mesma, apenas uma neófita; porém mais forte e mais experiente magicamente do que a colega.
Não se deve jamais confundir aptidão mágica com progresso espiritual. Os Graus da A.’.A.’. marcam estágios de perspectivas na evolução da raça: poderes mágicos ou místicos são apenas detalhes do processo. É por isto que está declarado que qualquer ser humano pode, a qualquer momento, reclamar o Grau de Magister. Mas quem faz isto imediatamente atrai para si aquela ordália que é chamada de Segunda Morte.
Toda Esfera da Árvore da Vida dos cabalistas contém em si uma espécie de projeção da árvore inteira, assim como todo ser humano contém em si o potencial genético da humanidade inteira. O progresso em cada Grau, portanto, reflete e amplia o progresso na Árvore inteira. A visão central do Neófito chama-se a Visão do Sagrado Anjo Guardião. A pessoa que experimenta esta visão, que corresponde a Tiphereth de Malkuth (isto é, reflete a experiência de Tiphereth na Esfera de Malkuth), pode confundi-la, se se deixar afetar pelo Ego anormalmente estimulado pelas práticas, com a Visão de Tiphereth de Tiphereth, que é chamada de Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião e é tão belamente descrita em Zanoni, de Bulwer-Lytton.
Quem experimenta a Visão Central de Malkuth e se deixa iludir com a idéia de que experimentou a Visão Central de Tiphereth, naturalmente deixa de progredir. Tenta executar as Operações do Adeptado, em vez de se dedicar mais às Operações do Neófito, que levam à passagem ao Grau de Zelador. Tal era o caso de Moina Mathers e seu marido: a vaidade egóica levou-os a se perderem nas esferas ilusórias do Baixo Astral, onde as Sephiroth estão refletidas em formas demoníacas.
Arriscando sua via, sua saúde psíquica, e até sua razão humana, para atingir o Centro Vibratório da organização a que aspirava, Violet M. Firth, sem saber, estava executando justamente o tipo de operação que a levaria ao Grau de Zelador – com o involuntário auxílio da sua inimiga e ex-colega.
(14) Na realidade, é extremamente simples, e Dion Fortune está apenas se dando ares esotéricos. A única condição sine qua non é que a pessoa obtenha um legítimo contato mágico com a corrente cujos símbolos está manipulando.
(15) Esta asserção errônea é outro fruto do baixo grau iniciático da autora. Hipnose é um fenômeno do Manas Rupa, ou Corpo Mental, e pode ocorrer sem que outros veículos sejam afetados. Esta confusão quanto aos diversos planos de consciência é muito comum em quem nunca praticou Ioga e Magia de forma sistemática.
(16) Isto quer dizer que o encontro seria feito através de um símbolo provido por Mathers, e a uma hora determinada por este para “visitar” os Chefes Secretos em um Templo Astral. Ora, já que Mathers não tinha mais acesso aos “Chefes”, tendo se perdido no Astral, as imagens dos “Chefes” presentes a essas reuniões eram apenas imagens astrais formuladas pelo próprio Mathers, com o auxílio inconsciente dos que acreditavam nele.
A formação de imagens astrais é facílima: daí o perigo de nos iludirmos nesse plano. Nossos piores inimigos ali são os nossos preconceitos e a nossa vaidade.
Por outro lado, a pureza de intenção e uma aspiração genuína podem elevar uma mera imagem astral à categoria de um laço mágico com os verdadeiros Chefes Secretos. Este foi o caso de Dion Fortune nessa ocasião.
(17) Isto é, uma cor magicamente em harmonia com o símbolo ou símbolos invocados. Veja-se Livro Quatro Parte III.
(18) Realmente, é uma infelicidade que, para a maioria dos mortais, o hábito faça o monge!
(19) Presunção de Neófita. Nada há que proíba uma Estrela humana de ri aonde quiser, a não ser o seu próprio desenvolvimento interno. Em verdadeiro ocultismo não há “segredos”: há apenas verdades que, por mais simplesmente que sejam explicadas, não podem ser compreendidas sem vivência e preparo.