Setembro de 1910
Este artigo é um capítulo de Editoriais do The Equinox
Uma coletânea com todos os editoriais dos onze primeiros números do periódico The Equinox.
Editorial,
The Equinox Vol. I N° 4,
Setembro de 1910 e.v.
Ficaremos felizes se todos os assinantes e leitores do The Equinox se apresentarem pessoalmente à equipe no escritório que fica na Victoria Street, 124.
Muitas reuniões são realizadas, palestras apresentadas e experimentos realizados, de tempos em tempos, que não podem ser anunciados de maneira eficaz em um documento que surge de seis em seis meses, portanto aqueles que desejam participar devem ser notificados privadamente quanto às datas conforme elas são definidas.
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Além disso, que seja lembrado que embora o conhecimento possa ser transmitido através de livros, a habilidade não pode ser alcançada exceto pela prática; e em muitos casos é melhor que essa prática seja realizada sob instrução.
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Além disso, o trabalho de pesquisa ocorre continuamente, e não pode ser publicado, quiçá por anos, até que seja compilado e criticado. Para estar au courant[1], o buscador deve estar no local.
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Após o dia 21 de outubro de 1910, o preço do Número 1 do The Equinox, do qual só restam algumas poucas cópias, será aumentado para dez xelins.
A assinatura para 1911 será aumentada de dez para doze xelins.
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Está sendo formada uma biblioteca para o uso dos assinantes na Victoria Street, 124. O Editor ficará feliz de receber quaisquer livros sobre misticismo, magia, egiptologia, filosofia e assuntos similares. Livros velhos e esgotados são especialmente bem vindos.
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Outra medalha no peito de H. R. B. Aquele incomparável velho trêmulo, Franz Hartmann, publicou um retrato de Cagliostro que ela deu a ele. (Ela mandou fazê-lo quando ela era Cagliostro, se é que me entende.)
Isso soa muito plausível e provável; mas o problema é que o retrato não é de Cagliostro de modo algum, mas sim de Estanislau Augusto, o último Rei da Polônia.
Então este não é um simples e comum milagre, como podem ver; mas um milagre muito maravilhoso. No entanto, eu não serei ultrapassado; então eu comprei uma fotografia da Rainha Vitória que custa um xelim e pretendo publicá-la no próximo mês de março como
EU Quando Era CLEÓPATRA.
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Como se isso não bastasse, encontramos o The Annals of Psychical Research publicando de boa fé como se fosse um relato sério “A Aparição da Sra. Veal à Sra. Bargrave”, que foi escrito por Daniel Defoe como uma zombaria das Meditações sobre a Morte de algum idiota.
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Nós não culpamos os Editores desses jornais por consentir; mas pensamos que eles nos devem alguma poesia tão boa quanto a de Homero ou algumas aventuras eróticas que se equiparem às de Jove.
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Quase me esqueci do velho e querido Mathers.
No entanto, foi agora em dezembro passado que um colega meu ouviu de alguma perniciosa velha gordurenta, em sua melhor voz de 7○=4○ nominal (ela pagou centenas de libras por esse 7○=4○ nominal, e nunca foi iniciada em quaisquer mistérios senão aqueles do Comer-demais) que o Imperrita (Imperator?) estava vindo de Paris para esmagar Perdurabo; e que Perdurabo fugiu na cara dele.
De qualquer modo, eu voltei da Algéria, tremendo todo, e comecei a aproveitar a comédia de um advogado fingindo que ele não conseguia entregar um ato judicial para um homem com um endereço na lista telefônica, que estava gastando centenas de libras para fazer com que o mundo todo soubesse onde encontrá-lo. Talvez foi indelicado da minha parte não avisar ao Sr. Cran que ele estava passando vergonha.
Mas se eu tivesse dito alguma coisa, o caso teria sido abandonado; e então onde iria parar a nossa publicidade?
Então, mesmo agora, eu restrinjo minhas observações; pode ter mais diversão pela frente.
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Mas finalmente há um profeta a solta! Algum anônimo escreveu
Cran, Cran, o homem do McGregor
Comunicou um ato judicial, e meteu o pé
antes que um ato judicial fosse comunicado! Embora ele pudesse ter adivinhado que seria. Mas ele não conseguiria saber que a ação seria abandonada, como foi.
E Mathers fugiu também — sem pagar as nossas despesas.
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Uma palavra quanto à santidade dos juramentos parece ser necessária aqui. Alguns dos meus irmãos Maçons (por exemplo) ouviram de maneira imperfeita e julgaram apressadamente. Mas se aplicarmos nossas ferramentas à nossa moral com paciência e habilidade, curaremos os defeitos na construção. Deixe-me explicar a situação cuidadosamente e claramente.
(1) Mathers e Dr. Wynn Westcott eram os aparentes líderes da Ordem que chamava a si mesma de Rosicruciana.
(2) Esta Ordem reivindicava seriamente descendência direta, e Autoridade transmitida, a partir dos Fratres R.C. originais.
(3) Ela foi fundada com base em documentos secretos sob a custódia do Dr. Wynn Westcott, em cuja honra e integridade nós confiávamos.
(4) Mathers e Westcott reivindicaram estar trabalhando sob um ou mais chefes secretos do grau de 8○=3○.
(5) Então era a esses chefes que eu e os outros membros da Ordem prestamos juramento.
(6) Quando a “rebelião” ocorreu em 1900, eu considerei Mathers um lobo e Westcott um cordeiro; mas, reconhecendo a Verdade no conhecimento emitido pela Ordem, mantive minha lealdade aos Chefes Secretos 8○=3○.
(7) Em 1904, eu fui comandado diretamente e definitivamente por uma pessoa que provou-se ser o mensageiro de um Chefe Secreto 8○=3○ a publicar o conhecimento e rituais da Ordem (a) de modo a destruir o valor daquele conhecimento, de modo que novos conhecimentos a serem revelados por ele mesmo tivessem espaço para crescer (b) de modo a parar com as fraudes de Mathers, que eram uma desgraça para a ciência arcana.
O sigilo de seus rituais e dos manuscritos sob custódia do Dr. Wynn Westcott eram essenciais para a continuidade destas fraudes.
(8) Eu era incapaz de cumprir estas ordens até que eu encontrasse uma pessoa competente para editar o enorme volume de documentos. No entanto, eu mostrei a minha mão até certo ponto em diversas referências à Ordem em meus livros.
E agora a tarefa foi cumprida.
(9) Então minha defesa contra a acusação de ter revelado segredos confiados a mim é tripla.
(a) Segredos não podem ser revelados, ou até mesmo comunicados de uma pessoa para outra.
(b) Ninguém está sujeito a um juramento prestado a qualquer pessoa que seja um vigarista negociando em cima da santidade de seu juramento para dar continuidade a suas fraudes. Especialmente neste caso onde a pessoa responsável por administrar o juramento assegura que “de modo algum ele é contrário às suas obrigações civis, morais e religiosas”.
(c) Eu não estava, de qualquer modo, sujeito a Mathers, mas sim aos Chefes Secretos, por cujas ordens diretas eu fiz com que os rituais fossem publicados.
Eu desejo dissociar expressamente minhas críticas sobre Mathers do Irmão Wynn Westcott, seu colega; pois eu não ouvi nada e não acreditei em nada que me levasse a duvidar de sua retidão e integridade. Mas eu aviso publicamente, como (em vão) o avisei em privado, que retendo os manuscritos cifrados da Ordem, e preservando o silêncio sobre o assunto, ele se torna um cúmplice, ou pelo menos um acessório, ou pelo menos um coadjuvante, das fraudes de seu colega. E eu peço a ele em público, como pedi (em vão) em privado, que deposite os manuscritos aos Curadores do Museu Britânico com um relato sobre como eles chegaram à sua posse; ou, se eles não estão mais sob sua posse, que declare publicamente como ele os obteve em primeiro lugar, e porquê e para quem ele os entregou.
Eu peço a ele em nome da fé entre homem e homem; pelo nome dos desafortunados que, por nenhuma falha pior do que sua aspiração à Sabedoria Oculta, foram e ainda estão sendo enganados e traídos e roubados pelo seu colega sob a égide da respeitabilidade do seu próprio nome; e em Nome Daquele, que, planejando o Universo, empregou o Prumo, o Nível e o Esquadro.
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Para a fragrância, mais perfume[2] — e eis aqui um recorte para uma Agência de Recortes[3].
No dia 22 de março eu senti a fama chegando e telefonei para os Srs. Romeike e Curtice de Ludgate Circus. Uma pessoa obsequiosa, de baixo calão, apareceu e pegou meu guinéu por 125 cortes. [Eu ouço vocês perguntarem “Como eles podem fazer isso?”]
Por duas semanas os Srs. Romeike e Curtice foram as mais diligentes das criaturas. Recebi recortes de jornais obscuros de Yorkshire e da Irlanda e de outros lugares dos quais a gente nunca ouve falar. Mas então caiu para zero. Eu recebi cerca de 30 recortes ao todo. Então outras pessoas começaram a me enviar recortes por amizade, e os Srs.Romeike e Curtice mantiveram um silêncio e uma imobilidade que dariam crédito a um Mahātmā de primeiro nível.
Eles deixaram passar, por exemplo, pequenas coisas como um parágrafo editorial em John Bull, uma página inteira em The Sketch, o Daily News, uma página e mais um quarto de outra no The Nation, meia coluna no Daily Mail…
[Eu ouço vocês perguntarem “Como eles podem ter cometido tais negligências? Talvez seja culpa dos correios.”]
Bem, se a culpa é dos correios, eu não posso responder à sua outra pergunta, “Como eles podem ter feito isso?”, e se foi por “negligência” ou “erro administrativo” ou “distração”, eu me encontro em uma posição parecida. E é uma coincidência curiosa que exatamente a mesma coisa aconteceu comigo 12 anos atrás.
[1] «Francês para “ao atual”, significa estar informado sobre os últimos fatos, estar atualizado, etc.»
[2] «“Sweets to the sweet” no original, uma fala de Hamlet, de William Shakespeare. Utilizamos uma tradução que foi popularizada em português.»
[3] «Agências de recorte eram agências de monitoramento de mídia, que eram contratadas para fazer cópias ou recortes de artigos sobre pessoas ou assuntos específicos que surgiam em jornais, revistas, periódicos, etc.»
Traduzido em janeiro de 2019 por Alan Willms.