O Mundo da Vigília

Este artigo é um capítulo de Konx Om Pax

Uma alegoria poética das relações da alma com o Santo Anjo Guardião.

.
Leia em 45 min.
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O Mundo da Vigília

sub figurâ XCV

Publicação da A∴A∴ em Classe C

Um Conto para Bebês e Lactentes

(com notas explicativas em hebraico
e latim para o uso dos sábios e prudentes)

قُلْ هُوَ اللَّهُ أَحَدٌ اللَّهُ الصَّمَدُ لَمْ يَلِدْ
وَلَمْ يُولَدْ وَلَمْ يَكُن لَّهُ كُفُوًا أَحَدٌ
Alcorão[1].

. . . . un cantique
Allégorique, hébraïque, et mystique.
Panny[2].

A não ser que vos torneis como as criancinhas,
não podereis entrar no Reino do Céu. — Anônimo[3].

333 כלחי מליו דסתימיז לאינוז דעאלז זנדקז זכלא
וער השחא הוו מתכסייז אליז 334 הכי הוא
335. מליז דדחילגא לגלאה והשתא אתגייו
וגלי קמי מלנא צתיקא קדישא דהא לא
בניז דלא עיאול בכסופא קמי פלטרוי
צגידגא
Idra Suta VIII[4]

Ra-asa isalamanu para-di-zododa ol-kari-nu aäö iali-pire-gahe
qui-inu enai butamonu od inoasa ni pa-ra-diala; kasaremeji ugeare
kahiralanu, od zodonake lukifatanu paresa ta vavale-zodirenu tolhami.
. . . Irejila kahis-a da das pa-aotza busada caosago, das kahisa, od
ipuranu teloahe karekareka ois-alamahe lonukaho od Vovina karebafe?
Avé[5].

Owen i Ifa ipa
Ọmọran ni imō̩ –
Bi a ba wipe mō̩ –
Ọmọran a mō̩.
Provérbio Africano[6].

De las cosas mas seguras, mas seguro es duvidar.
Provérbio Espanhol[7].

— tua scienza
Che vuol, la cosa è più perfetta
Più senta ’l bene, e cosi la doglienza.
Dante[8].

AAAŌŌŌZŌRAZAZZZAIEŌZAZAEEEIIIZAIEŌZŌAKHŌ
EOOOYTHŌEZAOZAEZĒĒĒZZĒĒZAOZAKHŌZAĒKHEYEIT
YXAALETHYKH — Este é o Nome que você precisa falar no
mundo interior.
Jesus Cristo[9].


Mahāparinibbāṇa Sutta.

Hy is noch visch, noch vleesch: de wyste van ons allen
En weet niet wat hy is: hy kan oock licht ontvallen.
Daniel Heinz[10].

Dianae sumus in fide
Puellae et pureri integri
Dianam pueri integri
Puellaeque canamus.
Cátulo[11].

美言可以市尊,美行可以加人
Dào Dé Jīng (V.L. de Hwainan)[12]

΄Αστερες μεν ΄ μϕι χαλαν σελανναν
άψ άποχρυπτοισι ϕαεννον ε δος
όπποτα πληθοισα μαλιστα λαμπή
γαν πι πασαν
Safo[13].

उपदेशं हि मुद्राणां यो दत्ते साम्प्रदायिकम |
स एव शरी-गुरुः सवामी साक्ष्हादीश्वर एव सः ||
Haṭhayoga Pradīpikā[14].


Estela de Ankh-f-n-khonsu[15].

O Mundo da Vigília

Meu nome é Lola, porque sou a Chave dos Deleites[16], e as outras crianças no meu sonho me chamam de Lola Devaneio. Quando estou acordada, vejam bem, eu sei que estou sonhando, então elas devem ser crianças muito bobas, você não acha? Também há pessoas no sonho que estão bem crescidas e são horríveis; mas o que importa mesmo é a pessoa acordada. Só há uma pessoa[17] pois nunca poderia haver qualquer outra como ele. Eu o chamo de meu Príncipe Encantado. Ele cavalga um cavalo com lindas asas[18] como as de um cisne ou às vezes uma criatura estranha como um leão ou um touro, com seios de mulher, e ela tem olhos impenetráveis[19].

Meu Príncipe Encantado[20] é um rapaz moreno, muito atraente, acho que todo mundo deve amá-lo e, mesmo assim, todos têm medo. Ele olha através da gente como se a gente não vestisse roupas no Jardim de Deus, e ele tivesse nos criado e a gente não pudesse fazer nada exceto aquilo que a sua mente espelha. Ele nunca ri ou franze a testa ou sorri; porque o que quer que ele veja, ele também vê aquilo que está além, e assim nada nunca acontece. Sua boca é mais vermelha do que qualquer rosa que vocês já tenham visto. Eu acordo completamente quando nos beijamos, e não há mais sonhos. Mas quando sua boca não está mais trêmula sobre a minha, vejo beijos em seus lábios, como se ele estivesse beijando alguém que não se possa ver.

Agora vocês precisam saber que meu Príncipe Encantado é meu namorado, e um dia ele virá de vez e cavalgará comigo para longe e casará comigo. Não devo dizer o nome dele porque é lindo demais. É um grande segredo entre nós. Quando nós noivamos, ele me deu um lindo anel[21]. Ele era assim: primeiro, havia seu brasão, que tinha um sol e algumas rosas, todas num tipo de haste; e havia um número terrível[22] escrito sobre ele. Então havia uma ladeira de rosas macias com o sol brilhando sobre ela[23], e acima havia uma rosa vermelha sobre uma cruz dourada[24] e então havia uma estrela de três pontas, brilhando tão forte que ninguém conseguiria olhar para ela[25] a menos que tivesse amor em seus olhos; e no meio havia um olho sem pálpebra. Nas laterais estava escrito I.N.R.I. e T.A.R.O., que significam muitas coisas bonitas e estranhas, e coisas terríveis também. Eu pensaria que qualquer um teria medo de ferir alguém que usasse aquele anel. Ele foi talhado de uma ametista e meu Príncipe Encantado disse: “Sempre que você me quiser, olhe para o anel e chame suavemente o meu nome, e beije o anel, e o adore, e então olhe muito profundamente para ele, e eu virei até você”. Então eu escrevi um lindo poema[26] para recitar toda vez que eu acordo porque, vejam bem, eu sou uma garota muito sonolenta e sonho muito com as outras crianças; e isso é uma pena porque só há uma coisa que eu amo, que é o meu Príncipe Encantado. Desta forma, este é o poema que eu fiz para adorar o anel, parte em palavras, parte em figuras. Você deve distinguir o significado das figuras e, então tudo se torna poesia.

A Invocação do Anel

Adonai! Tu, 🜂 mais íntimo,
Imagem de brilho próprio de minha alma,
Poderoso amante ao desejo de tua Noiva,
Me acalme e me exija e controle!
Eu Te rogo que mantenha o sagrado encontro
Dentro deste anel de Ametista.

Pois em meus olhos o ☉ dourado
Alvoreceu; minha vigília destruiu a Noite
Eu vi a imagem do Uno:
Eu vim da escuridão para a L.V.X.
Eu Te rogo que mantenha o sagrado encontro
Dentro deste anel de Ametista.

I.N.R.I. – eu crucificada,
Eu assassinada, enterrada, ressuscitada, inspira!
T.A.R.O. – eu glorificada,
Ungida, repleta de 🜂 frenético!
Eu Te rogo que mantenha o sagrado encontro
Dentro deste anel de Ametista.

Eu como minha carne: eu bebo meu sangue
Eu cinjo meu lombo[27]: eu viajo para longe:
Pois tu mostraste O, +,
צ, 777, καμήλον[28],
Eu Te rogo que mantenha o sagrado encontro
Dentro deste anel de Ametista.

Prostrada, aguardo a Tua vontade,
Meu Anjo, desta graça de união.
Ó, que este Sacramento destile
Tua conversação e comunhão.
Eu Te rogo que mantenha o sagrado encontro
Dentro deste anel de Ametista.

Eu não lhes contei nada sobre mim mesma, porque realmente não importa; a única coisa sobre a qual quero lhes contar é meu Príncipe Encantado. Mas já que estou lhes contando tudo isso, eu tenho dezessete anos, e sou muito bela quando se fecha os olhos para olhar; e, quando vocês os abrem, eu sou bem morena, com a pele clara. Tenho sempre tenho muitas mexas de cabelo, e olhos redondos grandes, muito grandes, sempre admirando tudo. Isso não importa, foi só uma distração. Devo lhes contar o que aconteceu um dia quando eu recitei o poema para o anel. Na verdade eu não estava bem acordada quando comecei, mas conforme eu o recitava, ele foi se tornando cada vez mais brilhante, e quando cheguei à parte do “anel de ametista” pela quinta vez[29] (são cinco versos porque o nome do meu namorado tem cinco V’s nele), ele atravessou o lindo pôr-do-sol verde galopando e esporeando o cavalo alado, até que o sangue tornou todo o céu vermelho rosado. Então ele me pegou e me pôs em seu cavalo, e eu me agarrei ao seu pescoço conforme galopávamos noite adentro. Então ele disse que me levaria ao Palácio dele e me mostraria tudo e que um dia, quando nos casássemos, eu seria a senhora de tudo aquilo. Então eu quis me casar com ele imediatamente, e então percebi que isso não seria possível, porque eu estava tão sonolenta e tinha sonhos ruins, e não se pode ser uma boa esposa fazendo esse tipo de coisa. Mas ele me disse que um dia eu estaria mais velha, e não tão sonolenta, e que todos dormiam um pouquinho, mas que o importante era não ser preguiçosa e agarrada aos sonhos, então eu decidi lutar contra o sono com força.

Depois chegamos a um belo lugar verde com a casa mais estranha[30] que você já viu. Ao redor do grande prado[31] havia uma cobra maravilhosa, com plumas cinzas de aço, e ela tinha a cauda na boca, e comia e comia a cauda, porque não havia mais nada para ela comer[32], e meu Príncipe Encantado disse que ela iria continuar fazendo isso até que não sobrasse mais nada. Então eu disse que ela ficaria cada vez menor e esmagaria o prado e o palácio e acho que talvez eu tenha começado a chorar. Mas meu Príncipe Encantado disse: “Não seja boba!” e eu não era velha o suficiente para entender tudo que aquilo significava, mas um dia eu seria; e tudo o que se devia fazer era ficar tão alegre quanto possível. Então ele me beijou, e descemos do cavalo, e ele me levou até a porta da casa, e nós entramos[33]. A passagem era assustadoramente escura, e me senti amarrada como se eu não pudesse me mover, então eu prometi a mim mesma amá-lo para sempre, e ele me beijou. No entanto, estava terrivelmente escuro, mas ele me disse para não ter medo, boba! E está ficando mais claro, agora mantenha-se seguindo reto e adiante, querida! E então ele me beijou de novo e disse: “Bem-vinda ao meu Palácio!”

Vou lhes contar tudo sobre como ele foi construído, porque é o Palácio[34] mais lindo que já existiu. No lado do pôr-do-sol ficavam os lavabos, e os quartos ficavam à nossa frente, como estávamos. Os lavabos eram todos de mármore de cor oliva clara e os quartos tinham tudo na cor de limão. Então havia as cozinhas no lado onde o sol nasce, e elas eram de mármore marrom-avermelhado, como são as folhas mortas do outono nos sonhos de alguém. O lugar que havíamos atravessado era completamente preto por todas as partes, e só era usado para escritórios e coisas do gênero[35]. Havia coisas das mais horrendas por toda a parte[36]; besouros pretos e baratas, e sabe-se lá o que mais; mas elas não podem te ferir quando o Príncipe Encantado está lá. Eu acho que uma garotinha seria facilmente devorada se fosse lá sozinha.

Então ele disse: “Venha! Este é apenas o Saguão dos Servos, quase todo mundo fica a vida inteira por aqui”. E eu disse: “Beija-me!”. E ele disse: “Cada passo que você dá só será possível quando você o diz”. Entramos novamente numa horrível passagem escura[37], tão estreita e baixa que era como um túnel velho e sujo, e mesmo assim tão vasto e largo que todas as coisas do mundo estavam contidas nele. Nós vimos todos os sonhos estranhos e as formas horrendas do medo, e eu não sei como conseguimos atravessá-lo, exceto que o Príncipe Encantado chamou algumas criaturas fortes e esplêndidas para nos proteger. Havia uma águia que voava e batia suas asas[38], e rasgava e bicava todas as coisas que se aproximavam; e havia um leão que rugia terrivelmente e seu sopro era uma chama, e queimava as coisas, de modo que formava uma enorme nuvem; e a chuva caía gentilmente e pura, de modo que ele realmente tornou as coisas boas ao lutar contra elas. E havia um touro que as arremessava com seus chifres, e elas se transformavam em borboletas; e havia um homem que não parava de mandar todos ficarem quietos e não fazerem barulho. Assim finalmente chegamos na próxima casa do Palácio. Era um grande domo violeta[39] e no centro brilhava a lua. Ela era uma lua cheia e, ainda assim, ela parecia ser uma mulher bem, bem jovem. No entanto, o cabelo dela era prateado e mais fino que teias de aranhas, e raiava ao redor dela, de um modo que não é possível descrever; era tudo belo demais. No meio do Salão, havia um pilar de pedra preta[40], de cujo topo jorrava uma fonte de pérolas; e conforme elas caíam no chão, elas mudavam o mármore escuro para a cor do sangue, e era como um universo verde cheio de flores, e criancinhas brincando em meio a elas. Então eu disse: “Devemos nos casar nesta Casa?” e ele disse: “Não, esta é apenas a Casa onde o negócio é realizado. Todo o Palácio repousa sobre esta Casa; mas você é chamada de Lola porque é a Chave dos Deleites. Mesmo assim muitas pessoas ficam aqui por toda a vida delas”. Eu fiz com que ele me beijasse, e nós seguimos por uma outra passagem que saía do Saguão dos Servos. Esta passagem era cheia de fogo e chamas e cheia de caixões[41]. Havia um Anjo tocando muito forte uma trombeta e pessoas se levantando dos caixões. Meu Príncipe Encantado disse: “A maioria das pessoas nunca acorda por nada menos do que isso”. Então nós seguimos adiante (como se fosse ao mesmo tempo; vejam bem, nos sonhos as pessoas só podem estar em um lugar de cada vez; essa é a melhor parte de se estar acordada) por outra passagem que era iluminada pelo Sol[42]. No entanto, havia fadas dançando em um grande anel verde, como se fosse de noite. E havia duas crianças brincando perto da parede, e meu Príncipe Encantado e eu brincamos conforme passávamos; e ele disse: “A diferença é que estamos passando. A maioria das pessoas brinca sem um propósito; se você estiver viajando, está tudo certo, e brincar faz a jornada parecer mais curta”. Então saímos para a Terceira Casa[43] (ou Oitava, dependendo a partir de onde você conta, porque são dez), e ela era tão esplendida que vocês não conseguem imaginar. Primeiro ela era de um cor laranja brilhante, brilhante, brilhante, e então ela tinha lampejos de luz por toda parte, que aconteciam tão rápido que mal conseguíamos vê-los, e então havia o som do mar e podia-se olhar bem no fundo e ver o oceano enfurecido abaixo dos seus pés, e fortes golfinhos nadando sobre ele e gritando alto: “Santo! Santo! Santo!” num êxtase que você não consegue imaginar, e rolando e brincando com pura alegria. Tudo era iluminado por um planetinha diminuto, minúsculo e tímido, cintilante e prateado, e de vez em quando uma onda de carruagens de fogo cheias de lanceiros ardentes cruzava em chamas no céu, e meu Príncipe Encantado disse: “Isso não é belo?”. Mas eu sabia que ele realmente não quis dizer isso, então eu disse: “Beija-me!” e ele me beijou, e nós prosseguimos. Ele disse: “Minha pequena e boa garota, há muitos que ali ficam por toda a vida”. Eu esqueci de dizer que o lugar todo era apenas uma bagunça de livros, e pessoas lendo-os até ficarem tão bobas que não sabiam o que estavam fazendo. E haviam trapaceiros, e doutores, e ladrões; e eu realmente fiquei muito feliz de ir embora.

Havia três caminhos para a Sétima Casa, e o primeiro era um caminho muito engraçado. Atravessamos um lago, cada um sobre a pata de um enorme Besouro, e então achamo-nos em um caminho estreito e sinuoso[44]. Havia Chacais repugnantes por ali, eles faziam muito barulho, e eu podia ver duas torres no final. Então havia a lua mais estranha que você já viu, só um quarto cheia. As sombras pareciam muito estranhas, podia se ver as formas mais misteriosas, como grandes morcegos com rosto de mulheres, e sangue pingando de suas bocas, e criaturas metade lobo e metade homens, sempre se transformando umas nas outras. E vimos sombras como mulheres muito velhas e feias, arrastando-se com bengalas e de repente elas voariam para o céu, gritando os mais engraçados tipos de canções, e de repente uma cairia pesadamente e via-se que ela era na verdade jovem e muito adorável, e não trajava nada, e quando se olhava para ela, ela se desmanchava em migalhas como um biscoito. Então havia outra passagem[45] que realmente era secreta demais para qualquer coisa; e devo lhes contar, havia a Deusa mais linda que já existiu, e ela se banhava em um rio de orvalho. Se vocês perguntarem o que ela está fazendo, ela dirá: “Estou fazendo relâmpagos”. Só havia luz estelar, a ainda assim era possível enxerga muito claramente, portanto, não pensem que estou cometendo um erro. O terceiro caminho era uma passagem das mais terríveis[46]; é tudo uma grande guerra e há terremotos e carruagens de fogo, e todos os castelos desmoronando em pedaços. E fiquei feliz quando chegamos ao Palácio Verde.

Era todo construído de malaquita e esmeralda[47], e havia o ser mais amável e mais gentil, e lá me casei com meu Príncipe Encantado, e tivemos a mais deliciosa lua de mel, e eu tive um lindo bebê, e então lembrei de mim mesmo, na hora exata, e disse: “Beija-me!” e ele me beijou e disse: “Minha nossa! Dessa vez foi por pouco; minha pequena garota quase adormeceu. Posso te afirmar que a maioria das pessoas que chegam na Sétima Casa permanecem a vida toda ali”.

Realmente parecia uma pena prosseguir; havia tal estrela verde piscando para iluminar a casa, e todo o ar estava repleto de chamas cor de âmbar como beijos. E podíamos ver através do chão e havia terríveis leões, como fornalhas de fúria, e todos rugiam: “Santo! Santo! Santo!” e pulavam e dançavam de alegria. E quando eu me via nos espelhos, o domo era um monte de lindos espelhos verdes, eu vi como eu parecia séria, e que eu precisava prosseguir. Eu tinha esperanças de que o Príncipe Encantado também parecesse sério, porque é um dos assuntos mais terríveis ir além da Sétima Casa; mas ele parecia o mesmo de sempre. Mas ele parecia o mesmo de sempre. Mas, ó! como eu o beijei, e como eu me agarrei a ele, ou eu acho que eu nunca, nunca teria coragem de subir aquelas passagens terríveis, especialmente sabendo que estava no fim delas. E agora sou apenas uma pequena garota, e estou cansada demais de tanto escrever, mas vou lhes contar tudo sobre o restante em outra ocasião.

Explicitī
Capitulum Prīmum
vel
Dē Collēgiō Externō
[48].

Parte II

Eu estava lhes contando como partimos do Palácio Verde. Há três passagens que levam à Casa do Tesouro de Ouro, e são todos muitos terríveis. Um é chamado de Terror à Noite, e outro de Flecha do Dia, e o terceiro tem um nome que as pessoas têm medo de ouvir, então eu não o direi.

Mas pelo primeiro chegamos a um trono poderoso de granito cinza[49], no formato do gatinho mais doce que você já viu, e posto em um brejo desolado. Era meia noite, e o Diabo desceu e se sentou no meio; mas meu Príncipe Encantado sussurrou: “Silêncio! Isso é um grande segredo, mas o nome dele é Yeheswah, e ele é o Salvador do Mundo”. E isso foi muito engraçado, porque a garota perto de mim pensou que fosse Jesus Cristo, até que um outro Príncipe Encantado (o irmão do meu Príncipe) sussurrou enquanto a beijava: “Silêncio, nunca conte a ninguém, aquele é Satã, e ele é o Salvador do Mundo”.

Éramos um excelente grupo, e não posso lhe contar todas as coisas estranhas que fizemos e dissemos, ou da canção que cantamos enquanto dançávamos voltados para fora de um grande círculo se aproximando cada vez mais do Diabo no trono. Mas toda vez que eu via um sapo ou um morcego, ou algum inseto horrível, meu Príncipe Encantado sempre sussurrava: “É o Salvador do Mundo”, e eu via que era mesmo. Cometemos todas as mais lindas perversidades que você possa imaginar; e mesmo assim sabíamos o tempo todo que elas eram boas e corretas e que deveriam ser feitas se quiséssemos chegar à Casa de Ouro. Então nos divertimos muito e tivemos a ceia mais extraordinária que você pode imaginar. Havia bebês assados inteiros e recheados com salsichas de porco e azeitonas; e algumas das garotas cortaram fatias e bifes de seus próprios corpos e os deram para um lindo cozinheiro branco com uma grelha prateada, que funcionava com o gás de cadáveres e pântanos; e eles os cozinhou esplendidamente, e todos nós apreciamos imensamente. Então havia um bode manso com uma coleira dourada, que zanzava rindo com todo mundo; e ele tinha partes tosadas como um poodle. Nós o beijamos e acariciamos, e ele era amável. Você deve se lembrar que eu nunca deixei meu Príncipe Encantado nem mesmo por um instante, ou certamente eu teria sido transformada em um sapo preto horrível.

Então, havia outra passagem chamada de Flecha de Dia, e havia uma dama das mais amáveis[50] toda brilhante com o sol, e a lua, e as estrelas, que estava iluminando um grande jarro de água com uma mão, ao derramar orvalho sobre ele a partir de uma taça, e com a outra ela apagava um fogo terrível com uma tocha. Ela tinha um leão vermelho e uma águia branca, que ela sempre teve desde que era uma garotinha. Ela os encontrou em um poço nojento cheio de todo tipo de imundície, e eles eram muito selvagens; mas sempre tratando-os gentilmente, eles se tornaram leais e bondosos. Isso deveria ser uma lição para que todos nós nunca sejamos cruéis com nossos animais de estimação.

Meu Príncipe Encantado ria o tempo todo no terceiro caminho. Não havia ninguém senão um velho cavalheiro que havia tirado seus ossos para fora, e que sempre tentava com muita dificuldade cortar a grama com uma foice[51]. Mas quanto mais rápido ele a cortava, mais rápido ela crescia. Meu Príncipe Encantado disse: “Todos que já existiram percorreram este caminho, e ainda assim somente um conseguiu chegar ao seu fim”. Mas eu vi muitas pessoas caminhando diretamente pelo caminho como se o conhecessem muito bem; no entanto, ele explicou que na verdade eles eram apenas um; e que se você andasse por ele teria a prova disso. Eu achei que isso era bobo, mas ele é muito mais velho e mais sábio do que eu; então eu não disse nada. A verdade é que é muito difícil falar desse Palácio, e quanto mais você entra, mais difícil é falar o que se quer dizer, porque tudo tem que ser expresso na linguagem dos sonhos, já que, é claro, a linguagem do mundo da vigília é o silêncio.

Então não importa! deixe-me prosseguir. Logo chegamos na Sexta Casa[52]. Esqueci de dizer que todos aqueles três caminhos na verdade eram um; porque todos significavam que as coisas eram diferentes de dentro para fora, e assim as pessoas não podiam julgar. Isso era assustadoramente interessante; mas cuidado para não entrar nestas passagens sem o Príncipe Encantado. E, é claro, havia o Véu[53]. Eu só vou pôr sua boca na minha cabeça, e a sua mão – pronto, isso já vai dizer a qualquer pessoa que conhece que eu realmente já estive lá, e que o que eu estou te contando é tudo verdade.

A Sexta Casa é chamada de Sala do Tesouro de Ouro; é o lugar mais misterioso no qual você poderia estar. Primeiro há uma entrada muito, muito, muito pequena[54], você precisa engatinhar sobre as mãos e os joelhos[55]; e mesmo assim eu esfolei bastante a pele das minhas costas; então você tem que ser pregado a uma tábua vermelha de quatro braços, com um grande círculo dourado no meio, e isso machuca terrivelmente[56]. Então eles fazem você jurar as coisas mais solenes que você já ouviu, como você deve ser fiel ao seu Príncipe Encantado, e não viver para mais nada senão conhecê-lo cada vez melhor. Então os pregos pararam de me machucar porque, é claro, eu percebi que na verdade eu estava me casando, e que isso fazia parte, e eu estava muito feliz; e neste momento meu Príncipe pôs sua mão sobre minha cabeça, e vou te contar, pela minha honra, eu estava mais desperta do que jamais estive, mais do que quando ele costumava me beijar. Depois disso, eles me disseram que eu poderia ir para a Câmara de Núpcias, mas só era o cômodo mais curioso que já existiu com seus sete lados[57]. Havia um dragão vermelho terrível no chão, e as laterais eram pintadas com todas as cores que você puder imaginar, com figuras e imagens curiosas. A luz não era como a do sonho de modo algum; era luz desperta, e vinha de uma bela rosa do teto. No meio havia uma mesa toda coberta com belas gravuras e textos, e sempre havia muitas coisas estranhas sobre ela. Havia um pequeno crucifixo no centro, feito todo de diamantes e esmeraldas e rubis, e outras pedras preciosas, e havia uma adaga com o punho dourado, e um cálice cheio do mais delicioso vinho, e havia uma moeda curiosa com as mais estranhas coisas escritas sobre ela, e havia uma varinha engraçada que era coberta de chamas, como uma roseira é coberta de rosas. Ao lado da estranha moeda havia uma corrente de ferro pesada, e eu a peguei e coloquei em volta de meu pescoço porque eu estava amarrada ao meu Príncipe Encantado, e jamais ficaria vagando como as outras pessoas até encontra-lo de novo. E eles pegaram a adaga e a mergulharam no cálice, e me apunhalaram toda para mostrar que eu não tinha medo de me machucar, se pelo menos eu pudesse encontrar meu Príncipe Encantado. Então eu peguei o crucifixo e eu o levantei para fazer mais luz no caso dele estar em algum lugar nos cantos escuros, mas não! Mesmo assim eu sabia que ele estava ali em algum lugar, então pensei que ele pudesse estar na caixa[58], pois debaixo da mesa havia um grande baú; e fiquei terrivelmente triste porque eu senti que alguma coisa horrível estava prestes a acontecer. E de fato, quando criei coragem, eu pedi para que eles abrissem a caixa, e as mesmas pessoas que me fizeram engatinhar pelo buraco horrível, e perder meu Príncipe Encantado, e me pregaram à tábua vermelha, levaram a mesa e abriram a caixa, e lá estava meu Príncipe Encantado bem morto. Se você soubesse o quanto fiquei triste! Mas eu levava comigo um cajado com asas, e um sol brilhante no topo[59] que era dele, e eu toquei o peito dele para tentar acordá-lo; mas não funcionou. Mas parecia que eu ouvia sua voz dizendo coisas maravilhosas, e era quase certo que ele não estava realmente morto. Então eu pus o cajado sobre o peito dele, e uma outra coisinha que ele tinha e eu esqueci de mencionar. Era um tipo de cruz com um cabo oval da qual ele gostava muito[60]. Mas eu não podia ir embora sem levar algo dele, então peguei um cajado de pastor, e um pequeno chicote com sangue nele, e joias escorrendo sangue[61], se é que você me entende, que eles puseram nas mãos dele quando o enterraram. Então eu parti, e chorei, e chorei, e chorei. Mas antes de eu estar muito longe eles me chamaram de volta; e aquelas pessoas que haviam sido tão austeras estavam sorrindo, e eu vi que eles tiraram o caixão daquela pequena sala de sete lados. E o caixão estava bem, bem vazio. Então eles começaram a nos falar sobre isso, e eu ouvi o meu Príncipe Encantado dentro daquela pequena sala dizendo coisas santas e exaltadas, tal como as estrelas traçam no céu quando elas viajam no Carro chamado “Milhões de Anos”. Então eles me levaram para a pequena sala, e lá estava meu Príncipe Encantado de pé no centro[62]. Então eu me ajoelhei e todos nós beijamos os seus lindos pés, e as miríades de olhos que pareciam diamantes que estavam ocultos em seus pés riram alegres para nós. Você não conseguia levantar a cabeça, pois ele estava glorioso demais para ser contemplado; mas ele disse palavras maravilhosas como rouxinóis moribundos que se lamentaram pelo murchar das rosas, e se lançaram sobre os espinhos para morrer; e todo o seu corpo se transformava em um único olho, de modo via como se o pensamento de luz não-nascido ansiasse por um mar eterno. Então havia luz[63] como o relâmpago flamejando a partir do Leste, até mesmo até o Oeste, e tinha a forma como a solidez de uma espada.

Aos poucos cada um se erguia, então parecia estar bem, bem morto, e enterrado no centro de uma pirâmide da mais brilhante luz que se possa imaginar. E também era luz-desperta; e todo mundo sabe que mesmo a escuridão-desperta realmente é mais brilhante que a luz-de-sonho. Então você só consegue imaginar como ela era. Também havia mais do que isso; mas eu não posso lhe contar de modo algum. Eu também sei o que significa o I.N.R.I. no Anel: e também não posso lhe dizer, porque na língua do sonho faltam tantas palavras importantes. Eu acho que é uma língua muito boba.

Logo eu voltei um pouco a mim mesma, e agora eu estava realmente e verdadeiramente casada com o Príncipe Encantado, então suponho que agora ficaremos próximos um do outro para sempre.

Havia um caminho para fora da pequena sala com milhões de cores que ficavam mudando, cada vez mais belas[64], e ela tinha homens armados enfileirados, acenando suas espadas com alegrias como lampejos de relâmpagos; e por toda a nossa volta dançavam serpentes brilhantes que cantavam de alegria[65]. Havia um cavalo alado pronto para nós quando saímos das encostas da montanha. Veja bem, na verdade a Sexta Casa é uma montanha chamada de Monte Abiegnus, a pessoa só não percebe isso porque percorre todo o caminho do lado de dentro. Há uma única Casa à qual se chega pelo lado de fora, porque nunca foi criada uma passagem; mas lhe direi sobre isso mais tarde; é a Terceira Casa. Então montamos no cavalo e partimos para a nossa lua de mel. Eu não devo lhe contar nenhuma palavra sobre a lua de mel.

Explicitī
Capitulum Secundum
vel
Dē Collēgiō ad S. S. porta
Collēgiī Internī
[66].

Parte III

Você não precisa supor que a lua-de-mel realmente acabe um dia, porque ela não acaba. Mas ele me disse: “Princesa, você ainda não percorreu o Palácio inteiro. A sua Casa especial é a Terceira, sabe, por que é tão conveniente para a Segunda onde normalmente moro. O Rei meu Pai[67] mora na Primeira; ele nunca pode ser visto, sabe. Hoje em dia ele está muito, muito velho; eu sou praticamente o Regente, é claro. Você nunca deve se esquecer de que eu realmente sou Ele; só uma geração atrás não é muito distante, e eu represento completamente o pensamento dele. Logo,” (ele sussurrou tão suavemente), “você será uma mãe[68]; haverá novamente um Príncipe Encantado para fugir com outra bela Sonolenta”. Então eu me dei conta de que quando Príncipes Encantados realmente se casam de verdade eles se tornam Reis Encantados[69]; e que eu estava muito errada em alguma vez ter me envergonhado por ser apenas uma pequena garota e ter medo de estragar os planos dele, porque na verdade, veja bem, ele nunca conseguiria se tornar Rei e ter um filho Príncipe Encantado sem mim.

Mas só é possível fazer isso chegando à Terceira Casa, e é uma jornada terrível, eu lhe asseguro o mais sinceramente.

Há duas passagens, uma saindo da Oitava Casa e outra da Sexta; a primeira delas é toda cheia de água, e a segunda é quase pior, porque você tem que se equilibrar cuidadosamente, ou você cai e se machuca.

Para atravessar a primeira você precisa estar todo coberto de sangue até a cintura, e você cruza suas pernas, e então eles põem uma corda em torno de um tornozelo e te penduram[70]. Eu vestia uma linda anágua branca, e meu Príncipe disse que eu parecia com uma pirâmide branca com uma enorme cruz vermelha no topo, o que me deixou muito feliz, porque agora eu sabia que eu deveria ser a Salvadora do Mundo, que é o que as pessoas querem ser, não é? Às vezes o mundo significa todas as outras crianças no sonho, e às vezes o próprio sonho, e às vezes as coisas-despertas que vemos antes de estarmos bem, bem acordados. O Príncipe me conta que só a Primeira Casa onde o Pai dele morava era realmente e verdadeiramente uma Casa desperta, todas as outras tinham um pouco de Casa-de-sonhos nelas, e quanto mais longe você vai, mais desperto você fica, e começa a saber exatamente o quanto era sonho e o quanto era desperto.

Então havia a outra passagem[71] onde havia uma borda estreita de cristal verde, que era tudo o que havia para caminhar em cima, e havia uma linda pluma azul equilibrando-se na borda, e se você perturbasse a pluma havia uma dama com uma espada, e ela cortaria a sua cabeça. Então eu mal ousava respirar, e por toda volta havia milhares e milhares de pessoas lindas de verde que dançavam e dançavam como ninguém, e no final ficava a terrível porta da Quinta Casa[72], que era o Arsenal Real. E quando entramos a Casa estava cheia de maquinaria de aço, algumas vermelhas de calor e outras brancas de calor, e o barulho era simplesmente assustador. Então para tirar o ruído da minha cabeça, eu peguei um pequeno chicote e me açoitei até que todo o meu sangue derramou sobre tudo, e eu vi a casa toda como uma cachoeira de sangue espumante correndo impetuosamente a partir da Estrela de Fogo flamejante e cintilante que ardia e ardia no domo incandescente, e tudo se tornou vermelho diante de meus olhos, e uma grande chama soprou como um vento forte através da Casa com um ruído mais alto do que qualquer trovão poderia fazer, de modo que eu mal conseguia me segurar, e eu tirei as facas afiadas das máquinas e me cortei toda, e o barulho ficou cada vez mais alto, e a chama me queimou completamente, de forma que fiquei muito feliz quando o meu Príncipe disse: “Você não pensaria nisso, ou pensaria, docinho? Mas há muitas pessoas que passam toda a vida delas aqui”.

Há três caminhos para a quarta Casa partindo de baixo. A primeira passagem[73] é um lugar muito curioso, todo cheio de rodas e criaturas muito estranhas, como macacos e esfinges e chacais escalando uns aos outros e tentando chegar no topo. Era muito bobo, porque na verdade não há nenhum topo em uma roda; o lugar onde você quer chegar é o centro, se quiser sossegar. Então havia uma passagem realmente adorável[74], como uma mata fechada na Primavera, aproximou-se o mais adorável idoso que viveu toda a sua vida ali, porque ele era o guardião do bosque, e ele não precisava viajar porque ele realmente pertencia à primeira Casa desde o começo. Ele usava um grande manto, e ele carregava um lampião e uma longa vara; e ele disse que o manto significava que você deveria ficar quieto e não conta nada que visse, e o lampião significava que você deveria contar a todos e deixá-los felizes, e a vara era como um guia para te dizer qual dos dois fazer. Mas eu não acreditei muito naquilo, porque eu estou me tornando uma garota crescida agora, e eu não seria enganada daquele jeito. Eu consegui perceber que a vara na verdade era a régua com a qual todo o Palácio fora construído, e o lampião era a única luz que eles tinham para construí-lo, e o manto era o abismo de escuridão que cobre tudo. É por isso que as pessoas-do-sonho nunca veem todas as belas coisas das quais estou lhe contando. Todas as suas casas são construídas de tijolos vermelhos comuns, e eles sentam ali o dia todo e jogam jogos bobos com fichas e, ó! minha nossa, como eles trapaceiam e brigam. Quando alguém ganha um milhão de fichas, fica tão contente que você nem consegue imaginar, e vai embora e tenta trocar algumas fichas pelas coisas que realmente quer, e não consegue, então você quase morre de rir, se bem que seria terrivelmente triste se fosse na vida-desperta. Mas eu estava lhe contando sobre os caminhos para a Quarta Casa, e o terceiro caminho[75] é todo cheio de leões, e uma pessoa poderia ficar amedrontada; mas sempre que um deles tenta te morder, há uma senhora adorável que põe as mãos dela na boca do leão e a fecha. Então prosseguimos com bastante segurança, e eu lembrei de Daniel na cova dos leões.

A Quarta Casa[76] é a mais maravilhosa de todas as que já vi. Era uma mansão da cor do mais celestial azul; era feita de berilo e ametista, e lápis-lazúli e turquesa e safira. O centro do assoalho é uma piscina da mais pura cor água-marinha, e dentro dela tem água, mas pode-se ver cada gota como um cristal separado, e o tom azul filtrando através da luz. Acima dali paira um globo calmo, porém poderoso, de um azul escuro de safira. Ao redor dele havia nove espelhos, e há um ruído que significa, quando você entende, “Alegria! Alegria! Alegria!” Há chamas violetas sendo lançadas pelo ar, cada uma um breve soluço de amor feliz. Finalmente começava-se a perceber para que servia o mundo dos sonhos[77]; toda vez que alguém beijava outro alguém por amor verdadeiro, havia um pequeno pulsar da chama violeta nesta bela Casa do Mundo-da-Vigília. E nós nos banhamos e nadamos na piscina, e estávamos tão felizes que você não consegue imaginar. Mas eles disseram: “Garotinha, você tem que pagar pelo entretenimento”. [Eu esqueci de lhe contar que havia música como o som que as águas dos chafarizes fazem ao subir e cair, só que obviamente muito mais maravilhosa do que isso]. Então eu perguntei o que eu devia pagar[78], e eles disseram: “Agora você   é a senhora de todas essas Casas da Quarta até a Nona. Você administrou muito bem o Salão dos Servos desde o seu casamento; agora você precisa administrar as outras, porque até que você o faça, você não poderá seguir para a Terceira Casa”. Então eu disse: “Me parece que elas estão todas em perfeita ordem”. Mas eles me ergueram no ar, e então eu vi que os lados externos estavam horrivelmente desfigurados com grandes cartazes de propaganda, e cada casinha tinha isso escrito:

Primeira Casa

Esta é a residência favorita de sua Majestade.
Nenhuma outra é genuína. Cuidado com imitações sem valor.
Entre aqui e passe a vida!
Entre aqui e veja a Serpente comer a Cauda dela!

Então eu fiquei furiosa, como você pode imaginar, e fiz com que os homens fossem e colocassem os números corretos em todas elas, e uma pequena observação sarcástica para que se sentissem envergonhados; então eles liam:

Quinta Casa, e na maior parte sonho.
Sétima Casa. Esplendor externo e corrupção interna.

e assim por diante. E em cada uma adicionei: “Não há nenhuma passagem daqui até a Primeira Casa. O único caminho está do lado de fora das portas. Em ordem”.

Isso foi terrivelmente irritante, porque nos velhos tempos podíamos ir a toda parte pelo lado de dentro, e não nos molhávamos se chovesse, mas hoje em dia não há nenhum caminho da Quarta Casa para a Terceira[79]. É claro, você poderia seguir de carruagem da Quinta para a Terceira, ou através da casa onde as gêmeas moram da Sexta para a Terceira, mas isso não é permitido a menos que você também tenha estado na Quarta Casa, e partido dali ao mesmo tempo.

Foi aqui que eles me contaram o que significava T.A.R.O.[80] no anel. Primeiro significa portão, e é o nome do meu Príncipe Encantado, quando você o soletra por extenso letra a letra[81].

Existem setenta e oito partes dele[82], que formam uma planta perfeita de todo o Palácio, de modo que você sempre consegue achar seu caminho, se você se lembrar de dizer T.A.R.O. Então você se lembra de que I.N.R.I. também estava no anel. I.N.R.I. é abreviação de L.V.X.[83], que significa o brilho da grande, grande Luz desperta, e isso também está no nome do meu Príncipe Encantado, só que abreviado.

Os romanos disseram que ele tinha sessenta e cinco partes[84], que é cinco vezes treze, e setenta e oito é seis vezes treze. Para entrar no Mundo da Vigília você precisa saber sua tabuada do treze muito bem. Então se você juntar ambos isso forma onze vezes treze, e então você diz “Abrahadabra”, que é uma palavra muito misteriosa, porque ela tem onze letras nela. Você se lembra de que as Casas são numeradas em ambas as direções, de modo que a Terceira Casa é chamada de Oitava Casa também, e a Quinta de Sexta, e assim por diante. Mas você não consegue dizer que tipo de coisas adoráveis isso significa até que você passe por todas elas, e chegue até o derradeiro final. Então quando você olha para o anel e vê I.N.R.I. e T.A.R.O. nele, é como um policial repetindo “Passe adiante, por favor!” Eu teria gostado de ficar na Quarta Casa pelo resto da minha vida, mas eu comecei a perceber que ela também era apenas uma pequena Casa dos sonhos; e eu não poderia descansar, porque minha própria Casa era logo a próxima. Mas é muito terrível contar como eu cheguei lá. Você precisa da mais temerosa quantia de coragem, e não há ninguém para lhe ajudar, ninguém mesmo, e não há passagem adequada. Mas é terrivelmente excitante, e você precisa esperar até a próxima vez antes que eu lhe conte como eu comecei aquela terrível jornada, e se eu cheguei lá ou não.

Explicitī Capitulum
Tertium
vel
de Collegio Internō
[85]

Parte IV

Agora eu devo lhe contar sobre a corrida de carruagens na primeira passagem[86]. A carruagem foi toda esculpida a partir de âmbar puro e claro, de forma que fagulhas elétricas voam com a fricção das peles. As almofadas e tapetes eram todos de peles de arminho belas e macias. Há um dossel de um azul brilhante com estrelas (como o céu no mundo dos sonhos), e a carruagem é puxada por duas esfinges, uma preta e uma branca. O cocheiro é uma pessoa muito curiosa; ele é um grande caranguejo numa armadura brilhante adorável, e ele só consegue dirigir! O nome dele é aquele nome misterioso de onze letras do qual lhe falei, mas podemos chamá-lo de Jehu para abreviar[87], porque ele só tem dezenove anos de idade[88]. No entanto, é muito importante saber dele, porque esta jornada é a mais difícil de todas, e sem a carruagem jamais seria possível fazê-la, porque ela é tão longa – muito mais distante do que o céu está da terra no mundo dos sonhos.

A passagem onde moram as gêmeas[89] também é muito difícil. Elas são duas irmãs; e uma é muito pura e boa, e a outra é uma mulher horrível e promíscua. Mas isso mostra como a linguagem dos sonhos é boba – na verdade há um outro modo de expressar isso: você pode dizer que elas são duas irmãs, e uma é muito tola e ignorante, e a outra aprendeu a conhecer e a desfrutar.

Agora quando se é uma Princesa é muito importante ter boas maneiras, então você tem que entrar na passagem, e segurar cada uma delas em um braço, e atravessar com elas cantando e dançando; e se você ferir os sentimentos de qualquer uma delas mesmo que só um pouco, mostraria que você na verdade não é uma grande dama, apenas uma pessoa vestida de dama, e há um homem com um arco e flechas no ar, e ele logo acabaria contigo e você nunca chegaria na Terceira Casa.

Mas a grande dificuldade está do lado de fora[90]. Você tem que sair da Casa do Amor[91], que é como eles chamam a Quarta Casa[92]. Você fica completamente desnuda: você precisa se despir das roupas do seu marido, e das suas roupas de bebê, e das suas roupas de lazer, e da sua pele, e da sua carne, e de seus ossos, cada um deles precisa sair[93]. E então você precisa tirar suas roupas de sentimento; e então suas roupas de ideias; e então aquilo que chamamos de suas roupas de tendências que você sempre vestiu, e que tornam você naquilo que você é. Depois disso você tira suas roupas de consciência, as quais você sempre achou que fossem seu verdadeiro self, e você pula no abismo gelado, e você não consegue imaginar o quanto é solitário ali. Não há qualquer luz, ou qualquer caminho, ou qualquer coisa para se agarrar para ter ajuda, e não há mais nenhum Príncipe Encantado: você não consegue nem ouvir a voz dele te chamando para vir. Não há nada para lhe dizer para qual caminho seguir, e você sente a mais terrível sensação de cair para fora de tudo que já existiu. Você não tem absolutamente nada; você não sabe o quão horrível é tudo. Você voltaria se ao menos pudesse parar de cair; mas felizmente você não consegue. Então você cai e cai, cada vez mais rápido; e não posso lhe contar mais nada.

A Terceira Casa[94] é chamada de Casa do Sofrimento. Eles me deram roupas novas do tipo mais estranho, porque você nunca pensa nelas como sendo sua própria roupa, mas apenas como roupas[95]. É a Casa da Escuridão extrema[96]. Há uma piscina de solene água preta na obsidiana brilhante, e se é como uma grande figura velada de maravilhosa beleza pairando sobre o mar[97]; e aos poucos as Dores chegam. E não consigo lhe dizer nada sobre as dores. Apenas que elas são diferentes de quaisquer outras dores, porque elas começam de dentro de você[98], de um tipo de eu mais profundo e verdadeiro do que você já conheceu. Aos poucos você vê uma chama tremenda de um novo sol na Sexta Casa, e você fica extremamente feliz; e há milhões de trombetas sendo sopradas e vozes gritando: “Salve o Príncipe Encantado!” referindo-se ao novo que você teve como seu bebê; e naquele momento você descobre que está vivendo em todas as Três Casas ao mesmo tempo, porque você sente o deleite do seu próprio Príncipe querido e o amor dele; e o velho Rei se agita em seu silêncio na Primeira Casa, e milhares de milhões de bênçãos são lançadas como raios de luz, e abaixo tudo é total harmonia e beleza, e coroado acima com a coroa de doze estrelas, que é a única forma de descrevê-la na fala dos sonhos.

Agora você percebe que você não precisa mais se esforçar para seguir adiante, porque você já sabe que toda Casa é um Palácio[99], e você se move no seu próprio mundo desperto, só conforme o necessário. Todos os caminhos até a Segunda Casa estão abertos – o caminho do Hierofante[100] com a estrela flamejante e o incenso na vasta catedral, e o caminho do Poderoso Regente[101], que governa a tudo com seu orbe e sua coroa e seu cetro. Há o caminho da Rainha do Amor[102] que é mais bela do que qualquer coisa, e ao longo dele meu próprio querido amante passa para minha câmara nupcial. Então há os três caminhos para a Santa Casa do velho Rei, o caminho pelo qual ele é unido ao novo Príncipe Encantado[103], onde mora uma virgem como a lua com um livro aberto, e sempre, sempre, lê lindas palavras nele, sorrindo misteriosamente atrás de seu véu brilhante, tecido de pensamentos doces e beijos puros. E há o caminho pelo qual eu sempre vou ao Rei[104], meu Pai, e aquela passagem é feita de trovões e relâmpagos; mas há um Magista santo chamado de Hermes, que me conduz tão rapidamente que às vezes chego no mesmo instante em que parti. Por fim, há a passagem mais misteriosa de todas[105], e se qualquer um de vocês a visse pensaria que nela há um homem tolo sendo mordido por crocodilos e cães, e carregando um saco sem nada de útil. Mas na verdade é o homem que decidiu despertar, e realmente despertou. Tanto que aquela é a Casa dele, e ele é o próprio velho Rei, assim como você. Desta forma, ele não se importaria com o que alguém pensasse que ele fosse.

Realmente todas as passagens para as primeiras Três Casas são muito úteis; todo o mundo-dos-sonhos e o mundo do semi-sonho e o mundo-da-vigília são governados destas passagens.

Agora comecei a perceber o quanto até mesmo o mundo da Vigília é irreal, porque só há um pequeno sonho nele, e o mundo correto é o Mundo Bem-Bem-Bem-Desperto. Meu amante me chama de pequena Lola Bem-desperta, e não mais Lola Devaneio. Eu nunca te contei sobre as duas primeiras casas, e você realmente não entenderia. Mas a segunda Casa[106] é cinza, porque a luz e a escuridão piscam tão rapidamente que tudo se mistura numa coisa só; e nela mora o meu amante, e isso é tudo o que me importa.

A Primeira Casa[107] é tão brilhante que você não consegue imaginar; e lá também estamos meu amante e eu quando somos um. Você também não entenderia isso. E a última coisa que devo dizer é que se começa a perceber que na verdade não há exatamente um Mundo Bem-Bem-Bem-Desperto até que a Serpente do lado de fora tenha terminado de comer toda a cauda dela, e eu mesma não entendo realmente e verdadeiramente isso. Mas não importa; tudo o que vocês precisam fazer primeiro é encontrar o Príncipe Encantado para vir e leva-los, então ainda não se importem com a Serpente. Isso é tudo.

Explicitī Opusculum
in
Capitulō Quarto
vel
de Collegio Summō
[108].


[1] «Capítulo 112 do Alcorão: “Dize: ‘Ele é Allah, o Único. Allah, o Absoluto. Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele’!”»

[2] «“Um cântico alegórico, hebraico, e místico” em francês»

[3] «Mateus 18:3»

[4] «Trecho de A Kabbalah Revelada, a “Assembleia Menor”, Capítulo 8: “333. Todas as palavras têm um significado oculto para aqueles que entraram e partiram delas, e que nesta Assembleia são todos. 334. E essas palavras deverão continuar aqui, ocultas; por isso senti temor ao revelá-las, mas agora já foram reveladas. 335. E eu revelarei na presença do Mais Sagrado e Antigo Rei, e não para o regozijo de minha própria glória, nem pela glória da casa de meu Pai; eu fiz isso para não me apresentar vergonha diante de Seus palácios”»

[5] «Uma mistura da 7ª e 8ª chaves da magia enoquiana de John Dee e Edward Kelly: “O Ocidente É uma Casa de Virgens Cantando prazeres Entre as Chamas Da Primeira glória, Onde O Senhor abriu Sua boca E eles se Tornaram / Habitantes Vivos Nos quais A Força do Homem Regozija E Eles estão trajados com Ornamentos de tamanho brilho que operam Maravilhas em todas as Criaturas. Quantos São aqueles Que permanecem em Tua glória Da Terra, Que estão, E não verão a Morte, até Esta Casa Cair, E o Dragão se afogar?”»

[6] «“Ifá sempre fala em parábolas / Um homem sábio é aquele que entende seu discurso, / Quando dizemos que entendemos / O homem sábio sempre entende...” em Yorubá»

[7] «“Das coisas mais seguras, mais seguro é duvidar”»

[8] «A Divina Comédia: Inferno – “Retorna a tua ciência na qual se ensina que o ser mais perfeito mais sente seja o bem ou a ofensa”»

[9] «Trecho de um manuscrito gnóstico chamado de O Livro das Grandes Palavras de Cada Mistério, publicado em 1896 no Egyptian Magic: Essays On The Nature and Applications of Magical Practices in Pharaonic and Ptolemaic Egypt, de Florence Farr»

[10] «“Ele não é nem peixe e nem carne: o mais sábio de todos nós não sabe o que ele é: e ele consegue escapar muito facilmente”»

[11] «Parte do Hino a Diana: “Nós meninas e meninos castos somos vassalos de Diana. Diana, cantemos, meninos e meninas castos”»

[12] «Trecho do Capítulo 62 “Suas palavras admiráveis podem comprar a honra; seus feitos admiráveis podem elevar o executor sobre os demais”. No texto original os caracteres estavam invertidos.»

[13] «“Todas as estrelas resplandecentes, ao redor da lua brilhante, escondem suas faces luminosas, quando ela completamente cheia e esplêndida paira no céu, iluminando a terra escura com a clara luz prateada”»

[14] «“Ele realmente é o guru que deve ser considerado como Îśvara em forma humana, que ensina os Mudrâs conforme passados de geração a geração, de guru a guru.”»

[15] «É a parte de trás da Estela da Revelação, no entanto, está espelhada horizontalmente. Está escrito, de acordo com a segunda tradução encomendada por Crowley: “Disse Osíris, o Sacerdote de Montu, Senhor de Tebas, Ankh-f-na-khonsu, o Justificado: ‘Meu coração de minha mãe, meu coração de minha mãe, meu coração de minha existência sobre a terra, não fiques contra mim como testemunha, não me leve de volta aos Juízes Soberanos, nem se incline contra mim na presença do Grande Deus, o Senhor do Ocidente. Agora que eu me uni com a Terra do Grande Ocidente, e não persisto mais sobre a Terra’. Disse Osíris, aquele que está em Tebas, Ankh-f-na-Khonsu, o Justificado: ‘Ó Único, brilhando como (ou na) a Lua; Osíris Ankh-f-na-Khonsu saiu sobre o alto entre estas tuas multidões. Ele se reuniu junto com aqueles que estão na Luz, o Mundo-Inferior (duat) (também) está aberto a ele; Osíris Ankh-f-na-Khonsu, saia de dia para fazer aquilo que desejares sobre a terra entre os vivos’ ”»

[16] Virgō Mundi «Virgem do Mundo»

[17] Adonai

[18] Pēgasus «Pégaso»

[19] Sphinx «Esfinge»

[20] V.V.V.V.V.

[21] Sigilla anunuli «Anel de selos»

[22] 1. Cognonimis 666 «Nome de 666»

[23] 2. I Ōrdinis «1ª Ordem»

[24] 3. II Ordinis «2ª Ordem»

[25] 4. III Ordinis. «3ª Ordem»

[26] Incantātiō «Encantamento»

[27] «“Cinge os lombos de força e fortalece os braços”, Provérbios 31:17»

[28] «“Camelos”»

[29] Advenit Adonai «Chegada de Adonai»

[30] Rēgnum Spatii «Extensão do Reino»

[31] Palātium Otz Chiim «Palácio da Otz Chiim»

[32] Dracō תלי «Dragão Theli»

[33] Ceremonium 0=0 «Cerimônia de 0°=0°»

[34] Domus X v. Rēgnum v. Porta «Casa de nº 10 ou do Reino ou da Porta»

[35] 4 Locī secundum Elementa «4 regiões segundo os Elementos»

[36] Qliphoth

[37] Via ת v. Crux «Caminho de Tau ou da Cruz»

[38] Cherubim

[39] Domus IX v. Fundāmentum «Casa de nº 9 ou da Fundação»

[40] Yod v. Membrum sānctī foederis «Yod ou Membro do tratado dos santos»

[41] Via ש v. Dēns «Caminho de Shin ou do Dente»

[42] Via ר v. Caput «Caminho de Resh ou da Cabeça»

[43] Domus VIII v. Splendor «Casa de nº 8 ou do Esplendor»

[44] Via ק v. Cranium «Caminho de Qoph ou do Crânio»

[45] Via צ v. Hāmus «Caminho de Tzaddi ou do Anzol»

[46] Via פ v. Ōs «Caminho de Peh ou da Boca»

[47] Domus VII v. Victōria «Casa de nº 7 ou da Vitória»

[48] «Fim do Primeiro Capítulo ou Sobre o Colégio Externo»

[49] Via ע v. Oculus «Caminho de Ayin ou do Olho»

[50] Via ס v. Sustentāculum «Caminho de Samekh ou do Sustentáculo»

[51] Via נ v. Piscis «Caminho de Nun ou do Peixe»

[52] Domus VI v. Pulchritūdō «Casa de nº 6 ou da Beleza»

[53] פרכת «Paroketh»

[54] Ceremonium 5=6 «Cerimônia de 5°=6°»

[55] Humilitās «Humildade»

[56] Supplicium «Suplício; Punição; Sofrimento»

[57] Sepulchrum «Sepulcro»

[58] Pāstōs Patris nostrī C.R.C. «Tumba de nosso Pai Christian Rosenkreutz»

[59] Baculum I. Adeptī «Varinha dos Adeptos»

[60] Crux Ansata «Cruz com Cabo; Ankh»

[61] Pedum et Flagellum Osiridis «Cajado e Mangual de Osíris»

[62] Cūr inter mortuōs vīvum petēs? Nōn est hic ille; resurrēxit. «“Por que buscais aquele que vive entre os mortos? Não está aqui, ressuscitou”, Lucas 24:5,6»

[63] Advēnit L.V.X. sub tribūs specibus «Chegada da Luz sob as tribos do abismo»

[64] Symbola Hodos Chamelionis «“Símbolos do Limiar do Camaleão”. Hodos Chamelionis vem do grego ὁδός χᾰμαιλέων»

[65] Symbola Gladius et Serpēns «Símbolos da Espada e da Serpente»

[66] «Fim do Segundo Capítulo ou Sobre o Colégio do Espírito Santo, a porta para o Colégio Interno»

[67] Caput candidum «Cabeça brilhante»

[68] אמא erit אימא «AMA será AIMA»

[69] Arcāna dē Via Occultā «Segredo do Caminho Oculto»

[70] Via מ v. Aqua «Caminho de Mem ou da Água»

[71] Via ל v. Pertica stimulāns «Caminho de Lamed ou do Aguilhão»

[72] Domus V v. Sevēritās «Casa de nº 5 ou da Severidade»

[73] Via כ v. Manus «Caminho de Kaph ou da Mão»

[74] Via י v. Pugnus «Caminho de Yod ou do Punho»

[75] Via ט v. Serpēns «Caminho de Teth ou da Serpente»

[76] Domus IV v. Benignitās «Casa de nº 4 ou da Misericórdia»

[77] Ratiō Nātūrae Naturatae «Método das Naturezas Criadas»

[78] Adeptum Oportet Ratiōnis Facultātem Rēgnāre «Tornando-se Adepto pelo método da habilidade de governar»

[79] Gladium, quod omnibus viīs custodet portās Otz Chiim «Espada, que guarda todos os caminhos das portas da Otz Chiim»

[80] Nōmen תרעא «Nome Throa»

[81] Nōmen ADNI אלף, דלת, נון, יוד «Nome ADNI. ALP. DLTh. NUN. YUD»

[82] Cartae Tarot v. Aegyptiōrum «Cartas do Tarô ou Egípcias»

[83] I.N.R.I. = ינרי = ♍♏☉ = I.A.O. L.V.X.

[84] אדני = 65. L.V.X. = LXV.

[85] «Fim do Terceiro Capítulo ou Sobre o Colégio Interno»

[86] Via ח v. Vallum «Caminho de Cheth ou da Muralha»

[87] Nomen יהוא ‎= 22. «Nōmen YHVA = 22»

[88] 22 × 19 = 418 = Abrahadabra

[89] Via ז v. Gladium «Caminho de Zayin ou da Espada»

[90] Via quae nōn est «Caminho que não existe»

[91] Vāgīnae «vaginas; bainhas»

[92] Quīnque «cinco»

[93] Animae «alma; espírito»

[94] Domus III v. Intellēctiō «Casa de nº 3 ou da Compreensão»

[95] Abest Egoitas «Distante do eu»

[96] Ego est Nōn-ego «Eu é Não-eu»

[97] Puerperium «Trabalho de parto»

[98] Partus «Nascimento»

[99] Vīta Adepti «Vida dos Adeptos»

[100] Via ו v. Clāvus «Caminho de Vau ou do Prego»

[101] Via ה v. Fenestra «Caminho de He ou da Janela»

[102] Via ד v. Porta «Caminho de Daleth ou da Porta»

[103] Via ג v. Camēlus «Caminho de Gimel ou do Camelo»

[104] Via ב v. Domus «Caminho de Beth ou da Casa»

[105] Via א v. Bōs «Caminho de Aleph ou do Boi»

[106] Domus II v. Sapientia «Casa de nº 2 ou da Sabedoria»

[107] Domus I v. Corōna Summa «Casa de nº 1 ou da Coroa Altíssima»

[108] «Fim da Pequena Obra no Quarto Capítulo ou Sobre o Colégio Altíssimo»


Traduzido por Alan Willms em fevereiro de 2020.

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