A Estrela de Argos

Em um dos mitos da Grécia antiga, é dito que Zeus queria enamorar a bela Io, mas Hera descobriu isso e saiu em caça dele. Ele se escondeu nas nuvens que ele próprio criou, mas desde que isso já era suspeito para Hera, ela foi procurar por ele lá. No momento crítico, Zeus transformou Io em um bezerro e o deu a Hera como um presente. Hera deu o bezerro a Argos para guardá-lo, pois ele era perfeito para isso – ele tinha muitos olhos e nenhuma coisa ou movimento poderia passar despercebido por ele, pois ele poderia até mesmo dormir com alguns dos olhos abertos e despertos. Zeus foi embora com o filho dele, Hermes, o mensageiro dos deuses, e lhe disse que ele deveria encontrar uma maneira de matar Argos, e que não há alguém mais esperto do que ele para essa tarefa. Hermes voou para a terra, se desfez de todas as qualidades de um deus, e se transformou em um menino dos campos que tocava uma flauta com ternura e alegria. Argos ficou comovido quando ouviu a música, então convidou o garoto para tocar para ele. Isso era perfeito para o plano de Hermes. Ele sentou-se com Argos e tocou, mas ele não podia de forma alguma adormecer o guardião, porque seus olhos ainda estavam assistindo acordados. Finalmente, Hermes cantou uma canção sobre Pã se apaixonando pela ninfa Siringe, que fugiu dele, e quando ele estava perto de pegá-la, suas irmãs a transformaram em um junco. Pã disse “Mesmo assim, você será minha!” e fez dela a sua flauta. E essa foi exatamente a história que fez Argos dormir. Todos os seus olhos fecharam, assim Hermes o matou no momento certo.

Hera, que tinha afeição com Argos, tirou os olhos dele e os colocou nas penas da cauda de um pavão, o pavão sendo sua ave favorita... Este mesmo Argos fez o famoso navio Argo em que os antigos heróis Argonautas navegaram em busca do Velo de Ouro.

Um de nossos Livros Sagrados diz sobre isso:

“É impossível vos dizer acerca dos esplendores daquilo a que eles atingiram. Pouco a pouco, conforme vossos olhos forem ficando mais fortes, nós desvelaremos a vós a glória inefável do Caminho dos Adeptos, e seu fim inominável. Assim como um homem subindo uma montanha íngreme perde-se da vista de seus amigos no vale, assim deve parecer o adepto. Eles dirão: Ele está perdido nas nuvens. Mas ele se regozijará à luz do sol sobre eles, e virá às neves eternas. Ou como alguém culto pode aprender alguma linguagem secreta dos antigos, e seus amigos dirão: ‘Vede! Ele finge ler este livro. Mas é ininteligível. Não tem sentido.’ Porém, ele se deleita na Odisseia, enquanto eles leem coisas vãs e vulgares. Nós vos traremos para a Verdade Absoluta, Luz Absoluta, Alegria Absoluta.”

“Nós, portanto, que estamos sem as correntes da ignorância, olhamos de perto no coração do buscador e o guiamos pelo caminho que é mais apropriado para a sua natureza, até o final definitivo de todas as coisas, a realização suprema, a Vida que permanece na Luz, sim, a Vida que permanece na Luz.”

A A∴A∴ foi criada em 1907 por Aleister Crowley³ e George Cecil Jones, e eles a fundaram sobre o sistema rosacrucianista de graus praticamente mais clássico, semelhante à Hermetic Order of the Golden Dawn. A A∴A∴ exige que o Magista genuinamente atinja os estados de consciência e poderes atribuídos a cada uma das dez Sephiroth da Árvore da Vida (“hebraica”) (em contraste com a H.O.G.D. que no final mais parecia um clube social do que uma Ordem que possui conhecimento espiritual e poder de Iniciação).

A A∴A∴ não é um sistema de Lojas, e alguns ainda afirmam que ela é uma Ordem completamente secreta. O Aspirante (oficialmente) só conhece uma pessoa na Ordem, o seu “superior”. Todo Magista é deixado na maioria das vezes sozinho para fazer o seu Trabalho conforme achar adequado. Idealmente, o contato com o superior é breve e raro, e se caracteriza mais por sugestões do que por instruções. O avanço para o próximo grau é um simples selo para a realização.

Notas

³ Nota do autor: Realmente um teste foi dado a Crowley durante uma visão que ele obteve com a sua aspiração perene e trabalho espiritual, depois que ele foi admitido pelos Mestres da A∴A∴ para o ingresso na A∴A∴, que confirmou sua Maestria e autoridade, e também lhe permitiu representar a A∴A∴ nos planos menores da “existência”. Este foi um início histórico da A∴A∴ como uma Ordem universal. Pode se aprender mais detalhes sobre isso a partir de seu diário daquele ano (1907).

Traduzido por Alan Willms