Algumas Perguntas e Respostas – 4

Este artigo é um capítulo de Liber Zelotes

Liber “Zelotes” faz parte da trilogia com Liber “Adeptus” e Liber “Magistri”. “Zelotes” no geral descreve o significado e as práticas da A∴A∴, “Adeptus” trata da “Ordo Thelema”, e “Magistri” é uma coletânea dos Livros Sagrados de Thelema com comentários.

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Algumas Perguntas e Respostas – 4

P: Qual é a diferença essencial entre os rituais do novo e do antigo Æon?

R: A diferença essencial entre os rituais do velho e do novo Æon se reflete em muitos níveis. Primeiro temos de compreender a própria diferença entre os Æons passados e o novo. Só isso abrirá a visão para o sentido em que estes rituais trabalham e daquele que é seu “propósito”. Em segundo lugar, as Fórmulas e Palavras dos próprios Æons são alteradas. Para ser claro, as velhas fórmulas não se tornar não-funcionais ou malignas, mas são superadas por aquela que mais claramente representa o Æon e a natureza do ser humano e do universo. Assim, um ritual pode ser formado pela fórmula YHVH, mas não é melhor e mais eficiente trabalhar pela fórmula AMEN – que é o tetragrama deste Æon? A questão inteira não está na abordagem dos rituais, ao invés da fórmula em si? – elas servem à Verdadeira Vontade, ou são direcionadas para algum outro desejo e aspiração?

Escolhei bem.

93! LAShTAL! THELEMA! AGAPE! VIAOV! ABMN! ABRAHADABRA!

P: O que a expressão “divindades puramente thelêmicas” realmente significa? Elas realmente são novas divindades ou um novo tipo das mesmas divindades ou alguma outra coisa?

R: Quem proferiu a frase “divindades puramente thelêmicas” provavelmente tinha em mente os nomes de certas divindades, muitas vezes utilizadas pelos Thelemitas em suas práticas e teorias. As “divindades” em si não possuem dependência ou determinação de tempo-espaço – desde que sua essência, em princípio, pertence à Tríade Suprema da Árvore da Vida. Thelema é a palavra da Lei do Æon de Hórus. Algum tempo atrás um irmão me entregou uma lista com as 72 diferentes divindades mencionadas nos Livros Sagrados de Thelema. Isso não é pouco de modo algum. Façamos a seguinte digressão: no “velho” a Deusa Isis do Egito era adorada do modo que era necessário para honrar e adorar a todas as outras Divindades – não só ela – mas toda a natureza e o Universo que é ela mesma. Não há novas divindades, sua natureza é onipresente, tanto em todo o nosso redor quanto dentro de nós. “Não há nenhuma parte de mim que não seja dos Deuses” – “Divina”! Assim Magia é a nossa Ciência e Arte, tanto quanto nossa Habilidade de atingir Thelema – Vontade Livre – a consciência – de nós mesmos.

Não há nada parecido com um “novo tipo” de divindades, só que certos princípios perfeitos e sublimes podem ganhar diferentes nomes – que eram dependentes principalmente da região e da escola mágica ali ativa, assim focando o desenvolvimento de certo grupo, etnia, comunidade ou civilização.

Pelos nomes Nuit, Babalon, Isis, Afrodite, Vênus, etc., é sempre Uma e a mesma Deusa chamada, que é o princípio “absoluto” do sexo feminino, que se manifesta em seus diversos aspectos.

A única coisa importante é que há uma diferença da compreensão thelêmica e não-thelêmica de “divindade”. Com o desenvolvimento da consciência, as escolas de Magia agora são mais capazes de tornar as correspondências apropriadas claras e criar rituais que despertem nos aspirantes a consciência do Verdadeiro Eu e da Verdadeira Natureza, e que não perderão tempo à bajulação e à hipocrisia da escravidão aos assim chamados salvadores e os seus representantes na forma de igrejas sobre a terra e os seus “líderes” que perdem seu próprio contato e consciência do Divino em si.

Não existe Divindade, senão aquela dentro de Você!

P: a) Por que o Liber Resh realmente é importante? b) O Sol não tem a mesma importância que qualquer outro planeta? c) Você pode me dar um exemplo de uma consecução correta em Liber Resh, através de exemplos concretos – nas notas de seus “Probacionistas” (e estudantes) ou suas?

R: Liber Resh é um dos métodos mais simples e práticos de despertar a consciência da Verdadeira Natureza e Vontade. Deixe-me ser claro – cada ritual tem de ser aquilo, na sua própria maneira, a diferença está no simbolismo, ou seja, no “folclore” e nos procedimentos, mas o objetivo é um só.

a) Resh é o Sol, o que deixa claro que por esse ritual certa prática de Bhakti Yoga está sendo realizada, o que leva o aspirante à consciência do “Sol” e certos diferentes aspectos do mesmo. Liber Resh (assim como os “nossos” outros rituais) contém em si as chaves de um método verdadeiramente equilibrado de obtenção da consciência do “Sol”.

b) O Sol não é um planeta, o Sol é uma ESTRELA, é o centro do “sistema solar”. O Sol é o que-tudo-cria e o Deus do Macrocosmo, assim como o Phallus é o seu “representante” no Microcosmo. Todos os planetas são “igualmente valorosos”, pois é um sistema completo, mas eles são “apenas” “chispas” congeladas, criada pela Vontade daquele Sol.

Cada planeta tem sua própria natureza e características, mas eles são criados a partir do Sol e no Sol está sua essência.

c) A “consecução correta” é simplesmente – consciência, pura Gnose, Experiência direta da Verdade do Sol.

P: Eu tenho um problema com a experiência do Sol (Resh) à meia-noite. Isso pode ser corrigido ou devo fazer alguma coisa adicional?

R: Você não define precisamente o que exatamente são estes “problemas” em experimentar o Sol (Resh) à meia-noite. Suponho que seja alguma incerteza e confusão que impede você de libertar sua consciência para a experiência da natureza do sol. Não é nenhuma maravilha, Ruach – a Mente (inferior e superior) é por si só volátil, flerteadora, e se não for colocada a serviço da Vontade, como uma arma e uma ferramenta (máquina) de realizar a Vontade, então ela pode impedir o seu funcionamento harmonioso. (Na verdade, o funcionamento inarmônico não existe, é o seu Anjo familiarizando-o consigo mesmo, para que você possa confrontar-se e usar sua natureza, poderes e habilidades para a realização daquela Vontade que o próprio “Anjo” representa).

Há dois “remédios” habituais que são muitas vezes prescritos:

  • Invoque com frequência!
  • Inflame-se em oração!

A única coisa que pode levá-lo à consecução é o seu TRABALHO.

P: Qual é o efeito exato de dar o sinal do grau antes de tal importante ritual?

R: Os sinais dos graus são “Mudras” Divinos através dos quais pode ser alcançada uma sintonia harmoniosa e o despertar da consciência da Deidade correspondente, elemento, etc.

Portanto, estes sinais são dados durante determinada invocação. Por exemplo, de manhã Rá é cumprimentado quando ele está subindo no horizonte, em direção ao Leste, que é atribuído ao elemento Ar, e, portanto, o sinal apropriado é o do Deus Shu – que (como o Atlas grego) segura o Céu.

Essa sintonia está acontecendo em muitos níveis.

Com o corpo – fisicamente; através da visualização – astralmente; pelas palavras – mentalmente; pela Vontade – espiritualmente. Ao fazer um círculo completo durante o dia, um equilíbrio no que diz respeito ao eixo é estabelecido, durante o qual uma abertura espontânea (ou desejada) do “véu” pode ocorrer e um influxo de LVX no centro, ou seja, no próprio Magista.

P: O Sagrado Anjo Guardião pode ser experimentado e se manifestar neste ritual? Esse ritual poderia ser adaptado para todo grau, com as requisições adicionais para cada grau, ou ele é universal?

R: Pode-se encontrar o Sagrado Anjo Guardião, a qualquer momento e em qualquer lugar, quando se está em sintonia com sua Verdadeira Natureza e se torna consciente de sua Beleza (e o significado daquela Vontade).

Para a obtenção do Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião nenhum ritual em específico é atribuído – porque todo mundo tem seu próprio método para essa consecução.

Todos podem adaptar Liber Resh de acordo com sua vontade, de acordo com sua natureza e com correspondências adequadas, em sintonia com isso e por inspiração pessoal. Nada deve ser reprimido.

P: Qual é realmente o significado dessa adoração quádrupla do Sol? Você também conhece a mais elevada forma desta adoração (mencionada em “Magick Without Tears”)?

R: “Eu fiz uma porta secreta Na Casa de Ra e Tum, De Khephra e de Ahathoor”... esse obviamente é um dos itens mais importantes para os quais os versos de Liber Legis apontam. O próprio Liber Resh foi criado para cumprir esse versículo. O verdadeiro significado da adoração quádrupla do Sol é, portanto – a abertura desta “porta secreta” que permite que o magista coloque seu pé no chão do palácio do Sol. E este Sol é Heru-Ra-Ha, que une Ra-Hoor-Khuit e Hoor-Paar-Kraat. Mas, de volta ao assunto: em primeiro lugar, deve-se estudar o que Rá, Tum, Khephra e Ahathoor “significam” e quais são suas qualidades. Você deve (se assim for a sua Vontade!) pensar, contemplar e meditar sobre isso – essa é uma prática regular – saudar regularmente o Sol em suas quatro posições.

Em segundo lugar – você deve persistir (se a sua Vontade for adquirir esse entendimento), até mesmo quando o significado “visível” está perdido e quando insignificância e “trevas” cobrirem seu Trabalho. Em terceiro lugar – se não se tem como objetivo o Sol, como centro da Árvore da Vida e a morada do Sagrado Anjo Guardião, então todo o trabalho pode desviar-se em autoindulgência, que tem limitação a sua finalidade, e não a “Beleza da Luz do Sol”.

Pode-se dizer que a maior forma dessa adoração pode representar as operações sexo-mágicas (diferentes formas delas) – porque o símbolo do Sol é a união do Ponto e do Círculo – que são símbolos do Phallus e da Kteis – que são a Rosa e a Cruz. Nisto somos, por exemplo, instruídos no caminho mais óbvio pelo nome do Deus Khephra: K-Kteis + Ph-Phallus + RA, eles estão unidos na Luz do Sol – em LVX.

Eu também poderia dizer que a “porta secreta” é – o Portão do Deus-Sol – o portão é BAB, Deus é AL, e o Sol é ON – é BABALON! Portanto a “porta secreta” é Kteis, enquanto o Sol é – o Phallus.

Eu já elaborei sobre essa questão no texto “Cerimônias de amor sob vontade”, que explica claramente a Magia Sexual dos Thelemitas, por isso vou parar de falar agora.


Traduzido por Alan Willms

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