Notas Sobre Liber Resh

Sobre a origem e performance desta prática da A∴A∴.

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Notas Sobre Liber Resh

Um dos principais fatores que contribuíram para o surgimento da vida humana é o Sol. Além de propiciar a vida humana, ele também a sustenta, pois se deixasse de existir, nós pereceríamos. Os povos antigos, que explicavam fenômenos naturais através de mitos, tornaram o Sol em uma divindade, e criaram mitos para explicar o que acontecia com o Sol ao anoitecer e quando ele reduzia de intensidade no Inverno. Estas histórias frequentemente estavam associadas à morte e ao renascimento, com o medo persistente de que um dia talvez o Sol nunca mais voltasse.

Com o passar dos séculos, duas perspectivas mudaram:

  1. Sabemos que o Sol nunca “vai embora” e “retorna”, ele está sempre brilhando. É através do movimento de transação e rotação da Terra que percebemos o dia e a noite, o verão e o inverno.
  2. O Sol espiritual não está mais lá fora. Deus não é uma entidade sentada em uma nuvem e julgando as nossas escolhas. Nós somos divinos, Deus está dentro de nós.

Então por que eu deveria “adorar” o Sol através de práticas tais como Liber Resh?

O que é Liber Resh vel Helios?

Liber é “livro” em latim e Resh é a letra hebraica associada com o Sol astrológico e com a carta do Tarô chamada de “O Sol”. Hélios é um deus grego do Sol. Desta forma, todo o simbolismo do título remete ao Sol.

Liber Resh foi escrito por Aleister Crowley e foi originalmente publicado em 1911 no The Equinox Vol. I Nº 6, o periódico semestral oficial da A∴A∴. Este texto foi classificado sob a Classe D, ou seja, o conjunto de publicações da A∴A∴ que “[…] consiste dos Rituais e Instruções Oficiais”.

Basicamente, Liber Resh fornece quatro adoração ao Sol que deveriam ser executadas na alvorada, meio-dia, ocaso e meia-noite, dirigidas a quatro deidades solares egípcias: Rá, Ahathoor, Tum e Kephra.

Crowley não concebeu Resh a partir do nada, estas são algumas de suas possíveis fontes de inspiração:

  • Sūrya Namaskār, uma adoração solar hindu dirigida ao Deus Sol Sūrya por uma sequência gradual de Āsanas (posturas) tiradas do Haṭha Yoga. Esta prática se tornou popular nos anos 1920. Crowley estudou Yoga no Sri Lanka e na Índia, então é possível que ele tenha tido contato com esta prática.
  • Salá, cinco adorações diárias a Alá que são feitas pelos muçulmanos. Elas seguem o mesmo padrão de horários que o Resh, no entanto, há uma adoração adicional entre o meio-dia e o ocaso, e a adoração da meia-noite pode ser realizada no período entre 1h30m após o ocaso e a meia-noite. (Esta flexibilidade permitiria uma noite de sono mais longa para praticantes de Resh!). Crowley também viajou extensamente pelas terras muçulmanas, como o Egito, a Algéria, Turquia, etc. onde teve contato com sua religião.
  • Os Papiros de Ani, um dos Livros Egípcios dos Mortos. Há várias passagens que nos lembram da estrutura das quatro adorações encontradas no Resh. Por exemplo: “Homenagem a ti, Osíris, Senhor da eternidade, Rei dos Deuses, cujos nomes são muitos, cujas formas são sagradas, tu sendo de forma oculta nos templos, cujo Ja é sagrado. Tu és o governante de Tattu […]”, etc e etc.

De acordo com a pesquisa de Vinícius Mesquita, embora Liber Resh tenha sido publicado em 1911, há possíveis referências a ele tão cedo quanto 1904. Lemos no Livro dos Resultados (março de 1904 — ênfase nossa):

“O ordálio da [Terra] = 3 dias [ilegível] em silêncio + trevas. Ele só possui o ‘Salve!’ dos 4 períodos.

O ordálio do [Fogo]. Exposição ao deserto sem roupas, sombra, comida ou bebida. Ele [ilegível] ao amanhecer Ra, ao meio-dia Ahathoor, ao ocaso Tum, quando ele é buscado”.

Também em Liber AL vel Legis (abril de 1904 — ênfase nossa):

“[…] Há uma porta secreta que farei para estabelecer teu caminho em todos os quadrantes (estas são as adorações, como tu escreveste) […]

[…] fiz uma porta secreta
Para a Casa de Rá e Tum,
De Khephra e de Ahathoor. […]”

Desta forma, é possível que Crowley tenha começado a trabalhar no Resh em algum momento entre a sua visita ao Museu Egípcio do Cairo (onde ele e sua esposa Rose encontraram a Estela de Ankh-f-n-Khonsu catalogada sob o número 666) e a data da Grande Invocação, em 1904.

A finalidade de Liber Resh

Podemos resumir os objetivos do Resh como segue:

  • Preparar a mente para a meditação;
  • Regularizar nossas práticas;
  • Contactar o centro de nosso sistema;
  • Atrair força a partir do Sol;
  • Conquistar o medo da morte;
  • Afirmar nosso lugar na Natureza.

Vamos ler as palavras do próprio Crowley sobre esta prática, começando com a descrição de Liber Resh conforme encontrada no Sumário das Instruções Oficiais da A∴A∴, publicado em The Equinox Vol. I Nº 10:

“Uma instrução para a adoração do Sol quatro vezes ao dia, com o objetivo de preparar a mente para a meditação e de regularizar as práticas”.

Crowley também descreveu este livro em sua autobiografia, o Confessions, pg. 673:

“O Livro do Sol. Aqui são dadas quatro Adorações ao sol, a serem recitadas na alvorada, meio-dia, ocaso e meia-noite. O objetivo desta prática é, primeiramente, fazer com que o aspirante se lembre da Grande Obra em intervalos regulares; segundo, trazê-lo a uma relação consciente e pessoal com o centro de nosso sistema; terceiro, para estudantes avançados, de fato fazer contato com a energia espiritual do sol e assim obter força a partir dele”.

Novamente, em Magick Without Tears, um dos últimos livros que Crowley preparou (que só foi publicado postumamente), ele escreve no capítulo 63:

“Particularmente útil contra o medo da morte é a performance pontual e rigorosa de Liber Resh. Medite sobre o sol em cada estação: seu caminho uniforme e contínuo: o círculo sem fim”.

Crowley também menciona o Resh em uma das cartas da introdução daquele mesmo livro:

“Como eu te disse ontem, a primeira coisa essencial é a dedicação de tudo que se é à Grande Obra, sem reservas de qualquer tipo. Isso deve ser mantido constantemente em mente; a maneira de fazer isso é praticar Liber Resh vel Helios sub figura CC, pp. 425-426 do Magick [Liber ABA]. Existe outra versão destas Adorações, um pouco mais completa; mas aquelas dadas no texto são boas o suficiente. O importante é não esquecer. Eu tenho que te ensinar os sinais e gestos que acompanham as palavras”.

Por fim, citamos um trecho do capítulo De Cultu, em Liber Aleph (ênfase nossa):

“Agora, ó meu Filho, para que estejas bem guardado contra teus Inimigos fantasmagóricos, trabalha constantemente pelos Meios prescritos em nossos Livros Sagrados.

Nunca negligencie as quatro Adorações do Sol em suas quatro Estações, pois assim tu afirmas teu Lugar na Natureza e nas Harmonias dela.

Não negligencie a Execução do Ritual do Pentagrama, e da Assunção da Forma de Hoor-par-Kraat.

Não negligencie o Milagre diário da Missa, seja pelo Rito da Igreja Gnóstica Católica, seja pelo da Fênix. Não negligencie a realização da Missa do Espírito Santo, como a própria Natureza te pede.

Viaja também muito no Empíreo no Corpo de Luz, buscando sempre Moradas mais ígneas e lúcidas.

Finalmente, exercita constantemente os Oito Membros do Yoga. E assim chegarás ao Fim”.

Parece que Crowley colocava Liber Resh em um alto pedestal se comparado às demais práticas. Mas por que Liber Resh é tão importante? Qual é “o Fim” mencionado por Crowley?

Adorações e a Grande Obra

Precisamos começar discutindo o que é o “Fim” e como Liber Resh pode nos ajudar a alcançá-Lo. Como já foi mencionado, Resh é uma publicação oficial da A∴A∴, então vamos pesquisar mais nos escritos desta Ordem o que Ela tem a dizer sobre o assunto.

Em outro texto publicado no mesmo periódico em que Liber Resh foi lançado, o Cartões Postais para Probacionistas, Crowley escreve (ênfase nossa):

“O mundo progride em virtude do aparecimento de Cristos (gênios). Cristos (gênios) são homens com superconsciência da mais alta ordem. A superconsciência da mais alta ordem pode ser obtida por métodos conhecidos. […] Os atos essenciais são o retiro e a concentração – conforme ensinados pelo Yoga e pela Magia Cerimonial”.

OK, então os dois pilares da A∴A∴ são o Yoga e a Magia Cerimonial. Estes dois são divididos em quatro método principais (e dois secundários), conforme descrito no mesmo ensaio:

União porYogaMagia
ConhecimentoJñāna YogaA Cabala Santa
VontadeRāja YogaA Magia Sagrada [de Abramelin o Mago]
AmorBhakti YogaOs Atos de Adoração
CoragemHaṭha YogaOs Ordálios

Liber Resh parece se encaixar bem no método de união pelo amor, porque ele é um conjunto de adorações e exercita nossa devoção. De acordo com o Dicionário Oxford inglês, o termo adoration (“adoração”) pode ser definido como:

  1. profundo amor e respeito.
  2. culto; veneração.

Certo, mas nós como thelemitas, como pessoas que acreditam que “Não há Deus senão o ser humano”, “Deus est homo”, que o divino está dentro de nós; por que diabos nos viraríamos para o Sol e o adoraríamos?

O propósito da A∴A∴ é “selecionar Adeptos”. Espera-se que os Adeptos alcancem a Grande Obra, que neste contexto é o Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião. Existe um conjunto de “obras menores” ao longo dos estágios iniciais da A∴A∴ que estabelecem fundações e são dedicados à consecução daquela tarefa final. Mas novamente, o que “adorações” têm a ver com o C&C (“Conhecimento e Conversação”)?

Vamos consultar novamente o Liber Aleph, citando agora um trecho do capítulo De Gradibus ad Magnum Opus (ênfase nossa):

“Esta Grande Obra é a Consecução do Conhecimento e da Conversação do Teu Sagrado Anjo Guardião. No Oitavo Aethyr o Caminho para isso é revelado. Mas eu digo: prepara-te com o máximo vigor e diligência para aquela Batalha de Amor por todos os meios da Magia. […] Na Preparação tu terás aprendido como parar todos os Pensamentos, e como alcançar Êxtase de Transe em muitos Modos. […] Aqui, ó meu Filho, está o Segredo Único de Sucesso nesta Grande Obra: Invoca com frequência”.

Ou seja, o único segredo para o sucesso na consecução do C&C do S.A.G. é “invocar com frequência”. O que mais Crowley tem a dizer sobre isso? Vamos citar um trecho de uma das instruções oficiais atribuídas ao Adeptus Minor, Liber Samekh, cujo objetivo também é alcançar o Anjo:

“Que o Adepto execute este Ritual corretamente, perfeito em cada parte dele, uma vez por dia por uma lua, depois duas vezes, ao amanhecer e ao anoitecer, por duas luas, depois, três vezes, adicionando ao meio-dia, por três luas, depois, a meia-noite completando seu curso, por quatro luas quatro vezes por dia. Então que a Décima Primeira Lua seja totalmente consagrada a esta Obra; que ele seja imediato em ardor contínuo, descartando tudo exceto sua pura necessidade de comer e dormir. Pois saibas que a verdadeira Fórmula cuja virtude bastou à Besta nesta Consecução, foi esta: INVOCAI COM FREQUÊNCIA. Desta forma que todos os homens possam finalmente chegar ao Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião […]”.

Novamente, Crowley diz que o único segredo, que agora é chamado de verdadeira fórmula, é “Invocar com Frequência”. Mas agora há uma nova variável: “ardor contínuo”. O que é isso? Bem, felizmente Crowley também indicou o “segredo para o segredo”. Vamos citar agora um trecho do Capítulo XV: “Da Invocação” de Magia em Teoria e Prática:

“Mas o segredo do sucesso em invocação não foi desvelado até agora. É extremamente simples. Quase não tem importância se a invocação é ‘bem recitada’. Há mil maneiras diversas de executar o fito proposto, no que concerne às coisas externas. O segredo inteiro pode ser resumido nestas poucas palavras: ‘Inflama-te em oração’”.

Certo! E como eu, naquele momento mais importante de minha carreira iniciática, me inflamo em oração a partir do nada, sem treino prévio? Como eu posso desenvolver a devoção necessária para Algo tão intangível e que mesmo aqueles que O alcançaram não conseguiram explicar Sua Natureza? Pois bem, é aqui que adotamos Liber Resh: o Sol é apenas um substituto temporário que utilizamos para aprender como devidamente inflamarmo-nos em oração e ficar em ardor contínuo, de modo que naquela derradeira invocação do Sagrado Anjo Guardião estejamos preparados para devotar nossos Corações completamente.

Executando o Liber Resh

Agora vamos começar a analisar e discutir as instruções do Liber Resh vel Helios propriamente dito:

“Estas são as adorações a serem realizadas por todos os aspirantes à A∴A∴.”

Isso não significa que estas instruções só são destinadas a aspirantes à A∴A∴. Qualquer pessoa pode praticar estas adorações, no entanto, se você é um aspirante, você precisa realizá-las.

Amanhecer

Uma imagem do deus egípcio Ra

“1. Que ele saúde o Sol ao amanhecer, de frente para o Leste, dando o sinal de seu grau. E que ele diga em voz alta:

Salve a Ti que és Rá em Tua ascensão, bem como a Ti que és Rá em Tua força, que viajas acima dos Céus em Tua barca no Levante do Sol.

Tahuti permanece em Seu esplendor na proa, e Ra-Hoor continua no leme.

Salve a Ti das Moradas da Noite!”

O praticante fica de frente para o Leste porque é ali onde o Sol se encontra ao Alvorecer.

Note que a adoração precisa ser feita em voz alta.

Se você não for um membro da A∴A∴, como você fará para dar “o sinal de seu grau”? Várias escolas thelêmicas chegaram em diferentes respostas para esta pergunta, Algumas delas sugerem que você dê o sinal elemental atribuído ao quadrante que você está encarando, como por exemplo:

  • Leste é Ar, Sinal de um Zelator 2=9;
  • Sul é Fogo, Sinal de um Philosophus 4=7;
  • Oeste é Água, Sinal de um Practicus 3=8;
  • Norte é Terra, Sinal de um Neófito 1=10.

Outras escolas sugerem que você deveria usar um dos sinais atribuídos ao Grau mais baixo da A∴A∴, o de Probacionista 0=0: o Sinal do Silêncio ou o Sinal do Entrante (este segundo é preferido, uma vez que o outro sinal já é dado em outra seção do Liber Resh, sobre a qual falaremos adiante).

No entanto, embora isso não seja amplamente conhecido, Crowley anotou em sua cópia pessoal do The Equinox Vol. I Nº 6 nas páginas de Liber Resh quais seriam os sinais a serem dados por alguém que não esteja na A∴A∴. Estes comentários foram publicados como um apêndice da edição de 1999 da Samuel Weiser do The Equinox Vol. I em 2 tomos. A anotação é como segue:

“Onde o aspirante não tiver grau, que ele dê os sinais fornecidos [no Nº 1, ‘Liber O’, diagrama ‘Os Sinais dos Graus’ da p. 12]; Os sinais de L.V.X. ao amanhecer, 4=7 ao meio-dia, 2=9 ao pôr do sol, 3=8 à meia-noite”.

Os Sinais de L.V.X. são atribuídos ao Grau de Adeptus Minor 5=6, assim o praticante está virtualmente cercado pelas sephiroth de Tiphareth, Netzach, Hod e Yesod, como se estivesse de pé na intersecção dos Caminhos de Samekh e Peh:

Os sinais para alguém que não é membro da A∴A∴ de acordo com Crowley

Agora nós temos um problema, porque existem quatro sinais atribuídos ao Sol nascente: Osíris assassinado (a Cruz), o luto de Ísis (L), Tifão (V) e Osíris ressuscitado (X). Deveríamos usar todos estes sinais ou escolher um só?

Parece que seria uma ênfase exagerada na Alvorada dar tantos sinais nesta ocasião. Se fossemos escolher um sinal destes quatro, qual faria mais sentido? Destes três Deuses Egípcios, apenas um é atribuído a Tiphareth no 777: Osíris. No entanto, Osíris tem dois sinais. Uma vez que L.V.X. é a “luz da cruz”, e que o Sinal da Cruz representa todos os demais sinais, ele pode ser uma boa opção para Leste/ Tiphareth:

Os sinais para alguém que não é membro da A∴A∴ no Hemisfério Norte

Meio-Dia

Uma imagem da deusa egípcia Ahathoor

“Também ao Meio-Dia, que ele saúde o Sol, de frente para o Sul, dando o sinal de seu grau. E que ele diga em voz alta:

Salve a Ti que és Ahathoor em Teu triunfo, bem como a Ti que és Ahathoor em Tua beleza, que viajas acima dos Céus em Tua barca no Meio-curso do Sol.

Tahuti permanece em Seu esplendor na proa, e Ra-Hoor continua no leme.

Salve a Ti das Moradas da Manhã!”

Ahathoor foi retratada de diversas formas: uma mulher com chifres de vaca, uma mulher com cabeça de vaca ou simplesmente uma vaca.

Neste ponto cardeal, surge outra questão: se eu estou no Hemisfério Sul (como a maioria de nós brasileiros) e me virar para o Sul ao Meio-Dia, eu estarei de costas para o Sol, que é o objeto de adoração.

Eu sei que isso é geografia básica e vai soar um pouco tolo, mas vamos considerar duas pessoas hipotéticas, nosso amigo Grady McMurtry lutando alguma batalha no que parece ser o norte da África e nosso amigo Marcelo Motta navegando pelo oceano. Grady está no Hemisfério Norte e Marcelo está no Hemisfério Sul.

Quando o Sol nasce, ambos o enxergam ao Leste, se viram para lá e realizam a adoração de Rá:

Duas pessoas sobre o planeta Terra, uma no Norte, outra no Sul, e o Sol nascendo no Leste

No entanto, quando a Terra gira e chegamos ao meio-dia no meridiano dos nossos amigos, Grady (lá no Hemisfério Norte) verá o Sol como se estivesse no alto e ao Sul, enquanto Motta (no Hemisfério Sul) verá o Sol como se estivesse acima e para o Norte.

Duas pessoas sobre o planeta Terra, uma no Norte, outra no Sul, e o Sol do meio-dia entre eles

Complicando as coisas ainda mais, não percebemos o Sol como se seguisse sua trajetória na linha do Equador. Na verdade, o eixo da terra se inclina ao longo do ano, então é como se ele se movesse entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, então alguém que mora dentro dessa região verá o Sol algumas vezes ao Norte e outras ao Sul dependendo da época do ano, e durante alguns dias, exatamente acima.

A regra dourada é: procure pelo Sol no céu!

Mas e quanto aos sinais? Marcelo deveria dar o Sinal de 4=7 conforme ensinado por Crowley (que morava no Hemisfério Norte) ou o Sinal de 3=8 já que ele está encarando a direção oposta?

Bem, poderíamos simplesmente visualizar estas duas pessoas como se eles estivessem na Árvore da Vida, cada um de um lado, assim para ambos o Sol estará em Netzach, e ambos dariam o Sinal de Philosophus 4=7 ao Meio-Dia. Embora este esquema não siga as atribuições elementais, também faz mais sentido dar o Sinal do Fogo (4=7) quando o Sol está em seu momento mais fulgurante.

Duas pessoas sobre a Árvore da Vida, uma de cada lado da árvore, com o Sol em Netzach

Então neste caso, os sinais a serem dados por alguém no Hemisfério Sul que não possui um Grau na A∴A∴ (por favor note a Árvore da Vida “espelhada” no fundo da imagem) seriam estes:

Os Sinais para alguém que não é membro da A∴A∴ e que está no Hemisfério Sul

Pôr do Sol

Uma imagem do deus egípcio Tum

“3. Também ao Ocaso, que ele saúde o Sol, de frente para o Oeste, dando o sinal de seu grau. E que ele diga em voz alta:

Salve a Ti que és Tum em Teu poente, bem como a Ti que és Tum em Tua alegria, que viajas acima dos Céus em Tua barca na Descida do Sol.

Tahuti permanece em Seu esplendor na proa, e Ra-Hoor continua no leme.

Salve a Ti das Moradas do Dia!”

Meia-Noite

Uma imagem do deus egípcio Kephra

“4. Por fim à Meia-noite, que ele saúde o Sol, de frente para o Norte, dando o sinal de seu grau. E que ele diga em voz alta:

Salve a Ti que és Khephra em Teu ocultamento, bem como a Ti que és Khephra em Teu silêncio, que viajas acima dos Céus em Tua barca à Hora da Meia-Noite do Sol.

Tahuti permanece em Seu esplendor na proa, e Ra-Hoor continua no leme.

Salve a Ti das Moradas do Entardecer!”

Kephra também é retratado de diversas maneiras: um homem com a cabeça de um escaravelho ou as vezes um escaravelho com asas de pássaro segurando o Sol. Sugiro o uso desta segunda forma.

Agora é meia-noite para nossos amigos, mas como eles sabem para qual direção devem se voltar se o Sol não está visível no céu?

Duas pessoas sobre o planeta Terra, uma no Norte, outra no Sul, e o Sol do outro lado do planeta

Digamos que o Universo inteiro parou: a Terra não está girando e o Sistema Solar não está se movendo pela Galáxia, tudo está quieto. Talvez o Doctor Who tenha algo a ver com isso! Bem, nossos amigos Grady e Marcelo não aguentam mais ficar no escuro, então eles decidem que querem voar até um local onde o Sol brilhe como ao meio-dia. Por algum motivo eles só podem seguir reto para o Sul ou reto para o Norte:

Duas pessoas sobre o planeta Terra, uma no Norte, outra no Sul, e o Sol do outro lado do planeta

Para Grady, o caminho mais curto até o Sol é indo para o Norte, enquanto para Marcelo, o caminho mais curto é pelo Sul. Assim, para pessoas que moram no Hemisfério Sul, também trocamos o ponto cardeal de Kephra, que ficará ao Sul.

A Segunda Adoração

O Sinal do Silêncio

“5. E depois de cada uma dessas invocações, tu darás o sinal do silêncio, e depois realizarás a adoração que te foi ensinada pelo teu Superior. E então aquieta-Te em santa meditação.”

Novamente, quem não estiver envolvido com a A∴A∴ não terá um superior para ensinar esta adoração adicional que deve ser feita após o Resh.

Uma forma tradicional que é ensinada por algumas ordens e escolas thelêmicas é a utilização da versificação do texto da Estela da Revelação feita por Crowley, conforme publicada nos versículos 37 e 38 do Capítulo III de Liber AL vel Legis, onde também lemos que “Eu te adoro na canção:— […] De forma que a tua luz esteja em mim; & sua chama vermelha é como uma espada em minha mão para impelir tua ordem. Há uma porta secreta que farei para estabelecer teu caminho em todos os quadrantes (estas são as adorações, como tu escreveste) […]”.

O Sinal de Osíris Ressuscitado

Esta é a primeira parte ensinada. Ela pula os elementos pré-textuais e o primeiro bloco de “Eu sou o Senhor de Tebas”. O texto todo é recitado no Sinal de Osíris Ressuscitado:

“Unidade demonstrada ao extremo!
   Adoro o poder de Teu sopro,
Deus supremo e terrível,
   Que faz com que os deuses e a morte
Tremam diante de Ti –
   Eu, eu adoro a ti!
Aparece no trono de Rá!
   Abre os caminhos do Khu!
Ilumina os caminhos do Ka!
   Corra nos caminhos do Khabs,
Para atiçar-me ou parar-me!
   Aum! que ela me preencha!”

“Aum” pode ser vibrado. Após esta primeira seção, você pode visualizar a L.V.X. banhando o seu corpo inteiro, e então continuar com a segunda seção. Quando você a começa com “a luz é minha”, você se refere ao que acaba de ser feito.

“A luz é minha; seus raios me
   Consomem: fiz uma porta secreta
Para a Casa de Rá e Tum,
   De Khephra e de Ahathoor.
Eu sou teu Tebano, Ó Mentu,
   O profeta Ankh-af-na-khonsu!
Por Bes-na-Maut bato em meu peito;
   Pela sábia Ta-Nech teço meu encanto.
Mostra teu esplendor estrelado, Ó Nuit!
   Convida-me para dentro de tua Casa morar,
Ó cobra alada de luz, Hadit!
   Mora comigo, Ra-Hoor-Khuit!”

Estela da Revelação

Nos pontos em que você menciona Nuit, Hadit e Ra-Hoor-Khuit, você pode visualizá-los ao seu redor como se você fosse Ankh-f-n-Khonsu na Estela da Revelação. Ou seja, Nuit está arqueada acima de você, os pés dela à sua frente, as mãos atrás de você; Hadit é o globo alado no centro do céu, sob Nuit; Ra-Hoor-Khuit está sentado em seu trono diante de você. Quando você finalizar a adoração, permita alguns segundos para que a imagem “se fixe” em sua mente.

O Sinal do Silêncio

Termine com o Sinal do Silêncio.

O seu ponto de vista será muito similar à imagem encontrada no ATU O Æon, trocando a posição de Hadit no topo, Nuit rotacionada de modo que ela se curve sobre você e Hoor-paar-kraat não estará visível:

A Carta de Tarô do Æon

Observações Finais

“6. Também é melhor se nessas adorações tu assumires a forma do Deus a Quem tu adoras, como se tu te unisses a Ele na adoração Daquilo que está além Dele.”

Por “assumir a forma do Deus” Crowley se refere à técnica chamada de “Assunção de Formas-Deus” ensinada em Liber O vel Manus et Sagittae:

“1. Deve-se estar completamente familiarizado com as Imagens Mágicas dos Deuses do Egito. Isso pode ser feito estudando-as em qualquer museu público ou nos livros que estiverem disponíveis ao estudante. Então elas devem ser cuidadosamente pintadas por ele, tanto a partir do modelo quanto de memória.

2. Então o estudante, sentado na posição de “Deus” ou na atitude característica do Deus desejado, deverá imaginar a imagem Dele como se coincidisse com o seu próprio corpo, ou como se o envolvesse. Isso deve ser praticado até que atinja o domínio da imagem, e até que experimente uma identificação com ela e com o Deus.

É de grande pesar que não haja um teste simples e certo do sucesso nesta prática.”

Anteriormente demos alguns exemplos de uma imagem para cada divindade. A postura básica dos deuses (exceto a de Kephra) é com a mão direita segurando uma Ankh enquanto a mão esquerda segura um cajado com a ponta de Íbis, e com o pé esquerdo avançando levemente.

Então, no momento da primeira adoração, o seu corpo físico ficará no Sinal do Seu Grau da A∴A∴ (ou o Sinal substituto conforme discutido acima), enquanto a imagem mágica do deus envolverá o seu corpo físico inteiro na postura apropriada dele ou dela. Uma vez que você finalize a primeira adoração (aquela do texto do Resh) e dê o Sinal do Silêncio, você deve remover a forma-Deus, e então proceder com a “adoração que te foi ensinada pelo teu Superior” ou com o método alternativo ensinado acima.

Finalmente, Liber Resh encerra com:

“7. Assim tu estarás sempre atento à Grande Obra que tu juraste realizar, e assim tu serás fortalecido para segui-la até a conquista da Pedra dos Sábios, o Summum Bonum, a Verdadeira Sabedoria e a Felicidade Perfeita.”

Horário adequado

Algumas escolas thelêmicas sugerem que os iniciantes comecem a praticar Resh com um horário fixo para as adorações, realizando-as a cada seis horas seguindo o horário do relógio, ou seja, Rá às 6:00, Ahathoor às 12:00, Tum às 18:00 e Kephra às 00:00.

Embora não seja muito preciso, este esquema possui algumas vantagens: ele é fixo, você não precisa calcular o horário correto a cada dia, e ele é especialmente prático se você viaja muito e as vezes perde um voo; é mais fácil criar o hábito de praticar, porque você seguirá o mesmo padrão ao longo dos meses; no verão você terá “longas” seis horas de sono (ou por aí) entre a meia-noite e a alvorada.

No entanto, a instrução oficial é clara quanto aos horários:

“Que ele saúde o Sol ao amanhecer […]
Também ao Meio-Dia, que ele saúde o Sol […]
Também ao Ocaso, que ele saúde o Sol […]
Por fim à Meia-noite, que ele saúde o Sol”

Ou seja, o horário real do amanhecer, meio-dia, ocaso e meia-noite deveriam ser seguidos. Esse horário varia de lugar a lugar. Por exemplo, no dia 30 de julho, estes eram os horários para Chapecó e para Fortaleza:

AuroraMeio-DiaOcasoMeia-Noite
Chapecó7:1212:3618:0200:36
Fortaleza5:4211:4017:3923:40

Estas duas cidades seguem o mesmo fuso-horário (GMT -3 horas), no entanto, Fortaleza fica muito mais ao Leste do que Chapecó, então o Sol “alcança” aquela cidade primeiro.

Até mesmo em uma única posição geográfica, os horários do Sol variam ao longo do ano, então se você segue o horário real do Sol, você precisa ajustar os seus alarmes a cada um ou dois dias:

AuroraMeio-DiaOcasoMeia-Noite
20 de março6:3412:3718:4000:37
20 de junho7:1912:3217:4500:32
20 de setembro6:2112:2318:2500:23
20 de dezembro5:3012:2819:2300:28

Este é um gráfico que demonstra como o horário da alvorada e do ocaso mudam ao longo do ano em Chapecó, Santa Catarina:

Gráfico mostrando o dia e a noite em Chapecó ao longo de um ano

Nos Equinócios o Dia e a Noite terão a mesma duração, no Solstício de Verão teremos o dia mais longo do ano, enquanto no Solstício de Inverno teremos a noite mais longa do ano.

Exceções

Poster do filme 30 Dias de Noite

Há alguns anos eu assisti um filme chamado “30 Dias de Noite” onde vampiros aterrorizam uma cidade que ficava tão ao Norte no Alasca que em determinada época do ano eles tinham uma noite que durava 30 dias. Bem, essa cidadezinha realmente existe, ela se chama Utqiaġvik e na verdade eles têm uma noite que chega a durar 66 dias e um período de 80 dias em que o sol não se põe!

Como eu pratico Resh em Utqiaġvik nestas épocas do ano? Rá no dia 11 de maio, Ahathoor no meio de junho e Tum em 1º de agosto? Acho que precisamos permitir um pouco de flexibilidade já que um dos propósitos do Resh é regularizar as práticas.

Eu sugiro que todo mundo pelo menos uma vez na vida pratique o Resh seguindo fielmente os horários da Aurora, Meio-Dia, Ocaso e Meia-Noite por um ano, para vivenciar os ciclos das estações. Após isso, a pessoa poderia flexibilizar os horários e usar este novo padrão:

AuroraMeio-DiaOcasoMeia-Noite
Ao acordarAo almoçarAo perceber a noiteAo ir dormir

Em muitos casos o horário estará próximo o suficiente do horário real do Sol (a menos que você tenha uma vida mais noturna, trabalhando de noite e dormindo de dia, neste caso, adapte de acordo). Agora você terá um novo desafio: você não poderá mais usar relógios! Deixe que o seu relógio interno te lembre de suas obrigações e da Grande Obra que você jurou realizar.

E se um dia eu perder o horário de uma adoração?

Antes tarde do que nunca. Se você perder o horário das 6:32, acho que é melhor fazer às 7:45 e anotar no diário o motivo do seu atraso do que não fazer. Se você está atrasando com frequência, você detectará um padrão em suas falhas e poderá fazer algo a respeito disso.

Se você estiver tão atrasado que agora é hora para a próxima adoração, você poderia marcá-la no seu diário como um fracasso ou (como sugere Frater Aureus) considerar que em algum ponto da Terra o Sol está sempre nascendo, sempre ao meio-dia, sempre se pondo, e sempre à meia-noite — então visualize a si mesmo naquele local e realize a adoração.

E se naquele horário eu realmente nunca consigo realizar a adoração?

Digamos que todos os dias no horário de Ahathoor você está preso no escritório. O que você pode fazer? Bem, as instruções são claras, você precisa fazer certos gestos, recitar certas coisas em uma voz alta, etc. No entanto, o que é pior? Pular a prática ou adaptá-la? Você conseguiria ir ao banheiro e realizar o Resh completo ali? Caso não seja possível, será que poderia ao menos fechar os olhos e realizá-lo em sua mente? Isso não é o ideal, mas é melhor do que nada.

Marcelo Ramos Motta comenta sobre a prática de Liber Resh:

“Se você fizer algo assim, não apenas atrairá atenção para si mesmo, como também a inimizade mortal dos crististas — sem falar dos outros credos crapulosos. Eu costumava fazer [o Resh] quando eu estava na faculdade nos Estados Unidos em uma época em que eu estava sob vigilância especial por ordem do Sr. J. Edgar Hoover e lembro-me de ter sido aproximado por um agente que não fez nenhum esforço especial para manter-se imperceptível e me perguntou por que eu parei no meio da rua e falei sozinho. […] Você deveria dizer as Adorações completamente sempre que puder, mas em público você pode meramente dizê-las interiormente, colocando seja seu polegar ou dedo indicador nos lábios, dependendo do seu Grau e da sua preferência. O detalhe importante é não esquecê-las — jamais! Além disso, você precisa perceber que as Estações do Sol não tem absolutamente nada a ver com os horários normais do relógio. Elas tem a ver com o Horário Local e mais especialmente com o meridiano que por ventura cruza a sua cabeça. É Meio-Dia quando o Sol está atravessando o meridiano local, não importa o que o relógio diz. E se você estiver no topo de uma montanha o Sol irá se pôr muito mais tarde, e nascer muito mais cedo do que se você estivesse em um vale. Arranha-céus também contam. E ao sul do Equador, o meio-dia e a meia-noite têm seus pontos cardeais invertidos. Ou você mantém essas coisas em mente ou você terminará com dogmas mortos como o “Natal” ou a Santa Inquisição em suas mãos. Se você acha que é melhor tê-los em suas mãos ao invés da sua garganta, você está se tornando crapuloso, meu amigo. Ou melhor, ex-amigo”.

Juntando tudo em um roteiro

1. Vire-se para o Sol:

AuroraMeio-DiaOcasoMeia-Noite
Hemisfério NorteLesteSulOesteNorte
Hemisfério SulLesteNorteOesteSul

2. Mantenha o Sinal do seu Grau da A∴A∴ ou o Sinal associado ao quadrante:

AuroraMeio-DiaOcasoMeia-Noite
Adeptus MinorPhilosophusZelatorPracticus
5=64=72=93=8
TipharethNetzachYesodHod
Sinal de TipharethSinal de NetzachSinal de YesodSinal de Hod

3. Assuma a forma do Deus associado àquela posição do Sol:

AuroraMeio-DiaOcasoMeia-Noite
RáAhathoorTumKephra
AhathoorTumKephra
ascensãotriunfopoenteocultamento
forçabelezaalegriasilêncio
LevanteMeio-cursoDescidaHora da Meia-Noite
NoiteManhãDiaEntardecer

4. Realiza a adoração conforme escrita em Liber Resh.

5. Dê o Sinal do Silêncio, e desfaça a Forma-Deus:

Sinal do Silêncio

6. Realiza a adoração que o seu instrutor na A∴A∴ te ensinou. Se você não tiver um instrutor da A∴A∴ para te ensinar a segunda adoração, você pode proceder como segue:

7. Mantenha o Sinal de Osíris Ressuscitado:

Sinal de Osíris Ressuscitado

8. Faça a adoração extraída de Liber Legis, III:37-38:

“Unidade demonstrada ao extremo!
   Adoro o poder de Teu sopro,
Deus supremo e terrível,
   Que faz com que os deuses e a morte
Tremam diante de Ti –
   Eu, eu adoro a ti!
Aparece no trono de Rá!
   Abre os caminhos do Khu!
Ilumina os caminhos do Ka!
   Corra nos caminhos do Khabs,
Para atiçar-me ou parar-me!
   Aum! que ela me preencha! A luz é minha; seus raios me
   Consomem: fiz uma porta secreta
Para a Casa de Rá e Tum,
   De Khephra e de Ahathoor.
Eu sou teu Tebano, Ó Mentu,
   O profeta Ankh-af-na-khonsu!
Por Bes-na-Maut bato em meu peito;
   Pela sábia Ta-Nech teço meu encanto.
Mostra teu esplendor estrelado, Ó Nuit!
   Convida-me para dentro de tua Casa morar,
Ó cobra alada de luz, Hadit!
   Mora comigo, Ra-Hoor-Khuit!”

9. Dê o Sinal do Silêncio para concluir:

Sinal do Silêncio

Referências

  • Postcards to Probationers; The Equinox, Vol. I Nº 2, by Aleister Crowley
  • Liber O vel Manus et Sagittae; The Equinox, Vol. I Nº 6, by Aleister Crowley
  • Stepping Out of the Old Æon Into the New; The Equinox, Vol. III Nº 1, by Charles Stansfeld Jones.
  • Living Thelema, by David Shoemaker
  • Magick Without Tears, by Aleister Crowley
  • The Confessions of Aleister Crowley, by Aleister Crowley
  • Liber AL vel Legis: The Book of the Law, by Aleister Crowley
  • Liber Aleph: The Book of Wisdom or Folly, by Aleister Crowley

Escrito e traduzido por Alan Willms.

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