O Soldado e o Corcunda: ! e ?
Um ensaio sobre o método de equilíbrio no plano intelectual.
O Soldado e o Corcunda:
! e ?
“Espere sete infortúnios do aleijado, e quarenta e dois do caolho; mas quando o corcunda chegar, diga ‘Alá, nos ajude’.”
Provérbio Árabe
I
Inquirição. Primeiramente que nós inquiramos: O que é Ceticismo? A palavra significa observar, questionar, investigar. É preciso ignorar desdenhosamente o glossário do cristão mentiroso que interpreta “cético” como “escarnecedor”; embora de certo modo isso seja verdade, uma vez que inquirir o Cristianismo seguramente é escarnecer dele; mas eu estou interessado em intensificar a conotação etimológica em diversos aspectos. Primeiro, eu não considero a mera incredulidade como sendo necessária à ideia, embora a credulidade seja incompatível com ela. A incredulidade implica em um preconceito a favor de uma conclusão negativa; e o verdadeiro cético deveria ser perfeitamente imparcial.
Segundo, eu descarto o “ceticismo vital”. A pergunta “qual é o valor de qualquer coisa?” invoca (como nós costumávamos aprender sobre “nenhum?”) a resposta “Por quê? Não tem nenhuma coisa!” e novamente é tendenciosa[1]. A indolência não é nenhuma virtude em um questionador. Entusiasmo, engajamento, concentração, vigilância — todos estes eu incluo na conotação de “cético”. A forma de questionamento que tem sido chamada de “ceticismo vital” não é nada mais do que um mecanismo para evitar o verdadeiro questionamento e, portanto, a própria antítese do questionamento, o diabo disfarçado como um anjo de luz.
[Ou vice-versa, meu amigo, se você for um satanista; essa é uma questão de palavras — palavras — palavras. Você pode escrever x no lugar de y em suas equações, desde que você escreva y para x de forma coerente. Eles permanecem inalterados — e sem solução. Todo o nosso “conhecimento” não é um exemplo desta falácia de explicar uma incógnita com outra[2], e então cacarejar como o galo de Pedro?]
Eu imagino o verdadeiro cético como um homem entusiasmado e alerta, seus olhos profundos brilhantes como espadas afiadas, suas mãos tensas com esforço, conforme ele pergunta, “Qual é a relevância disso?”
Eu imagino o falso cético como um janota ou empetecado, bocejando, com olhos sem brilhos, seus músculos flácidos, seu propósito de fazer a pergunta é apenas a expressão de seu desleixo e de sua estupidez.
De fato, este verdadeiro cético é o homem da ciência; como o “Moreau” de Wells nos conta[3]. Ele inventou alguns modos de responder sua primeira pergunta, e a resposta dela é outra pergunta. De fato, realmente é difícil conceber qualquer pergunta cuja resposta não implique em mil outras perguntas. Uma questão tão simples quanto “Por que o açúcar é doce?” envolve uma infinidade de pesquisas químicas, cada uma levando derradeiramente à parede em branco — o que é a matéria? e uma infinidade de pesquisas fisiológicas, cada uma (similarmente) levando à parede em branco — o que é a mente?
Mesmo assim, a relação entre as duas ideias é inconcebível; a própria causalidade é inconcebível; ela dependente, em primeiro lugar, da experiência — e o quê, em nome de Deus, é a experiência? A experiência é impossível sem memória. O que é a memória? A argamassa do templo do ego, cujos tijolos são as impressões. E o ego? A soma de nossas experiências, talvez. (Eu duvido disso!) De qualquer modo, nós obtemos os valores de y e z a partir de x, e os valores de x e z a partir de y — todas as nossas equações são indeterminadas[4]; todo o nosso conhecimento é relativo, até mesmo em um sentido mais estrito do que aquele que usualmente é implicado pela sentença. Sob o chicote do Deus palhaço, os nossos asnos de circo, os filósofos e homens da ciência, dão voltas e mais voltas no picadeiro; eles têm truques divertidos: eles são treinados habilmente; mas eles não chegam a lugar algum.
Eu mesmo não pareço estar chegando a lugar algum.
II
Uma nova tentativa. Observemos a mais simples e mais certa de todas as afirmações possíveis. O pensamento existe, ou se você preferir, Cōgitātur.
O próprio Descartes supôs ter tocado o fundo do oceano com seu Cogito, ergo Sum[5].
Huxley demonstrou a natureza complexa desta proposição, e que ele era um entimema[6] com a premissa Omnes sunt, qui cogitant[7] suprimida. Ele a reduziu para Cōgitō; ou, para evitar a suposição de um ego, Cōgitātur.
Examinando esta afirmação mais de perto, nós ainda podemos cavilar sua forma. Nós não conseguimos traduzi-la para o inglês sem o uso do verbo ser, de modo que, afinal de contas, implica-se a existência. Também não pensamos prontamente que aquele desdenhoso silêncio é resposta suficiente para a próxima questão, “Por quem foi pensado?” O budista pode achar fácil imaginar um ato sem um agente; mas eu não sou tão esperto. Isso pode ser possível para um homem são; mas eu deveria querer saber mais sobre a mente dele antes de eu dar uma opinião final.
Mas à parte das objeções puramente formais, nós ainda podemos inquirir: Este Cōgitātur é verdadeiro?
Sim; respondem os sábios; pois negá-lo implica em pensamento; Negātur é só uma subseção de Cōgitātur.
No entanto, isto envolve um axioma em que a parte é da mesma natureza que o todo; ou (pelo menos) um axioma em que A é A.
Agora, eu não desejo negar que A é A, ou que ocasionalmente pode ser A. Mas certamente A é A é uma afirmação muito diferente do nosso Cōgitātur original.
Em resumo, a prova de Cōgitātur não repousa em si mesmo, mas na validade de nossa lógica; e se por lógica nós queremos dizer (como deveríamos querer dizer) o Código das Leis do Pensamento, o cético irritante terá muito mais observações para fazer: pois agora parece que a prova de que o pensamento existe depende da verdade do que é pensado, para não dizer mais.
Nós tomamos Cōgitātur para experimentar e evitar o uso de esse[8]; mas A é A envolve aquela mesma ideia, e a prova é fatalmente falha.
Cōgitātur depende de Est[9]; e não há como evitar isto.
III
Será que chegaríamos a algo melhor se investigássemos este Est — Há algo — Há existência — אהיה אשר אהיה?
O que é a Existência? A pergunta é tão fundamental que não encontra resposta. A meditação mais profunda só leva a um exasperado sentimento de impotência. Parece não haver na mente nenhuma ideia racional simples que corresponda à palavra.
É claro que é fácil afogar a pergunta em definições, levando-nos a mais complexidade — mas
“Existência é o dom da Divina Providência,”
“Existência é o oposto da Não-Existência,”
não nos ajuda muito!
O simples Existência é Existência dos hebreus vai mais longe. É a mais cética das afirmações, a despeito de sua forma. Existência é só existência, e não há mais nada a ser dito sobre ela; não se preocupe! Ah, mas há mais para ser dito sobre ela! Embora nós procuremos em nós mesmos por um pensamento que equivalha à palavra, e fracassemos, ainda assim nós temos o argumento perfeitamente convincente de Berkeley de que (tão longe quanto sabemos) existência tem que significar existência pensante ou existência espiritual.
Então aqui nós descobrimos que o nosso Est implica em Cōgitātur; e os argumentos de Berkeley são “irrefutáveis, no entanto falham em produzir convicção” (Hume) porque o Cōgitātur; como nós demonstramos, implica em Est.
Nenhuma destas ideias é simples; cada uma envolve a outra. A divisão entre elas em nosso cérebro é uma prova da incapacidade total desse órgão, ou há alguma falha em nossa lógica? Pois tudo depende da nossa lógica; não da simples identidade A é A, mas da sua completa estrutura desde a questão de proposições simples, muito difícil a partir do momento em que ela ocorreu ao gênio detestável que inventou “a importância existencial” para considerar o assunto, até aquela complexidade adicional e contraditória, o silogismo.
IV
Então há pensamento aparece (no pior caso possível, negação) como a conclusão das premissas:
Há negação de pensamento.
(Toda) Negação de pensamento é pensamento.
Até mesmo formalmente, isto é um monstro desengonçado. Essencialmente, parece envolver muita coisa que vai além da nossa afirmação original. Nós damos a volta no céu e na terra para fazer um silogismo; e quando nós o fizemos, ele se tornou dez vezes mais misterioso do que nós mesmos.
Nós não conseguimos discutir aqui todo o problema da validade (a questão superficial da validade da lógica) do silogismo; embora seja possível insinuar que a doutrina do termo médio distribuído parece assumir um conhecimento de um Cálculo de Infinitos que certamente está além de minhas próprias pobres consecuções, e dificilmente impregnável pela simples reflexão de que toda a matemática é convencional, e não essencial; relativa, e não absoluta.
Então parece que vamos mais e mais fundo, do Um para o Muitos. Nossa proposição primária não depende mais de si mesma, mas de todo o complexo ente do homem, do pobre, contestador, confuso homem! Do homem com todas as suas limitações e ignorância; homem — homem!
V
Obviamente, nós não somos mais felizes ao examinarmos os Muitos, seja separadamente ou em conjunto. Eles convergem e divergem, cada novo cume da montanha do conhecimento revelando uma vasta terra inexplorada; cada aumento de poder de nossos telescópios revelando novas galáxias; cada melhoria em nossos microscópios nos revelando uma vida ainda menor e mais incompreensível. Um mistério dos poderosos espaços entre as moléculas; um mistério das almofadas de éter que evitam a colisão das estrelas! Um mistério da plenitude das coisas; um mistério da vacuidade das coisas! Ainda assim, conforme avançamos, cresce um sentido, um instinto, uma premonição — como deverei chamá-la? — de que o Ser é Um, o Pensamento é Um, e a Lei é Uma — até que nós perguntamos O que é aquele Um?
Então novamente nós tecemos palavras — palavras — palavras. E nós não conseguimos responder nem uma única questão de qualquer maneira definitiva.
Do que é feita a lua?
A ciência responde “Queijo Verde”.
Agora para a nossa única lua nós temos duas ideias:
Verdor e Queijo.
O Verdor depende da luz solar, do olho e de milhares de outras coisas.
O Queijo depende de bactérias, e da fermentação e da natureza da vaca.
“Mais fundo, sempre mais fundo, no lamaçal das coisas!”
Será que devemos cortar o nó górdio[10]? Devemos afirmar “Há Deus”?
O que, em nome do diabo, é Deus?
Se (assim como Moisés) nós O descrevermos como um homem velho nos mostrando Suas partes de trás[11], quem nos culpará? A grande Questão — qualquer questão é a grande questão — de fato nos trata assim desdenhosamente, o desencantado Cético está propenso demais a pensar!
Bem, deveríamos defini-Lo como um Pai amoroso, como um sacerdote ciumento, como uma coluna de luz sobre a santa Arca? O que isso importa? Todas estas imagens são feitas de pau e pedra, o pau e pedra de nossos próprios cérebros estúpidos! A Paternidade de Deus é apenas um padrão humano; a ideia de um pai humano associada à ideia de imensidão. Dois para Um novamente!
Nenhuma combinação de pensamentos pode ser maior do que o próprio cérebro que pensa; tudo o que nós podemos pensar sobre Deus ou dizer sobre Ele, desde que as nossas palavras na verdade representem pensamentos, é menos do que o cérebro inteiro que pensa, e então comanda a fala.
Muito bem; então devemos prosseguir negando-Lhe todas as qualidades que podem ser pensadas, como fazem os ignorantes? Tudo que obtemos é a mera negação do pensamento.
Ou Ele é incognoscível ou Ele é menos do que nós somos. Além disso, aquilo que é incognoscível é desconhecido; e a resposta “Deus” ou “Há Deus” à nossa pergunta se torna tão sem sentido quanto qualquer outra.
Então quem somos nós?
Nós somos Agnósticos Spencerianos, pobres tolos, malditos Agnósticos Spencerianos!
E fim de papo.
VI
Seguramente já é hora de começarmos a questionar a validade de alguns de nossos dados. Até aqui o nosso ceticismo não só despedaçou a nossa torre de pensamentos, como também arrancou sua fundação e moeu-a em um pó mais fino e mais venenoso do que aquele no qual Moisés moeu o bezerro[12]. Estes Elohim dourados! Nossas cabeças de bezerro que não nos trouxeram para fora do Egito, mas a uma escuridão ainda mais profunda e mais tangível que qualquer escuridão do duplo Império de Asar.
Hume acrescentou seu pequeno ? ao Deus de Berkeley - ! ; Buda o seu ? ao Ātma védico - ! — e nem Hume e nem Buda tiveram sua recompensa barrada. Nós mesmos podemos pôr ? ao nosso próprio ? já que não encontramos nenhum ! para colocar; e não seria alegre se o nosso próprio segundo ? subitamente endireitasse suas costas e estufasse seu peito e marchasse como ! ?
Suponha então que nós aceitamos que o nosso ceticismo tenha destruído a raiz e os ramos de nosso conhecimento — não há nenhum limite para sua ação? De certo modo, ele não torna a si mesmo absurdo? Tendo destruído a lógica pela lógica — se Satã expulsou Satã, como seu reino perdurará?
Vamos nos levantar sobre a Montanha, Salvadores do Mundo que somos, e responder “Para trás de mim, Satã!”, no entanto, evitando citar textos ou dar motivos.
Ohô! diz alguém; Aleister Crowley está aqui? — Sansão vendado e acorrentado, moendo milho para os Filisteus!
De modo algum, querido menino!
Nós devemos fazer todas as perguntas que pudermos fazer — mas podemos encontrar uma torre construída sobre uma pedra, contra a qual os ventos batem em vão.
Não aquilo que os cristãos chamam fé, tenha certeza disso! Mas aquilo (possivelmente) que aqueles que forjaram as Epístolas — aqueles místicos eminentes! — quiseram dizer por fé. O que eu chamo Samādhi — e “a fé sem obras está morta,” assim, meus bons amigos, Samādhi é uma completa farsa a menos que o praticante demonstre a centelha do ouro dele em seu trabalho no mundo. Se o seu místico se torna Dante, tudo bem; se ele se torna Tennyson, seus trances não valem um tostão!
Mas como esta torre de Samādhi resiste ao ataque da Questão-tempo?
A ideia de Samādhi não depende igualmente de todas as outras ideias — homem, tempo, ser, pensamento, lógica? Se eu busco explicar Samādhi por analogia, não me encontro frequentemente falando como se nós soubéssemos tudo sobre Evolução, e Matemática, e História? Estudos complexos e não científicos, meras palhas diante do vendaval do nosso amigo corcunda!
Bem, um dos pilares é apenas a pequena importância do senso comum.
Um dia desses eu estava com Dorothy, e, como tolamente imaginava, estava muito confortável: pois os sanduíches dela são célebres. Certamente foi mau gosto da parte do Padre Bernard Vaughan, do Dr. Torrey, de Ananda Metteyya, do Sr. G. W. Foote, e do Capitão Fuller, e do fantasma de Immanuel Kant, e do Sr. Bernard Shaw, e do jovem Neuburg, se intrometerem. Mas eles se intrometeram; e falaram! Eu nunca ouvi nada como isso. Cada um com seu próprio ponto de vista; mas todos concordaram que Dorothy não existia ou, se existisse, era um dos mais horríveis espécimes, que os pães dela eram murchos, e seu chá cozido demais; ergo, eu não estava me divertindo nem um pouco. Conversa! Bom Deus! Mas Dorothy continuava quieta e nem prestava atenção; e no fim eu esqueci deles.
Refletindo sobre isto sobriamente, agora vejo que provavelmente eles estavam certos: de qualquer modo eu não consigo provar. Mas como um mero homem prático, eu pretendo pegar o navio — eu estou em Gibraltar pelos meus pecados — de volta até Dorothy assim que possível. Sanduíches de pão de forma e salsicha alemã podem ser vulgares e até mesmo imaginários — mas é do sabor que eu gosto. E quanto mais eu mastigo, mais complacente me sinto, chegando até mesmo ao ponto de oferecer uma bocada aos meus críticos.
De certo modo, isso soa como a “Certeza Interior” do cristão comum ou de jardim; mas há diferenças.
Os cristãos insistem que mentiras notórias devem ser aceitas como uma parte essencial do sistema deles (mais usualmente delas); eu, pelo contrário, peço por fatos, por observação. Realmente, sob o Ceticismo, um é simplesmente um castelo de cartas tanto quanto o outro; mas somente no sentido filosófico.
Na prática, a Ciência é verdadeira; e a Fé é tolice.
Na prática, 3 × 1 = 3 é a verdade; e 3 × 1 = 1 é uma mentira; embora, ceticamente, ambas as afirmações possam ser falsas ou ininteligíveis.
Na prática, o método de Franklin de obter fogo a partir do céu é melhor do que aquele de Prometeu ou de Elias. Estou agora mesmo escrevendo com a luz que a descoberta de Franklin permitiu que os homens usassem.
Na prática, “eu concentrei minha mente em um radiante triângulo branco em cujo centro havia um olho brilhante, durante 22 minutos e 10 segundos, minha atenção divagando 45 vezes” é uma afirmação científica e valiosa. “Eu rezei fervorosamente ao Senhor pelo espaço de muitos dias” significa qualquer coisa ou nada. Qualquer pessoa que desejar pode imitar o meu experimento e comparar seu resultado com o meu. No segundo caso, a pessoa estaria sempre tentando imaginar o que significa “fervorosamente”, quem era “o Senhor” e quantos dias eram “muito”.
A minha reivindicação também é mais modesta do que a dos cristãos. Eles (geralmente elas) sabem mais sobre o meu futuro do que é geralmente agradável; eu não reivindico nada de absoluto de meu Samādhi — eu conheço muito bem a inutilidade de observações unilaterais, até mesmo em um assunto tão simples quanto a determinação do um ponto de ebulição! — e quanto ao futuro deles (usualmente delas), eu me contento com o mero senso comum do provável fim de um tolo.
De modo que, afinal de contas, mantenho meu ceticismo intacto — e eu mantenho meu Samādhi intacto. Um equilibra o outro; eu não me importo com a rixa vulgar destes dois servos da minha mente!
VII
No entanto, se você realmente gostaria de saber o que poderia ser dito sobre o lado soldadesco da pergunta, devo me esforçar para fazê-lo.
Para a questão ser inteligível, é necessário que o inquiridor esteja no mesmo plano daquilo que foi inquirido.
É impossível responder se você perguntar: Quadrados redondos são triangulares? ou A manteiga é virtuosa? ou Quantas onças vão para o xelim? porque as “questões” não são realmente questões de modo algum.
Assim se você me pergunta O Samādhi é real? eu respondo: Primeiramente eu te rogo que estabeleça uma conexão entre os termos. O que você quer dizer por Samādhi?
Há um estado fisiológico (ou patológico; não importa agora!) que eu chamo de Samādhi; e esse estado é tão real — em relação ao homem — quanto o sono, a intoxicação ou a morte.
Filosoficamente, nós podemos duvidar da existência de todos estes; mas nós não temos nenhuma base para distinguir entre eles — o Ceticismo Acadêmico é uma empresa de atacado, eu espero! — e eu o desafio a traçar distinções válidas na prática.
Todos estes são estados da consciência do homem; e se você busca destruir um, todos caem juntos.
VIII
Sob o risco de parecer divagar, devo insistir nesta distinção entre o ponto de vista filosófico e o prático, ou (em linguagem cabalística) entre Kether e Malkuth.
Em conversação privada eu acho difícil — quase impossível — fazer as pessoas compreenderem o que me parece ser um ponto muito simples. Eu tentarei torná-lo excepcionalmente claro.
Uma bota é uma ilusão.
Um chapéu é uma ilusão.
Portanto, uma bota é um chapéu.
Assim argumentam meus amigos, sem distribuir o termo médio.
Mas assim argumento eu.
Todas as botas são ilusões.
Todos os chapéus são ilusões.
Portanto (embora isto não seja um silogismo), todas as botas e todos os chapéus são ilusões.
Eu acrescento:
As ilusões não importam para o homem em Kether.
Portanto: Para o homem em Kether não importam botas e nem chapéus.
De fato, o homem em Kether está fora de qualquer relação com estas botas e chapéus.
Você, dizem eles, reivindica ser um homem em Kether (eu não). Por que então, você não usa botas na sua cabeça e chapéus nos seus pés?
Eu só posso responder que eu, o homem em Kether, (isso é apenas um argumento) estou fora de qualquer relação tanto com pés e cabeças quanto com botas e chapéus. Mas por que eu deveria (de meu exaltado pináculo) descer e me preocupar com o cavalheiro em Malkuth, que tem cabeça e pés, o qual afinal de contas não existe para mim, por causa destas alterações drásticas em seus trajes? Não há distinção alguma, seja qual for; eu poderia facilmente colocar as botas sobre os ombros dele, com sua cabeça em um pé e o chapéu sobre o outro.
Em suma, por que não ser um puro cavalheiro irlandês, mesmo que você tenha ideias insanas sobre o universo?
Muito bem, dizem meus amigos, impassíveis, então por que não se ater a isso? Por que glorificar ciganas espanholas se você se casou com a filha de um clérigo?
Por que prosseguir proclamando que você pode adquirir diversão por dezoito centavos tão boa quanto aquela que usualmente custa aos homens uma carreira?
Ah! deixe-me apresentá-lo ao homem em Tiphereth; ou seja, o homem que está tentando elevar sua consciência de Malkuth até Kether.
Este homem de Tiphereth está num buraco dos diabos! Teoricamente ele sabe tudo sobre o ponto de vista de Kether (ou acha que sabe) e praticamente tudo sobre o ponto de vista de Malkuth. Consequentemente, ele segue contradizendo Malkuth por aí; ele recusa-se a permitir que Malkuth obceque seu pensamento. Ele continua proclamando que não há diferença entre um bode e um Deus, na esperança de hipnotizar a si mesmo (como se fosse) na percepção da identidade deles, a qual é a sua ideia (parcial e incorreta) de como as coisas parecem a partir de Kether.
Este homem pratica excelente magia; medicina muito forte. Ele realmente encontra ouro em montes de esterco e esqueletos em belas moças.
Em Abiegnus, a Montanha Sagrada dos Rosa-cruzes, o Postulante encontra somente um ataúde no relicário central; no entanto, aquele ataúde contém Christian Rosencreutz, o qual está morto e está vivo por toda a eternidade e possui as chaves do Inferno e da Morte.
Ai de mim! seu homem de Tiphereth, filho da Misericórdia e da Justiça, olha mais profundamente do que a pele!
Mas ele parece ser um objeto ridículo o suficiente tanto para o homem de Malkuth quanto para o homem de Kether.
Ainda assim, ele é o homem mais interessante que há; e todos nós precisamos passar por este estágio antes de tornarmos a nossa mente realmente clara, com a visão de Kether acima das Nuvens que circundam a montanha de Abiegnus.
IX
Fugindo e voltando, como os Querubim, agora podemos retomar nossa tentativa de treinar nosso amigo corcunda em um soldado apresentável. A divagação também não foi apenas divagação, pois lançara um pouco de luz na questão das limitações do ceticismo.
Nós questionamos o ponto de vista de Malkuth; concordemos que ele parece absurdo. Mas a posição de Tiphereth é inabalável; Tiphereth não precisa ouvir que Malkuth é absurdo. Quando voltamos nossa artilharia contra Tiphereth, este também desmorona; mas Kether nos encara de cima.
Ataque Kether, e ele cai; mas o Malkuth Yetzirático ainda estará lá.... até que nós alcancemos Kether de Atziluth e a Luz Infinita, e o Espaço, e o Nada.
Então assim nós batemos em retirada do caminho, lutando na retaguarda; a todo momento um soldado é morto por um corcunda, mas conforme nós recuamos há sempre um soldado por perto.
Até o fim. O fim? Buda considerava que o suprimento de corcundas era infinito, mas por que os soldados também não seriam infinitos em número?
Seja lá como for, este é o ponto; o corcunda mata seu homem em apenas um instante, e quanto mais nos afastamos de nossa base mais tempo isto leva. Você pode reduzir a cinzas o mundo de sonhos de um menino, como se fosse, entre os seus dedos; mas antes que você possa trazer o significado oculto do universo físico aos ouvidos de um homem, ele precisa treinar seus corcundas tão diabolicamente bem que eles se tornem tão terríveis quanto os próprios soldados. E uma questão capaz de abalar a consciência de Samādhi poderia, eu imagino, daria muitas vantagens a um dos granadeiros de Frederick.
É inútil atacar o místico perguntando-lhe se ele tem certeza de que Samādhi é bom para a sua pobre saúde; é como pedir para o caçador ser muito cuidadoso, por favor, para não machucar a raposa.
A derradeira Questão, aquela que realmente destrói Samādhi em pedaços, é uma Ideia tão estupenda que é um ! muito mais do que qualquer ! anterior, por toda sua forma de ? .
E o nome dessa Questão é Nibbāna.
Considere esse assunto da alma.
Quando o Sr. Judas McCabbage pergunta ao Homem na Rua por que ele acredita em uma alma, o Homem gagueja que ele sempre ouviu falar dela; naturalmente McCabbage não tem nenhuma dificuldade em provar-lhe através de métodos biológicos que ele não tem nenhuma alma; e com um sorriso radiante cada um segue seu próprio caminho.
Mas McCabbage não compreende bem o filósofo cuja crença em uma alma jaz na introspecção; nós precisamos ter metal mais pesado; talvez Hume possa servir à nossa ponderação.
Mas Hume, por sua vez, torna-se perfeitamente fútil, opondo-se ao místico hindu, que está no constante e intenso prazer de seu Ātma recém-descoberto. É necessária uma arma-Buda para derrubar seu castelo.
Agora, as ideias de McCabbage são banais e estúpidas; as de Hume são vivas e viris; há uma alegria nelas maior do que a alegria do Homem na Rua. Assim também o pensamento de Buda, Anattā, é uma concepção mais esplêndida do que aquela do Ego dos filósofos que parece uma boneca de madeira holandesa, ou do que a artilharia racional de Hume.
Será que também não manusearemos com êxtase divino esta arma, que destruiu nossos universos menores e ilusórios sempre revelando um mais real? Não devemos também perceber a interdependência das Questões e das Respostas, a conexão necessária de uma com a outra, de modo que (assim como 0 × ∞ é um indefinido) nós destruamos o absolutismo tanto de ? quanto de ! pela sua alternância e equilíbrio, até que em nossa série de ? ! ? ! ? ! ? … ! ? ! ? … nós não nos importamos em nada com aquilo que possa provar-se ser o termo final, qualquer termo individual sendo uma quantidade tão negligenciável em relação à vastidão da série? Esta não é uma série de progressão geométrica, com um fator positivo e incalculavelmente vasto?
Então, à luz do processo inteiro, percebemos que não há valor absoluto no balançar do pêndulo, embora seu eixo se alongue, seu ritmo se torne mais lento, e sua varredura mais ampla a cada balanço.
O que deveria nos interessar é a consideração do Ponto a partir do qual ele pende, imóvel na altura das coisas! Nós estamos em uma posição desfavorável para observá-lo, já que estamos no peso do pêndulo, enjoados com nosso balanço insensível para lá e para cá dentro do abismo!
Nós temos que escalar a haste para alcançar aquele ponto — mas — espere um pouco! Quão obscura e sutil se tornou nossa analogia! Conseguimos atribuir qualquer significado real à frase? Duvido disso, observando o que nós tomamos como sendo os limites do balançar. É verdade, pode ser que no final das contas o balanço seja sempre de 360° de forma que o ponto-! e o ponto-? coincidam; mas isso não é a mesma coisa que não ter balanço algum, a menos que nós tornemos a cinemática idêntica à estática.
O que deve ser feito? Como tais mistérios serão expressados?
É por isso que é dito que o verdadeiro Caminho dos Sábios jaz em um plano completamente diferente de todos os seus avanços no caminho do Conhecimento, e do Trance? Nós já fomos obrigados a tomar a Quarta Dimensão para exemplificar (se não explicar) a natureza de Samādhi.
Ah, dizem os adeptos, Samādhi não é o fim, mas o começo. Você precisa considerar Samādhi como o estado normal da mente que lhe permite começar suas pesquisas, assim como acordado é o estado do qual você se eleva para Samādhi, o sono é o estado do qual você se eleva para acordado. E somente a partir de Sammā-Samādhi — trance contínuo do tipo correto — que você pode se elevar como se fosse na ponta dos pés e espreitar através das nuvens até as montanhas.
Agora, é claro, realmente é terrivelmente satisfatório por parte dos adeptos fazer todo esse trabalho por nós, e descrevê-lo de maneira tão legal e clara. Veja bem, tudo o que nós temos que fazer é alcançar Sammā-Samādhi e então nos erguermos na pontas dos pés. Só isso!
Mas há também outros adeptos. Ouça-os! Irmãozinho, dizem eles, ao invés disso vamos considerar que conforme o pêndulo balança cada vez mais e mais lentamente, derradeiramente ele precisa parar, assim que a haste tornar-se de comprimento infinito. Bom! então isso não é um pêndulo de modo algum, mas sim um Mahāliṅgaṃ — O Mahāliṅgaṃ de Śiva (Namo Śivāya namaḥ Om!) que é tudo o que eu sempre pensei que fosse; tudo que você tem que fazer é continuar balançando duro — eu sei que esse é um balanço-de-ganchos[13]! — e você chegará lá no Final. Por que se dar ao trabalho de se balançar? Primeiro, porque você é obrigado a se balançar, querendo ou não; segundo, porque assim a sua atenção se distrai daqueles músculos lombares nos quais o gancho está tão firmemente afixado; terceiro, porque afinal de contas é um jogo esplêndido; quarto, porque você quer subir, e até mesmo parecer progredir é melhor do que permanecer parado. Um treadmill[14] sem dúvidas é um bom exercício.
É verdade, a pergunta, “Por que tornar-se um Arhat?” deveria preceder “Como tornar-se um Arhat?”, mas um homem imparcial facilmente cancelará a primeira pergunta com “Por que não?” — não é tão fácil se livrar do Como. Então, do ponto de vista do próprio Arhat, talvez este “Por que eu me tornei um Arhat?” e “Como eu me tornei um Arhat?” tenham apenas uma solução simples!
Em todo caso, nós estamos desperdiçando nosso tempo — nós somos tão ridículos com nossos Arhats quanto Herodes o Tetrarca era com seus pavões! Nós deixamos a Vida perplexa com a questão “Por quê?” e a primeira resposta é: “Para obter o Conhecimento e Conversação do Santo Anjo Guardião”.
Para dar significado a esta afirmação nós precisamos obter esse Conhecimento e Conversação: e quando nós tivermos feito isto, nós podemos seguir para a próxima Questão. Não é bom perguntá-la agora.
“Há pessoas orgulhosas de suas fortunas, sem realmente ter nenhum tostão, que ficam à porta da taverna e insultam os convidados.”
Nós damos pouca importância ao Reverendo Roupa-Rasgada trovejando na Capela Tijolo-à-Vista que o homem rico não tira proveito de sua riqueza.
Muito bem então. Obtenhamos o volume intitulado “O Livro da Sagrada Magia de Abramelin o Mago”; ou os escritos mágicos daquele santo e iluminado Homem de Deus, Capitão Fuller, e executemos de modo completo as suas instruções.
E somente quando nós tivermos obtido sucesso, quando nós tivermos colocado um colossal ! contra nosso vital ? precisaremos nos perguntar se, afinal de contas, o soldado não vai ficar com as costas arqueadas.
Que iniciemos o primeiro passo; cantemos:
“Eu não peço para ver
O caminho distante; um passo é o suficiente para mim.”
Mas (sem dúvidas você dirá) eu arranco a coluna do seu ? com outro ? : Por que, afinal de contas, questionar a vida? Por que não permanecer “um puro cavalheiro irlandês” contente com a vantagem que lhe foi concedida no jogo, desprezando as cartas e o lápis? Não é o aguilhão de Buda, “Tudo é sofrimento”, pouca coisa melhor do que uma lamúria impertinente? O que me importa a velhice, a doença e a morte? Eu sou um homem, e um celta nisso. Eu cuspo no seu príncipe hindu choramingão, emasculado com devassidão em primeiro lugar, e com ascetismo em segundo lugar. Senhor, o seu Gautama é um fraco, sujo, insignificante!
Sim, eu acho que não tenho nenhuma resposta para isso. A súbita apreensão de alguma catástrofe vital pode ter sido a excitante causa de minha devoção consciente à consecução do Adeptado — mas certamente a capacidade já estava lá, inata. O mero desespero e desejo podem fazer pouca coisa; de qualquer modo, o primeiro impulso de medo foi o espasmo transitório de uma hora; o magnetismo do próprio caminho foi a verdadeira isca. É tão tolo me perguntar “Por que você adepta?” quanto perguntar a Deus “Por que você perdoa?” C’est son métier[15].
Eu não sou tão tolo a ponto de pensar que minha doutrina algum dia chegará aos ouvidos do mundo. Eu espero que daqui a dez séculos os “crowleyanos nominais” sejam um corpo tão pestilento e numeroso quanto hoje são os “cristãos nominais”[16]; pois (até o momento) eu não fui capaz de inventar um mecanismo para exclui-los. Talvez ao invés disso eu devesse procurar encontrar um nicho para eles no santuário, assim como o Hinduísmo atende igualmente tanto aqueles que são capazes dos Upaniṣads e aqueles cuja inteligência mal alcança os Tantras. Em suma, é preciso abandonar a realidade da religião como uma farsa, para que a religião seja universal o suficiente para aqueles poucos que são capazes de sua realidade se aconcheguem em seu seio e alimentem suas naturezas com o leite estrelado dela. Mas nós estamos antecipando!
Assim, minha mensagem é dupla; para o burguês sebento eu prego descontentamento; eu o choco, eu o faço cambalear, eu puxo o tapete debaixo de seus pés, eu o viro de cabeça para baixo, eu lhe dou haxixe e o faço correr enlouquecido, eu belisco suas nádegas com as línguas quentes e vermelhas da minha imaginação Sádica — até que ele se sinta desconfortável.
Mas para o homem que já se sente tão inquieto quanto São Lourenço sobre sua grelha prateada, que sente o Espírito se agitar dentro dele, assim como uma mulher sente e fica enjoada ao primeiro pulo do bebê dentro de seu útero, para ele eu trago a visão, o perfume e a glória esplêndidos, o Conhecimento e Conversação do Santo Anjo Guardião. E para quem quer que tenha atingido essa altura, colocarei mais uma Questão, anunciarei uma Glória futura.
É meu infortúnio, e não minha culpa, que eu seja obrigado a enviar esta Mensagem básica:
“O homem tem dois lados; um para encarar o mundo,
Outro para mostrar a uma mulher quando ele a ama.”
Devemos perdoar o obsceno gracejo de Browning; pois sua verdade é muito verdadeira! Mas é culpa sua se você for o mundo ao invés da amada; e só veja de mim aquilo que Moisés viu de Deus!
É nojento ter que gastar a vida toda esguichando sujeira no rosto do público britânico na esperança de que ao lavá-lo eles possam lavar a gordura acre de seu mercantilismo, as listras de sal de suas lágrimas hipócritas, o suor pútrido de sua moralidade, a baba de sua sentimentalidade e de sua religião. E eles não lavam! …
Mas vamos usar uma metáfora menos desagradável, o açoite! Assim como algum poeta de escola escreveu repetidamente, suas rimas tão pobres quanto as de Edwin Arnold, sua métrica tão errática e tão boa quanto a de Francis Thompson, seu bom senso e franca indecência um par para Browning!
“Não tem jeito; tem que ser feito —
Então…”
Não! Essa é uma rima ruim, muito ruim.
E somente após o chicote que golpeia poderá vir a vara que consola[17], se é que eu posso me apropriar de alguma coisa similar a Abdullah Haji de Shirāz e o vigésimo terceiro Salmo.
Bem, eu preferiria muito mais passar a minha vida usando a vara; é cansativo e detestável ficar o tempo todo açoitando a pele dura dos bretões, os quais apesar de tudo eu amo. “O Senhor corrige a quem ama, Ele açoita todo filho que recebe”[18]. Eu ficarei realmente feliz se alguns de vocês conseguirem superar isso, e vierem sentar no joelho do papai!
O primeiro passo é o mais difícil de todos; comece e eu logo enviarei o leão corcunda e o soldado unicórnio para lutar pela sua coroa. E eles deverão deitar-se juntos no final, igualmente alegres, igualmente exaustos; enquanto aquela tua coroa (irmão!) única e sublime reluzirá no Vácuo gelado do abismo, suas doze estrelas preenchendo aquele silêncio e solidão com uma música e um movimento que são mais silenciosos e mais imóveis do que eles; tu deverás sentar no trono do Invisível, teus olhos fixos Naquilo que nós chamamos de Nada, porque está além de Tudo que pode ser alcançado por pensamento, ou trance, tua mão direita segurando a vara azul de Luz, tua mão esquerda apertada sobre o açoite escarlate da Morte; teu corpo cingido com uma serpente mais brilhante do que o sol, cujo nome é Eternidade; tua boca curvada em um sorriso como a lua, no beijo invisível de Nuit, a nossa Senhora das Moradas Estreladas; a carne elétrica do teu corpo parada por pura força para um movimento fechado sobre si na fúria controlada do amor Dela — não, além de todas estas Imagens estás tu (irmãozinho!) que passou para além do Eu e Tu, e Ele para Aquilo que não tem Nome, não tem Imagem...
Irmãozinho, dá-me tua mão; pois o primeiro passo é difícil.
Aleister Crowley.
[1] «O ceticismo vital prega que desde que nada pode ser comprovado, então não deveríamos nos preocupar com aquilo. No original, Crowley emprega as palavras “anyfink” (anything, qualquer coisa), “nonne” (none, nenhuma) e “nuffink” (nothing, nenhuma coisa, nada). Fink pode significar algo ou alguém que é tido como desprezível.»
[2] «Consulte Oito Palestras Sobre Yoga – Yoga para Covardes – Segunda Palestra, para uma descrição mais profunda deste problema.»
[3] «Personagem de A Ilha do Doutor Moreau, de H. G. Wells.»
[4] «Equações indeterminadas são aquelas que podem ter mais de uma solução possível.»
[5] «Latim para “penso, logo existo”.»
[6] «Um silogismo onde está subentendida uma premissa óbvia.»
[7] «Latim para “todas as pessoas existem, cada uma delas pensa”.»
[8] «Latim para “sou” ou “existo”.»
[9] «Latim para “é” ou “existe”.»
[10] «Referência a uma lenda em que havia um nó impossível de ser desatado. Quem o desatasse seria coroado novo rei da Frígia. Após muitos anos sem nunca ter sido desatado, Alexandre o Grande teria analisado o problema, desembainhado sua espada e cortado o nó.»
[11] «“Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha. E acontecerá que, quando a minha glória passar, pôr-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.” — Êxodo 33:21-23.»
[12] «“E tomou o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo, moendo-o até que se tornou em pó; e o espargiu sobre as águas, e deu-o a beber aos filhos de Israel.” — Êxodo 32:20.»
[13] «Um festival hindu onde o devoto é pendurado em um balanço por um gancho enfiado na carne de suas costas.»
[14] «Uma espécie de roda com degraus que gira conforme uma ou mais pessoas os sobem. Além de ser utilizada para moer grãos, mover água, etc., também foi utilizada como forma de punição até seu uso ser abolido em 1902.»
[15] «Francês para “esse é o trabalho dele”.»
[16] «Uma pessoa que se diz cristã, mas não está ativamente engajada em frequentar a igreja ou aprender e seguir os preceitos da Bíblia.»
[17] «“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.” — Salmos 23:4.»
[18] «Hebreus 12:6.»
Traduzido por Alan Willms em setembro de 2019.