Ritual do Grau 1=10 de Zelator
Este artigo é um capítulo de O Templo do Rei Salomão
Um resumo da cerimônia do grau de Malkuth da antiga Golden Dawn.
Ritual do Grau 1○=10○ de Zelator[1] ¶
A abertura neste ritual é muito semelhante à do anterior; a principal exceção é que este grau é atribuído mais particularmente ao elemento “terra”.
Após o Templo ter sido declarado aberto, o Hierofante diz:
“A não ser que Adonai construa a Casa, o trabalho de quem constrói é em vão. A não ser que Adonai guarde a cidade, o vigia observa em vão! Frater Neófito, com que ajuda você busca admissão ao Grau 1○=10○ de Zelator da A∴ D∴?”
Diagrama 11: Arranjo do Templo no Ritual de 1○=10○ (primeira parte).
O Hegemon, respondendo por ele, diz: “Pela orientação de Adonai; pela posse do conhecimento necessário; pela dispensação que você possui; pelos sinais e toques secretos do Grau 0○=0○, e por este símbolo da Cruz Hermética”.
Então o Neófito é conduzido para o Ocidente e, sendo colocado entre os pilares místicos, compromete-se a guardar segredo.
O Hierofante, parabenizando-o, finalmente diz: “Que o Neófito entre no caminho do Mal”. Então acontece o que segue.
Hiereus: De onde vens?
Kerux (pelo Neófito): Eu venho de entre os pilares e busco o conhecimento oculto pelo Nome de Adonai.
Hiereus: E o Anjo Samael (Anjo do Mal) respondeu e disse: Eu sou o Príncipe das Trevas e da Noite. O homem perverso e rebelde contempla a face da Natureza e não encontra nela nada além de terror e obscuridade; para ele é apenas a Escuridão da Escuridão; e ele é apenas como um homem bêbado tateando no escuro. Volta, pois não podes passar.
Hierofante: Que o Neófito entre no caminho do Bem.
Hegemon: De onde vens?
Kerux (pelo Neófito): Eu venho de entre os pilares e busco a Luz escondida do Conhecimento Oculto.
Hegemon: E o grande Anjo Metatron (Anjo do Bem) respondeu e disse: Eu sou o Anjo da Presença Divina. O Sábio contempla o Universo Material e nele contempla a Imagem luminosa do Criador. Ainda não podes suportar o brilho deslumbrante dessa Luz! Volta, pois não podes passar!
Hierofante: Que o Neófito agora avance pelo caminho reto e estreito que não se inclina nem para a direita e nem para a esquerda.
Hiereus e Hegemon: De onde vens?
Kerux (pelo Neófito): Eu venho de entre os pilares e busco a Luz escondida da Ciência Oculta.
Hierofante: Mas o grande Anjo Sandalphon respondeu e disse: “Eu sou o Reconciliador para a Terra, e a Alma do «que é» Celestial nela. A forma é igualmente invisível tanto nas Trevas totais quanto na Luz Cegante. …”
O Hiereus e o Hegemon voltam aos seus lugares, enquanto o Hierofante e o Neófito permanecem, ambos de frente para o Altar. Aqui o Hierofante confere ao Neófito os Segredos e Mistérios do grau; e explica-lhe o Simbolismo do Templo da seguinte forma:
“Os três portais vistos no Oriente são os portões dos únicos caminhos que conduzem ao Interior. …”
“As letras shin, tau e qoph, formam por metátese קשת (Qesheth), que significa um arco, o arco-íris da promessa estendido sobre nossa terra. Esta imagem da Espada Flamejante dos Querubins é uma representação dos guardiões do portão do Éden; assim como o Hiereus e o Hegemon simbolizam os dois caminhos da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal”.
“Você observará que neste grau a cruz vermelha é colocada dentro do Triângulo branco sobre o altar, e assim colocada é idêntica ao Estandarte do Oeste”.
“O triângulo refere-se aos três caminhos mencionados anteriormente, que conectam Malkuth com as Sephiroth acima, enquanto a cruz é a sabedoria oculta da natureza Divina que pode ser obtida com a ajuda deles. A interpretação dos dois é: VIDA EM LUZ”.
Diagrama 12: A Espada Flamejante
Diagrama 13: O Símbolo do Altar no Ritual de 1○=10○
“Este grau se refere especialmente ao Elemento Terra e, portanto, um de seus principais emblemas é a Grande Torre de Vigia na Tábua Terrestre do Norte. …”
“… Você observará que a Cruz Hermética, que também é chamada Fylfot, … é formada por dezessete quadrados tirados de uma «tabela» quadrada de vinte e cinco «células». Esses dezessete quadrados representam o Sol, os Quatro Elementos e os Doze Signos. Neste grau, as lamparinas sobre os Pilares estão sem cobertura, mostrando que você deixou a escuridão do exterior. …”
Diagrama 14: A Cruz Hermética
Então o Neófito se retira por um curto período antes de iniciar o segundo ritual deste grau, que consiste principalmente em explicações simbólicas:
O Hierofante diz:
“Enquanto o grau 0○=0○ representa o portal do Templo, o grau 1○=10○ de Zelator o admitirá ao Lugar Santo. Do lado de fora, o altar da Oferenda Queimada simboliza as Qliphoth – ou demônios malignos. Entre o Altar e a entrada do Lugar Santo ficava a Pia de Bronze[2], como símbolo das Águas da Criação”.
Diagrama 15: Arranjo do Templo no Ritual de 1○=10○ (segunda parte).
Então o Hegemon explica o desenho simbólico do Zodíaco, que é mais complicado, mas consiste principalmente em doze círculos e uma lâmpada no centro para representar o sol. “A figura como um todo representa a Rosa da Criação, e é uma síntese do Universo Visível. Além disso, os doze círculos representam as doze fundações da Cidade Santa do Apocalipse, enquanto no simbolismo cristão o Sol e os doze signos tipificam nosso Salvador e os doze apóstolos”[3].
Diagrama 16: A Rosa da Criação.
Após o qual o Hiereus diz: “No lado sul do Lugar Santo ficava o candelabro de sete braços. O desenho simbólico diante de você representa seu significado oculto. Os sete círculos que cercam o heptagrama representam os sete planetas e os sete Palácios Cabalísticos de Assiah, o mundo material, que responde às sete igrejas apocalípticas da Ásia Menor, e estas representam novamente, em um plano superior, os sete lampiões diante do trono”[4].
Diagrama 17: O Castiçal de Sete Braços.
O próprio Heptagrama refere-se aos sete dias da semana e também pode ser usado para demonstrar como sua ordem deriva dos planetas quando colocados nos ângulos do Heptagrama.
Diagrama 18: O Heptagrama dos Sete Dias.
“… A lamparina dentro do centro representa a Luz Astral do Universo concentrada em um foco pelos Planetas. …”
O Hierofante então retoma: “Dentro do véu místico que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos ficava a Arca da Aliança. Diante do véu estava o altar de Incenso, do qual este altar é um símbolo. Ele tinha a forma de um cubo duplo, representando assim a forma material como reflexo e duplicação daquilo que é espiritual. Os lados do altar, junto com o topo e a parte inferior, consistiam de dez quadrados, assim simbolizando as Dez Sephiroth”. … “O altar do Incenso era revestido de ouro, para representar a pureza essencial, mas o altar diante de você é preto para tipificar o solo terrestre. Aprenda então a separar o puro do impuro, o ouro refinado e espiritual do Alquimista do Dragão Negro da Putrefação no Mal”. … “Eu agora te parabenizo por ter alcançado o grau 1○=10○ de Zelator, e em reconhecimento disso eu lhe dou o título místico de PERECLINOS DE FAUSTIS, o que significa que você ainda está longe da meta que tem sido alcançada pelos Iniciados completos”.
Diagrama 19: O Altar de Incenso.
Pouco depois disso ocorre o Encerramento, e a oração dos espíritos da Terra é repetida, e a licença para partir pronunciada, e em nome de ADONAI HA ARETZ, o Hierofante declara o Templo fechado.
No final de janeiro de 1899, P. estava suficientemente pronto para ser admitido ao grau de Theoricus.
Foi nessa época também que ele conheceu o Sr. D., um certo irmão da A∴ D∴ conhecido como Fra. I. A[5]. Este encontro, como veremos, ocupa o segundo lugar em importância apenas após seu encontro com Fra. V. N[6].
Os cinco Rituais a seguir foram consideravelmente abreviados; principalmente para economizar espaço e assim permitir que os rituais do Neófito e do Adeptus Minor sejam tratados de forma mais completa. Eles são de pouco interesse, valor ou importância mágica. ↩︎
«“E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Farás também uma pia de cobre com a sua base de cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar; e nela deitarás água.” – Êxodo 30:17-18.» ↩︎
Consulte 777, Col. CXL, p. 27, “As Doze Disposições do Nome”, e Apocalipse 21:19-20. ↩︎
Consulte 777, Col. XXXVI, p. 11. ↩︎
«Frater Iehi Aour, Charles Henry Allan Bennett (1872-1923), que mais tarde deixaria a Ordem Hermética da Aurora Dourada e se tornaria o monge budista Bhikkhu Ananda Metteyya.» ↩︎
«Frater Volo Noscere, George Cecil Jones (1873-1960), um químico inglês que mais tarde se tornaria cofundador da A∴A∴ com Crowley.» ↩︎
Capítulo traduzido por Alan Willms em setembro de 2022. Foto ilustrativa de Noah Buscher no Unsplash.