Visão Nº 15

Este artigo é um capítulo de O Templo do Rei Salomão

Uma viagem astral de Crowley.

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«Visão Nº 15»

Nº 15. Esta visão foi empreendida para obter descanso. Aconteceu no templo físico construído por P., e, como era geralmente o caso, foi iniciada pelo “Ritual Menor de Banimento”.

“Lentamente, o templo real em que eu estava tornou-se maravilhosamente embelezado, e uma película branca e brilhante flutuou como penas sobre a superfície do chão em que eu estava e, enrolando-se ao meu redor, formou uma grande coluna que me levou para cima através do teto, a uma grande altura. Então descobri, enquanto a nuvem se afastava de mim, que eu estava em um belo campo verde, e ao meu lado, em grande solenidade, havia uma figura brilhante de aço cinza-prata, desarmada.

“‘Bem-vindo’, disse o estranho com uma dignidade fria.

“Então ele me levou a um lago de água azul e me mandou mergulhar nele, o que eu fiz, meio mergulhando e meio nadando, enviando um milhão de safiras cintilantes de água dançando na luz.

“A água estava deliciosamente fresca e revigorante, e quando emergi dela, logo vi que devia ter cometido um erro, pois a margem estava a uma grande distância de mim, e nela eu podia ver um palácio prateado brilhando.

“Ao me aproximar dele, saltei para a praia e lá encontrei, ao me aproximar do maravilhoso edifício, muitas criaturas belas brincando ao seu redor. Mas minha pressa em deixar as águas azuis foi imprudente, pois de repente uma grande nuvem de água me envolveu e, me apanhando, me levou a uma grande altura. Então descobri que havia me transformado em um lírio, cujas pétalas brancas estavam desabrochadas, e que eu crescia em um jardim, branco com uma multidão das mesmas flores maravilhosas.

“Não fazia muito tempo que eu estava ali, quando a forma de homem foi novamente dada a mim, e joguei meus braços acima da cabeça e depois os estendi, formando uma cruz.

“Eu estava de pé com roupas cinza-prateadas, e diante de mim havia um grande templo de mármore branco. Imediatamente me prostrei e então entrei. Diante de mim, vi que tudo era branco e fino por dentro, e que no templo havia um altar de prata cúbico.

“Ajoelhei-me diante do altar e, ao fazê-lo, pareceu descer sobre mim uma frieza e umidade, que me emocionou com uma frescura deliciosa como o orvalho que cai. Dele nascia um córrego fresco, em cujas águas límpidas eu banhava minhas mãos. Enquanto estava nesta posição, um anjo desceu com uma veste verde e deu-a para mim. A princípio eu não estava disposto a usá-la, mas logo o fiz, e depois de usá-la um pouco, eu a sacrifiquei diante de mim, quando imediatamente tornou-se uma coroa de fogo.

“Então uma voz me disse: ‘Queres ser da guarda?’ e antes que eu pudesse responder que sim ou que não, as mais adoráveis donzelas me cercaram e me armaram com uma armadura de prata e um tabardo vermelho.

“Fui levado de onde eu estava para a entrada do Norte, onde se aglomerava uma grande multidão, e conforme eu me aproximava, eles me cediam espaço. Então uma voz sussurrou para mim ‘Golpeia’; então, desembainhando minha espada com fúria, eu golpeei três vezes, após o qual, surgiu um grande lamento.

“Tendo ferido muitos com aqueles três golpes, desci entre eles, mas deixei minha espada atrás de mim. Pensando que a havia esquecido, em vão tentei retornar e, em meus esforços, de repente fui armado com muitos relâmpagos potentes; então aos meus pés caiu uma grande coluna oca de fumaça rodopiante. Vendo-a, eu me aproximei, e olhando para baixo, vi em sua extremidade mais distante a terra, escura e forte. Enquanto eu a observava girar abaixo de mim, um grande desejo de expandir minha consciência e incluir Tudo me possuiu. Levei muito tempo para realizar isso, e mesmo assim, meu sucesso foi apenas moderado.

“Da coluna de fumaça voltei para fora do templo e entrei novamente pela porta do Oeste. Tendo achado uma coroa de ouro em minha cabeça, eu a levantei, e no vapor branco ela brilhava como uma luz branca. Então um anjo aproximou-se de mim e pressionou-a contra a minha testa, e quando isso foi feito, um sentimento tomou conta de mim como se uma chuva fria de ouro estivesse caindo através de mim. Então, de repente, fui carregado para cima e me encontrei em um segundo templo. Aqui fui conduzido para o Sul, onde havia um santuário brilhante, e a luz que que ele emitia me perfurou completamente. Cegado pela refulgência, fui levado ao Norte para outro santuário (Binah) onde meus olhos foram ungidos com prata derretida fria, e imediatamente vi vagamente diante de mim uma forma feminina.

“Depois disso, voltei ao altar central, onde tudo caiu de mim, e depois voltei à terra, assumindo minha espada e meu robe vermelho para dominar os astrais. Assim voltei”.


Capítulo traduzido e anotado por Alan Willms em março de 2023. Foto ilustrativa de Muhammad Saushan no Unsplash.

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