XVI – A História da Ordem Rosacruciana
Este artigo é um capítulo de Os Pergaminhos Voadores
Sobre a história da Ordem Rosa-Cruz e sua relação com os graus modernos da Rosae Rubeae et Aurae Crucis.
Pergaminho Voador Nº XVI
A História da Ordem Rosacruciana
pelo G.H. Fra. N.O.M. (Dr. W. W. Westcott)
As palavras de abertura da parte do Ritual 5=6 que se ocupa com a História da Ordem da R.C. são as seguintes:
“Saiba, então, ó Aspirante, que a Ordem da Rosa e da Cruz tem existido desde tempos imemoriais e que seus ritos místicos eram praticados e seu conhecimento oculto comunicado em iniciações das várias raças da Antiguidade; o Egito, Elêusis, Samotrácia, Pérsia, Caldéia e Índia valorizavam igualmente estes mistérios, e assim repassaram para a posteridade a Sabedoria Secreta das Épocas Antigas.”
Esta é uma declaração que todos os membros do Grau 5=6 tem em mente, pois, embora em certo sentido alguém nessa posição esteja apenas no limiar do estudo Oculto e do desenvolvimento realmente sérios, ainda assim é bastante fácil de rastrear a magistral maneira pela qual os nossos conhecimentos místicos foram consolidados; e a unidade essencial do sistema fala com eloquência da Sabedoria que a formulou.
Embora a forma de sua introdução na Europa medieval seja de grande interessante para nós, C.R. é a grande figura-chefe em torno da qual se agruparam as tradições mais românticas do Ocultismo medieval. A história não transmitiu o nome verdadeiro deste personagem único: pois C.R. é, obviamente, um nome fictício ou pseudônimo, escolhido para propósitos místicos.
Nascido em 1378 e falecendo em 1484, uma vida de 106 anos foi aparentemente o prazo de sua manifestação física: e aos seus esforços e dedicação é que podemos atribuir a grande reforma do Ocultismo no Ocidente. Motivado por um propósito nobre e animado por energias divinas, seu era o belo ideal de uma vida de utilidade Oculta: pouco lhe importava se o mundo nada sabia dessa personalidade obscura, mas era uma questão de suprema importância o progresso do Ocultismo Ocidental e todo o significado desta observação provavelmente só será apreciado por você na medida em que você avance daqui em diante. Os primeiros anos de sua movimentada vida foram passados em estudo, tanto intelectual como oculto, a serem eventualmente seguidos por uma série de iniciações em diversos lugares (fora da Europa) onde existiam templos de nossa Ordem. Assim foram construídos os alicerces sobre os quais ergueu-se uma superestrutura mais prolongada de aplicação prática e, depois de ter escolhido três outros Fratres para compartilhar com ele o calor e o fardo do dia, o estabelecimento da Ordem foi realizado na Europa. Com as características principais de sua atividade posterior você já está familiarizado e basta dizer que, quando nosso Fundador entrou em sua câmara, seu trabalho se completou, e por isso cada membro dentre nós tem uma dívida de gratidão eterna.
É de se observar que há três épocas importantes da história da Ordem Rosacruz: a primeira é o período da vida de Christian Rosacruz, que morreu antes da época da Reforma Protestante; o segundo, os 120 anos de silêncio e segredo, sendo o período de 1484 a 1604; e o terceiro, o respectivo período subsequente, e posterior à Reforma. Foi durante este último período que a abertura da Cripta formou a base histórica para a posterior publicação do Fama Fraternitatis ou uma Descoberta da mais louvável Ordem da Rosa Cruz, cuja publicação ocorreu em Cassel em 1614, embora este tratado seja datado de 1610. Este evento evocou a mais intensa curiosidade e excitação e o enorme efeito que teve sobre o mundo erudito daquela época pode ser melhor entendido quando se afirma que nada menos que 600 tratados existem no Museu de Berlim, todos criticando ou favoravelmente ou doutra forma a associação misteriosa revelada pelo Fama. Então em 1614, a atenção do público foi pela primeira vez atraída à Ordem e diz-se que muitos milhares responderam ao convite proferido pelo Fama: aqueles que foram admitidos estando restritos a manter o assunto em segredo, e a proporção maior que não recebeu nenhuma resposta às suas insinuações acreditando que a coisa toda fosse uma ilusão [1].
Será óbvio, depois de refletir, que o cerimonial e atribuição dos Rituais e instrução na Segunda Ordem, conforme agora existente, não podem ser idênticos a aqueles que foram obtidos antes da abertura da Cripta, porque o simbolismo principal do Grau de 5=6 gira principalmente em torno da descoberta e da abertura da Cripta: assim sendo, pode-se notar pela passagem que as duas épocas anteriores, já referidas, podem ser atribuída pela sequência de comparação com os Graus de 6=5 e 7=4, respectivamente: o primeiro um grau de morte e solenidade, referindo-se à fase precedente de obscurecimento, durante a qual estudo e meditação silenciosa podem ser considerados como a condição típica do segundo Grau de Adeptus Exemptus, se referindo ao nível e consecuções mais elevados e exaltados daquele que fundou a Ordem Rosacruz, como uma nova formulação dessa filosofia Oculta ou Religião de Sabedoria, que, não podemos duvidar, nunca esteve inteiramente ausente desde a manifestação do intelecto humano com uma capacidade para a apreensão das coisas Divinas.
Ao comparar o relato Esotérico histórico dado no Fama com o contido no nosso Ritual de 5=6, várias divergências e discrepâncias importantes tornam-se aparentes: pois o Fama foi escrito para o público e, portanto, não está absolutamente correto. Exemplos dos disfarces introduzidos no Fama ocorrem na descrição da Cripta, onde é afirmado “Isto é todo claro e brilhante, como também o sétimo lado (os Sete Lados, o 7º não era diferente) e os dois heptágonos ... E novamente em “Cada Lado ou Parede é repartido em dez quadrados cada um com diversas figuras e frases ... Cada Lado ou Parede é além disso representada como se tendo uma porta para um baú onde jazem muitas coisas e livros, incluindo o vocabulário de Paracelso, que viveu de 1493 a 1541. Ou durante os 120 anos de fechado, antes referidos. Esta foi uma inconsistência óbvia, e foi de fato um disfarce intencional inserido com o propósito de decepcionar os críticos da época: (o crítico raramente ou nunca é um Ocultista: a Sociedade, para garantir a exclusão de tais homens, foi astuciosa quando autorizou a publicação de um panfleto, com uma mancha que o condenaria diretamente para fora de sua visão, assim evitou que tais homens reclamassem admissão). Pois, seja lembrado, o Fama foi um manifesto oficial, cuja publicação foi autorizada pelos Fratres então empossados. Posteriormente, em razão da grande agitação despertada por sua publicação e, especialmente, sobre a afirmação de alguns de que os princípios da Ordem eram subversivos da fé ortodoxa simples do cristianismo, a sua publicação por Valentine Andreas foi autorizada (em 1615) com um Suplemento sob o título Confessio Fraternitatis R.C. ad Erudotos Europa. Este foi prefaciado por um anúncio no sentido de que o leitor polido encontraria incorporado em nossa Confissão trinta e sete razões de nosso propósito e intenção, os quais, de acordo com o prazer deles, tu podes buscar e comparar em conjunto, considerando-se dentro de ti se são o suficiente para fasciná-lo. O ponto disso, no entanto, é que o exame do conteúdo não revela as trinta e sete razões, nem as Letras hebraicas que representam esse número formam qualquer Palavra que possa parecer ser o significado secreto, mas por Temurah, duas palavras são mostradas, assim LHB = 30 + 5 + 2 = Chama, Lux. Luz. Iluminação e LGD = 30 + 3 + 4 = Para a Sociedade, ou exército.
Há uma outra referência a Paracelso no Eatna que tem um interesse curioso: ocorre no entanto que ele não foi de nossa fraternidade, mesmo assim, leu diligentemente o Livro M., pelo qual seu gênio aguçado foi exaltado. Paracelso foi ensinado por Johann Trithemius de Spanheim, pelo Abade de Würtzburg e por Salomão Trismosin: ele também viajou para o oriente, e sendo mantido preso em Tartária (Compare com a iniciação de H.P.N. no Tibete. Paracelso não foi um Rosacruz, mas após a sua iniciação ensinou uma doutrina muito parecida, ela encontrou outro aliado no Templo no Oriente) foi iniciado ali; diz-se ainda que ele recebeu a Pedra em Constantinopla de um Sigismund Fugger.
Embora o Fama seja em alguns casos deficiente em seu relato histórico, ele contém aqui e ali descrição redundante, que alimenta a reflexão: assim, é dito que em uma outra caixa haviam espelhos de tipos diversos, como também em outros lugares haviam pequenos sinos, lâmpadas acesas, e principalmente maravilhosas canções artificiais...Estes últimos são, é claro, os Mantras dos orientais, Carmina ou encantamentos, instruções sobre o modo vibratório de pronunciar os nomes divinos.
A única outra publicação Rosacruz importante foi um trabalho muito curioso intitulado o Romance Hermético, ou o Casamento Alquímico, que também excitou muita polêmica: ele está repleto de perplexidades (para o leitor casual), embora o significado seja totalmente alegórico e só deva ser tomado ao pé da letra se por grosseria. Desta classe de estudo, tudo o que pode ser dito é que às vezes uma Luz surpreende o estudante em seu caminho. A data da publicação foi 1616, um ano após o aparecimento do Confessio Fraternitatis.
Devo mencionar que uma tradução em inglês do Fama foi feita em Londres por Eugenius Philalthes (Thomas Vaughan) em 1652; ele era naquela época o Supremo Magus na Ânglia, ou Adepto Chefe responsável na nossa fraseologia.
Para concluir, só me resta salientar que, embora o elemento histórico tenha um interesse singular para cada membro do Grau 5=6 da Segunda Ordem, isso em si é uma consideração secundária em comparação com o simbolismo místico envolvido nele. Os 120 anos tem outras referências, como o próprio Ritual do 5=6 testemunha. Este era o número de Príncipes que Dario estabeleceu em seu Reino, e Daniel era um Mago entre os caldeus; enquanto outra dica quanto ao seu significado reside na sugestão de como esse número foi alcançado.
No Grau de 5=6, o simbolismo das cores do arco-íris é especialmente exemplificado, uma gama de Cores que pode ser dita ser a mais evidente e óbvia: enquanto o Grau de 6=5 é de interesse para muitos de nós, especialmente porque a coloração é diferente. O 7=4 refere-se a ainda antes e possui um simbolismo ainda mais misterioso.
Notas Complementares
É especialmente conveniente que quando os nossos irmãos se encontrem, a antiga forma de saudação seja preservada: assim, ao se encontrar, deveriam saudar um ao outro da seguinte forma: “Ave Frater”. O segundo deve responder “Roseæ Rubeæ”, quando então o primeiro deve concluir com “et Aureæ Crucis”.
Também era o antigo costume, depois de ter descoberto assim as suas posição, um dizer ao outro Benedictus Dominus Deus noster qui Dedit nobis signum (descobrindo a Cruz ou Selo). Esta última forma também deve ser observada em todas as ocasiões formais e especialmente quando Fratres encontram com outros com quem estejam pouco familiarizados.
Além disso, pede-se que os membros se esforcem em todas as ocasiões ao se despedirem-se uns dos outros a usar a antiga fórmula “Vale”, adicionando “Sub umbra alarum tuarum, Jehovah!” [2].
O efeito da observância anterior é manter diretamente o vínculo psíquico que já serviu para ligar os Membros desta Antiga e Honrosa Ordem um ao outro; nesta luz há algo mais do que uma mera forma.
As seguintes belas frases foram inscritas sobre a Tábua. À frente estava escrito: “Granuin Pectaris IH Sh VH insitum”. Um grão ou semente, semeada ou plantada no coração de Jehoshua (o desgastado corpo físico deixado de lado uma vez que escapou à entidade Espiritual que deve funcionar em um corpo espiritual como disse Paulo; até que algum dia seja novamente necessário que ele se faça pele, e desça novamente para ensinar e guiar os outros), em comemoração de Frater C.R.C., nosso arquétipo.
Pater dilectissimies = Mais amado pai!
Frater Suavissimus = Mais cortês irmão!
Preceptor fidelissimus = Mais fiel instrutor!
Amicus integerrimus = Mais forte amigo!
De fato que a sua vida seja bem dispensada em ajudar o mundo, e ensinar os outros, se você puder merecer um tal Epígrafe.
[1] 1. A repentina publicação, por uma Loja de Estudantes secreta, de um Manifesto e a iniciação semi-pública ao Ocultismo tal como então ocorreu, recentemente foi repetida por razões semelhantes pela Escola Oriental que em 1875 enviou da Índia a mulher erudita H.P.B., uma iniciada para fazer Propaganda semi-pública, e também para admitir algumas poucas pessoas selecionadas aos ensinamentos Esotéricos emitidos por uma loja de instrutores ocultos cujos nomes publicados provavelmente são pseudônimos, motes ou símbolos.
[2] 2. Uma vara para guiá-lo e protegê-lo na subida da Montanha é o Cajado de Hermes, ao redor do qual as Serpentes gêmeas do Egito se enrolam: no topo as asas de Binah e Chokmah envolvendo o Diamante sagrado que está na Coroa de Kether, o Superno. “Sub umbra alarum tuarum”; sob os raios da Compreensão espiritual que emana da Sabedoria Divina, você pode de fato estar seguro, confiante na proteção e ajuda dos Poderes Superiores e Santos resumidos no grande Nome JHVH.
Traduzido por Alan Willms