Energia
Este artigo é um capítulo de Pequenos Ensaios em Direção à Verdade
Sobre as três formas de energia e como adquiri-las.
Energia ¶
Energia é o Motivo Sacramental do Evento: desta forma, ela é onipresente, em manifestação por interrupção e compensação e, de outra forma, pela retirada correspondente. (Neste contexto, que seja lembrada a fórmula completa do Tetragrammaton.)
Entretanto, existem três tipos principais de experiência especial que são marcos notáveis no processo de Iniciação e de valor prático urgente para o Magista.
Observando-se o símbolo do Sacramento, eles diferem assim como os três participantes ali: o Deus, o Sacerdote e o Comungante.
No mais alto, ou seja, o de Kether, a Energia irradia totalmente de si: isto é, a pessoa está inteiramente identificada com Hadit.
No do meio, o de Chokmah, a Energia passa inteiramente através da pessoa: isto é, ela assume as funções de Tahuti.
No mais baixo, isto é, de Geburah, a Energia incide totalmente sobre a pessoa: isto é, a pessoa a absorve como um homem.
Em todos os casos, a Energia sobre a qual escrevemos aqui não é particular ou personificada; é Energia em si, sem qualidade.
O modo mais elevado só pode ser totalmente apreendido por um Ipsissimus; é a consecução final. É a contraparte ativa da forma superior da Visão Beatífica.
O modo intermediário é próprio de um Magus ou de alguém que aspira à função profética dele. Ele é descrito, e o método para obtê-lo estabelecido, no Livro chamado Opus Lutetiānum[1].
O modo mais baixo é a tarefa peculiar de um Adepto Maior. É mais bem realizado por meio do Segredo do Santuário da Gnose (IX° O.T.O.).
Do modo mais elevado, não seria adequado nem útil tratar mais intimamente: o modo do meio diz respeito a cada Magista em suas relações peculiares e privadas com o Infinito, e exige de cada um de seus Adeptos uma preocupação especial: mas do mais baixo é conveniente falar mais.
É uma prova estranhamente convincente do verdadeiro cuidado da Natureza com os instrumentos Dela, apesar da evidência superficial do contrário em que as doutrinas do pessimismo se baseiam, que a mais preciosa, a única Graça fundamentalmente essencial que pode ser concedida à humanidade é, de todos os benefícios Mágicos, aquela que pode ser alcançada com mais facilidade e certeza do que qualquer outra. Pois a Energia é em si mesma tudo o que existe: e nós variamos com a quantidade e qualidade dela, que podemos chamar de “nós mesmos”.
O preço que Ela exige é, sem dúvidas, suficientemente alto para uma certa classe; mas deve ser pago igualmente, em vários graus, para cada tipo de Aventura Mística e Mágica.
Este preço é, em essência, o pleno Entendimento da Mente da Própria Natureza e a completa simpatia com o Modo de Trabalho Dela. Todos os códigos morais da humanidade, com todas as suas diversidades absurdas, têm um fator comum: eles fingem ter encontrado motivos e métodos que são superiores aos Dela.
Ou seja, eles presumem uma concepção do Fim que está além da visão Dela: eles afirmam a posse de uma Inteligência mais elevada do que aquela que tem produzido o Universo. Considere apenas que a manifestação mais elevada possível para a mente racional é a descoberta das Leis que resumem a maneira como Ela opera!
Podemos então dizer de uma vez que toda essa arrogância pretensiosa é impudência e absurdo; e deve ser abandonada, ou melhor, desenraizada e calcinada antes que qualquer progresso sério possa ser feito na Arte Real e Sacerdotal. Daí também qualquer aspiração de uma ordem parcial, qualquer aspiração que dependa para sua sabedoria da justiça de nossas percepções de nossas próprias necessidades, é quase certo que será contaminada com o próprio veneno do qual a Natureza nos purgaria.
De fato, há apenas uma Operação Mágica de cuja propriedade podemos sempre estar certos; e essa é o aumento da nossa soma de Energia. É até indiscreto tentar especificar o tipo de Energia necessária e, pior, considerar qualquer propósito particular.
Aumentando a Energia, a própria Natureza fornecerá clareza: nossa Visão é obscura apenas porque nossa Energia é deficiente. Pois a Energia é a Substância do Universo. Quando é adequada, não temos dúvidas sobre como empregá-la; testemunhe o caso evidente da vontade do Adolescente. Deve-se notar também que a obstrução moral ao uso correto desta Energia causa imediatamente as mais hediondas deformações de caráter e determina as lesões mais graves do sistema nervoso.
Portanto, que o Magista se despoje de todos os preconceitos quanto à natureza de sua Verdadeira Vontade, mas dedique-se avidamente a aumentar o Potencial dele. Nesta disciplina (além disso) ele está começando a se preparar para aquela abdicação de tudo o que ele tem e tudo o que ele é que é a essência do Juramento do Abismo!
Assim, então, encontramos mais um daqueles paradoxos que são as imagens da Verdade das Supernais: destruindo nossa própria moralidade mais elevada e confiando em nosso instinto natural como o único guia, chegamos de maneira inconsciente à mais simples e à mais sublime de todas as concepções éticas e espirituais.
«Opus Lutetiānum (latim para “obra parisiense”) é o nome de uma instrução em Classe AB da A∴A∴ também chamada de Liber CDXV: A Operação de Paris.» ↩︎
Traduzido por Alan Willms