Sobre a Recepção do Probacionista

Curiosidades sobre a recepção na A∴A∴.

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Sobre a Recepção do Probacionista

Eu não te culpo se você estiver pensando “ah não, mais um texto sobre isso”, afinal, uma das etapas mais discutidas da estrutura da A∴A∴. é o Grau de Probacionista. A maioria das pessoas interessadas na Ordem ou já passaram por essa etapa ou estão se preparando para ingressar nela. No entanto, investigando os arquivos da A∴A∴ e as mudanças que ocorreram ao longo dos anos, encontramos muitas peculiaridades que talvez não sejam tão conhecidas, então eu te convido a aguentar firme e ler algumas curiosidades sobre este Grau.

Primeiros Membros

A A∴A∴ começou a tomar forma por volta de 1906, quando Aleister Crowley (Frater Perdurabo) e George Cecil Jones (Frater D.D.S.) – seu amigo e professor de ocultismo– discutiram a criação de uma nova ordem iniciática para substituir a Ordem Hermética da Aurora Dourada. A dupla buscava corrigir os problemas que eles viam no sistema antigo e expandí-lo para incluir as tradições orientais de alguns ramos do Yoga e algumas práticas do Budismo.

“Noite de domingo. D.D.S. e P. discutem uma nova O«rdem». D.D.S. quer Autoridade. Devo escrever e dizer ‘Aperfeiçoe o condutor elétrico e o raio virá.’ (Diário de Crowley, 29 de julho de 1906)

“Verdade; mas não precisa mais haver hesitação.” (nota acrescentada na entrada acima por volta 31 de dezembro)

Embora em 1907 Crowley e Jones já estivessem em contato com alguns potenciais membros para a A∴A∴ – incluindo o Capitão J. F. C. Fuller (que se tornaria o terceiro membro da tríade administrativa) e Victor Neuburg (que se tornaria uma parte de importantes Operações e Revelações mais tarde) – eles só começaram a anunciar ativamente a A∴A∴ e a recrutar membros em 1909.

No começo não havia um período de “Estudante dos Mistérios”, todos ingressavam diretamente como Probacionistas. Os primeiros candidatos de 1909 precisavam assinar o mesmo documento que é usado hoje em dia, que contém o “Juramento de um Probacionista” de um lado e a “Tarefa de um Probacionista” do outro. Naquele documento, o processo de admissão é resumido como segue:

“Que qualquer pessoa seja recebida por um Neófito, estando este subordinado a seu Zelator. […] O aspirante à A∴A∴ escutará a Lição (Liber LXI) e esta nota de sua função; se ele quiser, então adquirirá o robe de um Probacionista; deverá escolher com profunda ponderação e intensa solenidade um mote. Na admissão, ele receberá o robe, assinará o formulário fornecido e repetirá o juramento conforme designado, e receberá o Primeiro Volume do Livro.”

Vamos abordar cada um destes procedimentos em maiores detalhes e discutir algumas instruções contraditórias que encontramos nas publicações da Ordem.

Quem é bem-vindo na A∴A∴?

Qualquer pessoa pode solicitar admissão à Ordem, no entanto, devido à natureza sensível de alguns materiais estudados na A∴A∴, é provável que a portaria só permita a entrada de adultos.

Uma pequena lista de requisitos formais foi estabelecida duas décadas depois do início dos trabalhos, ou seja, 1929. Lemos em Uma Estrela à Vista:

“Assim todos os Membros da A∴A∴ devem […] aceitar o Livro da Lei como a Palavra e a Letra de Verdade, e a única Regra de Vida.

Eles devem reconhecer a Autoridade da Besta 666 e da Mulher Escarlate conforme definidas no livro, e aceitar Sua Vontade como concentrando a Vontade de nossa Ordem Inteira.

Eles devem aceitar a Criança Coroada e Conquistadora como o Senhor do Æon, e esforçarem-se em estabelecer Seu reino sobre a Terra.

Eles devem reconhecer que ‘A palavra da Lei é Θελημα’ e que ‘Amor é a lei, amor sob vontade’.

Cada membro deve fazer de seu principal trabalho descobrir para si mesmo sua própria verdadeira vontade, e fazê-la, e nada mais fazer.

Ele deve aceitar essas ordens no Livro da Lei que se aplicam a ele como estando necessariamente de acordo com sua própria verdadeira vontade, e executá-las ao pé da letra com toda a energia, coragem e habilidade que ele puder comandar.”

Algumas destas exigências são bastante esotéricas e podem não fazer o menor sentido para o candidato (e se você for novo nisso tudo, relaxe – nada de “maligno” ou “diabólico” é implicado aqui). Mesmo após 1929, é possível que o candidato não soubesse destes requisitos a menos que esbarrasse com este ensaio nos apêndices do livro Magick em Teoria e Prática.

Uma vez que originalmente O Livro da Lei era um documento secreto que só estava disponível para pessoas do Grau de Zelator 2=9 , provavelmente estes requisitos nunca foram aplicados aos primeiros Probacionistas de 1909.

Papelada da Admissão

Alguns documentos são mencionados no procedimento de admissão, mas pode não estar claro quais exatamente eles são, especialmente para novatos.

“O aspirante à A∴A∴ escutará a Lição (Liber LXI)”

Liber LXI é Liber LXI vel Causæ (“A Lição Preliminar, incluindo a Lição de História”), que resume a ascensão e queda da Ordem Hermética da Aurora Dourada, e a criação da A∴A∴ por Frater P. e Frater D.D.S. Novamente, algumas partes desta lição de história não farão o menor sentido para alguém que não está familiarizado com a Aurora Dourada. O candidato pode ter que pedir ao Neófito para que explique mais a fundo e esclareça este relato.

(Capa original de Liber Causæ:)
Capa original de Liber Causæ

“O aspirante à A∴A∴ escutará a Lição […] e esta nota de sua função; […]. Na admissão, ele […] assinará o formulário fornecido […].”

A “nota de sua função” é a própria folha intitulada “Tarefa de um Probacionista”. O “formulário fornecido” é “O Juramento de um Probacionista” que fica no verso daquela mesma folha. Estas são algumas fotos dos formulários originais:

Juramento (frente):Tarefas (verso):
JuramentoTarefas

“Na admissão, ele […] receberá o Primeiro Volume do Livro.”

“O Livro” se refere a uma coletânea cujo nome era simplesmente “ΘΕΛΗΜΑ” (Thelema), contendo alguns dos Livros Sagrados de Thelema divididos em 3 volumes, de acordo com a tabela abaixo. Cada volume era entregue ao candidato em determinado ponto ao longo do progresso dos primeiros Graus.

VolumeConteúdoEntregue aoDestinado ao
1Liber LXI vel Causæ
Liber Cordis Cincti Serpente
Probacionista 0=0Probacionista 0=0
2Liber Liberi vel Lapidis LazuliNeófito 1=10Neófito 1=10
3Liber AL vel Legis
Liber Trigrammaton
Liber DCCCXIII vel ARARITA
Zelator 2=9Zelator 2=9
Practicus 3=8
Philosophus 4=7

(A capa  “d’O Livro” ΘΕΛΗΜΑ):
Capa do livro ΘΕΛΗΜΑ

Tem alguma taxa de inscrição?

Como é de conhecimento geral, de acordo com a “Tarefa de um Neófito” (ou seja, o próximo Grau após Probacionista), você pagaria:

“Um Guiné pelo Liber VII que será entregue a ele em sua iniciação, e de Um Guiné por esta Pasta de Documentos de publicações em Classe D, B-G.” (Tarefa de um Neófito, Liber Collegii Sancti).

O Liber VII forma o segundo volume do livro ΘΕΛΗΜΑ, conforme explicado anteriormente. A pasta de documentos B-G é o Liber Collegii Sancti: literalmente uma pasta contendo os Juramentos e Tarefas de todos os Graus do Colégio Externo da A∴A∴. O aspirante usaria estes documentos para verificar seu progresso ao longo do seu grau atual e dos próximos graus. Ele adicionaria ao início da pasta o documento A, que é o Juramento e Tarefa de Probacionista que ele já possuía em mãos antes de ter a pasta com o restante dos documentos.

(Pasta original do Liber Collegii Sancti:)
Capa do Liber Collegii Sancti

Mais tarde, como um Zelator, ele pagaria “a quantia de Três Guinés pelo volume contendo Liber CCXX, Liber XXVII e Liber DCCCXIII, que será dado a ele em sua iniciação”, ou seja, o terceiro volume do livro ΘΕΛΗΜΑ.

No Liber Collegii Sancti não é mencionada nenhuma taxa para o ingresso do Probacionista, mas será que existe alguma taxa oculta? Vamos ler o que é dito em uma nota inclusa na edição de 1910 de Liber Causæ:

“O custo do [Primeiro Volume do] Livro é um Guiné, e precisa ser pago no momento da recepção para o Neófito que o está admitindo.”

Além disso, o próprio Primeiro Volume do Livro afirma:

“O Preço, um Guiné, deve ser encaminhado ao Tesoureiro através do Neófito que está admitindo.” (ΘΕΛΗΜΑ, Vol. I, 1909).

Crowley também escreveu o seguinte em uma carta para W. F. Nott, por volta de 1913:

“Não há qualquer custo envolvido na probação, exceto o custo do livro necessário mencionado, £1-1s-0. A A∴A∴ não faz dinheiro de qualquer tipo ou forma. Todos os livros dela são vendidos a um custo que representa as despesas tiradas do próprio bolso para a impressão, e aqueles que servem à ordem o fazem sem nenhuma recompensa de qualquer tipo.”

Aqui a notação monetária “£1-1s-0” significa um pound e um xelim, o equivalente a 1 guiné. De acordo com Mandy Barrow, 1 guiné era o equivalente a £1.05 em moeda moderna. Parece barato, né? Mas se considerarmos os índices de inflação desde 1909 usando calculadora de Ian Webster, esse valor equivale a aproximadamente £159.90 (ou R$ 994,17) no início de 2023. Não estou considerando aqui o poder aquisitivo médio da Inglaterra na época, mas só como comparação, com esse dinheiro seria possível comprar cerca de 60 refis de cerveja Guinness em 1910 ou 3 cópias da primeira edição do livro Drácula em 1897.

Os três volumes eram livros luxuosos publicados em pequenas quantidades, então isso – e o fato de que a A∴A∴ tinha um escritório e até mesmo um número de telefone naquela época – talvez explique o alto preço. Nem todo mundo seria capaz de pagar por estes livros, mas eventualmente a maioria deles foi publicada como parte do período The Equinox, com um preço muito mais acessível.

Hoje em dia as pessoas não precisam se preocupar com isso, porque elas podem encontrar estas instruções facilmente na Internet ou em livros com preço muito inferior. Até onde sei, nenhuma linhagem da A∴A∴ está cobrando essas taxas.

Você só tem uma chance

Algumas pessoas entendem, baseado em Liber Causæ, que uma pessoa só pode solicitar admissão à Ordem uma única vez na vida delas:

“Ouça, nós te rogamos, com atenção: pois só uma vez a Grande Ordem bate em uma porta. Quem conhece algum membro dessa Ordem como tal, nunca poderá conhecer outro, até que ele também tenha alcançado a maestria. Aqui, portanto, fazemos uma pausa, para que você possa examinar a si mesmo completamente e considerar se você está preparado para dar um passo irrevogável. Pois a leitura do que segue é Registrada. (Liber Causæ)

Estas notas encontradas no final da segunda edição de Liber LXI corroboram com a ideia:

“Esta cópia é emprestada ao correspondente com o distinto entendimento de que ele a devolverá Duas horas após tê-la recebido, com uma resposta definitiva ‘Sim’ ou ‘Não’ quanto a querer prosseguir e assumir o compromisso de um Probacionista.” (Liber Causæ, edição de 1910)

Uma autorização especial emitida pelo Cancellarius (que será discutida logo a seguir) também confirma a restrição, e deixa claro que a leitura de Liber LXI literalmente é registrada:

“O nome de qualquer Aspirante para o qual as Lições tenham sido lidas precisa, em todos os casos, ser encaminhado […] já que não é permitido a nenhum homem solicitar admissão uma segunda vez. O Aspirante precisa decidir de maneira definitiva, no momento da leitura, se quer ou não continuar.”

Recepção presencial

O Probacionista é recebido pessoalmente por um Neófito, ou seja, alguém que está pelo menos no Grau imediatamente após o seu, que estará agindo sob os cuidados do Zelator dele (ou seja, o supervisor de seu supervisor), seguindo a corrente de instrutor-estudante que remete até os membros fundadores [1]:

“É simples escrever para o Chanceler da A∴A∴ […]; um Neófito da Ordem será indicado para encontrar o inquiridor. O Neófito lerá para ele a História da Ordem e explicará a tarefa do Probacionista.” (The Equinox I(2), Setembro de 1909)

A presença física de alguém da A∴A∴ para supervisionar a admissão do Probacionista é algo muito importante, mas como é de se supor, no começo havia muito mais pessoas solicitando admissão do que supervisores disponíveis para as receber.

George Cecil Jones nunca admitiu ninguém na A∴A∴, embora tenha atuado como o mentor Crowley na Aurora Dourada. Desta forma, em 1909, só havia uma única pessoa no grau de Neófito (ou acima) capaz de admitir novos Probacionistas: o próprio Crowley. Em 1910, 3 pessoas haviam chegado ao grau de Neófito. Em 1911, só havia Crowley e mais 4 membros ativos aptos a receber novos membros, com um total de 41 Probacionistas inscritos.

Já que receber pessoas presencialmente era algo muito importante, e as vezes um Neófito não estaria próximo o suficiente ou até mesmo disponível para receber novos membros, a A∴A∴ emitiu uma dispensa especial que permitia que um Probacionista recebesse outros Probacionistas:

“O Probacionista… está, por meio deste, autorizado a agir como um Neófito com o propósito de inscrever outros Probacionistas: ou seja, explicar os princípios da Teurgia Cética ou Iluminismo Científico; ler a Lição Preliminar e a Lição de História; e receber o Aspirante. […] Esta permissão será válida por um ano, e então poderá ser renovada a meu critério. Mas deve ser lembrado que somente circunstâncias especiais justificariam um Probacionista falhar em receber sua Iniciação no final de seu ano.”

(Esta exceção de permitir que um Probacionista receba outros só foi mantida enquanto não havia gente o suficiente no grau de Neófito ou acima. Este não é mais o caso hoje em dia!)

Existem linhagens da A∴A∴ que não exigem que os candidatos estejam fisicamente na presença de seus Neófitos para serem admitidos como Probacionistas, enquanto outras mantém a tradição da recepção presencial.

Pessoalmente, eu acho muito legal a ideia de você ficar cara-a-cara com seu superior assim como ele estava na frente do superior dele e assim por diante como todos os predecessores até o fundador da Ordem. Mesmo que a sua linhagem não exija esse contato presencial para a recepção e os avanços, considere um dia viajar para encontrar o seu instrutor – com certeza esta será uma experiência inesquecível para os dois.

Preciso de um Robe Mágico?

A cada grau da A∴A∴ é atribuído um design específico de um “robe mágico”[2], o equivalente às faixas da Aurora Dourada ou aos aventais da Maçonaria.

“O robe de um Probacionista deveria ser adquirido do Sr. W. Northam, 9, Henrietta Street, Covent Garden, Londres, que cobra Cinco Pounds por ele.” (Liber Causæ, edição de 1910)

Quanto valia Cinco Pounds? Aplicando as mesmas fórmulas de antes, seria o equivalente £5 em moeda moderna, que, atualizada com os índices de inflação, seria o equivalente a £761.45 (ou R$ 4.735) em 2023. Felizmente, hoje em dia temos muitas fotos e diagramas[2:1] que você pode utilizar para contratar o estilista local para fazer um robe para você, ou até mesmo encomendar um pronto da Aly Moon Magick Crafts a um preço bem inferior ao da época de Crowley.

O robe do Probacionista é uma parte central do processo de admissão. Há uma forte ênfase na importância de um Neófito entregá-lo nas mãos do candidato:

“A admissão não é válida a menos que o Neófito entregue o robe ao Probacionista com suas próprias mãos; ou no caso de correspondência — um método que não deve ser empregado sem um sério motivo – escreva formalmente ‘Eu te concedo o robe’.” (Liber Causæ, edição de 1910)

No entanto, encontramos duas contradições aqui:

  1. Essa instrução abre a possibilidade da recepção por “correspondência”, contradizendo o requisito de uma recepção presencial. No entanto, deixa claro que este é um método que só deve ser empregado se houver um “sério motivo”.
  2. A “Tarefa de um Probacionista” afirma que “se ele quiser, então adquirirá o robe de um Probacionista”, sugerindo que o robe de Probacionista é opcional, contradizendo a instrução acima.

Mesmo que a sua linhagem da A∴A∴ não exija a aquisição de um robe, você deveria considerar obter um, conforme Crowley explica em uma carta a um candidato:

“O único outro ponto é que você use o Robe para fazer suas meditações. Muitas pessoas têm considerado útil fazer uma distinção completa entre a vida ordinária e a obra. Você veste o robe quando vai meditar do mesmo modo que você se veste para um jantar.” (Crowley para Sra. Grahan, 1913)

Vale lembrar que a instrução para o avanço ao próximo Grau (Neófito) é clara quanto a este requisito: “Que ele [o Probacionista] obtenha o robe de um Neófito, e confie o mesmo aos cuidados de seu Neófito”. Aqui o robe não é opcional!

O Estudante dos Mistérios

Três anos após anunciar publicamente a A∴A∴, Crowley decidiu alterar o procedimento de admissão de Probacionistas incluindo uma etapa preliminar chamada de “Estudante dos Mistérios”:

“Devido à tensão desnecessária lançada sobre os Neófitos por pessoas despreparadas, totalmente ignorantes do básico, prestando o Juramento do Probacionista, o Imperator da A∴A∴, sob o selo e pela autoridade de V.V.V.V.V., ordena que todas as pessoas que desejam se tornar um Probacionista da A∴A∴ devem primeiramente passar por três meses como um Estudante dos Mistérios.

Ele deve possuir os seguintes livros: — […]

Um exame sobre estes livros será realizado. O Estudante deverá demonstrar uma familiaridade completa com eles, mas não necessariamente compreendê-los em qualquer sentido mais profundo. Ao passar no exame, ele poderá ser admitido ao grau de Probacionista.” (The Equinox Vol I. Nº. 7, março de 1912)

A lista de livros mudou ao longo do tempo, conforme Frater Orpheus explica muito bem em seu artigo. Eis o que Crowley tinha a dizer sobre esta etapa a um candidato:

“Após 3 meses significa a qualquer hora conveniente após esse período ter acabado. Quando você achar que está pronto para ser examinado, você faz a solicitação. […] Quanto a instruções pessoais, eu estou sempre disposto a me encontrar com estudantes, mediante agendamento prévio, para explicar qualquer coisa que possa ter permanecido obscura. No entanto, é desejável que os estudantes leiam estes livros, já que no curso da instrução eu tenho que citar várias passagens deles, e se você fizer um estudo deles você economiza o meu tempo.” (Crowley para Nott, 1913)

Frater Orpheus também escreveu um excelente artigo sobre o exame do Estudante, então não há muito mais o que dizer sobre esse assunto, senão encerrar com uma citação de uma carta que Crowley enviou para Windram, outro instrutor da A∴A∴:

“Estou te enviando três conjuntos de documentos de Probacionista. Como um Neófito, você tem autoridade completa para admitir qualquer pessoa que você quiser. Por favor lembre-se de que a qualificação do Estudante não deve ser negligenciada, mas não há intenção de deixar as pessoas preocupadas com isso. Seu único objetivo é evitar que pessoas completamente ignorantes quanto aos assuntos incomodem outras pessoas com perguntas tolas sobre coisas que já deveriam saber. Desde que a pessoa esteja muito bem familiarizada com o Equinox, isso é o suficiente para aprová-la no exame.” (Crowley para Windram, 1913)

Hoje em dia, existem linhagens da A∴A∴ que alteraram um pouco estes procedimentos. Estes são alguns exemplos de mudanças que encontramos por aí:

  • Receber novos candidatos diretamente como Probacionistas, sem usar o período de Estudantes;
  • Mudar a implementação do período de Estudante aplicando uma lista de livros diferente (especialmente em países cujo idioma oficial não seja o inglês)
  • Modelos de exames diferentes, que fogem um pouco do padrão da época de Crowley;
  • Implementação de um “juramento” de Estudante;
  • Aceitar a conclusão de cursos ou graus em outras ordens thelêmicas como uma forma alternativa de cumprir o requisito de passar pelo período de Estudante.

Conclusão

Os procedimentos de admissão na A∴A∴ sem dúvida evoluíram ao longo do tempo, até mesmo quando Crowley ainda estava vivo. Existem diferentes pontos de vista em relação a esses procedimentos. Alguns preferem seguir rigorosamente os métodos originais dos primeiros anos, valorizando a tradição acima de tudo. Outros adotam uma abordagem progressiva, buscando aprimorar e melhorar o sistema A∴A∴ conforme sua visão. Um terceiro grupo mantém a forma original enquanto a complementam, recusando-se a remover quaisquer elementos. Qual é a sua posição sobre este assunto?

Bibliografia

  • 100th Monkey Press.
  • Keep Silence.
  • Diários e cartas de Aleister Crowley nos arquivos da A∴A∴.
  • Perdurabo, de Richard Kaczynski.
  • Magick in Theory and Practice, de Aleister Crowley.


  1. Para saber mais sobre essa corrente de supervisores e estudantes, leia “O que é uma Linhagem da A∴A∴?”. ↩︎

  2. Para saber mais sobre os robes da Ordem, leia “The A∴A∴ Robe Design”. ↩︎ ↩︎


Escrito e traduzido por Alan Willms. Imagem ilustrativa de Tim Mossholder no Unsplash.

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